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3 METODOLOGIA

3.4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Este trabalho utilizou documentos e entrevistas semiestruturadas como fontes de dados para estudar, na perspectiva de coworkers, como sua presença no Impact Hub Floripa influencia o desempenho de suas empresas.

Características

operacionais Infraestrutura e layout do espaço físico

Efeitos da proximidade física com outros

coworkers (UDA, 2013) e das áreas de lazer

compartilhadas (ASSENZA, 2015).

Ações de hosts Como as regras, protocolos (BILANDZIC e

FOTH, 2013), eventos e o papel dos gestores do espaço de coworking (LEUNG, 2013; CAPDEVILA, 2015; SCHOPFEL, ROCHE e HUBERT, 2015) contribuem ou interferem na interação entre coworkers e no desempenho

das organizações usuárias.

Características

sociais Interação no coworking A influência do coworking na diversidade deseus contatos (UDA, 2013; FUZI, 2015), como

profissionais de outras áreas, investidores, fornecedores, e os impactos dessas relações sobre o desempenho de seu negócio.

Cultura do coworking Como o compartilhamento da cultura, valores e objetivos com outros coworkers e hosts (CAPDEVILA, 2015) influenciam a interação e colaboração entre coworkers (BILANDZIC e FOTH, 2013) e o desempenho das organizações

Para Lakatos e Marconi (2010), a pesquisa documental utiliza dados primários, escritos ou não, que podem ser feitos no momento que o fenômeno ocorre, ou depois. Esta pesquisa utilizou fotografias do ambiente do Impact Hub Floripa, tiradas pelo autor com a autorização dos gestores do Impact Hub Floripa, e sites sobre coworking, do Impact Hub Floripa e das empresas entrevistadas. Para Lakatos e Marconi (2010), as fotografias são uma forma de documentação por imagem que permitem a reconstituição do ambiente, estilo de vida e do cotidiano do objeto de estudo. Os sites de empresas podem ser classificados como publicações administrativas. Enquanto que estas fontes produzem informações menos fidedignas, permitem observar o registro da imagem que a organização projeta para o público em geral. (LAKATOS; MARCONI, 2010). Yin (2001, p. 112) afirma que o uso mais importante de documentos é na corroboração com evidências de outras fontes; documentos estão sujeitos a edição e vieses, não devendo ser a única fonte ou interpretados como descrições literais dos eventos.

Para Vergara (2012) a entrevista é um diálogo complexo que inclui a subjetividade e a objetividade, entrevistador e entrevistado:

“[...] uma interação verbal, uma conversa, um diálogo, uma troca de significados, um recurso para se produzir conhecimento sobre algo. [...] A entrevista é uma situação social complexa que representa uma teia de elementos de toda ordem, que dizem respeito à objetividade e à subjetividade do entrevistador e do entrevistado, bem como das realidades nas quais estão inseridos.”

Segundo Lincoln e Guba (1985), entrevistas permitem a compreensão de um contexto sob a perspectiva das pessoas que o vivenciam. O objetivo do pesquisador é tentar desenvolver um constructo que se aproxime da realidade do entrevistado e que também esteja alinhado com as teorias existentes sobre o assunto pesquisado (LINCOLN, GUBA, 1985). A estrutura de análise deste trabalho foi desenvolvida para alinhar a teoria existente e o instrumento de investigação da realidade vivida pelo coworker. Este instrumento é o roteiro de entrevistas, apresentado no Apêndice 1. As entrevistas semiestruturadas são vantajosas porque permitem aproveitar insights que surgem durante a entrevista para recompor o roteiro e enriquecer a coleta das informações. (VERGARA, 2012).

O roteiro de entrevistas foi estruturado em quatro partes: (1) caracterização da empresa entrevistada; (2) tópicos norteadores, questões orientadas pelos elementos de análise da pesquisa; (3) sugestões do entrevistado e informações complementares; e (4) notas do pesquisador. O Quadro 10 apresenta esta estrutura e oferece uma descrição de cada parte.

Quadro 10 - Estrutura geral do roteiro de entrevista

Partes do roteiro de

PARTE 1 – Caracterização da empresa

Questões a fim de caracterizar a empresa entrevistada (área de atuação; tempo de adesão ao espaço de coworking; experiências prévias com outros espaços de trabalho).

PARTE 2 – Tópicos

norteadores

Esta parte é composta por tópicos norteadores desenvolvidos a partir dos elementos de análise e por questões de apoio a cada um destes tópicos.

2.1 Conceito, avaliação e geradores do desempenho

Visa compreender como o gestor define e como ele avalia o desempenho de seu negócio. Nesta parte, o gestor também é questionado sobre quais características do espaço de coworking ele considera que afetam o desempenho de sua empresa.

2.2 Infraestrutura e layout do espaço de trabalho

Visa identificar a percepção de coworkers sobre os efeitos percebidos da proximidade entre empresas, do compartilhamento de áreas comuns, dos serviços de apoio que o espaço oferece e outras características que não estão presentes em outros espaços de trabalho.

2.3 Ações de hosts

Visa identificar a percepção de coworkers de como a gestão do espaço por

hosts impactam seus negócios. Este tópico inclui as diversas atividades de

responsabilidade de hosts, como a realização de eventos, a formulação de regras e protocolos de incentivo à interação.

2.4 Interação no coworking Visa identificar a percepção de coworkers de como as interações naturais e o networking entre coworkers influenciam suas empresas.

2.5 Cultura do coworking

Visa identificar a percepção de coworkers da presença do compartilhamento de valores e cultura e como eles influenciam suas empresas.

PARTE 3 – Sugestões, informações

complementares e parecer

Seção para que o entrevistado apresente sugestões para o coworking no que se refere à influência do fenômeno sobre o desempenho de sua empresa; para averiguar se o entrevistado deseja fazer considerações adicionais ao tema da entrevista e para solicitar o parecer do entrevistado quanto à pesquisa que está sendo realizada.

PARTE 4 – Notas do

Pesquisador Destinada ao uso do pesquisador para expressar seus sentimentos e

insights durante e, principalmente, logo após a realização da entrevista. Fonte: Adaptado de Mussi (2008)

Antes do início das entrevistas, os participantes da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 2) que apresenta os princípios éticos da pesquisa, como participação voluntária, anonimato dos entrevistados e de fidelidade das informações utilizadas na pesquisa. As entrevistas semiestruturadas foram realizadas cara a cara nas áreas comuns do Impact Hub. O tempo de duração de cada entrevista variou de quarenta minutos a uma hora e meia. O roteiro das entrevistas é apresentado na íntegra no Apêndice 1.

A análise dos dados coletados foi realizada por meio da análise de conteúdo, com técnicas de codificação e categorização (BARDIN, 2011; MINAYO, 2010). A codificação corresponde a uma transformação dos dados brutos do texto, a fim de representar o conteúdo e esclarecer as características do mesmo. (BARDIN, 2011). Para a categorização dos dados das entrevistas de campo, foram utilizados dois tipos de categorias: categorias abertas que emergem dos dados e categorias identificadas no referencial teórico (SAUNDERS, LEWIS e

THORNHILL, 2009). No caso do constructo “coworking” foram utilizadas categorias prévias, identificadas no referencial teórico, com a possibilidade do surgimento de novas categorias. Neste tipo de categorização, é fornecido o sistema de categorias de acordo com os funcionamentos teóricos hipotéticos, e reparte-se os elementos à medida que vão sendo encontrados (BARDIN, 2011). No caso do constructo “desempenho organizacional” não foram utilizadas categorias prévias. Segundo Bardin (2011), neste processo o sistema de categorias não é fornecido, resulta da classificação analógica e progressiva dos elementos, e o título conceitual de cada categoria somente é definido no final da operação.

Por fim, o processo de análise de conteúdo, permitiu que as categorias fossem reorganizadas de forma a evidenciar as relações entre diferentes categorias - e.g. relações entre “desempenho” e “características do coworking” - e criar oportunidades para o desenvolvimento de pressupostos gerais (SAUNDERS, LEWIS e THORNHILL, 2009) que auxiliam no entendimento sobre o papel do coworking no desempenho de organizações usuárias do Impact Hub Floripa.

A análise de conteúdo utilizada pode ser classificada como uma análise interpretativa, cujo objetivo “[...] é uma compreensão mais profunda do texto [...] superar a estrita mensagem do texto, ler nas entrelinhas [...]”. (SEVERINO, 2002, p. 56). Este tipo de análise capta a ideia essencial da mensagem e verifica como ela se relaciona com o pensamento teórico sobre o assunto. (SEVERINO, 2002). Segundo Severino (2002, p.57), a análise envolve aproximações e associações de ideias do texto com outras ideias semelhantes de outras fontes, e a comparação com ideias temáticas afins. Ainda segundo o autor, por ser interpretativa, é necessária uma tomada de posição, uma avaliação ou um juízo crítico, sobre o tema estudado, de forma que se contribua para o estudo do mesmo.