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� Estradas principais

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização dos solos estudados

4.1.1. Solos desenvolvidos de rocha eruptiva básica

Morfologicamente o Brunizem Avermelhado foi caracterizado por apresentar horizonte superficial escurecido pela matéria orgânica, de reação básica, apresentando um epipedon mólico. A espessura deste horizonte é variável e depende da posição que ocupa no relevo, estando entretanto sua faixa entre 20 e 40 cm. A seguir, vem um horizonte argílico, e em casos de solo mais raso um câmbico de pequena espessura, na faixa dos 40 a 60 cm, de cor avermelhada ou mesmo amarelada no caso do horizonte B/C. A espessura do solum geralmente indica solos rasos a moderadamente profundos. É comum a ocorrência de fragmentos de rocha basáltica em todo o perfil.

São solos de textura argilosa tanto no A como no B com razoável contribuição de silte (Tabela 4 .1) . O teor deste separado varia no horizonte superficial de 18 a 24% e no B de 12 a 17%. O teor de argila está na faixa dos 65 a 70% no A e 72 a 80% no B. A relação silte/argila é elevada na faixa de 25 a 39 para o horizonte superficial.

Quimicamente são solos de reação ligeiramente básica a neutra e de elevada saturação por bases. No horizonte superficial a variação da saturação por bases é de 84 a 88% e na subsuperfície de 80 a 87% (Tabela 4.1).

A capacidade de troca de cátions é elevada inclusive no horizonte de subsuperfície onde o teor de matéria orgânica é mais baixo. A faixa de variação da CTC no horizonte B é de 16,1 a 18,2 meq/100 g de solo e de 22,1 a 24,4 meq/100-g de solo no horizonte superficial. O teor de matéria orgânica é elevado, em torno de 4,3% no horizonte superficial, caindo para 1,6% no B. Mineralogicamente são solos onde há dominância de minerais 2:1. A Figura 4.1 ilustra os difratogramas da fração argila em amostras representativas do Brunizem Avermelhado, respectivamente das amostras BVNll e BVN81 (com CTC da argila de 48,3 meq/100 g e 41,8 meq/100 g, respectivamente).

A Figura 4.1 do ponto BVN81 mostra o espaçamento de 10,4 Ã e que permanece com o tratamento de aquecimento a 550°C típica de minerais 2:1 no caso micas. Comparando o tratamento K saturado a 25ºC com o tratamento Mg saturado e glicolado, observe a translocação do espaçamento de 14,0 Ã para a faixa de 18, O Ã característico de montmorilonita. A permanência do espaçamento de 10, 4, 5, O e 3, 3A é característico da mica. O espaçamento de 7,2 Ã, que desaparece com o aquecimento a 550ºC é característico de caulinita. Estes dados refletem os valores de Ki elevado para estes solos (Tabela 4.1) na faixa de 2,6 a 2, 7 caracterizando dominância de minerais 2: 1. Nesta mesma Tabela notar o baixo teor de caulinita, entre 30 e 33%. O teor de ferro total está na faixa de 21,5 a 22%. O ferro extraído

por oxalato, ou ferro amorfo, está em torno de 608 a 620 mg/100 g de solo e o ferro extraído por ditionito citrato bicarbonato de sódio em torno dos 10100 mg/100 g de solo. A fração silte indicou, através do raio-x, a presença de plagioclásios, minerais 2:1 e quartzo (Figura 2-VII do Apêndice 2). De acordo com os dados aqui obtidos a maioria se enquadra nas informações contidas nos boletins de levantamento de solos da EMBRAPA (1984a e 1984b). Os dados obtidos por LIMA (1979) para os solos BV, TE e LR, principalmente os mineralógicos e os de óxidos de ferro são semelhantes aos aqui encontrados. Entretanto, é necessário levar em consideração que numa sequência de amostragem, como a aqui realizada, foi possível coletar os mais diversos indivíduos dentro do conceito BV, desde os mais rasos, próximos aos Cambissolos, aos mais desenvolvidos,. próximos às TE, sendo este inclusive um dos objetivos do trabalho. Portanto, a variação da CTC da fração argila reflete o que foi afirmado.

A região de ocorrência destes solos se apresenta com relevo ondulado a forte ondulado, bastante heterogêneo, com inclusões de exposição rochosa e solos rasos. A região Norte estudada é mais dissecada do que a região Sul, com maior inclusão de Cambissolos e Litossolos, como já havia sido comprovado por DEMATTÊ (1992) em estudo sobre as redes de drenagem. Os resultados médios das densidades de drenagem para as amostras circulares destas duas regiões de ocorrência do BV, ficaram na faixa de 7,7 e 5,5, respectivamente. Isso indica uma sensível diferença entre essas duas regiões do BV, a do BVN, mais dissecada e com solos mais rasos e . a do BVS menos dissecada.

Todavia, a Terra Roxa Estruturada foi caracterizada por apresentar um horizonte superficial ócrico podendo ter um pouco mais de escurecimento definindo também um mólico. O horizonte de subsuperfície foi caracterizado por ser um argílico, com baixo gradiente textural, de cor vermelho escuro de matiz

2.SYR. São solos mais profundos do que os Brunizem Avermelhados, ocorrendo em topografia ondulada a suave ondulada, bastante uniforme. A densidade de drenagem neste caso ficou na faixa de 3,41 (DEMATTÊ, 1992).

São solos muito argilosos, com teor de argila no horizonte B de 88% (Tabela 4.1) e de 77% no horizonte superficial. O teor de silte é ligeiramente inferior ao BV, ficando na faixa de 17%, com a relação silte/argila próxima de 23. A drenagem de todos os pontos analisados é boa apesar da ocorrência do gradiente textural. Neste caso a microagregação existente nestes solos lhes confere uma boa drenagem. É comum estes solos estarem associados com o Brunizem Avermelhado, em áreas mais declivosas ou transitando para o Latossolo Roxo em áreas mais planas.

Quimicamente são solos regra geral de boa fertilidade. Dos 15 pontos amostrados e analisados, 13 são eutróficos. A saturação por bases neste caso varia de 50% a 83% no horizonte superficial e de 22 a 76% no horizonte B (Tabela 1-III do Apêndice 1).

Comparando-se com o BV, a saturação por bases da TE é mais baixa, apesar de ser eutrófica. A capacidade de troca catiônica é inferior a do BV, na faixa de 12,4 meq/100 g de solo no horizonte superficial e de 8,2 meq/100 g de solo no horizonte argílico. O teor de matéria orgânica ainda é relativamente alto, na faixa de 3,1% para o horizonte superficial porém inferior ao do BV. No horizonte B os teores são bem mais baixos, em torno de 1,3%.

Mineralogicamente são solos cauliníticos. A Figura 4.2 ilustra o reconhecimento dos minerais de argila da fração argila nos pontos TE61 e TE181. Em ambos os difratogramas nota­ se o desaparecimento do pico a 7,2 A com o aquecimento a 550ºC, típico da caulinita. Além deste mineral, verifica-se a presença de micas cujo espaçamento de 1 O, O A é inalterado com os

de vermiculita é observada no ponto TE181, no espaçamento a 14 Ã, que permaneceu com a glicolação mas com o aquecimento contraiu para 10,0 Ã.

Estes resultados são compatíveis com os obtidos pelo ataque sulfúrico {Tabela 4.1), onde os valores de Ki condizem com a dominância da caulinita, na faixa de 2, O. Os valores médios obtidos para a caulinita {Tabela 4.1) de 50%, são bem superiores aos do BV, indicando ser a TE um solo mais intemperizado. O teor de Fe203 total é ligeiramente superior ao do BV, na faixa dos 28%. A análise mineralógica da fração silte mostrou a dominância de quartzo, com alguma incidência de minerais pesados como magnetita conforme observado na Figura 2- VII do Apêndice 2. Os resultados obtidos para a unidade de mapeamento TE {EMBRAPA, 1984a e b) mostram solos dominantemente eutróficos. Convém deixar claro, mais uma vez, que a intenção deste trabalho foi o de caracterização da unidade TE e por ser um solo intermediário em termos de intemperismo {MONIZ &

JACKSON, 1967) tem perfis transitando para o BV e perfis transitando para o LR. Por sinal, os dados de LIMA {1979) são semelhantes aos aqui obtidos.

O Latossolo Roxo foi caracterizado por apresentar horizonte superficial designado como ócrico de cor bruno avermelhado escuro com matiz 2.SYR, baixo valor e baixo croma. O horizonte B é o óxico, bastante friável, profundo, de boa drenagem e cor vermelho escuro com os matizes 2.SYR. São solos normalmente profundos, localizados nas posições altas de relevo plano a suave ondulado. Os dados de densidade de drenagem ficaram na faixa de 1,0 {DEMATTÊ, 1992), bem inferior a TE e ao BV. Nas áreas de encosta pode transitar para Terra Roxa Estruturada ou mesmo para Terra Roxa Latossólica.

São solos muito argilosos, com teores médios de argila no horizonte superficial de 84% e de 88% no horizonte B. Praticamente não há gradiente textural e a relação silte/argila é baixa, inferior aos perfis de Terra Roxa. O teor de silte

fica na faixa de 15 a 9%. Devido a microagregação, nestes solos a drenagem é muito boa.

Quimicamente são solos de fertilidade inferior a Terra Roxa apesar de serem intensamente cultivados. Dos 15 pontos amostrados e examinados, 8 são distróficos. O resultado apresentado na Tabela 1-II do Apêndice 1, indicam uma saturação por bases no horizonte B extremamente variável, indo de 13 a 65%. Seguramente todos os perfis epi-eutróficos estudados eram na verdade distróficos ou álicos no passado e que devido ao uso agrícola foram modificados. Entretanto, a CTC dos horizontes inferiores refletem o caráter mais intemperizado destes solos com valores mais baixos, na faixa de 4,0 a 9,8 meq/100 g de solo. O alumínio começa a aparecer devido aos valores mais baixos de pH principalmente no B.

Mineralogicamente são solos dominantemente cauliníticos ocorrendo também a gibbsita {Tabela 4.1), estando de acordo com os trabalhos de LIMA (1979) para o Estado do Paraná ou MONIZ &

JACKSON (1967) e CARVALHO (1972) para o Estado de São Paulo. Em relação a São Paulo, o teor de gibbsita é mais elevado. O reconhecimento destes minerais pode ser observado pelos difratogramas da fração argila de pontos LR71 e LR152 (Figura 4.3) e nos termogramas (Figura 4.5). Nestes dois casos observe­ se a maior contribuição da gibbsita no perfil LR152 devido a maior intensidade do pico a 4,4 Ã. O reconhecimento da gibbsita é feito observando-se o colapso nos espaçamentos a 4,8 e 4,4 Ã com o aquecimento a 550ºC ou a presença do pico endotérmico a 300-350ºC. O teor médio da gibbsita nestes solos é de 11% e o da caulinita, 58%. O teor de ferro total está próximo aos valores da TE, porém o ferro-oxalato diminuiu sensivelmente em relação ao BV e aumentou o ferro-ditionito.

A análise mineralógica do silte indicou dominância do quartzo, ocorrendo picos de magnetita. O mineral a 14 Ã presente aqui e na maioria dos Oxissóis é a vermiculita­ cloritizada (LEPSCH, 1975 e LEPSCH et al., 1977). Estes

resultados refletem os dados do Ki (Tabela 4.1) com valores na faixa de 1,6.

Tabela 4.1 - Resultados médios das análises física, química e mineralógica dos solos estudados.

Profun- Areia 1 Silte 1 Argila Silte/ Cor Fe203 Fe-Ox. , Fe-DCB Fe-Ox/

didade Argila úmida total Fe-DCB

(cm) (%) X 100 dominante (%) (mg/lO0 g de solo) X 1000

Brunizem Avermelhado - região Norte

O -20 11 24 65 39 2,SYR2/3 21,5 620 10290 60

40-60 4 17 80 21 2.5YR3/4 20,0 635 10320 61

Brunizem Avermelhado - região Sul

O -20 13 18 70 25 2.5YR2/4 22,0 608 9800 62

40-60 17 12 72 17 2.5YR3/4 21,0 715 10330 69

Terra Roxa Estruturada

O -20 6 17 77 23 2.5YR3/4 28,0 406 13220 30 40 -60 2 10 88 11 2.5 YR3/4 25,8 398 12470 32 Latossolo Roxo O -20 1 15 84 18 2.5YR2/4 23,0 309 13390 23 40-60 2 9 88 10 2.5YR3/4 22,4 321 12840 24 Latossolo Bruno O -20 5 18 76 24 5YR3/3 17,7 383 11070 34 40-60 4 14 82 18 2.5YR3/4 17,8 372 10910 34

Terra Bruna Estruturada

O -20 4 22 74 30 10YR2/2 13,5 470 4310 50

40-60 5 18 77 23 10YR3/4 12,5 439 8480 51

Continuação da Tabela 4.1.

Profun- M.O. AI SB CTC CTCa V Ki Cauli- !Mine- IGib-

didade SiOzf nita rais 2:1 bsita

(cm) (%) meq/lO0g solo (meq/lOOg argila) (%) Al203 (%)

Brunizem Avermelhado - região Norte

O -20 4,3 0,0 20,9 24,4 22,3 84 2,7 30 70

o

40-60 1,6 0,0 16,0 18,2 17,7 87 2,8 23 77

o

Brunizem Avermelhado - região Sul

O -20 4,2 0,0 19,4 22,1 16,0 88 2,6 33 67

o

40-60 1,6 0,0 13,3 16,1 17,4 80 3 33 68

o

Terra Roxa Estruturada

O -20 3,1 0,0 8,7 12,4 5,8 68 1,9 50 50

o

40 - 60 1,3 0,0 3,5 8,2 5,3 45 1,9 43 57

o

Latossolo Roxo O -20 3,6 . 0,5 5,5 12,2 3,1 47 1,6 58 32 11 40-60 1,9 0,9 1,9 8,4 3,8 23 1,6 55 36 9 Latossolo Bruno O -20 5,2 1,0 4,6 15,6 4,1 30 1,1 48 24 28 40-60 2,9 0,4 2,0 8,5 2,7 22 1,1 46 22 32

Terra Bruna Estruturada

O -20 5,3 3,2 1,4 20,6 9,4 7 1,5 63 31 6

40-60 1,9 1,8 0,5 10,4 7,1 5 1,4 63 34 5

SB : Soma de bases; Minerais 2:1: montmorilonita, micas, vermiculita cloritizada, material amorfo= 100 - (cau­ linita + gibbsita).

10 Graus 28 (a) 2 3,5 10,4 1 1 3,3 7,2 I 14 10 Graus 28 (b) 2

Figura 4.1 - Difratogramas de raios-x da fração argila, sem

óxido de ferro e matéria orgânica, saturadas com

K+ e Mg++_glicolado: a) ponto BVNll; b) ponto BVN81.

3,3 30 3,5 f 7,2 1 20 10 Graus 28 (a) 3,5 2 30 7,2 20 10 Graus 28 (b)

Figura 4.2 - Difratogramas de raios-x da fração argila, sem óxido de ferro e matéria orgânica, saturadas com K+ e Mg++_glicolado: a) ponto TE61; b) ponto TE181.

3,5 30 20 7,2

1

Graus 28 (a) 10 3,5

1

2 30 7,2 4,8

1

l

4,4 20 Graus 28 (b) 14,2

1

10

Figura 4.3 - Difratogramas de raios-x da fração argila, sem óxido de ferro e matéria orgânica, saturadas com K+ e Mg++_glicolado: a} ponto LR71; b} ponto LR152.

3,5 30 7,2

1

4,83 20 10 Graus 28 (a) 14,0

1

2 30 3,5 7,13

1

4,83 20

1

10 Graus 28 (b) 14,0

1

2

Figura 4.4 - Difratogramas de raios-x da fração argila, sem óxido de ferro e matéria orgânica, saturadas com K+ e Mg++_glicolado: a) ponto LB91; b) ponto TB171.

(a) o 100 200 (b) o 100 200 300 Temperatura (ºC) 300 Temperatura (ºC) 400 11'1 e:: VI,_, 1 .... �� 500 600

Figura 4.5 - Análise térmico diferencial dos pontos: a) BVNlOl, TE141 e LR151; b)TB171 e LB91; evidenciando os picos de gibbsita e caulinita.

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