Com a intenção de qualificar a análise das áreas públicas, optou-se por avaliar a infraestrutura existente nos mesmos, visto que “os espaços públicos tornam-se atrativos para a
sociedade quando oferecem possibilidades de apropriação com infraestrutura necessária para o lazer” (AZEVEDO, 2013, p. 229). Nesse sentido, ao examinar a infraestrutura das praças douradenses, pode-se observar programas de usos diferentes e identificar quais são as mais bem equipadas e que recebem maior manutenção, consecutivamente proporcionam uma maior interação social. Para realizar a classificação, fundamentou-se na metodologia desenvolvida por De Angelis et al. (2004), que dentre outros objetivos, apresenta critérios para análise da infraestrutura existentes nas áreas públicas.
A avaliação foi realizada em todas as praças existentes em Dourados com a pretensão de se obter um resultado mais consistente. Os resultados levantados serão debatidos a seguir, sendo os mesmos passíveis de observação por meio da tabela 01 e do mapa 13.
Tabela 01: Resultado da Avaliação Qualitativa e a Classificação das Praças de Dourados
em agosto, setembro e dezembro de 2018 e janeiro e fevereiro de 2019
Praça Nota Classificação
Parque dos Ipês 72,50 Boa
Praça Cristhais 59,50 Regular
Centros Poliesportivos e Recreativos
BNH 1º Plano 59,00 Regular
Praça Antônio João 54,00 Regular
Praça da Juventude 51,00 Regular
Praça Alto da Boa Vista 49,50 Regular
Parque Alvorada 45,50 Regular
Centros Poliesportivos e Recreativos
BNH 2º Plano 44,00 Regular
Praça José Guerreiro 38,00 Regular
Praça Paraguaia 37,00 Ruim
Centros Poliesportivos e Recreativos
BNH 3º Plano 37,00 Ruim
Praça Rui Gomes 35,50 Ruim
Praça da Imigração Japonesa 30,50 Ruim
Centros Poliesportivos e Recreativos
BNH 4º Plano 25,50 Ruim
Praça Adriano Pontes Amarílio 25,00 Ruim
Praça do Cinquentenário 24,50 Ruim
Praça Pedro Rigotti 23,00 Ruim
Praça Prefeito Ari Vieira Artuzi 20,50 Ruim
Praça Feliciano Vieira Benedetti 17,50 Ruim
Praça Alfredo Uhde 15,50 Ruim
Praça Norton Saldivar 11,50 Péssimo
Praça Terencio Rumita 11,50 Péssimo
Praça Zeca Fernandes 11,50 Péssimo
O primeiro ponto a ser elencado é o fato de apenas uma praça ser classificada como boa, o Parque dos Ipês, o qual surgiu a partir de uma característica do espaço, visto que o terreno onde está implantado era, a princípio, destinado à construção de uma escola estadual, porém os moradores da região não necessitavam deste serviço, pois os mesmos utilizavam de serviços privados de educação, com isso o recurso público foi realocado para a criação de um “parque” esportivo e cultural.
Com isso, percebe-se que desde sua criação o Parque dos Ipês recebe um maior cuidado por parte do poder público municipal que dispõe de maiores montantes para manter a vivacidade do local e permear o imaginário popular da importância desta área pública para todos os cidadãos douradenses. Apesar disto nem toda população consegue se apropriar do local, em especial as camadas mais populares, visto a construção simbólica que permeia o Parque dos Ipês, nesse sentido, Serpa ressalta que “os usuários privatizam o espaço público através da ereção de barreiras simbólicas, por vezes invisíveis” (2004, p. 32).
As praças classificadas na categoria regular foram oito, sendo a maioria localizadas na região noroeste e em bairros predominantemente residências. Estas áreas públicas compete um programa de uso voltado para o esporte e lazer com infraestrutura padrão contendo: quadras, playground, academia ao ar livre, entre outros equipamentos. Para Robba e Macedo (2002, p. 37), este tipo de praça “atrai os moradores das proximidades, que a frequentam a fim de desfrutar de momentos de relaxamento e tranquilidade em áreas arborizadas e ajardinadas. As atividades recreativas estão nos jogos, brincadeiras, namoro e encontro com os amigos”.
Assim, estas praças apresentam uma boa infraestrutura e apresentam manutenção periódica, ou quando reivindicada pela população. Destaca-se nessa categoria o CEPER Iº Plano e a Praça José Guerreiro, ambas são exemplo de como a integração da comunidade é de suma importância para manter a vitalidade da área pública.
A maioria das praças douradenses foram classificadas na categoria ruim, ao todo foram 11, sendo localizadas, majoritariamente, na porção centro-sul da cidade. Estas praças não apresentam condições de uso, sua infraestrutura se tornou precária com a falta de manutenção, levando o afastamento dos usuários.
Observou que as praças avaliadas e classificadas como péssimas tem seu programa de uso voltado à contemplação. No entanto, estas áreas não apresentam nenhuma infraestrutura, nem mesmo vegetação adequada para ornamentação do local. Um aspecto a ser evidenciado é o fato de estas éreas públicas estarem situadas em bairros residenciais, recebendo uma menor manutenção e consecutivamente sofrendo uma repulsa da população lindeira.
Um exemplo da falta de manutenção nas praças de Dourados é o caso da Praça Norton Saldivar, classificada como péssimo. O inventário turístico municipal do ano de 2015 traz o local como atrativo turístico e ressalta a presença do monumento do ervateiro (Imagem 28).
Contudo, no ano de 2018 quando foi aplicada a ficha de avaliação qualitativa, a praça se encontrava em estado decadente de infraestrutura, não havendo mais os bancos, com lixeiras quebradas e péssima conservação do monumento (Imagem 29). Desta forma, fica evidente a falta de amparo do poder público em relação à praça e a realização de uma manutenção regular no local.
Imagem 28: Praça Norton Saldivar no Inventário Turístico Municipal no ano de 2015
Fonte: Dourados, 2015
Imagem 29: Praça Norton Saldivar no ano de 2018
5 – CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA DOS PARQUES URBANOS DE DOURADOS
Neste capítulo os parques urbanos serão apresentados, caracterizados e analisados os resultados da avaliação qualitativa da infraestrutura presente nestas áreas públicas com o intuito apresentar para a população douradense e para o poder público a real situação dos parques urbanos, além de apontar diretrizes para um melhoramento dos mesmos.