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4. REVISÃO DE LITERATURA

4.3.4. Classificação da dor:

A dor pode ser classificada em diversas categorias como: dor aguda, dor crônica, dor referida, dor central, dor autônoma e dor periférica.

4.3.4.1. Dor Aguda:

Esse tipo de dor, normalmente ocorre como um aviso. Ela alerta o paciente que os tecidos estão expostos a estímulos nocivos e prejudiciais. Ela normalmente é localizada, em proporção à intensidade dos estímulos e dura somente o tempo em que o estimulo ou o dano ao tecido existir (Woolf, 1991).

4.3.4.2. Dor Crônica:

É definida como uma dor que continua mesmo após cessado o estimulo ou com a cura do dano tecidual. Fisiologicamente, a dor crônica resulta da hipersensibilização dos receptores de dor e aumento do campo receptor em resposta à inflamação localizada que segue o dano tecidual. É uma dor pouco localizada, tem um período definido pela doença de inicio e estar associada aos componentes subjetivos descritos anteriormente (WITTINK & MICHEL, 1990). A dor crônica é entendida como uma doença e precisa ser tratada como tal. (GRUBB, 1998).

4.3.4.3. Dor referida:

É a dor sentida em um outro ponto que não na sua origem. Pode ser referida de um órgão interno, uma articulação, um ponto de disparo ou de um nervo periférico para um músculo remoto. Esse tipo de dor é o resultado da convergência dos neurônios aferentes primários das estruturas profundas e dos músculos para neurônios secundários que também tem um campo cutâneo receptivo (CERVERO, 1983).

4.3.4.4. Dor central:

A dor central surge de uma doença ou lesão do Sistema nervoso central (SNC). Normalmente é diagnosticada pelos sinais e sintomas neurológicos que definem a doença. O inicio da dor central é variável, podendo ocorrer imediatamente após a lesão ou manifestar-se muito mais tarde. A dor

central é topográfica, sendo determinada à localização dos sintomas através do sitio de lesão (BORSOOK ET AL, 1998).

4.3.4.5. Dor Autônoma:

A dor autônoma ocorre quando uma lesão interrompe o equilíbrio entre o estimulo aferente e o sistema nervoso simpático descendente, resultando em uma atividade simpática exagerada e prolongada, alodinia e hiperalgesia (WEIGENT ET AL, 1998).

4.3.4.6. Dor Periférica:

É uma dor resultante da irritação nociva dos nociceptores. Ela depende da localização e intensidade dos estímulos nocivos, assim como das fibras que carregam a informação para a substância cinzenta dorsal. A informação carregada pelas fibras delta-A é aguda e bem localizada, começando rapidamente e durando apenas enquanto persistir o estimulo. Já a informação carregada pelas fibras C é de caráter difusa, tendo seu inicio demorado e durando mais do que o tempo do estimulo (BORSOOK ET AL, 1998).

4.3.5.AVALIAÇÃO DA DOR

4.3.5.1. Histórico:

A avaliação de um paciente com dor deve começar com um histórico abrangente relacionado à dor. Dentro desse histórico é importante observar alguns pontos chaves, como: (1) observação do paciente; (2) origem e início da dor; (3) localização da dor; (4) padrão da dor, enfatizando o período da dor, irradiação, fatores que pioram ou melhoram a dor e se houve mudança desse padrão; (5) características da dor; (6) intensidade; (7) características da radiação da dor; e (8) sinais e sintomas, relacionados também a fatores funcionais e psicológicos relacionados à dor

4.3.5.2. Mensuração da dor:

A maioria das pesquisas relacionadas a mensuração da dor demonstra que a memória da dor não fornece uma mensuração precisa de sua intensidade. Os instrumentos usados para avaliar a mensuração da dor são projetados para fornecer a informação sobre a intensidade, localização e caráter da dor na época da avaliação (LINTON & MELIN, 1982).

Os instrumentos de classificação da intensidade da dor são escalas onde o paciente classifica o nível atual de dor, marcando uma seqüência ou determinando um valor numérico para a intensidade dessa dor. A escala mais usada nesse tipo de avaliação é a Escala Visual Análoga (EVA), onde o paciente classifica a dor numa seqüência numérica de 0 a 10, onde 0 significa “sem dor” e 10 significa “dor máxima tolerável” (BIERI ET AL, 1990).

4.3.5.3. Avaliação da qualidade da dor:

Uma das escalas mais usadas na literatura para classificar a qualidade de dor é o Questionário de Dor McGill (MPQ). Este questionário inclui 20 categorias de descritores da dor que abrangem as propriedades sensitivas (questões de 1 à 10), propriedades afetivas (questões de 11 à 15), e avaliativas (questão 16) da dor. Por ultimo, temos a propriedade relacionada a miscelânea (questões 17 à 20) relacionadas a todas as propriedades citadas anteriormente (MELZACK, 1975).

As propriedades sensoriais são medidas usando os elementos de descrição temporal, térmica, espacial e de pressão. As afetivas são medidas empregando elementos de medo, tensão e autônomos. E as propriedades avaliativas, são medidas usando elementos de descrição da experiência prévia da dor (MELZACK, 1975).

O paciente é instruído a selecionar a palavra em cada categoria que melhor descreve a sua dor no momento. Se não houver uma palavra que descreva a sua dor, pede-se para o paciente ignorar aquela categoria.

Porém, se houver mais de uma palavra que se relacione a sua dor, pede-se ao paciente que escolha a palavra que melhor a descreva.

O MPQ pode nos fornecer vários tipos de informação, como (1) um índice de classificação da dor, baseado na soma dos valores de todas as palavras selecionadas; (2) um índice de classificação da dor baseado na soma dos valores de todas as palavras numa determinada categoria; e (3) o número total de palavras escolhidas (MELZACK, 1975).

O MPQ tem sido bastante estudado e observado como válido para avaliação em adultos tanto com dor aguda, quanto com dor crônica, pois ele nos fornece dicas sobre a causa especifica da dor, pois acaba por descrever os sintomas do paciente (BYRNE ET AL, 1982; KREMER ET AL, 1981).

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Escola Paulista de Medicina.

5.1. TIPO DE ESTUDO

Foi realizado um estudo transversal.

5.2. POPULAÇÃO DE ESTUDO

Pacientes do ambulatório de Síndrome Pós-Póliomielite do Setor de Doenças Neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo – Escola

Paulista de Medicina – UNIFES/EPM. Todos os indivíduos inclusos na pesquisa assinaram um “Termo de consentimento livre e esclarecido” (anexo 1).

5.3. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NA PESQUISA

Foram incluídos 30 pacientes com diagnóstico confirmado de SPP conforme critério diagnóstico preconizados na International Conference on post-polio syndrome, 2001 com queixa de dor articular e/ou muscular.

5.4. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO NA PESQUISA

Todos pacientes com diagnóstico clínico definido de SPP que apresentaram doenças associadas, como doenças reumáticas, neurológica ou qualquer doença que possa causar dor.

5.5. MÉTODO

A pesquisa bibliográfica versou sobre a fisiologia da dor na SPP e suas características. As fontes de dados usadas foram: medline, pubmed, cochrane, lilacs, SciELO, periódicos e livros textos.

O critério de seleção foi realizado em duas etapas: A primeira foi a análise dos prontuários dos pacientes do ambulatório de SPP, foram classificados os pacientes que apresentaram queixa de dor articular e/ou muscular. A segunda etapa foi a escolha aleatório do “N” incluído na pesquisa.

Foi aplicado um protocolo de avaliação específica da dor para coletar os dados demográficos dos pacientes, freqüência e causas de exacerbação da dor (anexo 2)

A avaliação também foi realizada com a aplicação dos seguintes questionários específicos de dor:

1 – Escala Visual Analógica de Dor (EVA-Dor) - para avaliar a intensidade (anexo 3);

2 – Questionário McGill de avaliação da dor - para avaliar a sensação da dor em suas múltiplas dimensões, ou seja, os componentes sensoriais, afetivos e avaliativos (anexo 4);

5.6. ANALISE DOS DADOS

A análise dos dados foi realizada como análise exploratória de dados, usando média e desvio padrão para variáveis quantitativas (idade e tempo de Síndrome Pós-Poliomielite) e para variáveis qualitativas foi usado ordenação de dados (ordem dos dados), usando o programa SPSS, versão 13.0 e excell.

6. RESULTADOS

6.1. CARACTERIZAÇÃO DA CASUÍSTICA:

Foram incluídos nesta pesquisa 30 pacientes do Ambulatório de Síndrome Pós-Poliomielite do Setor de Doenças Neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina – UNIFES/EPM escolhidos de forma aleatória de um total de 436 pacientes. Dos 30 pacientes, 16 pacientes (53,3%) eram do sexo feminino e 14 pacientes (46,7%) eram do sexo masculino.

6.1.1. IDADE

IDADE NA AVALIAÇÃO

Média 50

Desvio Padrão 9.8

Mediana 51 anos

Idade Mínima (em anos) 35 anos

Idade Máxima (em anos) 72 anos

GRÁFICO 1 – Histograma de distribuição segundo a idade na avaliação.

80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30

Idade (em Anos)

10 8 6 4 2 0 F re q u e n c ia Mean = 50 Std. Dev. = 9,879 N = 30

6.1.2. IDADE DA POLIOMIELITE:

A menor idade em que ocorreu a pólio aguda foi de 4 meses e a maior idade foi de 5 anos, a média foi de 18,93 meses (1ano e 7 meses), com desvio

padrão de ± 14,16 meses (± 1,16 anos), mediana de 16 meses.

TABELA 2 – Número e percentagem segundo a faixa etária em que ocorreu a poliomielite aguda.

IDADE DA POLIOMIELITE AGUDA

Média 18,93 meses

Desvio Padrão 14,16

Mediana 16 meses

Idade Mínima (em anos) 4 meses

Idade Máxima (em anos) 60 meses

GRÁFICO 2 – Histograma de distribuição segundo a idade em que ocorreu a poliomielite aguda. 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 F re q u ê n c ia 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

6.1.3. IDADE DA SÍNDROME PÓS-POLIOMIELITE:

A menor idade em que iniciou a SPP foi de 15 anos e a maior de 54

anos, média de 40,67 anos, mediana de 40 anos, desvio padrão ± 11,11 anos.

GRÁFICO 3 – Número de casos, histograma de distribuição quanto à

idade de inicio da SPP.

6.1.4. TEMPO DE DOENÇA

(SÍNDROME PÓS-POLIOMIELITE)

O menor tempo entre e o início da nova fraqueza e a idade atual foi de 2 anos e o maior de 28 anos, média de 10,03 anos, mediana de 9 anos, desvio padrão ± 6,45 anos.

GRÁFICO 4 – Histograma de distribuição quanto ao tempo de doença.

65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15

Idade da SPP (em Anos)

6 5 4 3 2 1 0 F re q u ê n c ia Mean = 40,67 Std. Dev. = 11,112 N = 30

6.2. DOR

6.2.1. INTENSIDADE DA DOR

TABELA 3 – Número e porcentagem segundo a intensidade de dor. Conforme a avaliação com a escala Visual Análoga de Dor.

ESCALA VISUAL ANALÓGICA de DOR (EVA - DOR)

Intensidade Freqüência Porcentagem

Leve 0 0 Moderada (3-7) 15 50.0 Intensa (8-10) 15 50.0 Total 30 100.0 6.2.2. LOCALIZAÇÃO DA DOR: 6.2.2.1. DOR ARTICULAR

TABELA 4 – Número e porcentagem segundo o local de dor articular.

LOCAIS DE DOR ARTICULAR

30 27,5 25 22,5 20 17,5 15 12,5 10 7,5 5 2,5 0

Tempo da SPP (em Anos) 6 5 4 3 2 1 0 F re q u e n c y Mean = 10,03 Std. Dev. = 6,451 N = 30

Local de Dor Nº Pacientes

%

Local de Dor Nº Pacientes

% Cabeça 52 26.67 - - - Pescoço 1 2.39 - - - Coluna Cervical 4 13,22 - - - Coluna Torácica 2 16,67% - - - Coluna Lombar 18 60,00% - - - Ombro D 14 46,67 Ombro E 12 40 Cúbito D 2 6,67 Cúbito E 3 10 Punho D 5 16,67 Punho E 5 16,67 Mão D 4 13,33 Mão E 4 13,33 Quadril D 8 26,67 Quadril E 10 33,33 Joelho D 8 26,67 Joelho E 11 36,67 Tornozelo D 9 30 Tornozelo E 9 30 Pé D 12 40 Pé E 11 36,67 6.2.2.2. DOR MUSCULAR

TABELA 5 – Número e porcentagem segundo a intensidade de dor muscular.

Local de Dor Nº Pacientes % Local de Dor Nº Pacientes % Face D 0 0,0% Face E 1 3,33% Braço D 6 20% Braço E 5 16,67% Antebraço D 3 10% Antebraço E 2 6,67% Coxa D 5 16,67% Coxa E 5 16,67% Perna D 5 16,67% Perna E 7 23,3% Tronco 1 3,33% - - -

GRÁFICO 5 – Histograma de distribuição quanto ao local de dor muscular.

6.2.3.

CAUSAS DE EXACERBAÇÃO DA DOR:

TABELA 6 – Número e porcentagem segundo as causas de exacerbação da dor. Dor Muscular 14% 12% 8% 5% 12% 13% 13% 17% 3% 0% 3% Face D Face E Braço D Braço E Antebraço D Antebraço E Coxa D Coxa E Perna D Perna E Tronco

CAUSAS DA EXACERBAÇÃO DA DOR Causas da exacerbação da dor

Nº Pacientes Porcentagem Levantar peso 24 80,00% Andar 25 83,33% Frio 19 63,33% Sentar 19 63,33% Outro Movimento 16 53,33% Estresse 12 40,00% Deitar 12 40,00% Trocar/Apalpar 8 26,67%

GRÁFICO 6 – Histograma de distribuição quanto as causas de exacerbação da dor.

6.2.4.

FREQUÊNCIA DA DOR:

TABELA 7 – Número e porcentagem segundo a freqüência da dor. Causas de Exacerbação da Dor

18% 18% 14% 14% 12% 9% 9% 6% Levantar peso Andar Frio Sentar Outro Movimento Estresse Deitar Trocar/Apalpar

FREQUÊNCIA DA DOR

Freqüência da dor Nº Pacientes Porcentagem

Contínua 5 16,67%

Livre por 1 hora 7 23,33%

Livre por 1 Dia 13 43,33%

Livre por 1 Semana 5 16,67%

GRÁFICO 7 – Número e porcentagem segundo a freqüência da dor.

6.2.5. CARACTERIZAÇÃO DA DOR

GRÁFICO 8 – Grupo Sensitivo - Histograma de distribuição quanto ao número de escolha dos descritores de dor, conforme o Teste McGill de Dor.

Porcentagem de Frequência de dor

17%

43%

23% 17%

Contínua Livre por 1 hora Livre por 1 Dia Livre por 1 Semana

Grupo Sensorial 0 10 20 30 40 50 60 70 Trem or Late jant e Pon tada Agu lhad a Fina Cor tant e Cól ica Fisg ada Que im ão Form igam ento Dol orid a Pes ada Sen ve l P o rc e n ta g e m

GRÁFICO 9 – Grupo Afetivo - Histograma de distribuição quanto ao número de escolha dos descritores de dor, conforme o Teste McGill de Dor. Grupo Afetivo 0 10 20 30 40 50 60

Cansativa Exaustiva Enjoada Sufocante Castigante Atormenta Miserável

P o rc e n ta g e m

GRÁFICO 10 – Grupo Avaliativo - Histograma de distribuição quanto ao número de escolha dos descritores de dor, conforme o Teste McGill de Dor.

Grupo Avaliativo 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Que incomoda Desgastante

P o rc e n ta g e m

GRÁFICO 11 – Grupo Miscelânea - Histograma de distribuição quanto ao número de escolha dos descritores de dor, conforme o Teste McGill de Dor. Grupo Misselânia 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Espalha Irradia Aperta Adormece Fria Aborrecida

P o rc e n ta g e m

O quadro geral com todas as características e os valores de descritores escolhidos pelos pacientes está localizada no anexo 5.

7.1. CARACTERIZAÇÃO DA CASUÍSTICA

No período dessa pesquisa, foram avaliados 30 pacientes com diagnóstico confirmado de Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) que apresentaram queixa de dor. Dos 30 pacientes, a maioria (53,3 %) era do sexo feminino.

A média de idade dos pacientes foi de 50 anos, sendo que 86,6% tinham idade inferior a 60 anos. A SPP não está relacionada com a idade cronológica.

A idade em que os pacientes foram acometidos pela Poliomielite, foi de 19 meses (1 ano e 7 meses). Nos países não industrializados a poliomielite acomete crianças mais precocemente que nos países desenvolvido. Em relação à idade de aparecimento dos novos sintomas, da Síndrome Pós-Poliomielite, a média de idade foi de 41 anos, Esses achados correspondem a estudos anteriores que apresentam o platô mínimo de 8 anos e o máximo de 71 anos, CASHMAN ET AL (1999). DALAKAS ET AL (1986), encontraram um período mínimo de 15 e máximo de 54, com média de 28,8 anos entre o período de início da pólio e o início da SPP. QUADROS em 2005, encontrou numa população brasileira de 129 pacientes, a média do platô de estabilidade funcional de 37,71 anos, sendo o platô mínimo encontrado de 13 anos e o máximo de 69 anos e a média do período entre o do início da pólio e o início da SPP foi de 41,7 anos.

E por fim, para terminar a caracterização da casuística, analisamos o período de tempo entre o início dos novos sintomas e a idade na avaliação, para determinarmos o tempo de doença. O tempo médio encontrado foi de 10 anos.

Com os dados de caracterização desta casuística podemos inferir que pelo tempo médio de história de poliomielite, 41 anos, e com média de 10 anos de SPP, o desequilíbrio muscular pela própria característica do acometimento assimétrico da poliomielite, causou desgaste precoce nas articulações, principalmente de membros inferiores pela descarga axial, e a biomecânica anormal. Isso dificultou a realização das atividades da vida diária e da vida prática, provocando sobrecarga na musculatura e levando a manifestação da dor. Relativo ao tempo médio da SPP, pode-se inferir a demora para a confirmação diagnóstica, que pode ser devido a escassez de centros

especializados e também pela falta de informação tanto do paciente como de alguns profissionais.

7.2. LOCALIZAÇÃO DA DOR:

A dor é um dos sintomas mais referido pelos pacientes com Síndrome Pós-Poliomielite. Neste estudo, 18 pacientes (60%) queixaram-se tanto de dor tanto articular, quanto muscular. Dos 12 pacientes restantes avaliados, 9 pacientes (30%) queixaram-se apenas de dor articular e 3 pacientes (10%) queixaram-se apenas de dor muscular.

De acordo com um estudo feito por HALSTEAD (1985) 79% de 539 pacientes apresentavam queixa de dor, podendo essa dor ser articular ou muscular.

7.2.1. DOR ARTICULAR:

Quanto ao local de dor articular, levamos em conta para discussão os que foram referidos por 20 % ou mais dos pacientes. O local de maior queixa foram os ombros (86,67) em segundo lugar os pés (76,67%), em terceiro lugar, joelhos (63,27%) e em quarto lugar, lombar, quadril e tornozelo (60%) igualmente.

Não encontramos na literatura nenhum estudo referindo os locais detalhados de dor, entretanto o estudo de QUADROS (2005) com 129 pacientes, demonstrou que 79,8% referiram dor articular. Quanto ao local da dor, este mesmo autor referiu que a região lombar (29%), foi o segundo lugar mais mencionado pelos pacientes. O estudo de OLIVEIRA (2002), encontro 68% de dor articular numa casuística de 52 pacientes.

7.2.2 DOR MUSCULAR:

Quanto aos locais de dor muscular, observamos que o maior local de queixa foram as pernas com 40%, o segundo local foram os braços com a porcentagem de 36% e em terceiro lugar as coxas com 33,33%. Consideramos para discussão apenas as queixas referidas por mais de 20% dos pacientes.

Esses dados são confirmados pelo estudo de QUADROS (2005) que encontrou 76% de queixa de dor muscular, sendo a maior freqüência de nos membros inferiores com uma porcentagem de 62%. OLIVEIRA (2002) observou em seu estudo com uma casuística de 52 pacientes que 66% apresentavam dor muscular. HALSTEAD (1985) observou em seu estudo que 79% dos pacientes avaliados apresentavam dor muscular. AGRE (1989) observou dor muscular em 86% dos pacientes e PENTLAND (1999) observou dor muscular em 64% dos pacientes avaliados em seu estudo. Em contrapartida, o estudo de CODD (1985) mostrou baixa porcentagem de dor muscular em seus pacientes, sendo que apenas 48% dos pacientes referiram queixa de dor muscular e RAMLOW (1992) observou apenas 38% dos pacientes com queixa de dor muscular.

A localização da dor articular indica as regiões que são mais sobrecarregadas. Os membros superiores são usados como suporte para a marcha de modo permanente para a maioria dos pacientes, com muleta canadense e/ou axilar, provocando sobrecarga nos ombros. O fato das extremidades inferiores serem as mais comprometidas está relacionada com a descarga do peso corporal, o que desencadeia dor nos pés.

A dor muscular nas pernas e nas coxas pode estar ligada ao esforço para deambular, manter o equilíbrio do corpo e permitir a postura ortostática. A dor nos braços pode estar relacionada com o esforço para realizar a fase de balanço na marcha e com a função de servir de suporte permanente para os membros inferiores, no caso de uso de auxiliares da marcha.

7.3. INTENSIDADE DA DOR:

A intensidade da dor foi avaliada através da Escala Visual Analógica de dor (E.V.A – Dor ), em que o paciente demonstra a intensidade da sua dor em uma escala numérica com variação de 0 a 10, sendo que 0 corresponde a uma classificação de estar sem dor e 10 corresponde a uma classificação de dor insuportável (MAYER & PRICE, 1976).

A classificação dessa escala fica dividida entre dor leve, onde estão incluídos os escores de 0 à 2; dor moderada, onde incluem-se os escores de 3 à 7 e dor intensa, onde incluem-se os escores de 8 à 10.

Neste estudo, foi observado que nenhum dos pacientes enquadrou sua dor na classificação de dor leve (0-2). Porém 15 pacientes (50%) enquadram a dor como dor moderada e os outros 15 pacientes (50%) enquadraram a dor como dor intensa. Estes dados correspondem com o estudo de QUADROS (2005), com 129 pacientes com SPP, que encontrou 25,6 % com queixa de dor moderada, e 33,3% queixa de dor intensa.

7.4.QUALIDADE DA DOR:

A qualidade da dor foi avaliada nesse estudo por meio do teste McGill de dor que apresenta vários descritores relacionados à dor. Levamos em consideração neste estudo os descritores que foram escolhidos por 20% ou mais dos indivíduos.

Esse teste é dividido em quatro grupos, sendo o primeiro chamado de sensitivo (1-10), o segundo afetivo (11-15), o terceiro avaliativo (15) e o quarto e ultimo chamado de miscelânea (16-20).

No primeiro grupo, foi avaliada a discriminação da dor segundo propriedades mecânicas, térmicas, de vividez e espacialidade. A maioria dos pacientes (60%) descriminaram a dor como “fisgada” e “formigamento”; 56,67% como “pontada”, 50% como “queimação” e 43,33% como “latejante” e “agulhada”.

No segundo grupo, foi avaliada a dimensão afetiva nos aspectos de tensão, medo e respostas neurovegetativas. A maioria dos pacientes (53,33%) avaliou a dor como “cansativa”, 40% descreveram como “enjoada” e 36,67% como “castigante”.

O terceiro grupo permite o indivíduo expressar sua avaliação geral de sua experiência dolorosa. A maioria dos pacientes (40%) avaliaram a dor como “que incomoda” e 20% avaliaram a dor como “desgastante”

No quarto e ultimo grupo, chamado de miscelânea compreende diversos termos referentes à dor que não estão incluídos em nenhuma das categorias anteriores. Os descritores escolhidos pela maioria (43,33%) dos pacientes para ajudar a identificar a dor foi “fria”, 40% identificou como “aborrecida” e 33,33% escolheu o descritor “adormece”.

Não encontramos na literatura nenhum estudo que usasse o teste de McGill de dor em pacientes com Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) para fazermos as comparações.

7.5.FREQUÊNCIA DA DOR:

O consenso entre os estudos é que a dor está incluída entre os sintomas mais freqüentes da SPP. Para conhecer melhor realizamos uma entrevista direcionada para identificar a freqüência de dor com o intuito de caracterizar melhor a dor desses pacientes. A freqüência da dor nesses pacientes é um dado importante pra identificar o nível de qualidade de vida, já que a dor influência em todos os aspectos de sua vida do paciente.

Nesse estudo foi observado que 13 pacientes (43,33 %) ficaram livre da dor por um dia, mas não mais que isso. Dos 30 indivíduos avaliados, 7 deles (23,33%) relatam que conseguem ficar sem apresentar dor por apenas uma hora por dia. Por fim, 5 deles (16,67%) apresentam uma queixa de dor contínua, que não cessa nunca. Os 5 pacientes restantes (16,67%) relataram que conseguem ficar livre da dor por uma semana inteira, mas não mais que isso. Não encontramos na literatura nenhum estudo para fazermos as comparações.

7.6.CAUSAS DE EXACERBAÇÃO DA DOR:

Para se entender melhor o mecanismo da exacerbação da dor na Síndrome Pós-Poliomielite e assim, poder realizar uma intervenção preventiva e de melhor qualidade nesse sintoma, procuramos identificar as causas que podem gerar ou aumentar a dor nesses pacientes.

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