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Classificação qualitativa dos fustes e das toras

Uma das grandes dificuldades do manejo florestal e, em especial da avaliação econômica de povoamentos florestais, reside na inexistência de tabelas de sortimento apropriadas que possibilitem determinações rápidas do estoque de madeira para diferentes tipos de aproveitamento. Por isso, muitos pesquisares tem se empenhado em classificar os fustes segundo sua qualidade, dimensões e possibilidades de utilização, garantindo, além de uma classificação física, uma melhor remuneração da madeira comercializada (SCHNEIDER et al., 1996; SOUZA et al., 2008b; BOSELA et al., 2016).

Segundo Mendonça (2006), a importância em estimar os volumes dos fustes segundo classes de qualidade se deve ao fato do valor da madeira está diretamente relacionado a qualidade dos fustes. Portanto, a qualificação dos fustes é fundamental para estabelecer informações detalhadas e significativas sobre o que, como, quando e onde cortar. Isso proporciona redução dos custos operacionais e aumento dos rendimentos econômicos. Essa classificação é normalmente feita na floresta, onde um técnico treinado classifica os fustes de acordo com as classes de qualidade definidas a priori, baseadas nos requisitos de qualidade necessários para os produtos comercializados.

Foram encontradas na literatura várias maneiras de classificar as árvores em função de suas características qualitativas. Dentre tais características, destacam-se: a forma do fuste, espécie, idade, utilização, estado fitossanitário e classe de copa. A seguir, são apresentadas algumas das classificações encontradas dando prioridade àquelas que levam em consideração o formato e a presença de anomalias que possam desvalorizar os fustes e/ou as toras retiradas dele.

Primeiramente é apresentada a classificação de Jankauskis (1979), na qual os indivíduos são analisados segundo sua retidão, a presença ou não de galhos e a viabilidade comercial. A descrição completa dessa classificação é mostrada na Tabela 4. CERON et al. (2011) e Souza et al. (2016) são dois exemplos de trabalhos que utilizam essa metodologia para classificar os fustes.

Tabela 4 – Critério para classificação qualitativa dos fustes segundo Jankauskis (1979).

Código Descrição

1 Fuste reto, sem galhos laterais, copa bem definida, tipicamente comercial 2 Fuste reto, com galhos laterais, mas aproveitável comercialmente

3 Alguma tortuosidade, sem galhos laterais e aproveitamento comercial parcial

4 Fuste tortuoso, com galhos laterais e pouco aproveitável comercialmente 5 Tortuoso ou defeituoso, com galhos laterais e praticamente sem uso

comercial

Fonte: Jankauskis (1979).

Felfili et al. (1984) faz uma classificação qualitativa dos fustes com base nas exigências para aproveitamento industrial na região norte do estado do Mato Grosso. Segundo os autores, os fustes podem apresentar-se de diferentes formas (vide Figura 1) e sua classificação pode ser feita mediante esses formatos, como mostra a Tabela 5. Neste caso, os fustes classificados como 1, 2 e 3 são utilizados para serraria e os classificados como 4 e 5 não têm utilização sendo, portanto, resíduos.

Figura 1 – Tronco de uma conífera totalmente depreciado pela liberação das tensões de crescimento.

Tabela 5 – Critério para classificação dos fustes adotado por Felfili et al. (1984).

Código Descrição

1 Fuste reto, sem evidências de nós, protuberâncias etc

2 Fuste reto, com nós, protuberâncias, galhos, arqueamento etc 3 Fuste utilizável, com presença de sapopemas ou raízes tubulares

4 Fuste sem condições de aproveitamento, com presença de sapopemas ou raízes tubulares muito pronunciadas

5 Fuste com apodrecimento, partes ocas à vista ou mortas

Fonte: Felfili et al. (1984).

Em relação à medição e classificação de toras de madeiras, encontra-se na literatura a Norma para Classificação de Madeira Serrada de Folhosas, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, 1984) com a participação de entidades governamentais, associação de comércio e indústria de madeira, entidades importadoras internacionais, entre outras. Segundo PUCCINI (2002), a classificação apresentada na norma tem como objetivo determinar a qualidade de uma peça de madeira definida em função da classe a qual pertence.

Para que se tenha uma avaliação completa das toras, é preciso que sejam medidos o volume, achatamento, conicidade, encurvamento, inclinação da grã, rachadura de superfície, nós e protuberâncias, entre outros. Em relação à forma e à sua superfície rolante, as toras podem ser classificadas em uma das seguintes classes: superior (SU), primeira classe (I), segunda classe (II), terceira classe (III) e quarta classe (IV) (IBDF, 1984). As Tabelas 6 e 7 especificam as medidas dos critérios adotados para cada uma dessas classes. Foram encontrados na literatura vários trabalhos que utilizaram as normas estabelecidas pela IBDF para classificar os fustes e as toras. Dentre eles, destacam-se Monterio (2011), Garcia et al. (2012), Monteiro et al. (2013) e Carvalho (2016).

Tabela 6 – Critério utilizado pelo IBDF (1984) para classificação das toras quanto a sua forma.

Item Classes

SU I II III IV

Achatamento ≥90% ≥80% ≥70% ≥60% n.e.

Conicidade ≤3% ≤3% ≤4% n.e. n.e.

Encurvamento ≤5% ≤5% ≤8% ≤8% n.e.

Em que: n.e. = não especificado.

Fonte: IBDF (1984, p.36) e Nassur et al. (2013) adaptado pelo autor.

Tabela 7 – Critérios para classificação das toras quanto a sua superfície rolante.

Item Classes

SU I II III IV

Pequenos defeitos p.n.; p.i. p.n.; p.i. num.; p.i. n.e. n.e.

Inclinação da grã ≤3% ≤3% ≤10% ≤20% n.e.

Rachaduras de

superfície ≤5% ≤10% ≤20% ≤30% ≤40%

Nós e protuberâncias ≤3% ≤3% ≤6% ≤10% ≤15%

Em que: p.n. = pouco numerosos; p.i. = pouco importantes; num. = numerosos; n.e. = não especificado. Fonte: IBDF (1984, p.37) e Nassur et al. (2013) adaptado pelo autor.

Mendonça et al. (2008) faz uma classificação em nível de inventário mais simples e prática levando em consideração somente a tortuosidade e o número de nós para categorizar as toras quanto a sua qualidade. Devido às dificuldades em quantificar a tortuosidade de uma árvore em pé, essa característica é aferida como uma variável binária, ou seja, presente ou ausente. Os nós mortos, vivos, ou com os galhos correspondentes devem ser simplesmente contados ao longo do fuste. Nesse caso, conforme se expõe na Tabela 8, as toras foram classificadas em quatro classes de qualidade: alta qualidade (1), média qualidade (2), baixa qualidade (3) e descarte (D).

Tabela 8 – Classe de qualidade das toras segundo a tortuosidade e a presença de nós.

dpf (cm) Tortuosidade Presença de nós Sem nós < 1 em 2 m < 1 em 1 m >= 1 em 1 m 28 a 30 Sim D D D D Não 2 3 D D 30 a 35 Sim 3 D D D Não 1 2 3 D 35 a 40 Sim 2 3 D D Não 1 2 3 D > 40 Sim 1 2 3 D Não 1 1 2 D

Em que: dpf = diâmetro da ponta fina; D = descarte. Fonte: Mendonça et al. (2008, p. 249).

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