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2. Materiais e métodos

3.3 Clorofila-a (cla-a) e atividade microbiana

Diferenças significativas entre tratamentos e semanas de cultivo foram observadas para a cla-a, produção primária bruta (PPB), produção líquida do ecossistema (PLE), respiração da água e taxa de nitrificação. Foi detectada interação significativa entre tratamento e semanas de cultivo apenas para a PLE e respiração da água. A concentração de cla-a foi menor no T200 e para todos os tratamentos houve diminuição na concentração de cla-a entre a primeira e sexta semana (Fig. 4a). A produção primária bruta (PPB) foi maior no T200, houve aumento na PPB entre a primeira e sexta semana para todos os tratamentos (Fig. 4b).

A produção líquida do ecossistema (PLE) foi mais negativa no T200 a partir da terceira semana de cultivo (Fig. 4c). Diferenças significativas na PLE entre as semanas de cultivo ocorreram apenas no T200, onde a PLE tornou-se mais negativa do início para o final do cultivo (Fig. 4c).

Entre a primeira e quarta semana de cultivo, a respiração no T200 foi maior do que no T400-600, no restante do experimento, a respiração no T200 foi superior aos outros tratamentos (Fig. 4d). Não houve diferença na respiração da água entre os T400-600 e T800-1000. Diferenças significativas na respiração da água entre as semanas de cultivo ocorreram apenas no T200 (Fig. 4d), onde os valores aumentaram ao longo do cultivo. A taxa de nitrificação foi significativamente maior nos T400-600 e T800-1000 (Fig. 4e). As taxas médias de nitrificação em mg L-1 h-1 para os tratamentos foram: T200 (0,18 ± 0,03 mg L-1 h-1), T400-600 (0,31 ± 0,02 mg L-1 h-1) e T800-1000 (0,38 ± 0,01 mg L-1 h-1).

Fig. 4. (A) Clorofila-a (cla-a), (B) produção primária bruta – PPB, (C) produção líquida do ecossistema – PLE, (D) respiração da coluna d’água (bioflocos) e (E) taxa de nitrificação em tanques de L. vannamei cultivado em três concentrações de SST durante 44 dias em densidade de 459 camarões m-3. Valores são médias ± dp em cada semana de cultivo, T400-600 com 3 réplicas, T200 e T800-1000 com 4 réplicas.

3.4 Parâmetros associados à operação do sistema de cultivo

A quantidade de água adicionada foi significativamente maior no T200 (Tabela 4). Da mesma forma, o volume (L) e a quantidade (g) total de lodo removidos dos decantadores foram significativamente maiores no T200 (Tabela 4). O SST, SSV e SSF do lodo, usados nos cálculos da quantidade de lodo removida e do tempo de residência celular, são apresentados na Tabela 4. O percentual de SSV foi significativamente maior no lodo removido dos tanques do T200 e os SSF apresentaram valores significativamente menores para o mesmo tratamento (Tabela 4). O tempo de retenção celular (θc) foi significativamente diferente entre todos os tratamentos (Tabela 4), menores valores foram observados no T200 e maiores no T800-1000. Embora o θc médio tenha sido de 5,0 dias no T200, os valores aumentaram entre a primeira e sétima semana: 3,5 - 3,5 - 5,3 - 5,8 - 5,2 - 4,7 e 5,8 dias. O tempo de detenção hidráulica (θs) foi significativamente menor no T200, não houve diferença significativa para esse parâmetro entre o T400-600 e T800-1000 (Tabela 4).

Tabela 4. Parâmetros associados à operação do sistema de cultivo de L. vannamei mantidos em três concentrações de SST durante 44 dias em densidade de 459 camarões m-3.

Parâmetros T200 T400-600 T800-1000

Volume total de água adicionado (L) 1 281,5 ± 16,1

a

238,3 ± 7,6 b 227,0 ± 6,8 b Volume total de lodo

removido (L) 1 168,7 ± 22,9 a 51,8 ± 1,0 b 43,6 ± 5,1 b SST do lodo removido (g L-1) 2,3 9,304 ± 1,837 14,949 ± 5,218 14,555 ± 2,149 Quantidade de lodo removida (g) 1 1.569,5 ± 213,2 a 774,4 ± 15,3 b 634,0 ± 74,7 b SSV do lodo removido (%) 1 83,2 ± 3,2 a 56,0 ± 3,0 b 54,2 ± 2,8 b SSF do lodo removido (%) 1 16,8 ± 3,2 a 44,0 ± 3,0 b 45,8 ± 2,8 b Tempo de retenção celular θc (dias) 1 5,0 ± 0,6 a 29,4 ± 0,6 b 56,2 ± 6,6 c Tempo de detenção hidráulica θs (dias) 1 133,2 ± 7,5 a 157,0 ± 5,1 b 164,9 ± 4,9 b Dados médios ± dp; n = 3 em T400-600 e n = 4 em T200 e T800-1000. 1

ANOVA unifatorial (P < 0,05), médias na mesma linha seguidas de letras diferentes indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (P < 0,05). 2

Dados não submetidos à análise estatística. 3

SST = sólidos suspensos totais. T200 (n = 12), T400-600 (n = 9) e T800-1000 (n=12).

3.5 Análise centesimal dos bioflocos

O percentual de proteína bruta (PB), de gordura (%) e o teor de energia (KJ g -1) dos bioflocos no tanque matriz foram 15,7 ± 0,3; 1,6 ± 0,1 e 3,3 ± 0,0, respectivamente. A PB (%) dos bioflocos foi significativamente diferente entre todos os tratamentos: 28,4 ± 0,4 (T200); 20,2 ± 0,6 (T400-600) e 18,6 ± 0,4 (T800-1000). Os níveis de gordura dos bioflocos (%) foram significativamente maiores no T200 (3,2 ± 0,3) e não houve diferença significativa entre o T400-600 (1,9 ± 0,2) e o T800-1000 (1,6 ± 0,2). Da mesma forma, o teor de energia nos bioflocos (KJ g -1) foi significativamente maior no T200 (9,5 ± 0,1) quando comparado aos demais tratamentos: 6,8 ± 1,5 (T400-600) e 5,6 ± 0,2 (T800-1000).

3.6 Parâmetros hemato-imunológicos e análise das brânquias

Para os três parâmetros imunológicos analisados: contagem total de hemócitos (THC), atividade da enzima fenoloxidase (PO) e a concentração de proteína no soro, não foram registradas diferenças significativas entre tratamentos e nem ao longo do tempo (tanque matriz versus final do cultivo). Os valores médios de THC (x 106 células mL-1) para o tanque matriz, T200, T400-600 e T800-1000 foram 28,6 ± 8,2; 26,6 ± 4,0; 24,2 ± 1,1 e 24,7 ± 4,2, respectivamente. A atividade da PO (U/min/mg) para o tanque matriz, T200, T400-600 e T800-1000 foram 20,9 ± 4,1; 30,6 ± 17,4; 30,7 ± 10,3 e 27,9 ± 9,5, respectivamente. A concentração de proteína no soro (mg mL-1) para o tanque matriz, T200, T400-600 e T800-1000 foram 213,7 ± 42,5; 156,6 ± 21,8; 188,3 ± 102,6 e 141,4 ± 43,8, respectivamente.

Embora a análise do grau de oclusão branquial tenha sido realizada quinzenalmente, os dados foram agrupados para a análise (Fig. 5). O percentual de camarões com brânquias limpas foi significativamente menor no T800-1000, já os camarões com brânquias pouco sujas foram mais frequentes no T400-600 e T800-1000. Animais com grau de oclusão branquial médio ocorreram com maior frequência no T800-1000 do que no T200, enquanto que camarões com grau de oclusão branquial alto foram significativamente mais frequentes no T800-1000.

Fig. 5. Grau de oclusão das brânquias em tanques de L. vannamei cultivado em três concentrações de SST durante 44 dias em densidade de 459 camarões m-3. Valores são médias ± dp para cada tratamento, T400-600 com 3 réplicas (n = 192 camarões), T200 (n= 244 camarões) e T800-1000 (n = 254 camarões) com 4 réplicas. A ANOVA unifatorial (P < 0,05) foi aplicada sobre as médias dos tratamentos para cada grau de oclusão branquial. Letras diferentes sobre o grau de oclusão indicam diferença significativa entre tratamentos pelo teste de Tukey (P < 0,05).

3.7 Índices de produção

Os índices de produção obtidos após 44 dias de cultivo são apresentados na Tabela 5. O peso médio final e ganho de peso semanal não foram significativamente diferentes entre os tratamentos. Diferenças significativas ocorreram tanto para biomassa final quanto para sobrevivência, cujos valores registrados no T800-1000 foram inferiores aos do T400-600. Devido à discrepância nos valores de conversão alimentar associada ao baixo crescimento e maior mortalidade no T800- 1000, esse índice não foi submetido à ANOVA.

Tabela 5. Índices de produção em tanques de L. vannamei cultivado em três concentrações de SST durante 44 dias em densidade de 459 camarões m-3. †

Parâmetro T200 T400-600 T800-1000 Peso Médio Final (g) 1 11,5 ± 0,4 10,8 ± 0,5 10,6 ± 0,4 Ganho de Peso Semanal (g semana -1) 1 0,75 ± 0,06 0,64 ± 0,08 0,61 ± 0,06 Biomassa Final (g m-3) 1 3.843,0 ± 232,6 ab 4.099,8 ± 153,5 a 3.213,4 ± 498,9 b Sobrevivência (%) 1 73,0 ± 3,9 ab 82,9 ± 1,6 a 65,9 ± 9,7 b C.A 2 4,8 ± 2,2 3,2 ± 0,6 - Dados médios ± dp; n = 3 em T400-600 e n = 4 em T200 e T800-1000. † Peso Médio Inicial (g): T 200: 6,8 ± 0,1; T 400-600: 6,7 ± 0,1; T 800-1000: 6,8 ± 0,1.

1

ANOVA unifatorial (P < 0,05), médias na mesma linha seguidas de letras diferentes indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (P < 0,05).

2

C.A (conversão alimentar). Dados não submetidos à ANOVA. O valor médio de C.A do T800-1000 não é apresentado porque duas repetições apresentaram conversão negativa devido à perda de biomassa de camarões em função da baixa sobrevivência (3,7; 9,0; - 28,2; -3,4).

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