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� Estradas principais

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.4. Interpretação das curvas espectrais

4.4.2. Classe textura!

Sabe-se que o tamanho das partículas influi na reflectância (BOWERS & HANKS, 1965). Teoricamente, quanto mais

argiloso for um solo maior é a quantidade de água retida e consequentemente menor a curva de reflectância. É necessário cuidado ao se analisar este aspecto quando se relaciona a solos tropicais, devido aos seguintes fatores:

a. Os Oxissóis argilosos de 70 a 80% de argila retêm menos umidade do que solos de mineralogia 2:1 com 40 a 50% de argila (SÁNCHEZ, 1981);

b. A medida que evolui o intemperismo, aumenta o teor de gibbsita e caulinita e reduz o de minerais 2:1, e consequentemente retendo menos umidade (MONIZ & JACKSON, 1967);

c. A microagregação dos Oxissóis argilosos tende a transformá-los em solos com características de textura mais grosseira (SÁNCHEZ, 1981). Assim um solo argiloso terá comportamento de boa drenagem e baixa retenção de água, semelhante a solos arenosos.

Fica portanto difícil, ao se analisar unicamente a textura, sem levar em consideração a sua mineralogia, quando se refere ao comportamento espectral. Entretanto, as diferenças de reflectância entre classes textura is específicas dos solos ocorrentes em condições naturais ainda não têm sido reportadas (STONER & BAUMGARDNER, 1980). Os solos aqui estudados

apresentam classe textural homogênea. Utilizando o diagrama textural americano (SOIL SURVEY STAFF, 1981), os solos apresentam classe textural argila (solos com teor de argila acima de 35%). Por sua vez, utilizando o diagrama textural da classificação brasileira (CAMARGO et al., 1987), os solos podem ser enquadrados na classe textural muito argilosa onde o teor de argila é superior a 60%. Neste aspecto todos os solos aqui estudados apresentam classe textural semelhante e sendo assim não deveria haver diferenças nas curvas de reflectância devido a este parâmetro. Se considerar qu� o teor de argila do BV é de 65% e a do LR de 84%, seguramente haverá diferenças de comportamento espectral entre estes solos, apesar de terem a mesma classe textural. Entretanto, não haveria diferenças entre os demais solos, tanto de basalto como de rocha ácida, onde o teor de argila é de 77 para a TE, 76 para a TB, e 74 para o LB. Sendo assim, e no que se refere a estes solos, não é de se

esperar diferenças acentuadas nas curvas espectrais devido ao teor de argila, a não ser possivelmente com o BV.

O teor de silte tende a decrescer do BV ao LR, passando de 24% no BV a 17% na TE e a 15% no LR. Convém comentar que o teor de silte foi o parâmetro isolado mais significativo na explicação de variações espectrais em solos para MONTGOMERY {1974 e 1976). Entretanto, este pesquisador trabalhou com solos siltosos, teores de 30 a 50%, pouco intemperizados, com presença de minerais primários intemperizáveis na fração silte, cuja mineralogia tem influência na reflectância {MATHEWS et al., 1973b). Quanto aos solos desenvolvidos de basalto, a difração de raios-x para a fração silte indicou {Figura 2-VI do Apêndice 2), presença de minerais resistentes ao intemperismo como quartzo, magnetita e ilmenita para a TE e o LR. Em relação ao BV, a análise revelou a presença de minerais intemperizáveis entre eles os plagioclásios e alguns minerais de argila do grupo 2: 1. Neste caso, o teor de silte do BV pode ter influência na reflectância.

Outro componente da classe textural, no caso a fração areia, também apresenta teores diferenciados entre os solos de basalto. A média de 12% para o BV, passa para 6% na TE e para 4% no LR. Novamente neste caso na fração areia do BV a presença de minerais intemperizáveis pode influenciar as curvas espectrais, enquanto que nos demais solos ocorre apenas a presença de quartzo e magnetita. Portanto, apesar da classe textural ser semelhante para estes três solos, os teores de silte e areia do BV são ligeiramente superiores aos dos outros solos e, o mais importante, a presença de minerais intemperizáveis nestas frações do BV pode alterar a reflectância. Quanto ao LR e TE, não há diferenças significativas em relação aos teores de areia, silte e argila e sendo assim, sua influência nas curvas espectrais é de se esperar que sejam semelhantes.

Para os casos específicos da TB e do LB a classe textural também é a muito argilosa com teores de argila de 74 a 76% para os dois solos. Neste aspecto, e diferentemente dos solos de basalto, os desenvolvidos de rochas ácidas não apresentam distinção quanto ao teor de argila. Eles se assemelham à TE e ao LR com teor médio de 77%. O teor de silte para os 2 solos também é semelhante, 22% para a TB e 18% para o LB. Quanto a fração areia também não há distinção entre os valores, na faixa de 4 a 5% para os dois solos. Análises mineralógicas das frações silte (Figura 2-VII do Apêndice 2) e areia (Figura 2-VIII do Apêndice 2) também não indicaram praticamente diferenças na composição de minerais, sendo dominantemente tomado pelo quartzo. Portanto, quanto ao aspecto classe textural e composição mineralógica da fração sil te e areia não há distinção entre estes solos. Sua influência na reflectância possivelmente deve ser semelhante.

A Figura 4.16 indica as curvas de reflectância da TB da 2 ª camada. Observe que com o aumento do teor de argila dos pontos TB32 (respectivamente com 79 e 75%) para o ponto TB172 (com 82% de argila) a reflectância diminui, estando de acordo com os dados de literatura como os de AL-ABBAS et al. (1972), MATHEWS et al. (1973b) e HINSE et al. (1989). Por outro lado, a Figura 4.19 que indica as curvas espectrais da 2ª camada do LB apresenta resultados discordantes. Apesar do teor de argila do ponto LB72 ser de 83%, sua curva espectral é de menor reflectância que o ponto LB152 com percentagem de 85%. Neste caso o teor de argila não condicionou a redução da reflectância, mostrando que uma única característica do solo não representa a expressão da reflectância isoladamente.

Numa análise mais abrangente, os solos LR, TE, LB e TB são semelhantes em relação ao aspecto granulométrico e não se esperam diferenças espectrais atribuídas a esta característica.

4.4.3. Matéria orgânica

Como foi comentado, o teor de carbono orgânico é um dos fatores que mais atua na reflectância. Em geral, o aumento da matéria orgânica reduz a reflectância do solo praticamente em todo o intervalo de 400 a 2500 nm (HOFFER & JOHANNSEN, 1967) ou

em parte do espectro óptico (COLEMAN & MONTGOMERY, 1987;

HENDERSON, et al., 1989; COLEMAN et al., 1991). O trabalho de MONTGOMERY (1976) e as próprias observações de EPIPHANIO et al.

(1992) mostravam que os teores de matéria orgânica acima da ordem de 2,6% parecem não mascarar ainda mais as contribuições de outros parâmetros do solo na reflectância.

Os solos aqui estudados possuem elevados teores de matéria orgânica (Tabela 1-II do Apêndice 1). No caso do BV, o teor médio é de 4,25%, para a TE de 3,10 e o LR de 3,6%. A natureza desta matéria orgânica é seguramente de reação básica principalmente para o BV e a TE, solos eutróficos e com saturação por bases acima de 74% no BV e acima de 50% para a TE.

A medida que se dirige para a região de Guarapuava, o clima tende a ficar mais úmido e frio, fatores importantes para acumulação da matéria orgânica (BUOL et al., 1980). Neste caso, ela está na faixa de 5,2 a 5,3%, bem acima do LR ou da TE. Por outro lado, também deve haver diferenças quanto à natureza desta matéria orgânica. Como na região de Guarapuava domina floresta de coníferas e as reações dos solos são extremamente ácidas (Tabela 1-II do Apêndice 1), a matéria orgânica é de reação mais ácida do que nos solos originados de basalto (LIMA, 1979). Os constituintes orgânicos incluindo ácidos húmicos e fúlvicos são conhecidos como influenciadores da reflectância dos solos (OBUKHOV & ORLOV, 1964) . Os ácidos húmicos têm

reflectância extremamente baixa (menor que 2%) através do espectro óptico,

pesquisadores têm atribuído a diferença da reflectância em solos com teores semelhantes de matéria orgânica, às diferenças na composição desta matéria orgânica (SHIELDS et al., 1968; KARMANOV & ROZHKOV, 1972; ; HENDERSON et al., 1989). A Tabela 4. 2a mostra que a matéria orgânica de amostras se.lecionadas dos solos desenvolvidos de basalto e de rocha ácida aqui estudados apresentam diferenças quanto à sua composição. Observe que os solos LB e TB, desenvolvidos de rocha ácida, têm uma maior contribuição de huminas, matéria orgânica leve, ácido fúlvico livre e ácido húmico extraído pelo pirofosfato. Portanto, apesar do teor de matéria orgânica ser elevado para os cinco solos, provavelmente a natureza desta matéria orgânica poderá proporcionar diferenças na reflectância.

Tabela 4.2a - Fracionamento químico da composiçao da matéria orgânica das amostras selecionadas BVN161, LR191, LBlll e TB151.

Elemento analisado Amostra

BVN161 1 LR191 1 LB111 1 TB151

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