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4.2 Materiais

4.2.2 Coleta de dados

Foram usadas palavras-chave relacionadas ao tema abordado, na língua portuguesa e inglesa como “Crianças/Childrens”, “Odontologia/Dentistry”, “Promoção à Saúde/Health Promotion”, “Cárie na Infância/Childhood Caries”. Após seleção dos artigos, baseando-se como critérios de inclusão a atualidade e pertinência com o tema, foram realizadas o fichamento do material selecionado, síntese e delimitação das idéias centrais das publicações consultadas, construindo-se assim os eixos da fundamentação da pesquisa.

4.2.2 Coleta de dados

Durante os meses de agosto de 2016 a setembro de 2017 foram realizadas as coletas dos dados. Após a seleção do material, foram analisados os resumos, discussões, resultados, e posteriormente, os artigos na íntegra para verificar se cumpriram ao objetivo do estudo. Após leitura detalhada dos artigos e inclusão no estudo, com base nos achados e dados encontrados, procedeu-se à confecção do texto cientifico e os resultados serão relacionados nos resultados e discussões.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram pesquisados 23 artigos científicos, que abordavam a prevalência e associações da doença cárie dentária na primeira infância.

Rodrigues (2008), pesquisou se a cárie é uma doença e se ela é transmissível, os autores perceberam que a maioria das participantes acreditam que a cárie é uma doença, porém não é transmissível. A afirmação de que a cárie é uma doença está de acordo com inúmeros trabalhos da literatura, sendo, inclusive, de caráter multifatorial. Em relação à transmissibilidade da cárie, observa-se no presente estudo que as mães se encontram desinformadas a esse respeito; Onde a transmissibilidade ocorre de mãe para filho pelo contato físico direto, beijo, ato de assoprar a comida, uso compartilhado de talheres, copos, entre outros meios de contaminação.

Blank, (2012), verificou a indicação quanto ao uso de dentifrícios com flúor, mais de dois terços dos respondentes à enquete afirmaram que não recomendam ou o fazem apenas para crianças com mais de seis anos de idade, o que assinala o desconhecimento das recomendações correntes das autoridades acadêmicas quanto à ênfase que deve ser dada à ação do flúor tópico – em quantidades controladas e supervisionadas – na prevenção da cárie em todas as crianças que tenham dentes. Nesse contexto, o pediatra e o dentista podem estabelecer conexões, para dar à criança o melhor atendimento possível, cujo foco e intensidade se basearão na avaliação permanente do risco de cárie.

Cury e Tenuta (2012), constataram nos EUA um aumento da prevalência de fluorose dentária, desencadeando a realização de pesquisas em todo mundo com a preocupação de determinar o risco que o uso abrangente de dentifrício fluoretado poderia provocar nas populações expostas. Essa preocupação, país que já convive naturalmente com a fluorose devido ao efeito sistêmico da exposição à água fluoretada, serviu de alerta para outros países como o Brasil, que elegeu a fluoretação da água como meio coletivo para controlar a cárie em sua população.

Em países europeus, onde a população está exposta a dentifrícios fluoretados, a maior prevalência de fluorose é observada onde há água fluoretada.

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Em acréscimo, crianças australianas expostas a água e dentifricios fluoretados durante os três primeiros anos de vida, o risco de apresentar fluorose é duas vezes maior pela exposição à água do que ao dentifrício.

Entretanto, esse assunto com relação aos dentifrícios fluoretados não tem sido tratado com base nas melhores evidências científicas disponíveis, a prova disso, é a falta de consenso entre instituições e países quanto às recomendações de sua utilização na primeira infância. A Academia Européia de Odontopediatria recomenda que crianças nas faixas etárias de 6 a 24 meses, 2 a 6 anos e aquelas maiores que 6 utilizem respectivamente cremes dentais com 500, 1000 e 1450 ppm de flúor.

Hanan et al. (2012), ressaltam que todos os açúcares comuns da dieta alimentar são utilizados no metabolismo de energia de muitas bactérias do biofilme, portanto, estando sujeitos a serem fermentados por esses microrganismos. Dentre os açúcares, a sacarose é a que apresenta maior potencial cariogênico, devido ao pequeno tamanho de suas moléculas e a sua facilidade de difusão pelo biofilme. Os autores constatam associações significativas entre consumo de sacarose, refrigerantes e alimentos sólidos cariogênicos com prevalência da doença cárie em crianças. O açúcar refinado (sacarose) é um produto concentrado que o organismo não necessita, ao contrário, rejeita pelos transtornos que causa na química do corpo. A outra metade da sacarose, a frutose, servirá para produzir um acetato, a matéria-prima para a montagem das moléculas de colesterol. O corpo passa, então, a ter falta de cálcio, de magnésio, de zinco, de selênio, entre outros nutrientes protetores, colocando em risco a saúde das crianças.

Castro et al., (2013), analisaram que o fator que influência a qualidade de vida de um indivíduo é a escolaridade, onde a maioria possui apenas o primeiro grau completo, não tem curso superior e conseqüentemente, oportunidades de emprego. Não há perspectiva de futuro melhor para esta população, a maioria conclui o ensino médio e vai para o trabalho na roça, não conseguem adquirir casa própria, o que causa impacto negativo em sua qualidade de vida, pois ficam desmotivados com o seu cuidado em geral, negligenciando sua saúde bucal, inclusive, a saúde bucal das crianças pelas quais são responsáveis.

Lemos (2013), enfatiza que a prática de hábitos corretos alimentares na primeira infância é muito importante, não só pelo fato de evitar o aparecimento de

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lesões cariosas, mas também por constituir a base para os futuros hábitos dietéticos, tornando-se um importante indicador do risco de cárie.

Afonso e Castro (2014), estudaram o delineamento dos cuidados com higiene bucal dos pais ou responsáveis por alunos de um estabelecimento público educativo, em que o nível de escolaridade não foi determinante na construção de hábitos de higiene bucal saudáveis. O número de mães que aceitaram a participar do projeto foi expressivamente maior. Atribui-se a elas um papel fundamental nos cuidados com os filhos, pois, normalmente, são elas que acompanham as necessidades dos mesmos. Assim, confirma-se a importância de integrar as mães nos projetos de saúde bucal direcionados às crianças. Hoje, o Brasil está entre os países cuja população tem baixa incidência de cárie. Metade das crianças brasileiras com 12 anos não tem lesões de cárie, e 17,5 milhões de brasileiros passaram a ir ao dentista entre 2003 e 2008. O levantamento epidemiológico do Ministério da Saúde mostrou que a melhora na saúde bucal do brasileiro é reflexo do Programa Brasil Sorridente.

Nunes e Perosa (2017), analisaram a prevalência de crianças com cárie de certas amostras e relataram ter sido superior ao estipulado pela Organização Mundial de Saúde. A diversidade de resultados talvez se deva à idade dos sujeitos, a diferenças metodológicas, mas, principalmente, a ações preventivas odontológicas muito diversas nas cidades em que se realizaram as pesquisas. Para facilitar o monitoramento e a adesão aos programas de atenção em saúde bucal, tanto curativos, preventivos como educativos, eles precisam ocorrer em contextos que atendam crianças pequenas, nos centros de saúde, nas creches e pré-escolas. Por exemplo, nas creches do município onde se realizou o estudo, não havia uma programação de ações preventivas ou atendimento odontológico de rotina.

Guarienti et al. (2009), acreditam que o impacto na redução da cárie é resultado de investimentos em ações de promoção e educação para a saúde, no nível coletivo e individual, transcendendo a oferta de serviços de ordem apenas curativa, enfatizando a importância da reorientação das concepções e práticas no campo da odontologia. O grande desafio da Odontologia moderna é atuar educando a população, promovendo informações necessárias ao desenvolvimento de hábitos bucais e manutenção da saúde. A política de saúde para a rede pública deve estar engajada nestes princípios para que se construa uma consciência sanitária, a fim de desenvolver o processo de controle social da mesma.

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6 CONCLUSÃO

O grande obstáculo para o sucesso no controle da cárie na primeira infância tem sido a falta de interesse das famílias. Portanto, para promover saúde oral infantil é imprescindível a conscientização, rotinas e hábitos de higiene, comprometimento e assiduidade dos responsáveis aos programas de prevenção, se possível, desde a gestação.

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REFERÊNCIAS

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BLANK, D. Entendimento dos Médicos Pediatras na Recomendação de Cremes Dentais na Primeira Infância. Rev. Fac. Odontol., v. 53, n. 3, p. 36-40, 2012. CANGUSSU, M. C. et al. Fatores de risco para a cárie dental em crianças na primeira infância, Salvador – BA. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., v. 16, n. 1, p. 57-65, 2016

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No documento CÁRIE DENTÁRIA NA PRIMEIRA INFÂNCIA (páginas 30-36)

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