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Em uma abordagem qualitativa e exploratória, os dados obtidos nesse estudo foram submetidos a uma análise de discursos segundo a perspectiva Bakhtiniana, explorando alguns conceitos-chaves do linguista russo Bakhtin, como o enunciado, os gêneros de discursos (primários e secundários) e o dialogismo [113].

Na busca pela pratica de um olhar crítico e reflexivo aos discursos dos sujeitos sociais envolvidos (os normalistas), o contexto sócio histórico e um aprofundamento da compreensão desse grupo social. Pois segundo Deslauriers[132]:

Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento

do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991, p. 58).

Para amostra e análise dos resultados, considerou-se nesse estudo avaliar os episódios e os subepisódios, que emergiram da primeira etapa da investigação obtidos na Oficina Ouvindo imagens. Segue as etapas abaixo.

1ª Etapa: Oficina Ouvindo Imagens foi realizada no dia 05 de março de 2018, objetivou-se conhecer as percepções e os prévios saberes dos normalistas em relação as doenças Pediculose e Enterobiose. Explorando as percepções que emergissem desses aprendizes a docentes em relação as crianças de duas imagens, e se conseguiriam associá-las as doenças Pediculose e Enterobiose. A dinâmica dessa atividade ocorreu da seguinte maneira:

▪ No canto de uma sala de aula que estava vazia, foram separadas quatro carteiras (as mesmas utilizadas pelos alunos durante as aulas), para receber os grupos de respondentes e efetuar o registro imediato das entrevistas (gravações e audições). ▪ Os alunos foram identificados por uma etiqueta, com a descrição abreviadas CN

(Curso Normal) mais o número de uma sequência da lista (CN01 a CN73), para estabelecer um código individual e intransferível durante todas as demais etapas dessa pesquisa, mantendo no anonimato cada participante, durante e após a conclusão do estudo;

▪ Sobre a mesa foram colocadas as duas imagens: imagem 1(o menino coçando a cabeça) e imagem 2 (o menino coçando o “bumbum”) e mais quatro celulares dispostos sobre as mesas para graver as falas.

▪ Tempo estipulado para a realização dessa atividade foi estabelecido no máximo até cinco minutos para cada grupo de entrevistados;

▪ Na frente desses discentes, se posicionou a pesquisadora para orientá-los durante essa atividade, além da presença de mais dois jovens profissionais responsáveis pela gravação das entrevistas. Importante esclarecer que esses profissionais mentiveram-se em silêncio o tempo todo, totalizando, portanto, três pessoas “estranhas” que não fazem parte da comunidade escolar, para efetuar a gravação e os registros dos discursos;

▪ Foi explicado aos normalistas que essa atividade requeria integridade e veracidade em suas falas espontâneamente, porém de modo respeitoso. Esclareceu-se que não existia uma padronização de respostas, como certas ou incorretas, e que deveriam expressar o que pensavam ou sentiam em relação as imagens observadas.

Ressalta-se que em nenhum momento foi explicitado aos normalistas que as duas imagens tratavam-se de duas doenças que acometem as crianças das series iniciais de escolarização, e tampouco, sobre os impactos desses males à aprendizagem escolar.

Adotou-se essa postura, na intenção de não interferir e/ou contaminar os discursos desses normalistas, e não os induzí-los as “falas prontas”, ou ao “senso comum” sobre as imagens observadas, mas possibilitar um ambiente propício as descobertas, curiosidade, criatividade e imaginação.

Posteriormente, ocorreu a transcrição na íntegra de cada entrevista obtidas nas audições que foram gravadas, a análise dos discursos a cada episódio e subepisódio oriundos dessa oficina, para desvelar as percepções em relação a Pediculose e Enterobiose, e identificar se esses normalistas seriam capazes de associar as duas imagens observadas a essas doenças, e se em seus discursos evocariam os possíveis impactos negativos na vida das crianças observadas e/ou memórias afetivas da infância.

2ª Etapa: Foi aplicado no primeiro semestre 2018, no dia 09 de abril de 2018 um questionário semiestruturado contendo 08 (oito) perguntas (abertas e fechadas) intitulado “Formulário Q1- Conhecendo os prévios saberes dos normalistas sobre duas doenças que acometem as crianças na educação básica” (APÊNDICE D). Para conhecer os prévios saberes científicos desses normalistas sobre as doenças Pediculose e Enterobiose, como o nome científico, as formas de contágio, prevenção e combate.

3ª Etapa: Oficina Pediculose e aplicação do jogo “Cartas Pediculose” foi realizada no dia 03 de dezembro de 2018 (FIGURA 2), com o propósito de identificar mitos e verdades sobre à infestação por piolho, a fim de sanar dúvidas sobre as formas de contágio e as medidas preventive e de combate ao Pediculus. Explorou-se 12 (doze) imagens contendo

cada uma delas uma pergunta norteadora em relação a afecção por piolho as quais foram:

Pergunta 01 – Ter piolho indica que uma pessoa está doente? Pergunta 02 – O piolho pula, salta e/ou voa?

Pergunta 03 – Pessoas de classe social menos favorecida (pobre), pega mais piolho? Pergunta 04 – Ter cabelo grande facilita pegar piolho?

Pergunta 05 – Receitas caseiras (como por exemplo; vinagre com água, arruda no xampu, fumo de rolo, água com vinagre, entre outros), loção e xampu, comprimidos anti-piolhos, são 100% eficientes para matar piolho?

Pergunta 06 – Pega-se piolho compartilhando roupa de cama (lençóis e travesseiros), boné ou chapéu, presilhas, elásticos, pentes ou celular com uma pessoa infestada por este parasito? Pergunta 07 – O piolho só gosta do calor, prefere a época do verão, ele não gosta das outras estações do ano?

Pergunta 08 – Utilizar químicas (alisamentos, tinturas, prancha, relaxamento, entre outros) no cabelo ajuda a matar o piolho?

Pergunta 09 – Na fase escolar, os responsáveis devem cortar os cabelos das crianças para evitar o piolho?

Pergunta 10 – Piolho não gosta de cabelos crespos?

Pergunta 11 – Piolho tem preferência por determinado tipo sanguíneo?

Figura 12 – Pegamos piolho se não lavarmos a cabeça (o couro cabeludo / os cabelos) todos os dias?

Figura 2 – Jogo de cartas intitulado: “Mitos e verdades sobre o piolho”,

4ª Etapa: Oficina Enterobiose foi realizada no dia 06 de dezembro de 2019, por meio de uma aula expositiva-dialogada, utilizando imagens explicando as vias fômites, as formas de contágio, prevenção e os impactos negativos na aprendizagem escolar, ocasionados por essa doença. E nesse mesmo dia os alunos responderam ao Formulário Q3 – Conhecendo as percepções dos normalistas após oficinas Pediculose e Enterobiose (APÊNDICE F), a fim de identificar os prévios saberes dos educandos em relação ao agente etiológico Enterobius vermicularis.

Para elaboração desse formulário explorou-se uma ferramenta didática chamada de “Nuvens de Palavras” (Word Cloud) explorando as falas obtidas nas etapas anteriores nessa pesquisa (gravações e formulários), utilizou-se o programa “Wordle”, disponível no endereço www.wordle.net.