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Classificação dos casos nos estágios evolutivos da gestão ambiental

No documento CHARBEL JOSÉ CHIAPPETTA JABBOUR (páginas 146-149)

6. Análise dos resultados da fase qualitativa

6.1 Evolução da gestão ambiental nas empresas pesquisadas

6.1.3 Classificação dos casos nos estágios evolutivos da gestão ambiental

A classificação dos casos consoante os estágios evolutivos da gestão ambiental deve considerar as indicações da literatura de que os estágios podem apresentar comportamento prático não linear, o que indica que em alguns casos características mais evoluídas da gestão ambiental podem coexistir com características menos desenvolvidas. A classificação realizada analisa o conjunto de informações sistematizadas para cada caso.

A empresa Alfa apresenta um padrão de atividades de gestão ambiental não sistemático e a exploração da questão ambiental enquanto potencial competitivo não é explorado completamente. O principal objetivo é aumentar a produtividade dos recursos naturais, como água, energia e matérias-primas. A manifestação da cúpula organizacional e a mobilização das demais áreas, em termos ambientais são esporádicas, apenas quando os resultados das atividades de ecoeficiência são analisados. Embora a motivação de alguns designers aumentar o desempenho ambiental dos produtos, não há técnicas e incentivos para que tal prática adquira ímpeto. Da mesma forma, a expansão da avaliação do desempenho ambiental se estende a alguns fornecedores, mas não há procedimentos específicos para inibir ou incentivar iniciativas ambientais. Assim, Alfa predomina no estágio de integração interna.

A empresa Beta apresenta uma ênfase de gestão ambiental voltada para o controle da poluição, predominando-se a adoção de tecnologias de final-de-processo. Essa adoção tende a ser acompanhada, no curto prazo, pelo aumento dos custos ambientais, culminando em uma visão da gestão ambiental como custos adicionais. Apesar da empresa afirmar que o projeto da fábrica considerou o aspecto ambiental, constata-se que ela está localizada em área que abriga importante reserva de recurso natural, o que a força a adotar tecnologias de mensuração desses recursos naturais. A inserção da questão ambiental no processo de desenvolvimento de produtos observada foi realizada por esforço de fornecedores e não por próprio esforço

organizacional. A adoção dessa inovação pode ser atribuída à necessidade de a empresa fazer frente aos concorrentes que passaram a adotá-la. Não há registros de incentivo constante da cúpula organizacional e das demais áreas à melhoria da gestão ambiental. Por tais razões, a empresa Beta predomina no estágio de especialização funcional.

A empresa Gama apresenta o padrão mais coeso e evoluído de inclusão da dimensão ambiental em sua dinâmica. As metas de prevenção da poluição estabelecidas e avaliadas pela cúpula organizacional requerem, para sua consecução, que esforço diário seja realizado. O principal foco da gestão ambiental é explorar vantagens competitivas, em processos e produtos. Nesse sentido, a empresa estabeleceu um ambicioso programa de análise do ciclo de vida de todos os produtos que fabrica, para sistemática redução de impactos ambientais. Vários produtos com elevado desempenho ambiental foram gerados, proporcionando a oportunidade de registro internacional de patentes. A análise do desempenho ambiental do produto exige que os componentes fornecidos sejam ambientalmente adequados e essa verificação é realizada mediante auditorias nos fornecedores, auto-avaliação e incentivo à certificação ISO 14001. Por tais razões, a empresa Gama encontra-se no estágio de integração externa da gestão ambiental.

A empresa Delta apresenta um padrão de gestão ambiental em desarticulação, pois muitas práticas, como workshops ambientais e transferência de conhecimentos entre as unidades do grupo, foram encerradas por problemas financeiros enfrentados pelo grupo. A principal liderança ambiental do grupo, componente da alta administração, migrou para outra organização. A empresa estagnou em uma gestão ambiental focada no controle da poluição, geralmente considerado um custo extra no curto prazo, pelos insumos que as tecnologias de final de processo consomem. A melhoria ambiental observada no desenvolvimento de produto foi reativa ao recrudescimento do marco legal ambiental, e a alternativa adotada não

privilegiou opções com melhor desempenho ambiental. Por tais razões, constata-se que Delta encontra-se no estágio de especialização funcional.

O Quadro 23 sistematiza a classificação dos casos nos estágios de gestão ambiental.

Caso

Estágio da gestão ambiental em que

predomina

Justificativas

Alfa Integração interna

• Principal foco da gestão ambiental é aumentar a produtividade dos recursos naturais como água, energia e matérias-prima.

• Potencial estratégico da dimensão ambiental não é explorado de forma sistemática.

• Gestão ambiental ligada à prevenção da poluição do processo produtivo.

• Mobilização das áreas da empresa para a gestão ambiental, mas de forma moderada.

• A inserção dos critérios ambientais no desenvolvimento de produtos é eventual e depende da motivação do designer.

• Início da avaliação de desempenho ambiental dos fornecedores, de forma sistemática.

Beta Especialização funcional

• Forte ênfase nas tecnologias de final-de-processo.

• Ênfase no aumento da produtividade dos recursos naturais, como água, energia e matérias-primas.

• Apesar de se argumentar que a “fábrica foi projetada para incorporar a dimensão ambiental”, a planta foi construída em local que abriga um importante reserva de recurso natural.

• A inclusão de critérios ambientais no desenvolvimento de produtos tende a ser realizada por meio da exploração de melhorias ambientais desenvolvidas pelos fornecedores.

• Potencial estratégico da dimensão ambiental não é explorado de forma clara.

• Avaliação de desempenho ambiental dos fornecedores não é sistemática.

Gama Integração externa

• Principal foco da gestão ambiental é gerar oportunidades de inovação. • Inovações em produtos são orientadas para explorar novos nichos de

mercado e apoiadas por metodologias de DfE, LCA e EEA. • Inovações em processos focam no aumento da produtividade dos

recursos naturais, de forma sistematizada, com avaliação dos resultados e estabelecimento de metas anuais.

• Metas anuais de redução da poluição na fonte geradoras superadas constantemente.

• Avaliação ambiental do desempenho dos fornecedores é sistemática.

Delta Especialização funcional

• Forte ênfase nas tecnologias de final-de-processo.

• Ênfase no aumento da produtividade dos recursos naturais, como água, energia e matérias-prima.

• A inserção da dimensão ambiental no processo de desenvolvimento de produtos é reativa à legislação ambiental.

• Desarticulação gradual da expertise ambiental da firma e da corporação como um todo.

• Não se realiza avaliação ambiental do desempenho dos fornecedores.

6.2 Contribuições da gestão de recursos humanos para a gestão ambiental nas

No documento CHARBEL JOSÉ CHIAPPETTA JABBOUR (páginas 146-149)