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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

3.3 Coleta de Dados

A pesquisa de campo foi realizada no Brasil, nos anos de 2002 e 2004, e nos Estados Unidos da América, no ano de 2003. Utilizaram-se como técnicas de coleta de dados a observação não-participante, entrevistas semi-estruturadas, e análise documental em cada uma das organizações policiais.

As entrevistas semi-estruturadas tiveram como base um roteiro (APÊNDICE A), elaborado mediante a literatura e discussão sobre o assunto, com o orientador, sobre aspectos do contexto geral de violência e criminalidade, atuação das organizações policiais e teoria de suporte. Pautou-se pelo roteiro, seguindo-o como guia, porém, levando em conta a interação entre o entrevistado e pesquisador, permitindo assim o aprofundamento de assuntos e pontos de vista conforme sugerem Minayo e Souza (2003). As entrevistas semi-estruturadas constituíram-se em uma série de perguntas abertas, realizadas verbalmente em uma ordem prevista, nas quais o entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimento, seguindo proposta de Laville e Dionne (1999). As entrevistas são importantes quando os informantes não podem ser observados diretamente, proporcionam relatos históricos e permitem ao pesquisador “controlar” a linha de questionamento. Por outro lado, as limitações desse tipo de coleta de dados é que informações indiretas podem ser filtradas pelo entrevistado, há sempre influência do ambiente em que é realizada, e as respostas podem ter vieses inadequados, e nem todas as pessoas têm disponibilidade e/ou são articuladas para responder.

A seleção dos atores para as entrevistas também foi difícil, haja vista que nem todos os envolvidos no processo poderiam ser entrevistados. Foram entrevistados membros das duas organizações policiais, respeitando o nível de atividade dentro do estrato organizacional estudado, estratégico, tático e operacional, com policiais exercendo tanto atividades administrativas quanto operacionais.

Os dados obtidos por meio de entrevistas com os atores externos às organizações policiais buscaram entender qual a percepção sobre as estratégias das polícias, e serviram para balizar a percepção da comunidade e acadêmicos sobre a atuação das organizações policiais estudadas. Assim, identificaram-se os traços marcantes da relação dessas instituições com a sociedade, bem como a institucionalização de suas práticas, além da identificação dos atores relevantes para essa institucionalização.

Foram entrevistados membros do corpo administrativo e do corpo operacional das organizações policiais, escolhidos com base em sua posição na organização como ocupantes de postos chave, tanto na cúpula dirigente, bem como com os responsáveis pelos processos de introdução dos novos modelos de policiamento. As entrevistas no Brasil foram realizadas com oficiais da Polícia Militar de Minas Gerais; enquanto no MPD foram entrevistados policiais e civis.

Para uma perspectiva externa às organizações policiais, foram entrevistados acadêmicos com experiência em estudos na área, além de membros dos conselhos de segurança e líderes comunitários, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Optou-se no Brasil pela entrevistas de oficiais por ocuparem postos dirigentes na organização policial, enquanto nos Estados Unidos não houve essa distinção.

A identificação da figura de um informante qualificado em ambas as organizações (um inspetor do MPD e um tenente-coronel na PMMG) facilitou o acesso e a identificação de policiais a serem abordados para a pesquisa. Em diversas ocasiões, um entrevistado apontava outros que pudessem ser entrevistados. O QUADRO 8 sistematiza o conjunto de entrevistados das organizações policiais e acadêmicos, que somam 51 pessoas de extratos e origens diferenciadas.

QUADRO 8

Entrevistas* Realizadas com Membros da Polícia e com Acadêmicos nos Estados Unidos e no Brasil

PAÍS MEMBROS DA POLÍCIA

ENTREVISTADOS (tempo de serviço)

ACADÊMICOS ENTREVISTADOS (formação)

Chief (5 anos) Ph.D Criminal Justice, Washington State University

Estados Unidos Inspector (9 anos) Ph.D Criminal Justice, Temple University

MPD Captain (18 anos) Ph.D Social Work, University of Michigan

Lieutenant (12 anos) Ph.D Sociology, University of Chicago

Lieutenant (n.d) Ph.D Political Science, University of North Carolina Sergeant (22 anos) Ph.D Public Policy, Harvard University

Sergeant a (n.d) Sergeant b (n.d) Sergeant c (n.d) Detective (n.d) Officer (14 anos) Officer a (9 anos) Officer b (9 anos) Officer (n.d) Director a (5 anos) Director b (5 anos) Division Chief (6 anos) Section Chief (5 anos) Section Chief (3 anos) Policy Analyst (5 anos) Policy Analyst (4 anos)

Subtotal 21 6

Brasil Coronel (28 anos) Doutorado Sociologia UFMG

PMMG Coronel (22 anos) Doutorado Sociologia IUPERJ

Tenente Coronel (23 anos) Dra. Sociologia, USP

Major (25 anos) Dr. Ciência Política, IUPERJ

Major (23 anos) Ph.D Sociology, Washington State University

Major (22 anos) Ph.D Political Science, University of New York

Major a (20 anos) Ph.D Law, Harvard University

Major b (20 anos) Major a (17 anos) Major b (17 anos) Capitão (21 anos) Capitão (18 anos) Capitão (16 anos) Capitão (15 anos) Capitão a (14 anos) Capitão b (14 anos) Subtotal 16 7

Total geral 50 entrevistados

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota: * Entrevistas semi-estruturadas enquanto outros depoimentos foram tomados nas reuniões de comunidade. (n.d) não disponível.

Para manutenção do ético sigilo quanto à identidade dos entrevistados (HAGAN, 1997), são indicadas suas patentes e tempo de serviço na respectiva organização policial.

Quanto aos acadêmicos indicou-se sua formação e instituição de obtenção do título acadêmico.

Os documentos foram reunidos ao longo da pesquisa (BRASIL, s.d., 1991, 1995, 2000, 2002; COPS, 1996, 2002, 2003; DISTRICT OF COLUMBIA, 1997a, b, c, d, 1998, 2001a, b, 2002, 2003a, b, c; MINAS GERAIS, 2000, 2002, 2003, 2004; MPD, 1999, 2001a, b, c, 2002a, b, 2003; PMMG, 1993, 1999, 2002a, b, c, 2003, 2004) e seu conteúdo selecionado de acordo com as variáveis escolhidas. A análise documental constou de material público como jornais, tanto institucionais como de grande circulação, Internet; ao passo que documentos internos das organizações policiais pesquisadas foram obtidos mediante solicitação aos informantes. Os documentos são fonte importante para entender-se a linguagem e vocabulário dos informantes, além de poderem ser acessados dentro da conveniência do pesquisador quando permitido, são evidências escritas das instituições e representam dados que os informantes deram-se o trabalho de compilar. Por outro lado, aqueles documentos que não eram de livre acesso ao público requereram do pesquisador maior envolvimento para sua obtenção, além de parte do material ter a possibilidade de não estar completo e alguns dos documentos serem difíceis de precisar a fonte exata (KING, WINCUP, 2000). O acesso a alguns documentos internos das organizações policiais, que dependeram, em alguns casos, de autorização superior, somente puderam ser consultados nas dependências das unidades policiais estudadas.

Foram feitas duas tentativas de utilização da técnica de grupo focal para entrevistas com grupos maiores das instituições, pois essa é uma metodologia de pesquisa qualitativa, que procura obter a opinião detalhada ou o entendimento de determinado grupo sobre assunto específico (MORGAN, 1998), mas por falta de autorização das instituições analisadas, essas entrevistas não foram realizadas. Nas duas organizações policiais, alegou-se falta de tempo disponível para reunir o efetivo sugerido para aplicação do grupo focal.

A observação não-participante, aquela em que o observador procura uma relação neutra ou separada em relação ao ambiente, tem sido útil quando são discutidos tópicos em que pode ser desconfortável para o pesquisador opinar. Assim, o pesquisador trava uma primeira experiência com seus informantes, as informações podem ser gravadas, e aspectos não usuais podem ser percebidos durante a observação. No entanto, o pesquisador pode ser visto como um intruso, informações consideradas como “privadas” podem não ser expressas, o pesquisador pode não ter atenção ou possuir habilidade de observação, e certos tipos de informantes podem ter dificuldades de interação com o pesquisador (CRESWELL, 1998).

Os membros da comunidade foram abordados durante as reuniões com a população, sendo consultadas 10 pessoas nos Estados Unidos e 12 no Brasil. Dentre os indivíduos contatados, cinco eram dirigentes comunitários na cidade norte-americana e cinco eram dirigentes comunitários na cidade brasileira, com o restante sendo participantes das reuniões - porque freqüentavam regularmente as mesmas ou tinham um problema específico de segurança pública para solicitar providências junto da organização policial.

No caso dessa tese, a maioria das observações foi registrada com base em notas de campo, para que as reflexões e impressões pudessem ser interpretadas como parte do processo de pesquisa (FLICK, 2004). A observação não participante foi focada na análise da realidade social baseando-se em uma perspectiva externa, em locais públicos, no caso das reuniões comunitárias e verificação das atividades policiais. As notas obtidas em entrevistas não gravadas eram imediatamente registradas, com a anuência do entrevistado, enquanto os eventos de campo eram registrados em caderno de notas ou logo que possível. As entrevistas gravadas foram transcritas literalmente e seu conteúdo analisado de modo a responder às perguntas de pesquisa. Para manter o ético sigilo dos entrevistados que, em sua maioria, pediram para não serem identificados, conforme previsto por King e Wincup (2000), apenas a sua posição relativa no estrato organizacional foi citada.

Compareceu-se a oito reuniões comunitárias na cidade de Washington, D.C., nos Estados Unidos e o mesmo número de reuniões em Belo Horizonte, MG, Brasil. Nas reuniões comunitárias, o observador procurou observar as mesmas inicialmente como membro da comunidade, ainda que isso fosse parecer improvável em vários dos encontros, realizando as anotações do acontecido e complementando posteriormente. Por duas vezes, nos Estados Unidos, o pesquisador foi abordado por membros da comunidade que perguntaram onde morava e qual era seu interesse na reunião, ou ainda, questionavam se era jornalista ou membro da polícia, talvez pelo fato de tomar notas durante as reuniões. No Brasil, a abordagem ocorreu em todas as reuniões, não se referindo a nenhuma profissão específica.

Das reuniões com a comunidade em D.C., quatro foram realizadas em instalações da polícia, e quatro em instalações comunitárias (duas em igrejas, uma em escola e uma em associação comunitária); enquanto em Belo Horizonte, seis reuniões foram realizadas em instalações da polícia, uma na residência de um cidadão e outra na sede da associação comunitária. O comparecimento total variou de 10 a 80 pessoas nos dois países.

Enquanto todas as reuniões nos Estados Unidos foram conduzidas por pessoas da comunidade, no Brasil todas foram conduzidas por policiais. Nos dois países predominava a

presença de mulheres na platéia, dentre as quais se notou a presença de pessoas mais humildes na audiência norte-americana, ao contrário do Brasil.

Cabe esclarecer que as realidades distintas de atuação das organizações policiais dos dois países foram delineadas, com os processos organizacionais levados a cabo para execução de novos modelos de policiamento analisados. É importante observar que os resultados apresentados nesta tese correspondem a um momento específico na análise das organizações, caracterizando o estudo como transversal para explicação do fenômeno tratado (CRESWELL, 1998).

O processo de coleta de dados iniciou-se com visitas às unidades organizacionais das polícias para levantamento de dados secundários utilizando-se de fontes como os relatórios de atividades das organizações policiais, notícias na imprensa local e conversas exploratórias com membros da polícia, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Dados adicionais foram obtidos por meio da observação sistemática das atividades policiais na cidade de Washington, D.C., e Belo Horizonte, MG, complementadas com troca de idéias com especialistas sobre o assunto, além de permanente acompanhamento da mídia e informações da Internet.

Os dados foram levantados com base no comparecimento às reuniões mencionadas em diversos locais das cidades, e, posteriormente, em entrevistas com membros do “Metropolitan Police Department” e da PMMG. Em Washington, D.C., destaca-se a participação do pesquisador em consulta à comunidade pelo MPD e Prefeitura a partir da realização do evento “Crime Forum II”. Posteriormente foram realizadas diversas reuniões na cidade para discussão da mudança das áreas de patrulhamento comunitário, com mobilização de toda a cidade, que foram acompanhadas para se verificar o grau de interação entre a instituição e os moradores em cada região.

Com a participação em outro evento significativo, o “National Night Out 2003”, de caráter nacional e que mobiliza toda a cidade no desenvolvimento de atividades de interação entre a comunidade e a organização policial nas ruas, pôde-se verificar, de modo prático, ações conjuntas entre os cidadãos e policiais.

No caso de eventos promovidos pela PMMG, destaca-se a participação no “Seminário de Policiamento Comunitário” em 2001 e no “Seminário de Prevenção Ativa” em 2004 com

a participação da comunidade, acadêmicos e policiais.12

Foram realizadas visitas a diversas unidades das organizações policiais, tanto no nível estratégico, como no nível operacional. Em Washington, D.C., visitou-se a sede do departamento de polícia, os seis distritos policiais, um sub-distrito policial, duas unidades especializadas, duas unidades móveis, o centro de comunicação e despacho, além da academia de polícia. Em Belo Horizonte, MG, visitou-se o quartel do comando-geral, quatro batalhões, quatro companhias, uma unidade móvel, o centro de comunicação e despacho, e a academia de polícia. No ambiente real de trabalho foram realizadas observações diretas durante a execução de atividades rotineiras no âmbito de um distrito policial norte-americano e uma companhia de polícia no Brasil, acompanhamento de ações de patrulhamento nos dois países, junto aos agentes policiais em rondas pela cidade, além de participação na reunião semanal de análise de dados da organização policial, nos parâmetros do COMPSTAT, tanto em Washington, D.C., quanto em Belo Horizonte, MG, o que contribuiu para melhor entendimento do funcionamento das organizações policiais em estudo.

No QUADRO 9, resume-se o esquema de coleta de dados: QUADRO 9

Esquema de Coleta de Dados PAÍS ENTREVISTAS COM POLICIAIS ENTREVISTAS COM ACADÊMI- COS REUNIÕES DA COMUNI- DADE EVENTOS PÚBLICOS EVENTOS ACADÊMI- COS ATIVIDA- DES POLICIAIS Estados

Unidos 21* 6 8 II Crime Forum Night Out COPS ACJS COMPSTAT Ride Along

Brasil 16 7 8 Pol. Com.

Prev. Ativa ANPAD ANPOCS Ronda COMPSTAT Total 37 13 16** 4 4 4

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota: * Foram entrevistados sete membros civis do MPD ocupantes de posições relevantes na organização policial.

** Nas reuniões da comunidade nos Estados Unidos foram consultadas 10 pessoas e no Brasil 12 pessoas em um total de 22, conforme explicitado anteriormente.

12 Para ampliar os contatos e aprimorar a discussão teórica sobre o tema de pesquisa, foi valiosa a participação especificamente em quatro eventos acadêmicos, dois em cada país. Inicialmente, no “XXVI Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em Administração”, em 2002, em Salvador, BA, no Brasil, discutiu-se o projeto de pesquisa no Consórcio Doutoral com estudiosos da área de gestão. Em 2003, foi apresentado artigo sobre o tema da violência e criminalidade no Brasil no “40th Academy of Criminal Justice Sciences Meeting”, em Boston, MA, Estados Unidos; enquanto no mesmo ano, em Washington, D.C., durante o “COPS 2003 National Community Policing Conference”, trocaram-se experiências na principal reunião de acadêmicos e policiais sobre a temática de policiamento comunitário nos Estados Unidos, eventos em que o pesquisador pode expressar idéias relativas ao desenvolvimento do trabalho, captar impressões quanto às diferenças entre os dois países e receber sugestões de acadêmicos e especialistas. Em 2004, foi possível a discussão de alguns resultados preliminares da pesquisa no Brasil, em mesa redonda do “XXVIII Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais”, realizado em Caxambu, Minas Gerais.

Para um melhor detalhamento das atividades policiais, foi realizado um acompanhamento das principais notícias na imprensa sobre a atuação da polícia na cidade de Washington, D.C.; e em Belo Horizonte, MG, além dos debates em voga sobre segurança pública na sociedade local, as principais reivindicações da comunidade e a programação de reuniões nas diversas áreas de policiamento. Algumas das principais reportagens de jornais e revistas estão listadas em campo próprio nas referências, e ainda que não citadas no texto, separadas para maior destaque. Ressalta-se que a imprensa foi tomada como um dado nos moldes preconizados por Soares (1993, p. 49), e “não como fonte de dados, pois o que a imprensa publica, assim como o que deixa de publicar revela a seletividade de informações”.

Nos Estados Unidos, algumas dificuldades encontradas no desenvolvimento da pesquisa originaram-se do ambiente político da capital norte-americana, como os alertas contra atentados terroristas, ou as massivas manifestações da população contra a guerra do Iraque, já que a pesquisa ocorreu durante todo o ano de 2003. Esses fatores dificultaram o acesso de um estrangeiro às instalações do departamento de polícia, o que teve de ser contornado após muito tempo de negociação com o comando daquela corporação.

Além disso, avisos de catástrofes naturais, como o Furacão Isabel, e programas de combate à criminalidade e violência lançados pela polícia, como a “Crime Initiative” de agosto de 2003 a janeiro de 2004, mobilizavam a força policial em regime integral de trabalho, e restringiam o acesso às pessoas da instituição, extremamente envolvidas nessas atividades.

O início dos trabalhos foi postergado diversas vezes pelo fato de um estrangeiro buscar compreender alguns aspectos do funcionamento do departamento de polícia da capital do país em tempos de preocupação com a segurança nacional. Enquanto o contato inicial com um dos informantes ocorreu em fevereiro, com uma primeira entrevista em março, a livre franquia ao departamento ocorreu dois meses depois.

Outros empecilhos ocorriam quando do cancelamento das reuniões comunitárias sem aviso prévio ou mudança de seu local13, pois o deslocamento entre os locais na maioria das vezes era difícil de ser realizado por um estrangeiro na cidade.

13 Como ilustração, em determinada ocasião em outubro de 2003, uma reunião da comunidade na área do Police Service Area 202, na sede do distrito policial não foi realizada, e quando da hora programada, ninguém no distrito tinha a menor idéia daquela reunião, com o atendente consultando diversas pessoas via rádio após 15 minutos do horário programado para seu início, sendo que essas consultas levaram em torno de 30 minutos com uma decisão final de que não haveria a reunião, tomada após uma hora do horário previsto para seu início. O que chamou a atenção foi o comentário da atendente, uma policial com a patente de sargento: “as pessoas

preocupam-se apenas com a luta contra o crime, a participação da comunidade depende de como a polícia

No Brasil, as principais dificuldades foram relacionadas ao agendamento de visitas e entrevistas, pois o processo de implementação de novos modelos de policiamento passou por um momento de retomada na época de desenvolvimento da pesquisa; a troca dos ocupantes dos postos de comando, a preocupação da organização policial com os elevados índices de criminalidade e violência, além de um movimento reivindicatório por melhores salários no primeiro semestre de 2004 que mobilizou a cúpula da organização. As dificuldades na obtenção de informações sobre as reuniões dos conselhos comunitários de segurança também foram muitas, pois enquanto na cidade norte-americana há uma ampla divulgação na mídia, no sítio da polícia, de organizações não-governamentais e da comunidade na Internet, na cidade brasileira, a divulgação é restrita, a página na Internet estava sendo construída, e por vezes, os níveis superiores da organização policial não possuíam essa informação atualizada para ser fornecida aos cidadãos ou ao pesquisador quando solicitada14.

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