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6. PRÁTICAS DOCENTES DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE NA

6.2 Eixo 2: A divisão dos papéis entre a escola e a família

6.2.2 Classe verde: Promoção da saúde na escola: a prática pedagógica

Alguns estudos mostraram também que os educadores consideram as atividades que vislumbrem a saúde da criança importantes, como por exemplo, estarem vigilantes para a prevenção de acidentes (CARDOSO, REIS & IERVOLINO, 2008; VIEIRA et al., 2009). No estudo de Cardoso, Reis e Iervolino, 20% deles consideraram a escola um ambiente capaz de provocar ou favorecer acidentes com as crianças, professores e funcionários.

Em síntese, nessa classe surgiram reflexões sobre a saúde das crianças e a relação entre pais e escola, os papéis exercidos por pais e professores, as negociações entre eles, as interpretações que as professoras fazem das práticas dos pais. Ficou claro que os pais e os professores são os originadores das práticas em saúde que são realizadas na escola, necessitando da parceria contínua e que isto já está sendo trabalhado desta forma pela maioria das UMEIS.

P.13: “eles lavam as mãos eles fazem a escovação dos dentes dos dentes depois da alimentação do almoço principalmente e a alimentação a lavagem das mãos antes de cada refeição e após eles usarem o banheiro a gente trabalha essa conscientização com eles também.”

Como afirmou Guimarães (2000), quando se pensa no trabalho com higiene dentro da Educação Infantil, vem à imagem do cuidado como um momento de construção de hábitos e que se deve favorecer a autonomia da criança, pois quando as crianças se trocam sozinhas, algumas regras já são trabalhadas.

Os professores também relataram o uso de recursos auxiliares para a prática da promoção e prevenção em saúde na creche. Alguns afirmaram se utilizar de materiais como livros, fantoches, além de atividades xerografadas.

P.05: “Aí volta pra sala pra fazer uma atividade ou fazer as brincadeiras com a atividade que foi planejada para aquele dia utilizo como recurso música vídeos conversa mesmo os livros, livros de historinha fantoche.”

P.09: “E também na sequencia nós temos alguma atividade pedagógica de acordo com o tema pode ser uma atividade xerografada ou pode ser uma atividade lúdica, também a contação de história uma musiquinha uma história utilizando fantoche ou qualquer outro recurso.”

O artigo 9 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil esclarece que “as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e brincadeiras”.

No mesmo artigo é sustentada, também, a necessidade de promover as interações dessa faixa etária através das “diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura”. (BRASIL, 2008)

Um ponto interessante a destacar aqui foi o surgimento da música como auxiliar no processo de educar em saúde. Esta prática foi revelada tanto pelo uso da música cantada como pelo auxílio de DVDs.

P.10: “[...] eu trabalho muito com música com eles música contação de história e também trabalho xerocado né".

P.11: “e geralmente eu uso material eu tenho alguns materiais didáticos tipo com carteados entendeu grandes ou eu trago filminho esta entendendo.”

P.21: “a gente costuma muito buscar recursos em DVDS pra mostrar as consequências de não higiene (falta de higiene).”

A prática descrita acima deve ser avaliada positivamente, pois evidencia a adequabilidade do trabalho dos professores no âmbito das UMEIs às diretrizes vigentes para a Educação Infantil. O próprio Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNÉI, um guia que destaca sete eixos norteadores que servem de orientação para a prática pedagógica nas instituições, traz em seu terceiro eixo que:

A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social. (BRASIL, 1998, p. 49)

Alguns professores se queixaram da falta de recursos, porém não afirmaram que isto interferiu ou impediu diretamente a sua prática pedagógica. Isto ficou evidente quando os professores afirmaram que na maioria das vezes eles buscam confeccionar materiais ou mesmo utilizar-se de materiais concretos para o ensino.

P.19: “já fazem, já fazemos aqui os recursos são muito limitados dentro das possibilidades mais a gente tenta tem tentado usar os recursos que temos e criatividade do professor surgem muita coisa a gente faz muita coisa com eles.”

P.12: “o tempo que acha a necessidade de falar com a criança assim de maneira que ela aprenda porque os recursos assim de fantoche historinhas aventais eu ate confeccionei ano passado.”

Neste sentido, a Proposta Pedagógica para a educação infantil do município de Santarém-PA ressalta que:

Cabe ao/a professor/a disponibilizar materiais, recursos e espaços como brinquedos, jogos, latas, caixas, papéis, tecidos, música, e outros, de modo a permitir a criação e recriação de atividades lúdicas podendo inserir através destes métodos a temática transversal saúde. (SEMED, 2012).

Também surgiram nesta classe falas de professores que usam a prática e a rotina diária como forma de ensinar, conforme discursos abaixo.

P.12: aqui a gente já trabalha muito isso porque a criança ela aprende muito pela pratica e pela visualização e pela repetição né, então como e um trabalho repetitivo aquela rotina e diária.

P.11: “Então tu tem que acompanhar não só falar não só teoria mas tu tem que ter a pratica e geralmente com o lúdico entendeu que tem que tomar remédio ou unha eu trago tesourinha”.

P.17: “puderam fazer na pratica juntamente fazendo a escovação dos dentes e um exemplo”.

P.38: “então e muito questão da pratica de trabalhar a questão da pratica do exemplo junto com eles”.

P.24: “então essa e toda uma rotina diária que a gente tem que a gente

ensina eles sabem a própria rotina.”

Este uso da rotina como prática de ensinar será discutido na classe vermelha que trata da rotina diária na creche e sua relação com a promoção e prevenção.

Alguns discursos revelaram as práticas realizadas na parceria com profissionais ou outras instituições para enriquecer as práticas de promoção da saúde na saúde através da interação com as próprias crianças e capacitação dos docentes, não sendo atribuída esta responsabilidade exclusivamente à UMEI.

P.03: “Geralmente vem também alguns acadêmicos da UEPA aí eles trazem aí eles mostram pras crianças aqui [...] trabalha assim com eles mais assim mostrando mesmo.”

P.52: “Às vezes a gente consegue parceria com outras instituições que vem ajudar a gente também né.”

Outros estudos em creches trouxeram resultados semelhantes, ao mostrar que alguns professores confiam esta ação aos profissionais de saúde ou então não cogitam realizar atividades educativas por relatarem a falta de condições do ambiente de trabalho (MARANHÃO, 2000; SANTOS et al.,2009).

Cabe aqui salientar que os profissionais da saúde devem oferecer uma parceria coadunada em princípios e ações com os profissionais do setor da educação, compartilhando a sua prática de cuidado, e não substituindo os professores nesta ação (ARAGÃO et al., 2010).

Os professores também se referiram à importância da parceria com os pais neste processo, porém foi um discurso que apareceu com menos força, e já havia sido evidenciado na classe lilás, ligada ao mesmo eixo desta classe.

P.53: “A gente fala com a criança e explica a pratica né na linguagem deles (...).”

P.12: “A gente falou muito para eles não se sujarem mas se sujar e coisa de criança e assim ajudar na higiene deles mostrar que aquilo e errado em fazer ela sempre orienta os pais a darem continuação em casa.”

P.”52: Então a gente sempre faz essa parceria com os pais pra que a gente possa estar trabalhando essa questão da saúde deles”.

Esta similaridade de discursos reforça a ligação entre estas duas últimas classes que formam o eixo aqui discutido. Em síntese este eixo revelou as práticas de promoção e prevenção em saúde, enfatizando a divisão dos papéis da escola e da família neste processo.

A seguir será realizada a discussão do eixo três que se subdivide em duas classes: a classe azul e da classe cinza, ambas tratando das práticas de rotina diária na creche.