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4.4 Procedimentos

4.4.1 Coleta de dados

4.4.1.1 Questionário de competências específicas em medicina

Em 2009 e 2010, 64 professores do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, número esse correspondente a 95,3% dos professores efetivos do Departamento, responderam ao Questionário de Competências Específicas em Medicina.

Questionários idênticos foram respondidos por 30 médicos generalistas, pediatras e de outras especialidades, todos trabalhando no atendimento às crianças e adolescentes em Belo

Horizonte ou cidades do interior do estado. Foram ouvidos médicos generalistas e especialistas que trabalham em Unidades Básicas de Saúde, no Programa Saúde da Família em Belo Horizon- te e cidades satélites, em serviços de Pronto Atendimento, e em cidades do interior de Minas Ge- rais. Também responderam ao questionário pediatras que trabalham em Enfermarias, Unidades Neonatais, Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), profissionais que presidem entidades e gestores de Programas de Saúde.

A maior parte (93%) dos professores e (90%) dos profissionais respondeu o questionário por e-mail. Durante esse mesmo período, 428 internos freqüentando o último ano do Curso Médico da UFMG responderam o mesmo questionário, pontuando suas expectativas com rela- ção às atitudes e à habilidade clínica que julgavam indispensáveis saberem fazer ao término do curso. Os questionários foram entregues aos alunos por duas bolsistas do Programa de Iniciação a Pesquisa da UFMG, mas um possível viés, pelo fato de serem colegas, foi minimizado por se tratar de questionário auto-preenchido, sem a interferência das bolsistas.

4.4.1.2 A organização do OSCE

Desde 2009, a Faculdade de Medicina da UFMG vem utilizando o OSCE como um dos métodos de avaliar o graduando com relação às competências adquiridas em pediatria.

Nos meses de março, junho, setembro e dezembro de 2009, e março e junho de 2010, fo- ram avaliados 476 alunos.

Os OSCEs foram organizados com três sequências de seis estações e, grupos compostos por 18 alunos de cada vez, percorreram as estações com situações variadas da clínica pediátrica.

O cenário foi montado com a ajuda de atores, atrizes, utilização de manequins de crianças, lactentes e recém-nascidos e a reprodução de locais de atendimentos que representassem con- sultórios de ambulatório, de pronto-atendimento, ou uma sala de reanimação neonatal. Atrizes fizeram o papel de mães de pacientes ou de adolescentes sendo consultadas.

Antes da prova, membros da Comissão Permanente de Avaliação treinaram os pacientes simulados e prepararam o cenário.

As tarefas foram afixadas na porta e cada estudante teve um minuto para ler a tarefa e cin- co minutos para resolver a questão. Em esquema de rodízio, os estudantes passaram por todas as estações.

Em cada uma das estações, os estudantes executaram as tarefas solicitadas. Buscou-se a integração de várias competências, incluindo profissionalismo, atitudes éticas e humanísticas, valores morais, relação médico-paciente e habilidades clínicas: anamnese, exame físico, raciocí- nio clínico, diagnóstico, prescrição e orientação ao paciente.

Para as questões com objetivo de avaliar o relacionamento médico-paciente, o profissio- nalismo e a coleta de anamnese, foram selecionadas informantes para atuarem como mães, a maioria composta de funcionárias dos diversos departamentos da faculdade, que não tinham contato direto com os estudantes.

Para as estações cujo objetivo era avaliar a técnica de exame físico, palpação abdominal, ou pesquisa de sinais de irritação meníngea, foram utilizados adolescentes que formaram, com as próprias mães, o cenário da questão.

Nas questões para avaliação de procedimentos, como reanimação neonatal, foram utiliza- dos manequins de recém-nascidos. Nessas questões, foi avaliada a destreza em iniciar os proce- dimentos exigidos pela situação clínica e a técnica do aluno em realizá-los.

O processo incluiu questões para avaliar o grau de stress do aluno, o grau de satisfação com o conteúdo da prova e questões de auto-avaliação.

As avaliações foram feitas com o preenchimento de um checklist, composto por dez itens, que era preenchido pelo docente avaliador presente na sala.

A devolutiva foi feita no final, em horário previamente divulgado pelo coordenador da disciplina, que discutia as questões e justificava o padrão de respostas.

4.4.1.3 Grupos focais

O grupo focal é um método utilizado pela pesquisa qualitativa, que tem por essência a interação entre os participantes, sendo um tipo de entrevista em grupo que valoriza a comunica- ção entre eles, a fim de gerar informações sobre determinado tema. As pessoas são estimuladas a falar umas com as outras, a perguntar, a trocar experiências e a comentar sobre as histórias e

os diversos pontos de vista.11

A coleta de dados do grupo focal baseia-se na tendência humana de formar opiniões e atitudes na interação, fazendo dessa a diferenciação com a aplicação de questionários fechados ou entrevistas individuais, técnicas em que a pessoa é convocada a emitir opiniões, de forma

totalmente individualizada e isolada das demais, sobre assuntos sobre os quais talvez nunca tenha pensado. A ideia é que os grupos focais possam ajudar as pessoas a clarear sua visão, por meio de interações que seriam menos acessíveis numa entrevista frente a frente. Na discussão em grupo, a pessoa se beneficia ouvindo a opinião dos outros, a fim de formar a sua própria, ou mesmo mudá-la.

O trabalho em grupo também auxilia os pesquisadores a perceber as muitas formas dife- rentes de comunicação que as pessoas usam no relacionamento do dia a dia, incluindo piadas,

histórias, humor, provocações e questionamentos.12A discussão é conduzida por um modera-

dor/facilitador que tenta criar um ambiente apropriado, de forma que os participantes sintam-se à vontade para expressar seus pontos de vista. A principal função do moderador é manter o gru- po em interação por um tempo determinado, coletando informações sobre o tema. O modera- dor é acompanhado por um observador, responsável pelo registro de atitudes dos participantes e da ordem de respostas mais importantes.

Foram conduzidos três grupos focais, durante os meses de junho, julho e agosto de 2010. Os participantes foram estratificados em grupos, de acordo com o tempo de docência em mais de 20 anos, entre dez e 20 anos e menos de dez anos.

O primeiro grupo foi composto por nove professores, cinco homens e quatro mulheres. A média de docência foi de 29,8 anos e o grupo foi formado por dois professores titulares, três associados, um adjunto e três assistentes.

O segundo grupo foi organizado com sete mulheres e um homem. A média de anos de docência foi de 12,4 anos e, no grupo, havia um professor associado, seis adjuntos e uma pro- fessora assistente.

O terceiro grupo foi composto por seis professores, com média de 4,8 anos de exercício sendo quatro mulheres e dois homens. Havia um professor associado, quatro adjuntos e uma docente substituta terminando o mestrado no Programa de Pós-graduação em Ciências da Saú- de, área de concentração Saúde da Criança e do Adolescente.

O encontro de cada grupo durou cerca de 90 a 120 minutos, e foi realizado em uma sala de reuniões da Faculdade de Medicina da UFMG, propiciando um ambiente adequado para a atividade.

Uma professora aposentada da UFMG, pediatra, com 30 anos de experiência docente na área de pediatria e especialista em metodologia qualitativa, atuou como moderadora nos três encontros. O autor do presente trabalho assistiu a todas as reuniões como colaborador.

Antes da reunião os participantes leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

No início de cada encontro, a moderadora colocou três perguntas ao grupo: • Qual é o conceito do grupo sobre avaliação do aluno;

• Porque a avaliação é colocada em segundo plano nos currículos e nos planejamentos didáticos;

• Quais os fatores que dificultam ou facilitam a avaliação feita pelo professor.

Os critérios utilizados para encerrar a discussão eram: não aparecer nenhuma ideia nova no grupo, e os participantes deixarem de solicitar a palavra.

4.5 ANÁLISE DOS DADOS

O banco de dados foi elaborado em uma planilha do Excel, com as pontuações dos estu- dantes, professores e médicos generalistas e especialistas que responderam ao Questionário de Competências Específicas em Medicina, além das notas atribuídas aos estudantes nas avaliações de desempenho, pelo OSCE, as notas da avaliação em serviço e da prova teórica.

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