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4 METODOLOGIA

4.1 Classificação e instrumentos de coleta de dados da pesquisa

As pesquisas podem ser classificadas de diferentes maneiras de acordo com a literatura. Para a classificação desta pesquisa, no entanto, foram utilizados os critérios adotados por Silva e Menezes (2005) e Gil (2010), discutidos a seguir.

Em relação à sua natureza, este trabalho configura-se como uma pesquisa aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais, como definem Silva e Menezes (2005).

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois como afirmam Silva e Menezes (2005), a pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.

De acordo com as autoras, a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa, que não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. Neste tipo de pesquisa, em que o processo e seu significado são os focos principais de abordagem, o ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave que tende a analisar seus dados indutivamente (SILVA e MENEZES, 2005). Segundo o nível de explicação, considerando-se seus objetivos mais gerais, isto é, seus propósitos, o presente trabalho caracteriza-se como uma pesquisa exploratória, pois possui a intenção de proporcionar maior familiaridade com um problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses, como afirma Gil (2010); neste caso, o problema em questão foi a realização do monitoramento de impactos ambientais pós-implantação de ETEs.

De acordo com Selltiz, Wrightsman e Cook (1967) apud Gil (2010), o planejamento de uma pesquisa exploratória tende a ser bastante flexível e a coleta de dados, embora possa ocorrer de várias maneiras, geralmente envolve levantamento bibliográfico, a análise de exemplos que estimulem a compreensão e entrevistas com pessoas que possuem experiência prática no assunto, instrumentos que foram utilizados no presente trabalho. De acordo ainda com Gil (2010), apesar dessa flexibilidade do planejamento de uma pesquisa exploratória, esta assume, na maioria dos casos, a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso, como também ocorreu nesta pesquisa, que envolveu dois estudos de casos.

Gil (2010) também classifica as pesquisas de acordo com os métodos empregados, definindo delineamentos relacionados ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais

ampla. O autor considera neste sistema de classificação o ambiente de pesquisa, a abordagem teórica e as técnicas de coleta e análise de dados.

Assim, o delineamento de pesquisa proposto por Gil (2010) de acordo com os métodos empregados no qual esta pesquisa se enquadra é o estudo de caso, pois como afirma o autor, consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu esse amplo e detalhado conhecimento. Assim, foram realizados nesta pesquisa dois estudos de casos, correspondentes às duas ETEs.

O estudo de caso contribui, de forma inigualável, para a compreensão dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. Em resumo, o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real - tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns setores (YIN, 2001).

De acordo ainda com Gil (2010), na maioria dos estudos de casos bem conduzidos, a coleta de dados é realizada mediante a análise de documentos, observação e entrevistas, algo semelhante, portanto, à coleta de dados da pesquisa exploratória. Nesta pesquisa, estes três mecanismos foram utilizados para a obtenção dos dados.

Usada como principal método de investigação ou associada a outras técnicas de coleta, a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que apresenta uma série de vantagens (LUDKE e ANDRÉ, 1986). Algumas destas vantagens, destacadas por Ludke e André (1986) são: a experiência direta como sendo o melhor teste de verificação da ocorrência de um determinado fenômeno, a possibilidade de que o observador se aproxime sobremaneira da perspectiva dos sujeitos envolvidos com um fenômeno e a descoberta de novos aspectos de um problema, aspectos que foram importantes para a concretização deste trabalho.

No que se refere às entrevistas, outro instrumento importante empregado na coleta de dados desta pesquisa, é necessário que se façam algumas considerações.

Segundo Gil (2010), deve haver um número suficiente de entrevistas para que todos os atores relevantes, articulados cultural e sensitivamente com o grupo ou organização, se manifestem. No caso desta pesquisa, as entrevistas foram, portanto, direcionadas à gerência das ETEs e agências regionais da CETESB, além da Diretoria de Avaliação de Impacto Ambiental da sede da CETESB e, no caso das ETEs, informações complementares também foram obtidas com outros técnicos envolvidos com o processo.

Na literatura, verifica-se com muita frequência a classificação das entrevistas de acordo com o propósito do entrevistador em estruturadas e não estruturadas, embora muitas vezes haja diferenças entre as denominações e definições, como as encontradas em Barros e Lehfeld (2007), Michel (2009), Gil (2010), Rampazzo (2010) e Matias-Pereira (2012).

Além das estruturadas e não estruturadas, muitos autores classificam as entrevistas também em semiestruturadas. Segundo Manzini (1991), geralmente a entrevista semiestruturada está focada em um assunto sobre o qual se elabora um roteiro com perguntas principais para se atingir o objetivo da pesquisa, complementadas por outras questões realizadas pelo entrevistador inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista.

De acordo com Manzini (2012), uma entrevista semiestruturada tem como característica um roteiro com perguntas abertas, cuja sequência de apresentação ao entrevistado deve ser flexível, e é indicada para estudar um fenômeno com uma população específica, como um grupo de professores, grupo de alunos, grupo de enfermeiras, entre outros. O autor salienta que as indicações para um ou outro tipo de entrevista dependem, principalmente, do objetivo da pesquisa e do número de participantes que estão disponíveis para participar da coleta.

Desta maneira, tendo em vista essas considerações e os objetivos deste trabalho, que foi realizado com grupos de gestores, o tipo de entrevista utilizado como instrumento de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada.

Manzini (2003) argumenta que deve haver uma adequação das entrevistas semiestruturadas para que se atinjam os objetivos do trabalho. Desta forma, o autor sugere uma análise de roteiro em que se devem considerar os cuidados quanto à linguagem, forma e sequência das perguntas. Assim, neste trabalho foram consideradas as propostas de Manzini (2003) sobre a análise de roteiros para entrevistas, que recomenda, entre outros aspectos, a análise das ações verbais das perguntas elaboradas.

Cabe aqui ressaltar que as pesquisas bibliográfica e documental, delineamentos de pesquisas também definidos por Gil (2010) de acordo com os métodos empregados, também foram utilizadas no presente trabalho, mas como ferramentas para que os objetivos propostos fossem atingidos. Como o próprio autor afirma, a pesquisa bibliográfica é requerida em praticamente toda pesquisa acadêmica, pois é elaborada com o propósito de proporcionar fundamentação teórica ao trabalho, bem como o conhecimento do estado da arte em relação ao tema.