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CLASSIFICAÇÃO DAS INTOXICAÇÕES

TÓPICO 3 – CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS INTOXICAÇÕES

O processo de intoxicação, como apresentado no item anterior, causa um desequilíbrio no organismo provocado por um agente tóxico que interage com qualquer órgão do corpo. Todo esse processo se evidencia através de alguns sinais e sintomas que você já deve ter ouvido, ou até mesmo sentido. Esses sinais e sintomas podem ser classificados de acordo com o tempo de exposição, razão da exposição e toxicidade.

a) De acordo com o tempo de exposição

De acordo com a sua evolução e com a rapidez com que o processo tóxico é estabelecido, a intoxicação pode ser classificada como: sobreaguda, aguda, subaguda e crônica.

A intoxicação sobreaguda é aquela em que a ação da substância tóxica ocorre muito rapidamente, conduzindo frequentemente à morte dentro de minutos ou horas.

A intoxicação aguda irá resultar em sintomas visíveis e geralmente graves, que podem causar a morte em poucos dias.

São chamadas de intoxicações subagudas as intoxicações que ocorrem ao longo de vários dias ou semanas.

Intoxicações crônicas são geralmente devidas a pequenas quantidades de uma substância tóxica que ocorrem quando o indivíduo é exposto por um longo período de tempo, com um acúmulo lento desta substância no corpo.

b) De acordo com a exposição

As intoxicações podem ser classificadas de acordo com vários aspectos. A Figura 5 apresenta a classificação das intoxicações em função da razão da exposição.

FONTE: Disponível em: <http://www.colegiobompastor.com.br/apostilas/APOSTILA_DE_ Toxicologia_INDUSTRIAL.pdf>. Acesso em: 28 maio 2017.

FIGURA 5 – CLASSIFICAÇÃO DAS INTOXICAÇÕES EM FUNÇÃO DA RAZÃO DE EXPOSIÇÃO

Existem outras classificações quanto à severidade, quanto à carcinogenicidade, quanto à EPA (Environmental Protection Agency). Para saber mais sobre o potencial cancerígeno de alguma substância, consulte a International Agency for Research on Cancer, acesse: <http:// www.iarc.fr/>.

DICAS

INTOXICAÇÕES AGUDAS São aquelas que decorrentes de uma única ingestão/exposição ao agente tóxico ou mesmo de sucessivas

ingestões/exposições, desde que ocorram em um prazo médio de 24 horas.

INTOXICAÇÕES CRÔNICAS São decorrentes da ação lenta e prolongada de pequenas quantidades do agente tóxico no organismo de indivíduos que ingerem ou a ele se expõe, durente vários meses.

INTOXICAÇÕES AMBIENTAIS São devidas à poluição atmosférica, hídrica e do solo, sendo mais comum em centros urbanos e industriais, podendo ocorrer também em áreas de grande atividade agropecuária

INTOXICAÇÕES ACIDENTAIS Ocorrem de maneira inesperada e independente da vontade alheia ou da própria vítima.

INTOXICAÇÕES PROFISSIONAIS Resultam da exposição do trabalhor, no exercício de sua atividade, à ação de agentes químicos diversos.

INTOXICAÇÕES ALIMENTARES Ocorrem após a ingestão de alimentos contaminados ou por microrganismos diversos (fungos, bactérias).

Como vimos acima, as intoxicações profissionais resultam da exposição do trabalhador no exercício de sua atividade à ação de agentes tóxicos. Veja a história do chapeleiro maluco no filme Alice no País das Maravilhas, exposto ao nitrato de mercúrio durante o exercício de suas atividades laborais.

O Chapeleiro Maluco

A intoxicação por origem ocupacional é bem ilustrada na figura do “Chapeleiro Maluco”, em Alice no País das Maravilhas, uma alusão à Dança de “São Vítor”, síndrome caracterizada por movimentos involuntários contínuos dos músculos da face e das extremidades, além de distúrbios psiquiátricos, que afetou muitos trabalhadores expostos ao processo de feltração nas oficinas de confecção de chapéus, na Inglaterra do Rei Eduardo VII (1902).

Os operários expostos continuamente ao nitrato de mercúrio utilizado na feltração apresentaram uma doença que ficou conhecida como “loucura dos chapeleiros”, origem da expressão “mad as a hatter”, ou seja, tão louco quanto um chapeleiro.

FIGURA 6 – O CHAPELEIRO MALUCO

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/Mjosz6>. Acesso em: 3 ago. 2017.

c) Toxicidade

De acordo com Ruppenthal (2013, p. 17), “toxicidade é a capacidade que tem o agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. O efeito tóxico é geralmente proporcional à concentração do agente tóxico ao nível do sítio de ação”.

Os fatores que influenciam a toxicidade de uma substância são a frequência de exposição, a duração da exposição, a via de administração da substância. Para isso, deve-se conhecer o tipo de efeito que ela produz a dose para produzir o efeito, as informações sobre as

características/propriedades de uma substância (ex.: concentração) e as informações sobre o indivíduo (sensibilidade individual) (LEITE; AMORIM, 2003 apud RUPPENTHAL, 2013, p. 18).

A Figura 7 apresenta um resumo dos fatores que influenciam na toxidade de substâncias tóxicas:

FIGURA 7 – RESUMO DOS FATORES QUE INFLUENCIAM NA TOXICIDADE DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

FONTE: Disponível em: <http://www.colegiobompastor.com.br/apostilas/APOSTILA_DE_ Toxicologia_INDUSTRIAL.pdf>. Acesso em: 30 maio 2017.

Os caminhos das substâncias tóxicas no corpo diferem dependendo da situação de exposição. No ambiente industrial, a principal via é a inalação, por isso é necessário estabelecer medidas de prevenção para reduzir ou eliminar a absorção por inalação ou por contato direto. Os poluentes do ar penetram por inalação e por contato transdérmico. Os contaminantes da água e do solo são absorvidos por inalação, ingestão ou o contato com a pele.

3 CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS TÓXICOS

O grau de toxicidade de uma substância é avaliado quantitativamente pela medida da "DL50", que é a dose de um agente tóxico, obtida estatisticamente, capaz de produzir a morte de 50% da população em estudo. Assim, um agente será tanto mais tóxico, quanto menor for sua DL50. A Tabela 1 apresenta a classificação das substâncias tóxicas de acordo com a dose do agente tóxico “ DL50”.

CONCENTRAÇÃO Quanto maior a concentração

da substância tóxica, mais rapidamente seus efeitos nocivos irão se manifestar no

organismo

RESPIRAÇÃO Representa a quantidade de

ar inalado pelo trabalhador durante sua jornada de trabalho TEMPO DE EXPOSIÇÃO

É o tempo que o organismo fica exposto ao contaminante TOXICIDADE É o potencial tóxico da substância no organismo SENSIBILIDADE INDIVIDUAL O nível de resistência do indivíduo exposto a substâncias

tóxicas varia de indivíduo para indivíduo

Categoria DL 50 Exemplos Extremamente tóxico < 1 mg/kg Fluoracetato de sódio

Altamente tóxico 1 a 50 mg/kg Cianeto de sódio, fluoreto de Na Moderadamente tóxico 50 a 500 mg/kg DDT

Ligeiramente tóxico 0,5 a 5 g/kg Acetanilida Praticamente não tóxico 5 a 15 g/kg Acetona Relativamente atóxico >15 g/kg Glicerol

TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS DE ACORDO COM A DOSE DO AGENTE TÓXICO “ DL50”

FONTE: Adaptado de IFA (2013 apud RUPPENTHAL, 2013)

4 PRODUTOS TÓXICOS NA INDÚSTRIA

Pela sua presença e importância na indústria devemos levar em consideração três tipos de produtos tóxicos:

a) Solventes

São substâncias químicas ou uma mistura líquida de substâncias químicas capazes de dissolver outro material de utilização industrial.

Os mais utilizados são solventes orgânicos, e pode ser encontrado na indústria, na agricultura ou nas casas, produzindo uma ampla variedade de intoxicações.

Quase todos estão expostos a solventes. Quando um solvente se evapora, os vapores também podem representar uma ameaça para a população exposta.

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b) Metais pesados

Os metais diferem de outras substâncias tóxicas, na medida em que não são criados nem destruídos pelos seres humanos. O uso deles pelos humanos desempenha um papel importante na determinação do seu potencial para efeitos da saúde. Seu efeito sobre a saúde pode ocorrer através de pelo menos dois mecanismos: primeiro, aumentando a presença de metais pesados no ar, água, solo e alimentos, e em segundo lugar, alterando a estrutura do produto químico. Por exemplo, o cromo III pode ser convertido em cromo VI, a forma mais tóxica do metal.

Os metais são indispensáveis na indústria, porém produzem uma atmosfera contaminada por metais pesados, resultado de processos metalúrgicos de corte, solda etc.

c) Resíduos tóxicos e perigosos

São definidos como qualquer material sólido, gasoso, pastoso ou líquido que é resultado de processos de produção, processamento, utilização ou consumo. Estes produtos são muitas vezes abandonados sem qualquer cuidado em quantidade e concentração, que constitui um risco para a saúde e o meio ambiente.

d) Dioxina (ou TCDD)

Essa substância é cancerígena e provém da poluição gerada por indústrias, como por exemplo, é um subproduto da produção de inseticidas clorados. A dioxina também é um subproduto do processamento de cloro nas indústrias produtoras de papel.

e) Pesticidas

Pesticidas são substâncias químicas, naturais ou sintéticas, utilizadas com a finalidade de prevenir a ação, controlar ou eliminar pragas que podem ser constituídas por insetos, fungos, ervas daninhas, ácaros, bactérias, nematoides, roedores, entre outras formas de vida animal ou vegetal, indesejáveis ou prejudiciais à agricultura e à pecuária. Esta definição para o termo genérico pesticida, proposta pela Food and Environmental Protection Act (FEPA), abrange um largo espectro de substâncias biologicamente ativas, é usada em diferentes áreas de investigação, inclusive a ambiental (SABIK et al., 2000 apud RIBEIRO et al., 2008).

f) Toxinas de plantas

Porções diferentes de uma planta podem conter diferentes concentrações de produtos químicos. Alguns produtos químicos produzidos pelas plantas podem ser letais. Por exemplo, o taxon, usado em quimioterapia para matar células cancerígenas, é produzido por uma espécie da planta de teixo.

5 FASES E SINTOMAS COMUNS DA INTOXICAÇÃO

O organismo humano é um complexo sistema biológico que está organizado em diferentes níveis: células, tecidos e órgãos. É um sistema aberto que troca matéria e energia com seu ambiente através de numerosas reações bioquímicas que estão em equilíbrio dinâmico. O meio ambiente pode ser contaminado com vários tóxicos. Quando as moléculas ou íons tóxicos entram neste sistema bem coordenado, podem ocorrer alterações reversíveis ou irreversíveis nos processos bioquímicos normais das células, causando lesões ou morte celular.

O processo de entrada do tóxico do ambiente para os locais onde estes vão produzir os seus efeitos tóxicos dentro do corpo pode ser dividido em 4 fases: exposição, toxicocinética, toxicodinâmica e fase clínica.

Após você ter estudado as substâncias tóxicas, é o momento de entendermos as fases e os principais sintomas que estas substâncias causam no organismo humano.