• Nenhum resultado encontrado

4. Análise e Discussão dos Resultados

4.2 Rede de colaboração científica entre pesquisadores do campo de organismos

4.2.1 Análise da evolução da rede no período de 2003 a 2012

4.2.1.3 Coesão estrutural entre os autores

A coesão é compreendida como subconjuntos de atores que apresentam laços relativamente fortes, diretos, coesos, intensos e frequentes (Wasserman & Faust, 1994). A análise dos subgrupos de uma rede de pesquisa auxilia na compreensão das relações de influência entre os pesquisadores e de como o conhecimento no campo é construído. Anteriormente, foram apresentados os principais componentes que se estruturaram ao longo do período. Apesar de serem importantes indicadores de ligações e de troca de informações entre os pesquisadores, isso não os torna grupos. Para identificar quais são os grupos da rede utilizou-se como pressuposto a mutualidade de laços, a qual permite verificar em que medida todas as escolhas de associação em um grupo são recíprocas. Para tanto, foi utilizada a medida clique, que é um subgrafo composto por três ou mais nós em que todos estão diretamente conectados (Wasserman & Faust, 1994), observando-se que um ator pode pertencer simultaneamente a mais de um clique, o que o torna um ator com alta centralidade, pois possui um posicionamento que facilita e influencia o fluxo de recursos e informações no clique (Martins, 2009.

Desse modo, considerando cada clique com 3 ou mais autores, foram identificados no total do período 162 cliques. Comparando o primeiro e o segundo período, verifica-se o aumento de cerca de 63% na quantidade de cliques, indicando a tendência de associação entre pelo menos três pesquisadores para a elaboração de um artigo científico. Na base de dados deste estudo é possível identificar coautorias que vão de dois até 21 pesquisadores. Como a maioria conta com até seis pesquisadores e ainda como o objetivo da análise de coesão de grupos é verificar se há algum grau de persistência de colaboração entre os autores (Rossoni, 2006), decidiu-se analisar também a quantidade de cliques em grupos com sete ou mais pesquisadores, pois nota-se a queda acentuada na quantidade de artigos em consequência desta quantidade de coautorias. Ao contrário dos resultados encontrados por Rossoni (2006), cujo estudo não identificou grupos com sete ou mais autores no campo de pesquisa em Estudos Organizacionais e Estratégia em Organizações, no campo de organismos transgênicos foram identificados no primeiro período 15 cliques, no segundo 28 (quase o dobro) e no período total 42 cliques. Estes resultados podem ser justificados pela natureza dos estudos com OGM que envolvem ensaios realizados em laboratórios, que congregam grupos com grande número de participantes, diferentemente do que acontece no campo da Administração. Adicionalmente, foram analisadas as medidas n-clique e n-clan, com o intuito de se avaliar a mutualidade dos relacionamentos (n-clique), bem como a alcançabilidade e a proximidade dos grupos (n-clan), considerando os grupos com 3 ou mais pesquisadores e também com 7 ou mais pesquisadores, conforme pode ser observado na Tabela 24.

Tabela 24:

Agrupamento dos autores entre os períodos

Grupos Período1 Período 2 Período Total Cliques 2003/2007 2008/2012 2003/2012 Grupo ≥ 3 Cliques 60 98 162 2-cliques 34 64 90 2-clan 34 64 90 Grupo ≥ 7 Cliques 15 28 42 2-cliques 16 41 56 2-clan 16 41 56

Fonte: Resultados da pesquisa.

A medida n-clique consiste em um subgrupo em que a maior distância geodésica entre dois nós é igual ou menor do que n (Wasserman & Faust, 1994). Para analisar esta medida optou-se por considerar duas distâncias geodésicas (dois passos) para se alcançar qualquer pesquisador. Assim como observado na medida clique, os 2-cliques com mais de três pesquisadores também demonstraram um aumento expressivo de um período para o outro passando de 34 para 64 2-cliques, indicando que à medida que a rede se desenvolve, novos grupos se estabelecem. O mesmo acontece com os grupos com sete ou mais pesquisadores, sendo que o crescimento do primeiro para o segundo período foi mais expressivo do que no grupo com mais de três pesquisadores, passando de 16 para 41 grupos. Esse resultado indica que há uma tendência de colaboração em grupos maiores, apesar de prevalecer a preferência pela associação de grupos pequenos em todos os períodos analisados.

Além disso, também foi analisada a medida n-clan, na qual o diâmetro máximo de um subgrafo é exclusivamente menor ou igual a n (Wasserman & Faust, 1994). Essa medida faz com que todos os autores identificados em um subgrupo estejam em uma mesma esfera de influência, tornando os grupos realmente coesos. O diâmetro máximo escolhido foi dois e

aplicou-se a medida para ambos os grupos. É interessante notar que os valores encontrados para a medida n-clan em todos os períodos foi a mesma para os dois grupos, concluindo-se que a rede conta com grupos altamente coesos reforçando a afirmação sobre a configuração da rede em uma estrutura do tipo small worlds, conforme discutido anteriormente.

No período de 2003 a 2007, dos 250 pesquisadores da rede 173 participam de 16 grupos, sendo que 66% participam de apenas um grupo. Adicionalmente, destaca-se a participação de dois pesquisadores: Vendruscolo, E. C. G., da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que participa de três grupos; e Vieira, L. G. E. , do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), que participa de quatro grupos. A média de pesquisadores por grupo foi de 14,63 e o tamanho máximo dos grupos foi de 30 autores, sendo que existem três grupos com mais de 20 autores (grupo cinco com 29; grupo seis com 27 e o grupo quatro com 23).

Já, no período de 2008 a 2012, dos 501 pesquisadores da rede, 377 integram 41 grupos; destes, 71% participam de apenas um grupo. Destaca-se a participação de seis pesquisadores, sendo cinco deles pertencentes à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia: (i) Bespalhok Filho, J. C. do IAPAR e Cunha, W. G. que participam de sete grupos; (ii) Aragão, F. J. L. e Vianna, G. R., que participam de oito grupos; (iii) Grossi-de-Sá, M. F. e Romano, E., que participam em nove grupos. A média de pesquisadores por grupo neste período foi de 16,95 e o tamanho máximo dos grupos foi de 40 autores, sendo que existem dois com mais de 30 (grupo nove com 38 e grupo um com 30) e sete deles com mais de 20 autores (grupo dois com 29, grupo sete com 28, grupos quatro e seis com 27, grupo cinco com 26, grupo oito com 23 e grupo 39 com 20). Ressalta-se que os grupos de cada período com os respectivos nomes de cada pesquisador estão disponíveis no Apêndice C (grupos formados com base na medida n- clan).

De modo geral, observa-se não somente o crescimento de grupos com sete ou mais pesquisadores, formados por meio da medida n-clan do primeiro para o segundo período (16 e

41 grupos, respectivamente), como também o aumento do seu tamanho, passando de 14,63 para 16,95 autores, em média por grupo, o que indica o crescimento da rede e a tendência de associação dos pesquisadores em grupos maiores e mais coesos. Nota-se também que nos dois períodos há uma taxa expressiva de pesquisadores que participam de apenas um grupo, resultado que pode ser associado à quantidade de autores one-timers identificados no campo.