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As melhores exposições dos clorita-talco granofels destacam-se no distrito de Cachoeira do Brumado e ocorrem, de maneira menos freqüente, nas localidades de Barro Branco, Furquim, Cláudio Manuel, Catas Altas, Alvinópolis, Diogo de Vasconcelos e Bandeirantes.

Em algumas lâminas, verifica-se que os minerais filossilicatos (talco e clorita) dos clorita-talco granofels se dispõem aleatoriamente em relação à estrutura, entretanto raramente foram observadas palhetas que apresentam uma incipiente orientação. Em outras lâminas, em menor proporção, observou-se uma textura granoblástica poligonizada devido à presença significante de carbonatos em arranjos poligonizados. A granulação desses litotipos varia de fina a média. Sua composição é caracterizada por talco, clorita, carbonato, tremolita e antofilita, e apresenta como minerais acessórios a apatita, rutilo e opacos. Em termos gerais, a tremolita não está presente nas lâminas delgadas que possuem antofilita. Todavia, análises de microssonda eletrônica confirmaram a presença de pseudomorfose total e parcial em cristais de tremolita e antofilita na lâmina delgada AV-22-105 (figura 3.05). A tabela 3.06 mostra as composições mineralógicas mínimas, máximas e médias encontradas nos clorita-talco granofels.

Tabela 3.06: Composição mineralógica encontrada nos clorita-talco granofels.

Minerais %Min. %Máx. %Méd. Talco 40,00 60,00 49,43 Cloritas 14,00 30,00 22,43 Carbonato 0,00 35,00 17,38 Opacos 1,00 10,00 5,14 Tremolita 0,00 30,00 4,24 Antofilita 0,00 15,00 1,28 Rutilo 0,00 2,00 <1 Apatita 0,00 <1 <1

Conforme mostrado na tabela logo acima, o talco é o mineral mais abundante dessa rocha. Além do habitus subidioblástico dos cristais que ocorrem em escamas tabulares, a birrefringência muito alta permite que o talco seja distinguido por suas cores de interferência vivas de 3ª ordem. Esse mineral não possui orientação ao longo de uma determinada direção.

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Assim como as cloritas presentes nos esteatitos, as cloritas observadas nos clorita-talco granofels são Mg-clorita e Mg-Fe-clorita. Esses minerais são representados por cristais comumente tabulares e inequigranulares, que por vezes ocorrem como porfiroblastos de até 3,5 mm. Foi possível observar, em pouquíssimas lâminas, uma incipiente orientação das cloritas.

O carbonato é representado por cristais de granulação fina a grossa, podendo alcançar tamanho de até 5 mm. Apresentam-se como cristais xenoblásticos, que se dispõem, não raramente, segundo um arranjo poligonizado e também como cristais idioblásticos a subidioblásticos isolados. Em grande parte, esses minerais ocorrem como poiquiloblastos, apresentando constantes inclusões de opacos, talco e clorita. Encontram-se parcialmente alterados, oxidados principalmente nas bordas dos cristais, gerando assim aspecto turvo.

A tremolita é relativamente abundante em algumas lâminas. Muitas vezes, seus cristais encontram-se substituídos, total ou parcialmente, por talco. Correspondem comumente a cristais incolores, com seções prismáticas, aciculares e por vezes losangulares (seções basais). Apresenta ângulo de extinção em torno de 15 - 20º em relação às faces das seções mais alongadas. Constitui granulação fina a média, com tamanho dos cristais de até 3 mm.

A antofilita, mineral de menor expressão em volume, aparece como cristais incolores aciculares.

O rutilo ocorre como cristais xenoblásticos. A apatita encontra-se inclusa em tremolita, sob a forma idioblástica com granulação fina.

Os minerais opacos são inequigranulares, com granulação que varia de fina a grossa, e às vezes alinham-se nas fraturas. De formas comumente anédricas e subédricas, e raramente euédricas, os opacos encontram-se alterados.

39 0,185 mm 0,185 mm Tr Ath

Ath

Tr

Ath

Tr

Figura 3.05: Fotomicrografia da lâmina AV-22-105 (ponto 87) mostrando os cristais de anfibólios

analisados por microssonda eletrônica (LPP e Luz refletida), e imagens de elétrons retroespalhados dos mesmos cristais de anfibólios, no entanto evidenciando a presença de pseudomorfose total e parcial de tremolita (Tr), porção escura, e antofilita (Ath), porção clara.

Clorititos

Os clorititos estudados afloram entre os municípios de Catas Altas/Alvinópolis e nas proximidades de Cachoeira do Brumado, Bandeirantes, Acaiaca e Diogo de Vasconcelos. Esse litotipo apresenta cor verde e é composto essencialmente ou unicamente por clorita (75 a 100% em volume), por esta razão denominou-se cloritito.

Em termos microestruturais, alguns litotipos encontram-se ora foliados, definindo uma textura lepidoblástica e ora não foliados, definindo uma textura decussada. Os clorititos possuem composição modal predominante de clorita, e secundariamente de talco, carbonato, apatita, rutilo e minerais opacos. A tabela 3.07 evidencia a composição média, mínima e máxima dos clorititos.

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Tabela 3.07: Composição mineralógica encontrada nos clorititos.

Minerais %Min. %Máx. %Méd. Cloritas 72,00 100,00 83,20 Talco 0,00 25,00 9,70 Carbonato 0,00 10,00 4,00 Opacos 0,00 7,00 3,10 Apatita 0,00 1,00 <1 Rutilo 0,00 1,00 <1

As cloritas identificadas são Mg-clorita e Mg-Fe-clorita. Esses minerais encontram-se predominantemente como cristais tabulares finos e, menos freqüente, como cristais médios. Juntamente com o talco, em algumas amostras, não possuem orientação preferencial e em outras estão orientados ao longo de uma determinada direção.

Os cristais de talco ocorrem de maneira variada nas lâminas descritas. Podem ser encontrados com granulação fina em algumas lâminas, e como porfiroblastos de tamanhos médios em outras (figuras 3.06A e 3.06B).

O carbonato, quando presente em lâmina delgada (e.g lâminas 4b, P-02b e 15b), apresenta frequentemente textura porfiroblástica, chegando a atingir 3 mm de dimensão. É inequigranular, com granulação variando de fina a média. Por vezes, encontram-se turvos devido à alteração.

A apatita ocorre associada à clorita, destacando o seu relevo alto. Seus cristais possuem granulação fina. O rutilo ocorre como cristais xenoblásticos.

Os opacos ocorrem como cristais idioblásticos a xenoblásticos, de tamanhos finos a médios. Podem ser encontrados inclusos em carbonatos e associados à clorita.

Figura 3.06A: Fotomicrografia da lâmina delgada polida 15b (ponto 38) evidenciando uma matriz de

clorita (Chl), porfiroblastos de talco (Tlc) e apatita (Ap). LPP.

0,338 mm

Tlc

Chl

Ap 0,338 mm

Tlc

Chl

Ap

A

B

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Figura 3.06B: Fotomicrografia da lâmina delgada polida 15b (ponto 38) evidenciando uma matriz de

clorita (Chl), porfiroblastos de talco (Tlc) e apatita (Ap). LPX.

Tremolititos

Os tremolititos foram encontrados unicamente nos arredores do município de Furquim e são representados pelas lâminas FQ-5-2 e FQ-07-136. Esses litotipos são compostos essencialmente por tremolita (80 a 95% em volume), e quantidades menores de talco, clorita e minerais opacos. A xistosidade da rocha é definida pela orientação dos anfibólios.

Em análise microscópica observaram-se cristais anédricos até euédricos, de granulação fina a grossa, arranjados em uma trama nematoblástica. A tabela 3.08 mostra as composições mineralógicas mínimas, máximas e médias encontradas nos tremolititos.

Tabela 3.08: Composição mineralógica encontrada nos tremolititos.

Minerais %Min. %Máx. %Méd. Tremolita 80,00 95,00 87,50

Talco 5,00 10,00 7,50

Opacos 0,00 10,00 5,00

Mg-clorita 0,00 <1 <1

Os cristais de tremolita podem perfazer de 80 a 95% desses litotipos e ocorrem como cristais incolores a levemente esverdeados. Frequentemente encontram-se prismáticos alongados subidioblásticos. São inequigranulares, com granulação variando de fina a grossa, e não raro possuem maclas simples. Devido a poucas clivagens evidentes, os ângulos de extinção foram medidos em relação ás faces das seções do eixo mais alongado de algumas seções, encontrando-se uma variação de 10 a 30º nos ângulos. Possuem uma leve orientação preferencial.

O talco ocorre como cristais finos incolores e tabulares na porção entre anfibólios. Os opacos são xenoblásticos, com granulação fina. Mais raro nesses termos, a clorita identificada é a Mg-clorita pois aparece sob a forma de cristais incolores que apresentam cor de interferência cinza e l(-).

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