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4. METODOLOGIA

4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Existem diversas formas de classificar a pesquisa. Collis e Hussey (2005, p. 23) classificam a pesquisa quanto: (1) objetivo – razões pelas quais a pesquisa está sendo realizada; (2) processo – forma pela qual será realizada a coleta e a análise dos dados; (3) lógica – forma de condução da pesquisa do geral para o específico ou vice-versa; (4) resultado – forma de tentativa de solução de um determinado problema ou fazer uma contribuição geral para o conhecimento. Dentro desses critérios a pesquisa pode ser:

Quadro 26 – Classificação da pesquisa

Tipo de pesquisa Base de classificação

Pesquisa exploratória, descritiva, analítica ou preditiva. Objetivo da pesquisa Pesquisa quantitativa ou qualitativa Processo da pesquisa Pesquisa dedutiva ou indutiva Lógica da pesquisa

Pesquisa aplicada ou básica Resultado da pesquisa

Fonte: Collis e Hussey (2005, p. 23)

Para Demo (2011. p. 11-12) “[...] a atividade da pesquisa é reconhecida como a razão fundamente da vida acadêmica”, mas a pesquisa necessita de método, que é indispensável para “[...] transmitir à atividade marcas de racionalidade, ordenação, otimizando o esforço; de outro, para garantir espírito critico, contra credulidades, generalização apressadas, exigindo para tudo que se diga os respectivos argumentos”. Para Demo, a pesquisa está delineada em quatros gêneros intercomunicados:

Quadro 27 – Gênero da pesquisa

Tipo de pesquisa Definição

Pesquisa Teórica Dedicada a formular quadros de referências, a estudar teorias, a burilar conceitos;

Pesquisa Metodológica Dedicada a indagar por instrumentos, por caminhos, por modos de se fazer ciência, ou a produzir técnicas de tratamento da realidade, ou a discutir

abordagens teóricas-práticas.

Pesquisa Empírica Dedicada a codificar a face mensurável da realidade social.

Pesquisa Prática Voltada para intervir na realidade social, chamada pesquisa participante, avaliação qualitativa, pesquisa-ação, etc.

Dentro destas definições, a pesquisa é classificada quanto ao resultado como uma pesquisa aplicada, pois tem por motivação produzir novos conhecimentos, em uma aplicação prática, na busca de solucionar um problema específico. Para Collis e Hussey (2005, p. 27), a pesquisa aplicada “[...] é aquela que foi projetada para aplicar suas descobertas a um problema específico existente”. Barros e Lehfeld (2000, p. 78) acrescentam que o objetivo da pesquisa aplicada é o de produzir conhecimento para aplicação de seus resultados, com o objetivo de “[...] contribuir para fins práticos, visando à solução mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade”. Appolinário (2004, p. 152) destaca ainda, que pesquisas aplicadas têm o objetivo de “[...] resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas”, que no caso é o de criar um método para implantação de memória organizacional em organizações pública.

Quanto ao processo serão utilizados os métodos - quantitativo e qualitativo. Sendo que a abordagem quantitativa está presente na fase inicial do estudo, na aplicação de método de Bibliometria, para demonstrar, entre outras coisas, a relevância e a necessidade do estudo. E, qualitativa na descrição dos casos concretos em seu ambiente natural, que no caso especifico é a memória organizacional do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI (memória bibliográfica); do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (memória arquivistica) e; do Superior Tribunal de Justiça – STJ (repositório organizacional).

A pesquisa quantitativa caracteriza-se por procurar quantificar os dados e, geralmente, aplicar algum tipo de análise estatística (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). Creswel (2007, p. 35) define a técnica quantitativa como:

[...] aquela em que o investigador usa primariamente alegações pós-positivistas para desenvolvimento de conhecimento (ou seja, raciocínio de causa e efeito, redução de variáveis específicas e hipóteses e questões, uso de mensuração e observação e teste de teorias), emprega estratégias de investigação (como experimentos, levantamentos e coleta de dados, instrumentos predeterminados que geram dados estatísticos). A opinião Collis e Hussey (2005, p. 27), não difere da apresentada por Creswel (2007), eles entendem a pesquisa quantitativa é objetiva por natureza e focada na mensuração de fenômenos, envolvendo consequentemente a coleta e análise de dados numéricos e a aplicação de testes estatísticos.

Flick (2009, p. 22) argumenta que “[...] a pesquisa qualitativa é de particular relevância ao estudo das relações sociais devido à pluralização das esferas de vida”, ainda acrescenta que este método considera a “[...] comunicação do pesquisador em campo como parte explícita da produção do conhecimento, em vez de simplesmente encará-la como uma

variável a interferir no processo” (2009, p.25). Permite assim que a subjetividade do pesquisador e dos que estão sendo estudados, tornem-se parte do processo de pesquisa.

No Quadro 28, pode ser feita uma comparação entre os dois métodos, aplicados a pesquisa.

Quadro 28 – Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa

Pesquisa Qualitativa Pesquisa Quantitativa

Objetivo Alcançar uma compreensão qualitativa das

razões e motivações subjacentes Quantificar os dados e generalizar os resultados da amostra para a população-alvo Amostra Números pequenos de casos não

representativos

Grande número de casos representativos Coleta de dados Não-estruturada Estruturada

Análise de dados Não-estatística Estatística

Resultados Desenvolvem uma compreensão inicial Recomendam uma linha de ação final Fonte: Malhotra (2008, p. 155)

A pesquisa qualitativa teve maior enfoque no presente estudo, exigindo a análise de outros conceitos:

Quadro 29 – Conceitos sobre pesquisa qualitativa

Autor Conceito

Strauss e Corbin (2008, p. 23)

[...] qualquer tipo de pesquisa que produz descobertas não obtidas por procedimentos estatísticos ou outros meios de quantificação. Pode se referir à pesquisa sobre a vida das pessoas, experiências vividas, comportamentos, emoções, sentimentos, assim como

funcionamento organizacional, fenômenos culturais e interações entre as nações [...] e a parte principal da análise é interpretativa.

Denzin e Lincoln (2006, p.17)

Consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo. [...] envolve uma abordagem naturalista, interpretativa, para mundo, o que significa que seus pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais, tentando entender, ou interpretar, os fenômenos em termos dos significados que as pessoas a eles conferem. Silva e

Menezes (2000, p. 20)

Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo qualitativo. Não é necessário o uso de métodos e técnicas estatísticas, sendo o ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. O processo e seus significados são os focos principais de abordagem.

Appolinário

(2004, p. 155) Modalidade de pesquisa na qual os dados são coletados através de interações sociais (p. ex.: estudos etnográficos e pesquisas participantes) e analisados subjetivamente pelo pesquisador; Enquanto a pesquisa quantitativa investiga fatos, a pesquisa qualitativa preocupa-se com fenômenos, sendo que um fato é tudo o que pode ser objetivamente observado e definido por consenso social, enquanto fenômeno remete-nos à interpretação de um fato feita por um observador. Ou seja, o fenômeno é a interpretação subjetiva do fato. Creswell

(2007, p. 35) É aquela em que o investigador sempre faz alegações de conhecimento com base principalmente ou em perspectivas construtivistas (ou seja, significados múltiplos das experiências individuais, significados social e historicamente construídos, com o objetivo de desenvolver uma teoria ou um padrão) ou em perspectivas reivindicatórias/participatórias (ou seja, políticas, orientadas para a questão; ou colaborativas, orientadas para a mudança) ou em ambas. Ela também usa estratégias de investigação como narrativas, fenomenologias, etnografias, estudos baseados em teoria ou estudo de teoria embasada na realidade. O pesquisador coleta dados emergentes abertos com o objetivo principal de desenvolver temas a partir de dados.

Os conceitos apresentados permitem a compreensão que a abordagem qualitativa proporciona ao pesquisador analisar o cenário natural, sem a preocupação de comprovação

estatística dos fatos, observa o ambiente podendo fazer interpretações sobre o mesmo e, buscando compreender os fenômenos e os significados que se atribuem a ele.

Quantos aos seus objetivos, a pesquisa pode ser classificada como descritiva, por descrever a experiência de implantação de memória organizacional nas instituições selecionadas – CNPq, MCTI e STJ. A pesquisa descritiva caracteriza-se por suas propriedades ou relações existentes do objeto de estudo, sendo ampla e completa. Para Gil (2006, p. 42) esta abordagem tem como principal objetivo de descrever “[...] características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações variáveis” e ainda por utilizar “[...] técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionário e a observação sistemática”.

No quadro abaixo são apresentados outros os conceitos sobre a pesquisa descritiva: Quadro 30 - Conceitos sobre pesquisa descritiva

Autor Conceito

Rampazzo

(2005, p.53) Observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis), sem manipulá-los; estuda fatos e fenômenos do mundo físico e, especialmente, do mundo humano, sem a interferência do pesquisador. [...] procura, pois, descobrir, com a precisão. a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e sua conexão com outros, sua natureza e suas características. Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas.

Malhotra

(2008, p. 102) Tipo de pesquisa conclusiva que tem como principal objetivo a descrição de algo - normalmente características ou funções do mercado. [...] É marcada por um enunciado claro do problema, por hipóteses específicas e pela necessidade detalhada de informações. REIS

(2008, p. 56) Configura-se como um estudo intermediário entre a pesquisa exploratória e a explicativa. Por isso, não é tão preliminar como a primeira, nem tão aprofundada com a segunda. Geralmente, a pesquisa descritiva é desenvolvida por meio de técnica padronizada de coleta de dados como questionário e observação sistemática. [...] tem como objetivo descrever o objeto de estudo determinado. Ela estabelece a inter-relação entre os

fenômenos e a população (grupo social) estudada usando as especifica variáveis. Por meio dela o pesquisador descreve o objeto de estudo e procura descobrir a frequência com que os fatos acontecem no contexto pesquisado.

Collis e Hussey

(2005, p. 24) Descreve o comportamento dos fenômenos. É usada para identificar e obter informações sobre as características de um determinado problema ou questão. Andrade

(2007, p. 114)

Observa, registra, analisa, classifica e interpreta os fatos sem que o pesquisador interfira ou manipule os mesmos. A pesquisa tem como objetivos: identificar, relatar e descrever características de determinada população ou fenômeno; comparar o estabelecimento de relações entre as variáveis de determinado fenômeno ou população; estabelecer a inter- relação entre os fenômenos e a população (grupo social), usando as variáveis; descobri a frequência com que os fatos acontecem no contexto pesquisado.

A pesquisa descritiva assume diversas formas, destacam-se: (1) Estudos exploratórios - normalmente o passo inicial no processo de pesquisa, trata-se de uma observação não estruturada, ou assistemática. (2) Estudos descritos - descrição das características, propriedades e relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada. (3) Pesquisa de opinião - procuram saber atitudes, pontos de vista e preferências que as pessoas têm a respeito de algum assunto, com o objetivo de tomar decisões. (4) Pesquisa de motivação - busca saber as razões inconscientes e ocultas que levam, por

exemplo, o consumidor a utilizar determinado produto, ou que determinam certos comportamentos e atitudes. (5) Estudo de caso - é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade para examinar aspectos variados de sua vida. Conclui-se então, que a pesquisa descritiva assume diversas formas, "[...] trabalha sobre dados ou fatos colhidos da própria realidade. Para isso são utilizados como principais instrumentos a observação, a entrevista, o questionário, o formulário e outras técnicas" (RAMPAZZO, 2005, p. 54-55).

E seguindo a classificação apresenta por Pedro Demo (2011) a pesquisa também pode ser considerada metodológica, por apresentar um método para a implantação da memória organizacional.