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2 REVISÃO DE LITERATURA

4.3 COLETA DE DADOS

Antes da implantação da coleta de dados foi feita a aplicação de um estudo piloto, com a finalidade de se verificar a operacionalização das ações propostas para a fase da coleta. O estudo piloto se deu com uma amostra de seis pessoas idosas, atendidas em uma determinada USF/PSF/PACS da cidade de Cabedelo-PB, região metropolitana de João Pessoa, escolhida aleatoriamente e posteriormente excluída da amostra.

Os dados da pesquisa em João Pessoa-PB foram coletados entre os meses de julho e setembro de 2012, por três entrevistadoras, sendo duas alunas do curso de Graduação em Enfermagem da UFPB e a outra a própria autora, a qual fez a capacitação prévia das duas primeiras acerca dos propósitos da pesquisa, da padronização da abordagem à pessoa idosa e aplicação correta dos questionários.

4.3.1 Rotina de coleta/Fluxograma de funcionamento

Identificados (as) os (as) potenciais participantes do estudo nas USF/PSF/PACS, era feita a abordagem aos mesmos ou a seus responsáveis, explicando-se o procedimento da pesquisa e solicitando-se a participação. Obtido o consentimento, dirigia-se então a um local reservado da unidade onde era realizada a entrevista individualizada face a face, que durava cerca de trinta a quarenta minutos e durante a qual a pessoa idosa respondia às perguntas contidas em cinco instrumentos, na seguinte ordem: um questionário elaborado pela autora acerca de dados sociais, econômicos, familiares e de saúde; o Mini Exame do Estado Mental (MEEM); a Escala de Depressão Geriátrica Abreviada; o instrumento H-S/EAST para detecção de risco de violência contra a pessoa idosa e o Instrumento de Avaliação de Violência e Maus- tratos Contra a Pessoa Idosa, recomendado pelo Ministério da Saúde.

4.3.2 Descrição dos métodos de mensuração

Questionário sociodemográfico

Trata-se de um formulário descritivo para a identificação de dados sociais, econômicos, de conjuntura familiar e de algumas informações básicas sobre a saúde do idoso, com o propósito de se obter uma melhor contextualização de sua vida.

Instrumento para avaliação de déficit cognitivo (Mini Exame do Estado Mental-MEEM) Instrumento de avaliação geriátrica que avalia a pessoa idosa do ponto de vista cognitivo, sendo um dos testes mais empregados e estudados em todo o mundo com esta finalidade. Usado isoladamente ou incorporado a instrumentos mais amplos, permite a avaliação da função cognitiva e rastreamento de quadros demenciais. Em pesquisa tem sido utilizado em estudos populacionais, na avaliação do efeito de drogas e faz parte de baterias de testes neurológicos (77). Examina orientação temporal e espacial, memória de curto prazo

(imediata ou atenção) e evocação, cálculo, praxia, e habilidades de linguagem e viso-espaciais. Não pode ser usado para diagnosticar demência (78).

Fornece informações sobre diferentes parâmetros cognitivos, contendo questões agrupadas em sete categorias, cada uma delas planejada com o objetivo de avaliar "funções" cognitivas específicas como a orientação temporal (05 pontos), orientação espacial (05 pontos), registro de três palavras (03 pontos), atenção e cálculo (05 pontos), recordação das três palavras (03 pontos), linguagem (08 pontos) e capacidade construtiva visual (01 ponto). O escore do MEEM pode variar de um mínimo de 00 pontos, o qual indica o maior grau de comprometimento cognitivo dos indivíduos , até um total máximo de 30 pontos, o qual, por sua vez, corresponde a melhor capacidade cognitiva.

Para o uso adequado da escala é preciso que se considere o nível de escolaridade do entrevistado. Existem muitos estudos que propõem diferentes pontos de corte para o MEEM de acordo com a estratificação da escolaridade, e deve-se ter o cuidado de escolher como referência um estudo que tenha adequabilidade com a população a qual se pretende estudar.

Para esta pesquisa escolheu-se a orientação de Lourenço e Veras (77) que, avaliando as

características de medida do MEEM em idosos atendidos em um ambulatório geral, em 2006, sugeriram que o mesmo deve ser utilizado, considerando os pontos de corte 18/19 e 24/25, segundo a ausência (analfabetismo) ou presença de instrução escolar formal prévia, respectivamente. Essa indicação é feita para fins de rastreamento cognitivo em populações idosas de unidades ambulatoriais gerais de saúde.

Escala de Depressão Geriátrica Abreviada

A Escala de Depressão Geriátrica (EDG) é um dos instrumentos mais frequentemente utilizados para o rastreamento de sintomas depressivos em pessoas idosas. Originalmente criada por Yesavage em 1983 (79), a escala inicial possuía 30 itens especificamente desenvolvidos para

o rastreamento de transtornos do humor em pessoas idosas. Diversos estudos mostraram que ela oferece medidas válidas e confiáveis, é fácil de ser compreendida e respondida, podendo ser autoaplicada ou aplicada por um entrevistador treinado.

Uma versão mais curta da escala original foi criada três anos mais tarde (80), contendo

os 15 itens que apresentaram melhores correlações com os casos de depressão em estudos anteriores. Os 15 itens em conjunto demonstraram boa acurácia diagnóstica, sensibilidade, especificidade e confiabilidade adequadas. Por ser mais curta, a versão de 15 itens requer menor tempo de administração, sendo assim indicada para uso em ambulatórios gerais e ambientes não especializados.

Suas respostas são objetivas (sim ou não) e se referem a respeito de como a pessoa idosa tem se sentido durante a última semana. Não é um substituto para uma entrevista diagnóstica realizada por profissionais da área de saúde mental, mas é uma ferramenta útil de avaliação rápida que facilita a identificação de sintomas depressivos em pessoas idosas.

Na contabilização do escore, atribui-se um ponto para cada resposta afirmativa, à exceção dos itens 1, 5, 7, 11 e 13, em que o ponto é dado para a resposta negativa. Diversos pontos de corte estão sugeridos na literatura acadêmica para a operacionalização da Escala de Depressão Geriátrica de 15 itens (EDG-15). No presente estudo adotou-se a orientação de Paradela, Lourenço e Veras (81), que, em um estudo que objetivou determinar a validade

concorrente da EDG – 15, versão em português, em pessoas idosas atendidas em ambulatório geral, de acordo com os critérios do DSM-IV, para diagnóstico de depressão maior ou distimia, identificaram o ponto de corte 5/6 como sendo o de melhor equilíbrio (sensibilidade 81%; especificidade 71%; valor da área sob a curva ROC 0,85), onde seis ou mais respostas indicam presença de sintomas depressivos (81).

Hawlek Sengstock Elder Abuse Screening Test (H-S/EAST) versão da adaptação transcultural em Português para o Brasil

Criado em 1986, nos Estados Unidos (9), a partir de cerca de mil itens sobre violência

contra a pessoa idosa, agrupados e apurados em um instrumento de apenas 15 itens finais (43),

que cobrem três principais domínios do tema violência contra a pessoa idosa: violação evidente de direitos pessoais ou abuso direto; características de vulnerabilidade e situações

potencialmente abusivas (9, 17, 33, 39). O H-S/EAST avalia a violência instalada ou presumida a

partir da perspectiva da própria pessoa idosa, através de um conjunto de perguntas a serem feitas diretamente a elas, por profissionais, na forma de entrevistas ou questionários (60).

É um instrumento breve, elaborado para ser usado como triagem clínica, de boa abrangência e qualificação adequada de resultados, distingue adequadamente entre vítimas e não vítimas. Seu objetivo é de identificar tanto sinais de presença (diretos), quanto de suspeita (indiretos) de abuso em pessoas idosas, investigando as formas de abuso psicológico, físico, violação de direitos pessoais e abuso financeiro. A maioria dos seus itens não focaliza somente sintomas específicos de violência, mas busca captar circunstâncias correlatas a esta, pois no entendimento de suas autoras, tais circunstâncias podem acontecer antes ou após os atos violentos (ex.: dependência física, financeira ou isolamento) (9).

Por esse motivo, o H-S/EAST é considerado um instrumento de rastreamento de risco de violência contra a pessoa idosa. Sua pontuação final é dada com base nas respostas a perguntas sobre sinais de abuso e fatores de risco, todos recebendo a mesma pontuação não ponderada (9, 43). Recomenda-se que esse instrumento seja utilizado para identificar suspeita de

abuso, particularmente quando o investigador for relativamente pouco experiente no tema (9).

O resultado final da aplicação do teste é indicativo de risco para abuso (43). O instrumento é fácil

de ser administrado e pode ser preenchido rapidamente (17).

Na contabilização do seu escore, atribui-se um ponto para cada resposta afirmativa, à exceção dos itens 1, 6, 12 e 14, em que o ponto é dado para a resposta negativa. Estudos prévios sugerem que, no contexto clínico, um escore de três ou mais pode indicar risco aumentado de algum tipo de violência presente.(51, 52) . Esse foi o ponto de corte adotado no presente estudo.

Devem ser coletadas informações adicionais ao H-S/EAST para se decidir sobre um aprofundamento na investigação ou encaminhamento do relato de abuso a uma agência. O instrumento não avalia as demais dimensões da violência contra as pessoas idosas reconhecidas pelo Ministério da Saúde no Brasil, tais como autonegligência, abandono e violência sexual (9).

Instrumento de Avaliação de Violência e Maus-tratos Contra a Pessoa Idosa

Indicado para avaliar possíveis situações de violência contra pessoas idosas, foi adotado pelo Ministério da Saúde nos cadernos de Atenção Básica. Nele investiga-se a violência física, psicológica, abuso financeiro e econômico (82). Trata-se de um instrumento de autoavaliação

onde a pessoa idosa responderá se sofreu ou não recentemente alguma forma de violência, sendo as perguntas elaboradas de forma indireta (15). Uma resposta positiva a qualquer um dos

itens caracteriza presença de violência contra a pessoa idosa e este foi o parâmetro adotado para o presente estudo.

4.3.3 Variáveis

4.3.3.1 Dependente

Risco de violência contra a pessoa idosa estabelecido pelo H-S/EAST 4.3.3.2 Independentes

Sintomas depressivos, alterações cognitivas, condições socioeconômicas, situação conjugal, suporte familiar, desunião familiar, violência prévia na família, escolaridade, violência contra a pessoa idosa estimada pelo Instrumento de Avaliação de Violência e Maus- tratos Contra a Pessoa Idosa.

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