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2 A ECONOMIA BRASILEIRA E O DESEMPENHO DA INDÚSTRIA DE FUNDOS

4.2 RESULTADOS ENCONTRADOS PELA MODELAGEM ECONOMÉTRICA

4.2.5 Classe de Fundos de Investimento Renda Fixa

A composição do modelo para estudar a movimentação patrimonial da classe de fundos de investimento renda fixa teve como componentes as variáveis retorno da classe renda fixa, variação patrimonial da classe multimercado, variação da patrimonial da classe referenciado DI, variação patrimonial da classe de ações defasado em um período e a variação do saldo da poupança. No subcapítulo 3.3 foi identificado choque estrutural entre abril de 2005 e julho de 2009, contudo a variável dummy não se mostrou significativa no modelo. Também foi realizado o teste para identificação de heteroscedasticidade, o qual não apresentou evidências do efeito ARCH.

Em termos de rentabilidade, o objetivo deste trabalho foi evidenciar que estes tipos de fundos conduzem a estratégias de investimentos que impliquem risco de juros e de índice de preço, diferentemente da classe de fundos de investimentos referenciado DI, que concentra suas aplicações em ativos atrelados à Selic. Para este modelo, não foi detectada quebra estrutural dentro do período estudado. No entanto, a equação apresentou efeitos ARCH, a qual foi ajustada pelo GARCH (1,1). A Tabela 15 apresenta os modelos patrimonial e de rentabilidade desta classe.

Tabela 17 - Modelos econométricos patrimonial e de rentabilidade da classe de fundos de investimento renda

fixa entre julho de 2002 e junho de 2015.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa.

Legenda: *Significante a 10,00% (1,6450); ** Significante a 5,00% (1,9600); ***Significante a 1,00% (2,5760).

A separação dos tipos de fundos curto prazo, curto prazo aplicação automática e referenciado DI, descritos no subcapítulo anterior, trouxe ganhos na discussão proposta nesta dissertação. Em oposição ao que ocorreu na classe referenciado DI, a rentabilidade mostrou- se relevante para explicar parte das oscilações patrimoniais desta classe. Isto permitiu avaliar a hipótese de que os tipos de fundos renda fixa, renda fixa índices e renda fixa multi-índices, que formaram esta classe, não exercem a função de caixa nas carteiras de investimentos.

Nesse sentido, há o monitoramento dos retornos destes fundos para avaliar a decisão de realocação ou manutenção de posição nos portfólios de investimentos. Considerando as demais classes (exceto a classe referenciada DI), esta é a que apresentou a menor

Modelo Patrimonial

Variáveis Coeficiente Erro Padrão Estatística T

Retorno da Classe de Renda Fixa 1,6873*** 0,2141 7,8803

Variação Patrimonial Classe Multimercado -0,3747*** 0,0480 -7,8087 Variação Patrimonial Classe Referenciado DI 0,2402*** 0,0882 2,7235 Variação Patrimonial Classe Ações (-1) 0,0865*** 0,0221 3,9194

Variação do Saldo da Poupança -0,4197*** 0,1437 -2,9200

R² Ajustado 0,493965 Durbin-Watson 1,863961 Critério de Akaike 4,16141 Critério de Schwarz 4,259585 Equação Estatísticas Relevantes Modelo de Rentabilidade

Variáveis Coeficiente Erro Padrão Estatística T

Selic 0,9671*** 0,0170 56,7805 IPCA 0,1418*** 0,0437 3,2463 Constante 0,0025** 0,0011 2,2233 Resíduo (-1)^2 0,4038*** 0,1355 2,9792 GARCH (-1) 0,5993*** 0,0959 6,2475 R² Ajustado 0,601245 Durbin-Watson 1,785369 Critério de Akaike -0,430016 Critério de Schwarz -0,332265 Estatísticas Relevantes Equação Equação da Variancia

volatilidade, o que é justificável pelo alto nível de previsibilidade dos retornos. Contudo, ressalta-se que os ativos que compõem as carteiras de investimentos destes fundos não sofrem só a influência da Selic, mas também do desempenho dos índices inflacionários. Desta forma, o controle da valorização das cotas pelo método de marcação a mercado passa a ter maior efeito.

Na avaliação patrimonial, o R² ajustado neste modelo patrimonial foi o segundo maior, ficando atrás somente da classe de ações. As variáveis independentes associadas ao modelo conseguiram explicar metade da sua variação patrimonial. Um ponto interessante deste modelo em relação aos demais é que este nível foi auferido sem associar diretamente as variáveis macroeconômicas centrais deste trabalho.

Do mesmo modo evidenciado no modelo da classe referenciado DI, percebe-se uma concorrência desta classe com as aplicações em caderneta de poupança. A justificativa desta concorrência é a mesma abordada na seção anterior: o aspecto cultura de segurança e isenção do imposto de renda que os investidores associam à poupança, mesmo com um retorno inferior. Entretanto, a hipótese aqui levantada, neste caso, está relacionada à decisão de investimento e não de gestão de caixa.

Investidores com perfis mais conservadores concentram seus portfólios nestes tipos de fundos de investimento, ao passo que outros, com perfis mais moderados ou arrojados, utilizam estes fundos para equilibrar suas exposições a outros fatores de risco, bem como gerenciar a distribuição da liquidez dos portfólios. Neste ponto, resgata-se a análise realizada na classe multimercado, na qual se considerou uma situação de moeda de troca entre estas duas classes.

As situações de melhoria nos indicadores macroeconômicos, como arrefecimento da inflação ou resultados positivos do crescimento econômico, despertam nos investidores maior apetite pelo risco. A alternativa de alocação para fundos multimercado tem permitido que portfólios mais conservadores ou mesmo moderados sejam redistribuídos de forma a incorporar mais risco sem afetar tanto as volatilidades dos investimentos. Em situações inversas, de piora nas expectativas macroeconômicas, os investidores têm encontrado na classe renda fixa a alternativa para minimizar o aumento de volatilidade no mercado financeiro.

Outro ponto que chamou a atenção no modelo foi a aderência da variável variação patrimonial da classe de ações defasada em um período. Parece contrassenso o coeficiente positivo desta variável no modelo, sobretudo pela relação inversa dos multimercados

comentada anteriormente. A classe de renda fixa, conforme mencionado, tem um perfil mais previsível dos resultados, fazendo oposição ao perfil dos investimentos acionários.

No entanto, trabalha-se com a hipótese do efeito realização dos resultados. A defasagem de um período tem um peso importante neste argumento. O autor avalia que o investidor, ao identificar um resultado positivo nas aplicações em renda variável, pode tomar a decisão de realização parcial, a fim de preservar os ganhos auferidos em uma aplicação de maior volatilidade. Nestes casos, a aderência da variável variação patrimonial da classe de ações a este modelo indica que a realocação dos recursos ocorre para fundos de investimentos em renda fixa.