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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Classificação em Rock Types

3.1.2 Classes de Lucia e método de Winland R35

Foram confeccionados os gráficos log-log da permeabilidade versus porosidade para a classificação das amostras de acordo com as classes petrofísicas de Lucia (1983, 1995, 2007) (Figura 3.3). Nestes gráficos também estão apresentadas as linhas de iso-tamanho de garganta de poros de Winland (R35) e as linhas de iso-unidade hidráulica de fluxo (FZI), como em Bust, Oletu e Worthington (2011). O método de Winland (R35) foi utilizado como suporte à interpretação dessa classificação.

Os gráficos da figura 3.3 ilustram as rock types baseadas na classificação de Lucia (RTL) e suas propriedades petrofísicas médias estão apresentadas na tabela 3.2. Foram reconhecidas cinco RTL: RTL1, “GST na classe 1”; RTL2, “GST na classe 2”; RTL3, “PCK dominados por grãos”; RTL4, “PCK dominados por micrita”; e RTL5, “WCK dominados por micrita”. A RTL1 apresenta a melhor qualidade permo-porosa, decrescendo em direção a

Figura 3.3 – Foram reconhecidas 5 rock types baseadas na classificação de Lucia (RTL), identificadas por sua litologia e sua relação com as classes de Lucia. Nota-se que esse agrupamenta tem uma boa relação com as linhas de iso-gargantas de poros, sendo a RTL1 com tendência aos maiores tamanhos, decrescendo

até a RTL5, onde é predominantemente dominada pelas micro-gargantas de poros. Também é possivel observar que cada RTL apresenta uma variação de classificação dentro das UH, demonstrando a

diferença entre essas metodologias.

Segundo Lucia (2007), a classe 1 representa a rock-fabric dos grainstones, onde o tamanho de grão controla o tamanho de poros (dominado por grãos), representando os

grainstones “típicos”. No presente trabalho, as amostras das litofácies de grainstone (GST)

foram separadas em duas RTL, pois parte das amostras apresentaram tendência para a classe 1 (RTL1) (Figura 3.3a), e parte, para a classe 2 (RTL2) (Figura 3.3b).

Foram classificadas como RTL1 (Figura 3.3a), as amostras de GST do poço B (GST1, GST2 e GST3), e as da litofácies GST2, do poço C. De acordo com as linhas de iso-tamanho de gargantas de poros, as amostras se encontram preferencialmente entre a região superior do intervalo das macro-gargantas de poros (próximo à linha de 10 µm) e a inferior das meso-

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gargantas de poros (próximo à linha de 0,5 µm), com algumas amostras na região de micro. A redução do tamanho de garganta de poros, assim como da permeabilidade, deve ser resultado da cimentação e compactação.

Tabela 3.2 – Rock types baseadas na classificação de Lucia (RTL) e valores médios das propriedades petrofísicas.

RTL Classificação ø (%) k (mD) k/ø

1 GST na classe 1 10,40 36,21 3,48

2 GST na classe 2 13,23 17,76 1,34

3 PCK dominados por grão 8,67 1,51 0,17

4 PCK dominados por micrita 10,11 0,75 0,074 5 WCK dominados por micrita 5,70 0,02 0,0035 Os grainstones do poço A (GST1, GST2 e GST3) e a amostra GST1 do poço C foram classificados na RTL2 (Figura 3.3b). A classe 2 representa os packstones dominados por grãos e o deslocamento dos grainstones para esta classe pode ser efeito do elevado teor de vugs- isolados (porosidade intragranular), gerados por dissolução, e da micritização dos grãos, como relatado na descrição dos testemunhos. As amostras se encontram da região intermediária de macro-gargantas de poros (próximo à linha de 5 µm) até a região de micro, também demonstrando o efeito da cimentação e da compactação.

De acordo com Lucia (2007), os packstones correspondem a uma importante fronteira petrofísica, pois apresentam porosidade intergranular preenchida por quantidade variável de lama. Portanto, podem ser considerados “dominados por grãos” (classe 2), quando possuem baixo teor de micrita, ou “dominados pela matriz” (classe 3), quando a micrita controla a conectividade dos poros.

Os “PCK dominados por grãos” (RTL3) (Figura 3.3c) neste trabalho estão representados pelas amostras das litofácies PCK/GST1, PCK1 e PCK2 do poço B, e PCK3 e PCK4, do poço C. No gráfico, essas amostras se encontram da porção superior da região de meso-gargantas de poros (2 µm) até a região de micro. Algumas amostras estão deslocadas para a classe 1, podendo ser efeito da bioturbação, que promoveu a entrada de GST. Também ocorrem amostras deslocadas para a classe 3, na região de micro-gargantas de poros, devendo ser relativo ao maior teor de micrita e de microporosidade.

Foram classificadas como “PCK dominados por micrita” (RTL4) (Figura 3.3d) as amostras das litofácies PCK/GST1 e PCK/GST21 do poço A, e PCK1 e PCK2, do poço C. Se encontram da porção intermediária da região de meso-gargantas de poros (próximo à linha de

1 µm) à região de micro, com algumas amostras na região superior de meso-garganta de poros. As amostras estão localizadas principalmente na classe 3 e, em menor número, na classe 2, podendo ser interpretado como regiões mais ricas em micrita e regiões com menor teor, respectivamente.

Os “wackestones (WCK) dominados por micrita” (RTL5) (Figura 3.3e) estão representados pelas litofácies PCK/WCK1, WCK/PCK1 e WCK/PCK2 do poço A, e PCK/WCK1 do poço B. Estão situadas na região da micro-garganta de poros, com maior parte das amostras fora das linhas de classificação de Lucia. Esta classe representa as rochas não- reservatório, essencialmente microporosas.

As classes de Lucia apresentaram boa correlação com as litofácies presentes nos poços, onde as amostras agrupadas em litofácies tenderam a acompanhar suas linhas de classificação. Observando as iso-linhas de tamanho de gargantas de poros, nota-se que em uma mesma classe pode ocorrer variação do tamanho de garganta de poros dominantes, que deve estar relacionada a variação da intensidade da cimentação e da compactação. Esse método demonstra-se eficiente quando se tem o objetivo de identificação de rock types que associem os parâmetros petrofísicos com as litofácies.

Entretanto, optou-se por utilizar as UH como referência, por ser um método que busca agrupar rochas com características de geometria de poros e conectividade similares. As classes de Lucia e os tamanhos de gargantas de poros dominantes serão utilizados para se ter uma melhor compreensão do significado geológico e de qualidade de fluxo dessas unidades. Com essa finalidade, comparando a classificação dos dados nos gráficos da figura 3.3, onde estão presentes as linhas de classificação das três metodologias, foi confeccionada a tabela 3.3. Podem ser observadas as características geológicas de cada UH, representadas pela litologia e pelas classes de Lucia, e a qualidade de fluxo, representada pelo tamanho de gargantas de poros dominantes.

Tabela 3.3 – Unidades hidráulicas e a relação com as classes de Lucia e o tamanho de gargantas de poros.

Unidade Hidráulica de Fluxo Litologia e classes de Lucia Tamanho de gargantas de poros dominantes

UH1 GST na classe 1

Macro UH2 GST entre as classes 1 e 2

UH3 GST/PCK na classe 2 Meso UH4 PCK/GST na classe 2 UH5 PCK na classe 2 Micro UH6 PCK na classe 3

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