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4 METODOLOGIA

4.2 Procedimentos metodológicos

A presente pesquisa foi realizada em seis etapas (Figura 3).

2. Escolha das ETEs

Listas - RAP: - Impactos ambientais - Planos de monitoramento

Fonte: Autora (2016).

Figura 3 - Etapas da pesquisa.

Definição da pesquisa

3. Conhecimento das ETEs

5. Pesquisa de campo na Diretoria de Avaliação de Impacto Ambiental e em duas agências regionais da CETESB: - relatórios de gestão e monitoramento das ETEs entregues à CETESB

- coleta de informações sobre os procedimentos de monitoramento - entrevistas com técnicos e gestores 4. Pesquisa de campo nas duas ETEs: - estudos de impacto ambiental das ETEs - material bibliográfico

- impactos ambientais in loco

- relatórios de gestão e monitoramento - coleta de informações sobre os procedimentos de monitoramento - entrevistas com técnicos e gestores

6. Resultados e Discussão, com a análise comparativa das listas. Conclusão e Considerações finais. 1. Revisão Bibliográfica Listas - base: - Impactos ambientais - Planos de monitoramento Listas - ETEs: - Impactos ambientais - Monitoramento pós- implantação Monitoramento ambiental após o processo de AIA Breve histórico da AIA

TEMAS Processo de AIA Impactos ambientais gerados em ETEs Monitoramento pós- implantação: experiência internacional e brasileira Legislação brasileira relacionada à AIA - Licenciamento de ETEs com AIA no estado de São Paulo

A primeira etapa desta pesquisa, que se estendeu por todo seu período de realização, constituiu-se na realização de uma revisão bibliográfica, que ocorreu por meio de artigos nacionais e internacionais, dissertações e teses de bases de dados científicas para o levantamento do estado da arte em relação ao monitoramento pós-implantação dos empreendimentos, bem como pela utilização de livros, sites e outros materiais impressos ou digitais.

Os temas abordados, importantes para o entendimento da pesquisa e discussão dos resultados, foram: breve histórico sobre a AIA; legislação pertinente de âmbito nacional; licenciamento com AIA no estado de São Paulo ; o processo de Avaliação de Impacto Ambiental; monitoramento ambiental após o processo de AIA; experiência internacional e brasileira quanto ao monitoramento pós-implantação dos empreendimentos; e os impactos ambientais que podem ser causados pelas ETEs.

A revisão bibliográfica permitiu a elaboração de duas listas teóricas: uma que evidenciou qual deve ser o conteúdo de planos de monitoramento; e outra com o levantamento dos impactos ambientais previstos pela literatura para as ETEs. As duas listas foram apresentadas no item “Resultados e Discussão” da pesquisa e serviram como base para a comparação com dados obtidos em relação aos impactos ambientais e aos planos de monitoramento das ETEs.

Após a revisão bibliográfica, foram escolhidas as ETEs pesquisadas. Sobre esta questão, alguns aspectos são importantes, sobretudo quantas estações integraram esta pesquisa e quais as características que possibilitaram isso.

De acordo com Gil (2010), uma pesquisa bem sucedida não depende somente do intelecto do pesquisador que a realiza: é necessário considerar alguns aspectos extracientíficos, que são os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis, necessários à efetivação do trabalho. O autor destaca ainda que o pesquisador deve ter noção do tempo a ser utilizado na pesquisa e valorizá-lo em termos pecuniários.

Assim, considerando-se as etapas desta pesquisa, bem como os mecanismos de coleta de dados utilizados, como as entrevistas que, segundo Barros e Lehfeld (2007), possuem a limitação de uma demanda maior de tempo, para esta pesquisa seriam escolhidas no máximo três ETEs.

Já a escolha de quais seriam essas estações atendeu a alguns critérios, como:

- as ETEs deveriam pertencer a municípios com uma distância de aproximadamente 100 km a 150 km de São Carlos/SP;

- as estações deveriam ser de médio ou grande porte, conforme definições da Resolução CONAMA Nº 377/2006 (BRASIL, 2006a) para o porte de ETEs;

- os municípios escolhidos deveriam realizar o tratamento de pelo menos 50% do esgoto doméstico da cidade, de acordo com o documento “Qualidade das águas superficiais no estado de São Paulo: Parte 1 – águas doces”, da CETESB (CETESB, 2016b);

- as estações deveriam possuir estudos de impacto ambiental, RAP ou EIA, com disponibilidade de consulta para pesquisa;

- o acesso a dados das estações deveria ser permitido, bem como a realização de pesquisa de campo nas mesmas.

Oito cidades, incluindo São Carlos, se enquadraram nos três primeiros critérios para a realização desta pesquisa: Araraquara, Jaú, Ribeirão Preto, Rio Claro, Piracicaba, Limeira e Campinas.

Desta maneira, administrações de nove estações, entre essas oito cidades, foram contatadas entre dezembro de 2016 e março de 2018 por meio de cartas, que foram as ETEs: Monjolinho (São Carlos), Araraquara (Araraquara), Sanej (Jaú), Tatu (Limeira), Piracicamirim (Piracicaba), Conduta (Rio Claro), Anhumas e Piçarrão (Campinas) e Ribeirão Preto (Ribeirão Preto).

A escolha final entre essas ETEs dependeu, então, dos dois últimos critérios, fundamentais para a realização deste trabalho. Ainda, no caso de mais de três estações atenderem a todos os critérios anteriormente elencados, seriam considerados os aspectos extracientíficos - recursos humanos, materiais e financeiros -, bem como o tempo disponível, como definidos por Gil (2010), para a escolha final das ETEs.

Entretanto, dentro desses critérios, foi possível a realização da pesquisa somente em uma ETE, sendo selecionada, portanto, outra ETE, localizada a pouco mais de 200km de São Carlos. Desta forma, a pesquisa foi realizada com as duas ETEs selecionadas, doravante denominadas ETE A e ETE B.

Já na terceira etapa, iniciou-se uma pesquisa de campo para coleta de dados nas estações escolhidas, como quanto ao funcionamento das ETEs, processos de tratamento adotados e demais características de interesse, pois esses dados eram fundamentais para uma melhor compreensão dos impactos ambientais previstos e estudo daqueles que efetivamente ocorreram ou que podem ocorrer, além de permitirem um melhor entendimento quanto às práticas de monitoramento adotadas. Como auxílio para as visitas técnicas às ETEs A e B, foram realizados registros fotográficos e utilizado um caderno de campo para anotações durante as observações. Na quarta etapa, houve a continuidade da pesquisa de campo nas ETEs A e B. Esta fase, contudo, foi destinada ao estudo de seus respectivos estudos de impacto ambiental, ambos do tipo RAP, e à verificação da situação real dessas estações por meio de visitas técnicas em

relação a impactos ambientais ocorridos e aos procedimentos de monitoramento adotados para mitigar os impactos negativos e intensificar os positivos.

A pesquisa de campo nas estações permitiu observar se os impactos ambientais previstos pelos RAPs das ETEs A e B aconteceram ou não; a ocorrência de impactos ambientais não previstos; se os impactos ambientais negativos foram mitigados e os positivos intensificados e como foi o processo de monitoramento desses impactos.

Esses dados foram coletados nas ETEs A e B durante as visitas técnicas por meio de observações - com anotações em caderno de campo, fotografias, informações pré-existentes (como as de relatórios, por exemplo) e também por meio da realização de entrevistas semiestruturadas com as gerências das estações, cujo detalhamento também está presente no item “Resultados e discussão”.

As entrevistas realizadas com as gerências das ETEs A e B foram estruturadas em quatro blocos de perguntas: Utilização do RAP pela equipe da ETE; Realização de monitoramento pela equipe da ETE; Ações da CETESB na ETE e Dificuldades/limitações existentes na ETE em relação ao monitoramento ambiental (Apêndice A).

A pesquisa dos RAPs dessas estações possibilitou a elaboração de duas listas para cada ETE: uma com o levantamento dos impactos ambientais previstos pelos RAPs e outra com os aspectos considerados para seu monitoramento ambiental; foi possível também verificar a existência ou não de planos de gestão e monitoramento.

Com os dados obtidos por meio das inspeções a campo, foram elaboradas mais duas listas para cada ETE, representando suas situações reais: uma com os impactos ambientais negativos e positivos, ocorridos ou não; e outra com os procedimentos de monitoramento ambiental pós- implantação adotados pelas estações. Entre esses impactos, foram constatados aqueles não previstos nos RAPs dessas ETEs e que não ocorreram, mas que, diante das características das ETEs A e B, são passíveis de ocorrer e poderiam, portanto, ter sido considerados nos respectivos estudos de impacto ambiental.

Essas listas, referentes aos impactos ambientais e aos planos de monitoramento previstos nos RAPs das ETEs A e B, bem como as listas com dados relativos aos impactos ambientais ocorridos ou não e aquelas sobre os procedimentos de monitoramento ambiental efetivamente adotados pelas estações, elaboradas a partir das atividades de campo, também estão apresentadas no item “Resultados e Discussão”, juntamente com as outras duas listas sobre os impactos ambientais e conteúdo de planos de monitoramento, elaboradas na primeira etapa da pesquisa a partir de dados da literatura.

Assim, as duas listas resultantes da Revisão Bibliográfica (primeira etapa) e as outras listas elaboradas com a pesquisa de campo nas estações (quarta etapa) foram utilizadas para a produção de dois quadros, com informações das ETEs A e B, para comparação e complementação da discussão das informações: um sobre os impactos ambientais previstos pela literatura, os constantes nos RAPs e aqueles que ocorreram ou que podem ocorrer nas ETEs A e B; e outro com as características dos planos de monitoramento previstas pela literatura, os conteúdos neste sentido que integram os respectivos RAPs e as ações de monitoramento de impactos ambientais efetivamente realizadas pelas ETEs A e B. Esses quadros também estão apresentados no item “Resultados e discussão”.

A quarta etapa deste trabalho permitiu, portanto, o conhecimento dos impactos ambientais e do que há nos RAPs das ETEs A e B quanto a planos de gestão e monitoramento, bem como dos impactos ambientais que realmente ocorreram ou que podem ocorrer nas referidas estações. Além disso, foi possível obter informações sobre o processo de monitoramento ambiental efetivamente realizado por essas ETEs e expor suas limitações e problemas correlatos.

Em seguida, na quinta etapa do trabalho foi realizada uma pesquisa de campo e uma entrevista semiestruturada com uma técnica na Diretoria de Avaliação de Impacto Ambiental - Diretoria I da CETESB, em São Paulo, para a coleta de dados sobre os procedimentos do órgão para o acompanhamento do monitoramento ambiental efetuado por ETEs, as ações que possam influenciar esses procedimentos, bem como a função, limitações e problemas da Diretoria I na efetivação do processo de monitoramento de impactos ambientais pós-implantação das ETEs. Nessa etapa, foram realizadas também entrevistas semiestruturadas com as gerências das agências regionais da CETESB, responsáveis pelas ETEs A e B, com o mesmo objetivo e também para a comparação dos dados entre si e com a Diretoria I. Essas agências estão doravante denominadas de CETESB A, CETESB B e CETESB SP.

As questões das entrevistas semiestruturadas realizadas com a funcionária da Diretoria I e com as gerências das agências regionais da CETESB estão apresentadas no Apêndice B. Em todos estes casos, solicitou-se a análise de relatórios de gestão e de programas relacionados ao monitoramento de impactos ambientais pós-implantação das ETEs pesquisadas.

O estudo dos procedimentos de monitoramento de impactos ambientais adotados pelas equipes das ETEs A e B e de acompanhamento desse monitoramento pela CETESB A, CETESB B e CETESB SP nas quarta e quinta etapas, respectivamente, que possivelmente interferem na eficácia de planos de gestão e no monitoramento pós-implantação das estações,

permitiu a abordagem das deficiências e pontos fortes dessas atividades de monitoramento ambiental e, consequentemente, da efetividade da AIA para essas ETEs.

Na sexta etapa desta pesquisa, foram então apresentados e discutidos os resultados obtidos, com a análise comparativa das listas por meio dos quadros, bem como realizadas a conclusão do trabalho e as considerações finais.