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Iniciou-se a coleta de dados através da conversa livre semidirigida para que o informante se sentisse mais à vontade em relação à entrevista e ao questionário. O assunto da conversa semidirigida era sobre a sua realidade atual, como e com quem mora, e sobre a realidade de sua família. Este assunto é uma temática de interesse do informante, sobre a qual ele normalmente gosta e sabe falar, o que provoca um relaxamento. A duração dessa conversa não foi fixada, ocorreu conforme a disponibilidade de cada informante. A conversa começou com a pergunta “Könnt ihr etwas über euch und eure Familie erzählen, wie ihr wohnt, mit

wem ihr wohnt, was ihr macht, wie ihr lebt?”59 De acordo com as falas dos informantes,

aplicaram-se mais algumas perguntas, em forma de conversação, para instigá-lo a falar mais. A conversação foi toda realizada em Al., somente foram empregados termos mistos ou em Pt60. quando o informante não sabia o termo em Al. ou, pelo seu conhecimento, considerava que determinado termo era em Al.

Depois dessa conversa, partiu-se para a aplicação do questionário de 81 perguntas. As questões sobre termos de parentesco foram expostas de forma a expressar uma fala delocutiva, por exemplo, “wie sagt ihr/ wie nennt ihr die Person, die...61”. Nas questões sobre

59 Você poderia contar um pouco sobre você e sobre a sua família, como mora, com quem mora, o que faz, como

vive? (Tradução da autora).

60 As respostas ao questionário lexical nas variedades portuguesas são classificados em termo em Pt. 61 Como você fala/como você denomina a pessoa que...(Tradução da autora)

termos de parentesco sanguíneo, foi-se desenhando uma árvore genealógica com os termos já falados, à medida que foram sendo elaboradas as questões para os próximos termos.

E, por último, sugeriu-se a leitura de texto conforme anexo 2.1 e 2.2, primeiramente o escrito em alemão variedade padrão, anexo 2.1, e, em seguida, na variedade do alemão local, anexo 2.2.

Os informantes tinham conhecimento de que participariam de uma conversação em alemão com mais uma pessoa de outro sexo, com o mesmo grau de formação e na mesma faixa etária. Eles sabiam que as falas seriam gravadas e usadas para pesquisas a favor da valorização do alemão e que mais pessoas seriam entrevistadas nesse local de pesquisa. Informou-se que a entrevistadora guiaria as falas, mas eles não tinham conhecimento anteriormente das etapas conversa livre, questionário geral e lexical e leitura. Orientou-se que seria uma conversação a três (2 informantes e entrevistadora), para a conversa fluir melhor, que eles se sentissem à vontade e falassem como estavam acostumados a falar. Informou-se também que suas falas seriam somente dados, não se avaliando como certas e erradas.

Somente no final da conversação se expôs aos informantes a estrutura das quatro partes da entrevista. Os informantes, na sua maioria, responderam que nem haviam percebido essas diferenças e que se sentiram confortáveis e privilegiados em participar desse momento.

Juntaram-se sempre dois informantes, um feminino e outro masculino, ambos da mesma classe sociocultural e da mesma geração, a fim de se realizar uma conversação. Desta forma, eles se sentiam à vontade e as falas se tornavam naturais. Em algumas conversações da GII houve a presença de outras pessoas, esposas e maridos dos informantes, que acompanharam silenciosamente a conversação. Interferiram em alguns momentos para lembrar de algum termo, que o informante então confirmava. No momento de verificação dos dados, somente foram consideradas as falas dos informantes.

A maioria dos informantes, já nos primeiros contatos, mostrou grande interesse em participar da pesquisa. Com exceção de uma entrevista – a CbGI católica –, todas as demais foram realizadas na casa dos informantes. A conversação com a CbGI M luterana foi realizada sozinha entre informante e pesquisadora. Também a conversação com a CbGI F luterana foi sozinha, mas teve a assistência de membros da família da informante.

As conversações foram realizadas em alemão, e em nenhum momento foi necessário recorrer ao português. Somente em alguns casos os informantes resumiam a pergunta em português para responder em alemão; e, em alguns poucos casos, como veremos na análise dos dados, responderam alguns termos de parentesco em português.

Em poucos casos, houve a necessidade de se insistir em uma resposta, e as sugestões foram feitas somente das variantes em alemão para verificar o conhecimento metalinguístico dos informantes. Como os informantes eram fluentes também em português e o objetivo da pesquisa recai somente sobre o grau de emprego do alemão, não foram feitas sugestões de variáveis em português.

As conversações foram realizadas de forma bem descontraída, com brincadeiras, relato de acontecimentos e situações, e até com piadas. A maioria das entrevistas foi acompanhada com chimarrão e comes. Os informantes se sentiram muito à vontade e até orgulhosos por participarem da pesquisa.

Em Tunápolis, as conversações foram realizadas à noite, na primeira semana de setembro; em Cunha Porã, ocorreram durante o dia, entre os dias 19 de setembro e 12 de outubro. O tempo de duração das conversações permaneceu entre 2 horas e 30 minutos, com a GII, e 1 hora e 15 minutos, com a GI. A GII se empolgava muito e para várias questões lembrava de fatos que relatava livremente.

Para a gravação das conversações, utilizou-se um aparelho gravador Handy Recorder H4n, que permite a gravação de uma grande quantidade de dados em um longo período de tempo sequente, com configuração de microfones para captação nítida de sons.