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Classificação das Perturbações da Personalidade

RISCOS DA FARMACOTERAPIA 1 Antipsicóticos

B. Classificação das Perturbações da Personalidade

CID-10

Perturbações da personalidade e do comportamento adulto F60 Perturbações específicas da personalidade

F60.0 Perturbação da personalidade paranóide F60.1 Perturbação da personalidade esquizóide

F60.2 Perturbação da personalidade dissociativa

F60.3 Perturbação da personalidade emocionalmente instável .30 do tipo impulsivo

.31 do tipo borderline

F60.4 Perturbação da personalidade histriónica F60.5 Perturbação da personalidade anancástica

F60.6 Perturbação da Personalidade ansiosa (de evitação)

F60.7 Perturbação da personalidade dependente

F60.8 Outras perturbações específicas da personalidade

F60.9 Perturbação da personalidade não especificada

F60.0 Perturbação da Personalidade Paranóide

A característica essencial deste distúrbio é uma tendência global e injustificável para interpretar as acções das pessoas como deliberadamente humilhantes ou ameaçadoras. Normalmente manifesta-se no final da adolescência ou no início da idade adulta. Quase invariavelmente há uma crença de se estar a ser explorado ou prejudicado pelos outros de alguma forma e, por causa disso, a lealdade e fidelidade das pessoas estão sempre a ser questionadas. Com frequência o portador deste distúrbio é patologicamente ciumento e questionador da fidelidade do cônjuge, ao ponto de causar situações francamente constrangedoras. O portador deste distúrbio de personalidade pode interpretar acontecimentos triviais e rotineiros como humilhantes e ameaçadores, manifestando uma sensibilidade exagerada às contrariedades, uma tendência para distorcer as experiências, interpretando-as como se fossem hostis ou depreciativas, ainda que neutras e amistosas (pensamento paranóide). Estas pessoas podem sentir-se irremediavelmente humilhadas e enganadas, consequentemente agressivas e insistentemente reivindicadoras dos seus direitos. Supervalorizam a sua própria importância, as suas ideias são as únicas correctas e os seus pontos de vistas não devem ser contestados, daí a facilidade em criarem conflitos e a

tendência para pensamentos auto-referentes. São, de uma forma geral, desconfiadas, teimosas, dissimuladoras e obstinadas, vivem numa solidão frequentemente confundida com timidez, como se não houvesse no mundo pessoas com quem pudessem partilhar a sua genialidade, dignidade e os seus sentimentos superiores. Extremamente sarcásticas nas suas críticas e irónicas nos comentários, não toleram críticas dirigidas à sua pessoa e qualquer comentário nesse sentido é entendido como declaração de inimizade. Pelo entusiasmo com que valorizam as suas ideias, podem ser vistas como fanáticos nas várias áreas do pensamento (religioso, político, ético ou profissional). A afectividade, nestes casos, é muitas vezes restrita e pode parecer fria, dado o gosto destas pessoas em serem sempre objectivas, racionais e pouco emocionais.

Recomenda-se, como critérios para este Transtorno, que sejam caracterizados por:

a) sensibilidade exagerada a contratempos e rejeições;

b) tendência a guardar rancores persistentemente, isto é, recusam perdoar aquilo que julgam como insultos;

c) desconfiança e tendência a interpretar erroneamente as experiências amistosas ou neutras;

d) obstinado sentido de direitos pessoais em desacordo com a situação real; e) suspeitas injustificáveis em relação à fidelidade (conjugal ou de amigos); f) autovalorização excessiva;

g) pressuposições quanto a conspirações.

F60.1 Perturbação da Personalidade Esquizóide

Este tipo de distúrbio é verificado em pessoas que exibem um padrão de afastamento social persistente, um constante desconforto nas interacções humanas, uma excentricidade de comportamento e pensamento, isolamento e introversão. O esquizóide revela desinteresse, reserva e falta de envolvimento nos acontecimentos quotidianos e com as preocupações alheias, normalmente manifestando pouca necessidade de vínculos emocionais. Este tipo de personalidade reflecte interesses na solidão, em trabalhos solitários e em actividades não competitivas. Por outro lado, estas pessoas são capazes de investir grande energia afectiva em interesses que não envolvam seres humanos e podem estabelecer fortes laços com os animais. Frequentemente têm certas obsessões acerca de dietas, programas de saúde alternativos, movimentos religiosos e filosóficos pouco comuns, esquemas de aperfeiçoamento sócio-culturais, associações esótericas. Embora pareçam absorvidos em devaneios fantasiosos e fantásticos, não perdem a capacidade de reconhecer a realidade, podendo oferecer ao mundo ideias realmente criativas e originais. Sentem-se frequentemente incompreendidos, o

que reforça a tendência ao afastamento e isolamento. Este ausente sentimento de companheirismo normalmente é compensado pelo zelo apaixonado pela leitura, pelos animais ou alguma outra expressão artística de difícil compreensão.

Considerando os critérios estabelecidos pelo DSM-IV e pelo CID-10 para este diagnóstico, pode-se caracterizar este distúrbio da seguinte forma :

a) um padrão de indiferença às relações sociais e uma variação pobre da expressão emocional;

b) indiferença aos sentimentos alheios;

c) questionamento, indisposição e desrespeito pelas normas e obrigações sociais; d) pouco interesse em relações sexuais;

e) preferência quase invariável por actividades solitárias; f) preocupação excessiva com fantasias e introspecção;

g) falta de amigos íntimos, relacionamentos confidentes e a falta de desejo de tais relacionamentos;

h) raramente vivenciam emoções fortes, como raiva e alegria; i) indiferença a elogios e críticas.

F60.31 Perturbação da Personalidade Explosiva ou Borderline

No CID-10 este distúrbio é referido como Perturbação da Personalidade Emocionalmente Instável. Aqui a característica mais marcante é uma tendência em agir impulsivamente, desprezando as eventuais consequências do acto impulsivo, juntamente com instabilidade afectiva. Os frequentes acessos de raiva podem levar à violência ou a explosões de agressividade; tais crises podem ser desencadeadas quando as atitudes impulsivas são criticadas ou impedidas por outros. Estes distúrbios são caracterizados pela instabilidade do estado de humor, com possibilidades de explosões de raiva, ódio, violência ou afectividade. A agressão pode ser expressa fisica ou verbal e as explosões fogem ao controlo das pessoas afectadas. No entanto, tais indivíduos não têm conduta anti-social e, pelo contrário, são simpáticas, bem falantes, sociáveis e educadas quando fora das crises.

De acordo com o DSM-IV, que se refere a este distúrbio como Perturbação da Personalidade Borderline, estes indivíduos apresentam episódios de perda de controlo sobre os impulsos agressivos, resultando em agressões ou destruição de propriedade e, normalmente, a agressividade expressa é totalmente desproporcional aos eventos ambientais desencadeadores. Estes episódios geralmente são seguidos de arrependimentos ou auto- reprovação, os quais são capazes de produzir variados graus de depressão. A instabilidade na escolha de objectivos, valores e aspirações profissionais é responsável pela acentuada

inconstância no ritmo e estilo de vida destas pessoas. Esta perturbação favorece ainda a instabilidade afectiva, em consequência a uma acentuada reactividade do humor.

Critérios de diagnóstico:

a) padrão de relacionamento instável, variando rapidamente entre ter grande estima por determinado indivíduo para logo depois o desprezar;

b) comportamento impulsivo, principalmente quanto a gastos financeiros, sexual, abuso de substâncias psicoativas, pequenos furtos e condução irresponsável;

c) rápida variação das emoções, passando de um estado de irritação para angústia, seguido de depressão (não necessariamente nesta ordem);

d) sentimento frequente de raiva e falta de controlo desses sentimentos, com possibilidade de agressões corporais;

e) comportamento suicida ou auto-mutilante; f) sentimentos persistentes de vazio e tédio;

g) dúvidas a respeito de si mesmo, da sua identidade como pessoa, do seu comportamento sexual ou da sua carreira profissional.

F60.4 Perturbação da Personalidade Histriónica

É caracterizada na CID-10 por um comportamento colorido, dramático e extrovertido, que se apresenta sempre de uma forma exuberante. É um dos distúrbios de personalidade mais frequentes no sexo feminino, onde os pacientes apresentam uma tendência de comportamento em busca de atenção. Os histriónicos tendem a exagerar os seus pensamentos e sentimentos, apresentam acessos de mau humor, lágrimas e acusações sempre que percebem que não são o centro das atenções ou quando não recebem elogios e aprovações. Frequentemente animados e dramáticos, tendem a chamar a atenção sobre si mesmos e podem, de início, encantar as pessoas com quem travam conhecimento pelo seu entusiasmo, aparente sinceridade ou capacidade de sedução. Manifestam pronunciados traços de vaidade, egocentrismo, exibicionismo e dramaticidade. A somatização, dissociação e repressão são os mecanismos de defesa mais intensamente utilizados. Sexualmente, a personalidade histriónica determina nas mulheres um comportamento sedutor, provocante e com tendência a erotizar as relações não sexuais do dia-a-dia.

O DSM-IV e o CID-10 recomendam como critérios para o diagnóstico do Transtorno Histriônico da Personalidade, um padrão generalizado de excessiva emotividade e busca de atenção, indicado pelas seguintes características:

a) busca constante ou exigência de afirmação, aprovação ou elogios; b) autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções;

c) alta sugestionabilidade, facilmente influenciada pelos outros ou por certas circunstâncias;

d) sedução inapropriada em aparência ou comportamento; e) preocupação excessiva com a aparência física;

f) expressão exagerada de emoções;

g) expressão de emoções rapidamente mutável; h) egocentrismo nas satisfações;

i) intolerância grave às frustrações; j) discurso impressionista e superficial.

F60.5 Perturbação da Personalidade Obsessiva-Compulsiva (Anancástica)

Tendência ao perfeccionismo, comportamento rigoroso e disciplinado consigo próprio e exigente com os outros. Emocionalmente frios, são indivíduos formais, que tendem a ser devotados ao trabalho em detrimento da família e amigos, com quem costumam ser reservados e inflexíveis. Verifica-se uma insistência em que as pessoas façam as coisas a seu modo ou em querer fazer tudo, por pensar que os outros não o farão de forma correcta; mostram-se ainda excessivamente conscienciosos e escrupulosos em relação às normas sociais.

Os critérios para diagnóstico da Perturbação de Personalidade Obsessiva- Compulsiva (Anancástica) podem ser agrupados da seguinte forma:

a) sentimentos de dúvida e cautela exagerados;

b) preocupação com detalhes, regras, listas, ordem, organização e esquemas; c) perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas;

d) escrupulosidade excessiva com a produtividade, concomitante à quase exclusão do prazer;

e) aderência excessiva a algumas convenções sociais; f) inflexibilidade, rigidez e teimosia;

g) insistência para que os outros se submetam aos seus conceitos de valor em relação à maneira de fazer as coisas;

h) evitam tomar decisões acreditando haver sempre outras prioridades;

i) falta de generosidade e de sentimentos de compaixão e tolerância para com os outros; j) dificuldade em descartar-se de objectos usados.

F60.6 Perturbação da Personalidade Ansiosa (evitação)

Caracteriza-se por um padrão de comportamento inibido e ansioso, com uma baixa auto-estima. São indivíduos hipersensíveis a críticas e rejeições, apreensivos e desconfiados, com dificuldades de adaptação social, revelando receios infundados de agir ridiculamente perante os outros. Geralmente não têm amigos íntimos além dos parentes mais próximos, evitando atividades sociais ou profissionais onde o contato com outras pessoas seja intenso, devido aos sentimentos de tensão e apreensão quando se encontra exposto socialmente.

Os critérios do DSM-IV para o diagnóstio da Perturbação da Personalidade Ansiosa (evitação) são:

a) sentimentos persistentes e invasivos de tensão e apreensão;

b) crença constante de ser socialmente inapto, pessoalmente desinteressante ou inferior aos demais;

c) preocupação excessiva em ser criticado ou rejeitado em situações sociais;

d) relutância em envolver-se com pessoas, a não ser quando absolutamente certo de ser apreciado;

e) restrições ao estilo de vida devida à necessidade de segurança física;

f) evitar actividades sociais e ocupacionais que envolvam contacto interpessoal significativo por medo de opiniões a seu respeito.

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