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Metaharzburgitos

Os metaharzburgitos ocorrem na porção leste da área de pesquisa, entre a margem direita do Córrego da Prata e a rodovia Barra Longa-Acaiaca (ver figura 3.01 pontos 12, 13 e 14), inserida no domínio de terrenos granulíticos, que segundo alguns autores (e.g. Medeiros Jr. 2009 e Brandão & Jiamelaro 2008) são representados pelo Complexo Acaiaca (Jordt- Evangelista 1984, 1985). Essas rochas provavelmente ocorrem como intrusões em granulitos, todavia não possuem contatos diretos com as rochas granulíticas encaixantes ao passo que ocorrem sob a forma de afloramentos métricos dispersos e isolados nas proximidades da drenagem da área. Esta intrusão dispõe-se na direção aproximada NE-SW, quase ortogonal a direção N-S dos granulitos do Complexo Acaiaca.

Macroscopicamente, os metaharzburgitos apresentam coloração cinza e são formados, basicamente, por cristais de olivina (até 1,5 cm), ortopiroxênio (até 2,5 cm) e ortoanfibólio. Em termos texturais, essas rochas são faneríticas grossa a pegmatítica e originalmente do tipo cúmulus, formadas por cristais de olivina, cromita e sulfetos e ainda do tipo pós-cúmulos de ortopiroxênios.

Em lâminas delgadas, foi possível observar que os metaharzburgitos possuem textura holocristalina, inequigranular seriada, fina a pegmatítica, e cumulática. São constituídos principalmente de ortopiroxênio (35 a 45% em volume), olivina (25 a 30% em volume), e volumes menores de antofilita, serpentina, mg-clorita e talco. Possuem ainda carbonato, cromita, pentlandita, magnetita e por vezes heazlewoodita, esta última como mineral de alteração da pentlandita. A tabela 3.01 mostra a composição mineralógica média, mínima e máxima verificada nos metaharzburgitos, sendo que a heazlewoodita só foi identificada no estudo de microscopia eletrônica. A serpentina se concentra unicamente segundo direções de fraqueza da rocha, em forma de microveios, os quais podem ser observados mesmo em escala de afloramentos.

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Tabela 3.01: Composição mineralógica encontrada nos metaharzburgitos.

Minerais %Min. %Máx. %Méd. Ortopiroxênio 35,00 45,00 39,60 Olivina 25,00 30,00 27,00 Antofilita 5,00 12,00 8,60 Serpentina 5,00 10,00 7,20 Mg-clorita 3,00 10,00 6,60 Cromita 2,00 8,00 4,80 Talco 2,00 5,00 3,80 Carbonato 0,00 7,00 2,40 Pentlandita 0,00 <1 <1 Heazlewoodita 0,00 <1 <1

Os cristais de ortopiroxênioapresentam-se predominantemente com formas subédricas a anédricas, de dimensões que atingem 2,5 cm de comprimento. Não raro envolvem em seu interior, de modo poiquilítico, vários cristais menores de olivina reliquiar e minerais opacos (frequentemente cromita). Os cristais mostram-se parcialmente talcificados nas bordas e fraturados.

Os cristais incolores de olivina apresentam predominantemente formas anédricas (plutonitos) e raramente subédricas. Estão intensamente fraturados e serpentinizados (figura 3.02C). Alguns cristais alteram-se parcialmente para antofilita e serpentina. Possuem muitas inclusões de minerais opacos e aparecem por vezes inclusos no ortopiroxênio.

A antofilita ocorre na forma de cristais aciculares euédricos a subédricos, incolores, com granulação variando de fina a grossa. Ocorre num arranjo aleatório e comumente sobrecrescida em ortopiroxênio (figura 3.02D) e olivina. Alguns cristais apresentam substituição parcial por talco.

A serpentina é formada tardiamente e preenche fraturas na olivina e ortopiroxênio. Geralmente é verde pálida, devido à presença de Fe, mas também ocorre em tons de verde amarelados. Possui birrefringência baixa, com predomínio de cores de polarização do início da primeira ordem.

A Mg-clorita encontra-se como uma fina massa incolor nos intertícios de olivina e ortopiroxênio associada comumente aos opacos, sob a forma de escamas de cor cinza normal. Pode ocorrer à custa do piroxênio por causa do retrometamorfismo, e sugestivamente de maneira tardia à custa da serpentina (esteatização).

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O talco ocorre ao redor de ortopiroxênio e, menos freqüentemente, cobre parcialmente a antofilita. Esse mineral, juntamente com a clorita, representa possivelmente uma fase ainda mais tardia que a serpentina, já que foi formado a partir dessa última.

O carbonato não foi observado em todas as lâminas. Quando identificado, ocorre como cristais anédricos finos a médios, associando-se frequentemente aos opacos. As análises de microssonda eletrônica mostraram composição magnesítica.

Os opacos correspondem a cristais finos, com formas anédricas e cavernas de corrosão elucidando possíveis reações termodinâmicas intramagmáticas. A cromita predomina entre os opacos, possui coloração cinza e encontra-se sob a forma subédrica a anédrica. Esse mineral encontra-se comumente incluso em olivina. A pentlandita ocorre na forma anédrica, com magnetita na borda dos cristais (figura 3.02E). Análises de microscopia eletrônica mostraram que ocorre uma alteração dos cristais de pentlandita em heazlewoodita (figura 3.02F).

Figura 3.02A: Fotografia do afloramento de metaharzburgito do ponto 12.

Figura 3.02B: Fotografia evidenciando maior detalhe do metaharzburgito do ponto 12.

Figura 3.02C: Fotomicrografia da lâmina delgada polida BL-07-38a (ponto 12) mostrando olivina (Ol)

anédrica serpentinizada inclusa em ortopiroxênio (Opx). LPP - Luz polarizada paralela.

A

B

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Figura 3.02D: Fotomicrografia da lâmina delgada polida BL-07-38a (ponto 12) mostrando antofilita

(Ath) acicular sobrecrescida em ortopiroxênio (Opx) e alterando para talco (Tlc). LPX - Luz polarizada cruzada.

Figura 3.02E: Fotomicrografia da lâmina delgada polida PF/TV-96/13 (ponto 13) mostrando pentlandita

(Pn) na porção central e magnetita (Mag) na borda do cristal. Luz refletida.

Figura 3.02F: Imagem de elétrons retroespalhados de pentlandita (Pn) alterando para heazlewoodita

(Hlw) na porção central e magnetita (Mag) na borda do cristal.

Diopsiditos

Os diopsiditos ocorrem à margem direita do Rio Carmo, na área da sede da Fazenda Salazar, em meio a rochas granito-gnáissicas do Complexo Mantiqueira (Brandalise 1991, Baltazar & Raposo 1993).

Nas proximidades de Barra Longa, a cerca de 2 Km a SW da cidade, essa unidade ocorre como intrusão de dimensões métricas, com aspecto geral circular, em forma de matacões não foliados, intensamente fraturados e alterados. Esta intrusão encontra-se cortada por diversos veios com material pegmatítico. Macroscopicamente, a rocha possui cristais de clinopiroxênios com dimensões pegmatóides.

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Em lâminas delgadas observa-se que os diopsiditos possuem textura holocristalina, fanerítica e inequigranular seriada, com granulação variando de grossa a pegmatítica. O clinopiroxênio é o mineral dominante nos diopsiditos, podendo atingir até 97% da composição mineralógica da rocha. Subordinadamente ocorrem cristais de clinoanfibólio. A tabela 3.02 traz a composição mineralógica média, mínima e máxima verificada nessas rochas, sendo a classificação dos clinopiroxênios e clinoanfibólios confirmada no estudo de microscopia eletrônica.

Tabela 3.02: Composição mineralógica encontrada nos diopsiditos.

Minerais %Min. %Máx. %Méd. Clinopiroxênio 95,00 97,00 96,00

Clinoanfibólios 3,00 5,00 4,00

Opacos <1 <1 <1

O clinopiroxênio ocorre como cristais de dimensões pegmatóides com incipiente anfibolitização. Está intensamente alterado e fraturado (figura 3.03A). Análises de microssonda eletrônica confirmaram a presença de diopsídio.

Os clinoanfibólios ocorrem de forma subédrica, como perfeitas seções basais, e encontram-se levemente esverdeados. Esses minerais estão dispostos aleatoriamente na borda e interior dos clinopiroxênios. Os clinoanfibólios identificados por microssonda eletrônica foram a actinolita (BL-07-114A) e mg-hornblenda (PF/TV-1/2) (figura 3.03B).

Os opacos são quase inexistentes no metaclinopiroxenitos. Os poucos cristais xenoblásticos estão inclusos nos clinopiroxênios.

Assim como os metaharzburgitos, os metaclinopiroxenitos afloram em grandes corpos descontínuos, encontrando-se ora intensamente deformados em alguns pontos ora mais preservados em outros. Estas rochas retrogradam para actinolititos em zonas mais deformadas.

Microscopicamente os actinolititos são rochas de granulação fina a média. Com pleocroísmo em matizes de verde, nos quais a actinolita perfaz até 95% em volume desses litotipos. São constituídos também por clinopiroxênio (2-5%) e por vezes biotita (5%) e minerais opacos (<1).

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Figura 3.03A: Fotomicrografia da lâmina delgada polida PF/TV-1/2 (ponto 96) mostrando os

clinopiroxênios (Cpx) fraturados. LPX.

Figura 3.03B: Fotomicrografia da lâmina delgada polida PF/TV-1/2 (ponto 96) mostrando o

clinopiroxênio alterando-se para Mg-hornblenda (Mhb). LPX.

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