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Referente à observação participante, os dados foram registrados por meio de nota de campo por ocasião da aplicação do instrumento e discussão sobre concepções e imaginário com os participantes.54

O trabalho que incluiu os dados coletados pela observação participante percorreu os movimentos com base em Haguette:54

• leituras sucessivas dos dados, reunindo as notas de campo e os dados coletados por depoimento escrito;

• rastreamento das pistas de dados emergentes, interpretações e idéias, registrando o que pareceu importante durante a aplicação do instrumento, a leitura e a reflexão sobre os dados;

• identificação das concepções e imaginário, em relação ao envelhecimento e formação, utilizando-se da análise fenomenológica e análise semiológica das imagens associando-se análise de conteúdo.

Por vezes estes tipos de análise são considerados como instrumentos de análise diversos, mas permitem aproximações (complementações) –princípio dialógico -, pois a inclusão de códigos interpretativos (baseados mais na conotação do que na denotação) nas análises de conteúdo são explicitação da influência da semiologia. A análise de conteúdo, pela possibilidade de sistematização e de confirmação, auxilia a análise semiológica a contornar influências idiossincráticas54.

A análise semiológica dos dados compreendeu:

a) análise das imagens, tornando claros aspectos componentes para a compreensão de seu sentido, acordo com o objetivo do estudo e a disponibilidade do material;

b) inventário realizado em relação a cada uma das imagens citadas; c) associações a partir de questões como:

• Que associações foram trazidas à mente quando citaram as imagens? • Como a imagem se relaciona com a concepção de envelhecimento? • Que aspectos culturais são importantes para entender as imagens associadas?

• O que predomina na imagem?

d) elaboração de matrizes a partir do inventário e das respostas às questões.

e) análise do texto, segundo Bardin55, triangulando-se com Penn49, foi

realizada através das seguintes etapas:

• Leitura flutuante: leitura global das respostas às questões abertas, seguida de uma leitura individualizada;

• exploração do material, incluindo a identificação das Unidades de Registro, organizando-se na forma de esquemas e posteriormente na forma de matrizes;

• análise das contradições implícitas e explícitas;

• compreensão/explicação da realidade com base no referencial teórico construído.

A escolha pela triangulação entre o método Fenomenológico e o da Complexidade (nos artigos sobre concepções de envelhecimento e de formação) teve como objetivo a complementação de perspectivas de análise e a compreensão de que o estudo fenomenológico propicia a descrição e compreensão do fenômeno necessária ao método dialógico, possibilitando a explicação e uma aproximação do foco de interesse e o seu diálogo com o referencial construído.

A fenomenologia é o estudo dos fenômenos, caracterizando-se por atitude de reflexão e um método, respondendo às exigências e necessidade da cientificidade.

Como atitude inclui a concepção de “intencionalidade da consciência” 56,

como consciência orientada para as coisas, -“toda consciência é consciência de” si próprio e do mundo57 e do conhecimento do conhecimento7.

O mundo é inseparável do sujeito, de um sujeito que é projeto do mundo e o sujeito é inseparável do mundo que ele mesmo projeta”7 em suas relações intersubjetivas na busca de objetividade58.

O pesquisador para conhecer os participantes da pesquisa precisa “percebê-los objetivamente, estudá-los, se possível, objetivamente, outrossim deve compreendê-los subjetivamente. O desenvolvimento de um conhecimento objetivo do mundo deve avançar junto com um conhecimento intersubjetivo do outro”58; 80. Trata-se de explorar a própria coisa que se percebe, em que se pensa, de quem se fala, evitando elaborar hipóteses, “tanto sobre o laço que une o fenômeno com o ser de que é fenômeno, como o laço que une com o “Eu” para quem é fenômeno

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.

Neste estudo, triangulou-se com os passos do Método Fenomenológico apontados por Amedeo Giorgi60:

a) o sentido do todo compreendendo a descrição do fenômeno, a partir da leitura dos depoimentos por escrito, articulando-se os objetos da experiência da forma como é vivida pelo sujeito de forma que seja evidenciado o que ele representa na situação investigada, respeitando a parte-todo que aparece;

b) a identificação das Unidades de Significado (partes) realizada a partir do sentido do todo obtido na descrição, processando a redução fenomenológica, numa

atitude de pré-reflexão para captar o fenômeno tal como se mostra, sem a cumplicidade do senso comum;

c) a transformação das Unidades de Significado (linguagem cotidiana) em Linguagem Gerontológica (concepção de envelhecimento) e Linguagem Gerontológica e educacional (concepção de formação) para a construção do objeto de estudo a partir de interpretação, permitindo a redução da extensão da descrição representativa do fenômeno explicitado pelo sujeito.

d) a síntese das Estruturas de Significado, compreendendo uma descrição que equivale à estrutura da experiência vivida, buscando-se o conjunto dos significados (todo formado pelas essências do fenômeno), que é discutido teoricamente, acentuando modos de pensar a realidade, levando à compreensão do fenômeno estudado.

A análise fenomenológica realizada sobre as concepções de envelhecimento são apresentadas no próximo capítulo.

Com passos do Método da Complexidade15:

a) a reflexão sobre as próprias preconcepções (certezas provisórias do pesquisador) como momento de reflexão sobre o que espera encontrar na realidade e sobre sua própria concepção sobre o fenômeno investigado, vivenciando momentos de conhecimento do próprio conhecimento e preparando uma base para avaliar seus próprios avanços a partir dos resultados da pesquisa;

b) a reflexão sobre as incertezas que permeiam os dados coletados da realidade;

c) a análise intradiscurso, elaborando representação gráfica, a partir das Unidades de Significado, para melhor perceber as inter-relações entre elas;

d) a análise interdiscurso, buscando aspectos implícitos nas inter-relações entre as Estruturas de Significado;

A esta triangulação foi acrescentada a contribuição de Comiotto60 à análise fenomenológica de Giorgi, identificando-se as dimensões implícitas nas essências.

Completando-se a exploração dos dados foi realizada uma análise com base nos princípios da dialógica Moriniana. Esta opção significou a consciência de que as imagens (metáforas) associadas e os depoimentos escritos dos participantes expressam intencionalidades, revelando aspectos de suas concepções que nem sempre são transparentes nos discursos orais.

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