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2. JUSTIFICATIVA

4.6. Coleta de dados

O farmacêutico analisou os prontuários médicos eletrônicos das pacientes (causa de admissão, tipo de câncer e metástases e comorbidades), os exames laboratoriais e a dosagem, frequência, via de administração, interações medicamentosas, duplicação da terapia, duração do tratamento das medicações presentes prescrições eletrônicas. As bases de dados internacionalmente reconhecidas, a consulta aos protocolos já estabelecidos no hospital e evidências disponíveis na literatura médica atual, ofereceu o suporte necessário para a análise das prescrições.

Os erros de prescrição foram detectados após a identificação de uma incoerência entre a prescrição analisada e as literaturas científicas e/ou bases de dados e foram classificados de acordo com uma adaptação de National Coordinating Council for Medication Error and Reporting (NCCMERP) (120) como demonstrado na tabela 1.

Tabela 1. Classificação dos erros de prescrição

Erros de Prescrição

Frequência do tratamento maior que a correta Frequência do tratamento menor que a correta

Dosagem maior que a correta Dosagem menor que a correta

Medicamento incorreto por contraindicação, alergia ou reação adversa Medicamento incorreto (sem efeito terapêutico)

Forma farmacêutica errada

Medicamento administrado sem necessidade

Medicamento não seguro por presença de interação medicamentosa

Os medicamentos envolvidos nos erros de prescrição foram classificados segundo a classificação Anatomic Therapeutic Chemical Code (ATC) (121). Esta classificação é a adotada pela OMS, classificando de acordo com o órgão ou sistema que os medicamentos atuam (121). A tabela 2 apresenta os grupos anatômicos e terapêuticos de acordo com o primeiro nível da classificação ATC.

Tabela 2. Grupos anatômicos e terapêuticos de acordo com o primeiro nível de classificação ATC

Classificação ATC A Aparelho digestivo e metabolismo

B Sangue e órgãos hematopoiéticos C Aparelho cardiovascular

D Medicamentos dermatológicos

G Aparelho genitourinário e hormônios sexuais

H Preparações hormonais sistêmicas, excluindo hormônios sexuais e insulinas J Anti-infecciosos gerais para uso sistêmico

L Agentes antineoplásicos e imunomoduladores M Sistema musculoesquelético

N Sistema nervoso

P Produtos antiparasitários, inseticidas e repelentes Q Uso veterinário

R Aparelho respiratório S Órgãos dos sentidos W Vários

Com os erros de prescrições detectados, as intervenções farmacêuticas necessárias foram realizadas com os médicos residentes. As intervenções farmacêuticas foram classificadas e quantificadas de acordo com uma adaptação de Leape et al. (122) de modo que pudessem abranger todas as intervenções farmacêuticas frequentes em uma unidade de internação (tabela 3).

Tabela 3. Classificação de intervenções farmacêuticas

Intervenções farmacêuticas Indicação incorreta Ajuste de dosagem Tempo de duração do tratamento

Medicamento necessário Interação medicamentosa

Efeitos adversos Duplicação terapêutica

Ajuste de frequência Informações sobre medicamentos

Ineficácia / sugestão de troca Via intravenosa para via oral

As intervenções ‘interação medicamentosa (IM)’ foram cuidadosamente avaliadas pelo farmacêutico para identificar os medicamentos cujo benefício não superasse os riscos e que fossem considerados realmente inseguros para a paciente, por meio de consulta à base de dados Micromedex® (123).

Para o uso do sistema devem ser inseridos os nomes dos medicamentos de cada prescrição (em inglês). O sistema retorna as interações medicamentosas presentes naquela combinação de medicamentos, descrevendo a gravidade de cada uma delas (contraindicada, importante, moderada e secundária), o seu mecanismo mais provável, uma avaliação da documentação a respeito de tal interação medicamentosa, o tempo previsto para que a interação medicamentosa se manifeste e a literatura disponível. A IM contraindicada significa que a combinação de medicamentos não é indicada em nenhuma situação pelo seu alto risco de efeitos adversos e a IM secundária demonstra que a combinação de medicamentos pode apresentar efeitos clínicos limitados e sua manifestação pode incluir aumento da frequência ou da gravidade dos efeitos colaterais, mas não requerem alterações importantes na terapia (123).

Segundo a aceitação das intervenções pelo médico residentes em aceitas, parcialmente aceitas ou não aceitas, os erros de prescrições foram divididos em prevenidos ou não prevenidos.

As intervenções farmacêuticas aceitas foram aquelas detectadas e notificadas pelo farmacêutico para os residentes, que após a avaliação dos mesmos correlacionando com a condição clínica das pacientes a prescrição foi alterada. As parcialmente aceitas foram aquelas cuja intervenção do farmacêutico foi acatada, porém os médicos residentes decidiram tomar uma medida terapêutica diferente da sugerida. Tanto as intervenções aceitas como as

parcialmente aceitas, caracterizaram um erro de prescrição prevenido. Quando a intervenção não foi aceita e a prescrição permaneceu inalterada, o erro foi classificado como não prevenido.

A significância clínica da gravidade dos erros de prescrição entre o ano de formação entre os residentes e impacto das intervenções farmacêuticas foram analisadas por um método adaptado de Overhage et al. (124) (tabelas 4 e 5).

Tabela 4. Significância clínica dos erros de prescrição

Gravidade do erro prevenido A. Potencialmente letal - Alto risco de eventos fatais;

- Medicamento que poderia salvar a vida do paciente, mas está prescrito em uma dosagem insuficiente para a doença tratada;

- Dose alta (> 10 vezes a dose normal) de um medicamento com um índice terapêutico estreito.

B. Séria - Via de administração que pode conduzir a uma toxicidade grave;

- Dosagem insuficiente do medicamento utilizado para tratar uma doença grave em um doente em sofrimento agudo;

- Alta dosagem (4 a 10 vezes a dose normal) de um medicamento com índice terapêutico estreito;

- A dosagem pode resultar em concentrações potencialmente tóxicas;

- O medicamento pode exacerbar a condição do paciente (efeitos adversos ou contraindicações);

- Erros de ortografia ou de interpretação que podem levar ao medicamento errado ser dispensado;

- Alergia a medicamento documentada;

- Dose alta (> 10 vezes a dose normal) de um medicamento com índice terapêutico normal;

- Falta de um pré-teste de medicamentos que podem causar risco de uma reação de hipersensibilidade.

C. Significante - Alta dosagem (1,5 a 4 vezes a dose normal) de um medicamento com índice terapêutico estreito;

- Dose insuficiente para a condição do paciente;

- Alta dosagem (1,5 a 10 vezes a dose normal) de um medicamento com índice terapêutico normal;

- Duplicação terapêutica; - Intervalo de dose inadequada; - Medicamento omitido da prescrição.

D. Menor - Informações incompletas sobre a prescrição; - Forma de dosagem inadequada ou inexistente;

- Medicamento não incluído entre os padronizados do hospital;

- Não cumprimento das políticas do hospital;

- Abreviaturas ilegíveis, ambíguas ou não padronizadas. E. Sem erro -Pedido de mais informações ou esclarecimentos de

prescrição;

Tabela 5. Significância clínica das intervenções farmacêuticas Impacto da intervenção aceita

1. Extremamente significante - A recomendação resolve uma situação que poderia ter consequências extremamente graves, ou uma situação com risco de vida.

2. Muito significante - A recomendação previne um dano real ou potencial para um órgão vital;

- A recomendação impede efeitos adversos graves resultantes de uma interação medicamentosa ou contraindicação.

3. Significante - A recomendação melhora a qualidade de vida do paciente

(práticas padronizadas definidas pelo hospital).

4. Pouco significante - A recomendação tem um efeito neutro, dependendo de como ela é interpretada pelo profissional envolvido (isto difere das recomendações significantes, em que a prática padronizada do hospital apoia a recomendação).

5. Insignificante - Apenas para propósitos informativos;

- Intervenções gerais, não específicas para um único paciente.

6. Intervenção prejudicial - Recomendações inadequadas que podem levar a um agravamento da condição do paciente.

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