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COLETA DE DADOS

No documento naryllemariabacelarchaibzanolli (páginas 76-131)

5 METODOLOGIA QUALITATIVA

5.2 COLETA DE DADOS

De forma a enriquecer os resultados obtidos a partir dos dados quantitativos, optou-se por utilizar um dos métodos da pesquisa qualitativa, neste caso, o grupo focal, visando abordar as perspectivas dos participantes quanto à insatisfação e imagem corporais.

Para seu desenvolvimento, tomaram-se como referência duas publicações da autora Uwe Flick: “Introdução à Pesquisa Qualitativa” (FLICK, 2009a) e “Desenho da Pesquisa Qualitativa” (FLICK, 2009b). A partir da leitura de ambos, foi possível traçar a maneira como seriam realizados os grupos, bem como a maneira pela qual se daria a análise dos dados oriundos do método.

Os grupos focais são indicados quando se deseja estudar a interação em um grupo quanto a um tema específico, neste caso, a insatisfação corporal, inclusive tópicos delicados, não sendo recomendado seu uso em estudos cujo objetivo seja evocar narrativas e avaliar atitudes (BARBOUR, 2007 apud FLICK, 2009).

De acordo com Flick (2009a), “os grupos focais partem de uma perspectiva interacionista e buscam mostrar como uma questão é construída e alterada ao ser debatida em uma discussão de grupo”.

Se inicialmente o termo “discussões em grupo” predominava nos primeiros estudos cuja coleta de dados se dava de forma interativa, mais recentemente o método passou a ser designado como “grupo focal” (FLICK, 2009a). Para Morgan (1988), citado por Flick (2009a), “a marca que define os grupos focais é o uso explícito da interação do grupo para a produção de dados e insights que seriam menos acessíveis sem a interação verificada em um grupo.”.

Nas últimas décadas, os grupos focais vêm ganhando mais destaque, sendo utilizados tanto para questões de pesquisa, quanto para propósitos mais pragmáticos, como em marketing, por exemplo. Quanto às questões de pesquisa, o uso dos grupos focais é pertinente quando se deseja observar a interação de um determinado número de pessoas em relação a uma questão. Esta metodologia possibilita ao pesquisador decidir o que quer encontrar, na medida em que os grupos focais incluem várias

alternativas de uso, segundo trabalhos metodológicos a respeito deste método (FLICK, 2009b).

Tradicionalmente, a combinação entre vários métodos qualitativos é chamada de triangulação. Porém, este termo também se refere à combinação destes métodos com os quantitativos, de forma que um complemente o outro, evidenciando-se que os mesmos não são campos rivais, mas complementares, que operam lado a lado, não havendo relação de superioridade entre eles, sejam utilizados simultaneamente ou um após o outro (FLICK, 2009a).

Dentre as limitações do método dos grupos focais, destacam-se a maneira de se documentar os dados e identificar, ao mesmo tempo, os interlocutores; e a diferenciação entre os enunciados de diversos interlocutores paralelos (FLICK, 2009a). Outra dificuldade é a generalização externa dos resultados, que dependerá, principalmente, da diversidade dos grupos (FLICK, 2009b).

A execução dos grupos se deu em momentos próximos, em uma sala disponibilizada pelo colégio. A decisão de utilizar um espaço da própria escola, e aproveitar o horário de aula, justifica-se pelo fato de que alguns alunos não possuíam meios para retornar ao colégio em outro horário, além de tratar-se de um local familiar aos mesmos.

Como essa metodologia proporciona uma interação entre o pesquisador e os participantes, através de um diálogo focado em tópicos específicos e diretivos (IERVOLINO; PELICIONI, 2001), a relação entre a pesquisadora e os estudantes foi favorecida, pois estes se sentiram mais à vontade enquanto grupo.

Na data marcada, a pesquisadora compareceu ao colégio anteriormente ao horário de início dos grupos, para que fosse possível conferir o número de alunos presentes e organizar a sala onde se dariam as atividades. Como o local disponível era amplo, em uma metade foram dispostas cadeiras em número suficiente, de forma que os alunos ficassem em círculo. Na outra metade, foi deixado um espaço para que os alunos pudessem ficar em pé, possibilitando a realização das dinâmicas de grupo anteriores à realização dos grupos focais propriamente ditos.

Cada grupo focal contou com a presença de uma assistente, encarregadas de fazer anotações a respeito das falas e reações dos participantes. Ambas foram

selecionadas por serem integrantes do projeto Impacto das Ações de Educação Nutricional na Construção de Hábitos Alimentares Saudáveis em Adolescentes, ao qual esta pesquisa está vinculada, sendo, portanto, conhecidas dos estudantes.

Antes do início das atividades, a pesquisadora se (re)apresentou e questionou se os alunos se lembravam dela, sendo que a maioria respondeu que sim. Ao se remeter à escala de silhuetas por ela aplicada, todos acabaram se lembrando. Além disso, a pesquisadora esteve com eles em outras oportunidades, devido ao projeto supracitado.

A seguir, foi explicado que seriam realizadas algumas atividades e que tudo deveria ser sigiloso, tanto da parte da pesquisadora quanto da deles. Também foi dito que a conversa seria gravada, mas não filmada, sendo mostrado o gravador digital a ser utilizado. Cada participante recebeu um crachá com seu nome, para facilitar as anotações da pesquisadora e das assistentes e a posterior transcrição dos dados.

Para entrosar os alunos, já que alguns eram de classes diferentes, e para familiarizá-los com a temática, a pesquisadora desenvolveu, previamente, duas dinâmicas de grupo. A primeira, intitulada Seu eu em mim, meu eu em você, deu-se a partir da formação de um círculo, com os participantes em pé. O primeiro participante deveria olhar para o colega da esquerda e dizer qual parte do corpo deste colega gostaria que fosse sua e qual parte era parecida com uma parte do seu próprio corpo. A atividade terminava quando todos haviam se manifestado.

Para a segunda dinâmica, intitulada Tipos de corpos, foi desenvolvida uma lista contendo os seguintes componentes do corpo: cabelo, olhos, nariz, boca, orelhas, braços, seios, barriga, quadril ou bumbum, pernas, pés e pele. Os participantes foram orientados a dizer os tipos existentes de cada parte do corpo (formato, tamanho, cor etc) à medida que a pesquisadora verbalizava cada uma delas.

Após as dinâmicas, os alunos foram convidados a sentar-se no círculo de cadeiras. Houve uma explicação de que aquele momento seria uma conversa, um bate papo, e que todos deveriam se manifestar, expressando suas opiniões. Foi enfocado que, por se tratarem de opiniões, não haveria certo ou errado.

Para conduzir os grupos focais de forma adequada, foi elaborado um roteiro com tópicos pertinentes, mediante leitura a respeito da temática da insatisfação corporal.

Um dos fatores importantes a serem considerados ao se trabalhar com grupos focais é produzir certa informalidade na discussão. O moderador deve proporcionar um clima liberal, facilitando a contribuição dos participantes, sem, no entanto, permitir que eles se dispersem (PUTCHA; POTTER, 2004 apud FLICK, 2009a).

Desta forma, procurou-se utilizar uma linguagem coloquial próxima a dos participantes, para que eles se sentissem mais à vontade e para facilitar a compreensão por parte dos mesmos. Quando necessário, foram feitas algumas perguntas para esclarecer melhor o que o participante estava tentando dizer.

O roteiro continha os seguintes tópicos:

1. Insatisfação Corporal – conceito;

2. Mudanças Corporais – pessoas que as realizam; própria vontade em realizar; tipos e meios de realizá-las;

3. Corpo Ideal – como é, quem possui e onde encontramos; 4. O Próprio Corpo – comportamento quanto a ele.

O primeiro tópico tinha como objetivo verificar o que os participantes entendiam por insatisfação corporal, enquanto o segundo objetivava abordar suas impressões a respeito das pessoas que fazem mudanças em seus corpos por não estarem satisfeitas com eles, além da vontade dos próprios participantes em realizá-las e das maneiras existentes para fazê-las.

A abordagem do terceiro tópico visava observar o que os estudantes julgavam ser um corpo ideal, por meio de descrições feitas por eles e também por meio de exemplos. Por fim, o último tópico objetivou verificar o comportamento e impressões dos participantes quanto ao próprio corpo.

Ao fim da realização de cada grupo, a pesquisadora agradeceu a participação de todos e questionou se algum participante gostaria de tecer algum comentário, mas nenhum demonstrou essa vontade. As transcrições foram realizadas na mesma data da execução dos grupos, o que facilitou a compreensão de alguma informação não capturada pelas gravações ou pelas assistentes.

5.3 ANÁLISE DOS DADOS

Para realizar a análise de dados provenientes dos grupos focais, pode-se utilizar os conteúdos provenientes das discussões ou realizar codificações sistemáticas e análises de conteúdo das falas (FLICK, 2009a).

Como foram realizados dois grupos focais, a análise de conteúdo e as codificações não se fizeram pertinentes, optando-se por utilizar diretamente os conteúdos originados através das discussões em grupo. Desta forma, foram realizadas leituras sistemáticas dos dados obtidos, destacando-se considerações feitas pelos participantes dentro dos tópicos abordados.

Por terem sido realizados dois grupos focais diferentes, foi possível tecer algumas observações de forma comparativa entre eles. De acordo com Flick (2009a), se o pesquisador objetiva realizar comparações entre grupos, o ideal é que considere cada grupo isolado como uma unidade, concentrando a comparação nos tópicos mencionados pelos grupos, nas atitudes variadas dos membros quanto a tais tópicos e nos resultados das discussões em si obtidas em cada grupo.

5.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.4.1 Dinâmicas de grupo

Na primeira dinâmica de grupo, “Seu eu em mim, meu eu em você”, tanto os participantes do Grupo 1 quanto os do Grupo 2 afirmaram, em sua maioria, que gostariam de ter o cabelo ou os olhos do colega, quando questionados sobre esse desejo. Ao terem que dizer o que o colega possuía que se parecia com si próprio, muitos disseram não encontrar nenhuma semelhança em um primeiro momento, mas acabaram por ver alguma, devido ao encorajamento da pesquisadora: “Ah, não é

possível, olhe bem, alguma coisa deve ser parecida.”. As partes escolhidas também foram, na maioria das vezes, em ambos os grupos, cabelo e olhos. Outras respostas foram cor da pele, sobrancelhas, cílios, nariz, orelhas, unhas, boca e pé. Um dos alunos disse que gostaria de ter a língua igual à da colega, despertando a curiosidade de todos. Ele se justificou dizendo que era porque a colega “tinha resposta para tudo”.

O Quadro 1 contém o resultado obtido através da segunda dinâmica, “Partes do corpo”, em que é possível perceber as diferentes características citadas pelos participantes quanto às partes do corpo apontadas pela pesquisadora.

PARTE DO CORPO GRUPO 1 GRUPO 2

Cabelo Curto, liso, duro, cacheado,

loiro, preto, azul, rosa.

Grande, pequeno, liso,

cacheado, ondulado,

castanho, preto, vermelho, loiro, azul, branco.

Olhos Azuis, verdes, pretos,

pequenos, japonesinho,

arregalados, grandes.

Azuis, pretos, verdes,

marrons, amarelados,

gigantes, pequenos.

Nariz Pontudo, enorme, grosso,

de bruxa.

Grande, pequeno, fino,

amassado.

Boca Rosa, grandona, carnuda,

seca, descascada,

pequena, beiço grande.

Grande, pequena, bonita, lábios finos ou grossos, preta, roxa (quando sai da água), vermelha.

Orelhas Grandes, pequenas,

enormes, largas, cheias de craca, pontudas.

Pequenas, orelhão, caídas.

Braços Grandes, pequenos, finos,

grossos, musculosos.

Fortes, finos, osso puro, musculosos.

Seios (mulheres) Macios, murchos, gigantes,

duros quando tem silicone.

Grandes, pequenos, caídos, murchos, com silicone, tipo melancia.

Peito (homem) Forte, pequeno, duro, peludo.

Pequeno, reto, peludo,

musculoso.

Barriga Grande, gorda, pequena,

magrinha, aparecendo os ossos, sarada, tanquinho, enorme e dura quando é de grávida.

Magra, gorda, seca,

cheinha, sarada.

Quadril/bumbum Duro, mole, grande,

pequeno, caído, sem

bunda, murcho, durinho.

Grande, redondo, achatado, empinado, reto, sem bunda.

Pernas Grandes, gordas,

pequenas, roxas pelo frio, duras.

Grossas, finas, duras, com celulite.

Pés Pequenos, grandes,

achatados, com chulé.

Com os dedos tortos,

calcanhar ressecado,

pequenininhos, pezão.

Pele Branca, morena, preta,

branquela, macia, áspera, oleosa.

Branca, amarelada, azul –

quando a pessoa muito é preta, macia, dura.

Quadro 1. Dinâmica “Partes do corpo”. Fonte: Dados do estudo.

5.4.2 Grupos focais

De acordo com Santos (1999, p.202),

Os discursos sobre o corpo nos falam de promessas, falam de nós. No entanto, mais do que falar, mais do que descrever como somos, eles nos produzem, nos instituem como sujeitos deste tempo.

Antes de tratarmos dos resultados obtidos durante a execução dos grupos focais, é importante observar que o segundo grupo apresentou-se mais disperso durante as atividades quando comparado ao primeiro. Talvez isto tenha se dado pelo fato de o

segundo grupo focal ter sido realizado após o intervalo da escola, havendo maior agitação entre os alunos. As falas provenientes das discussões foram referenciadas com as letras “M” ou “F” seguidas de um número, remetendo-se aos participantes do sexo masculino e feminino, respectivamente.

Quanto ao primeiro tópico do roteiro, Insatisfação Corporal, não houve uma discussão muito intensa, visto que ambos os grupos consideraram que o termo refere- se àquela pessoa que não está satisfeita ou que não gosta de seu próprio corpo, ou, ainda, de alguma parte específica dele. A insatisfação seria o contrário da satisfação. Uma integrante do Grupo 1 (G1) afirmou:

É o que a minha mãe sente, porque não tá satisfeita com o corpo dela e vive reclamando. (F.1, 8 anos)

Já uma integrante do Grupo 2 (G2) considerou:

É quando tá de TPM (tensão pré-menstrual). (F.2, 11 anos)

Na primeira fala, podemos observar que a referência de insatisfação corporal que a aluna possui é a de um membro da família, no caso, a própria mãe. Ao tomarmos a família como um dos fatores de influência sobre a imagem corporal de crianças e adolescentes (CONTI et al., 2010), devemos considerar que esta mãe, provavelmente, está influenciando a imagem da filha ao demonstrar sua concepção de corpo e seu descontentamento corporal.

Em relação ao segundo tópico Mudanças Corporais, foi possível observar tanto a concordância como a discordância com as mudanças corporais realizadas por algumas pessoas, em ambos os grupos.

Entre os integrantes do G1, podemos destacar:

Eu acho bom! A pessoa vai se sentir melhor. Se ela não gostar de como ela é, se ela mudar, ela vai gostar, porque vai ficar do jeito que ela quer.

Eu acho que eu não gostaria de fazer isso, porque a pessoa... Deus criou a pessoa assim, e ela quer mudar o corpo dela? Ela foi feita assim, ela tem que gostar do corpo dela do jeito que ela é! (F.4, 10 anos)

Já no G2, um dos integrantes afirmou:

Eu acho certo, tem que mudar tudo mesmo! Se não tá feliz, tem que mudar! (F.5, 10 anos)

Enquanto outros discordaram:

Eu acho errado, porque eu acho que se a gente nasceu assim, tem que ficar assim, ué... Não tem que mudar. (F.2, 11 anos)

Eu acho errado. Deus fez a gente assim, não precisa mudar. A gente tem que ser do jeito que a gente é. (M.1, 10 anos)

Interessante notar que aqueles que concordavam em realizar mudanças corporais, utilizaram a referência ao bem estar, à felicidade. Já alguns daqueles que discordavam de tais mudanças, utilizaram-se da justificativa da obediência e conformação mediante a criação divina, o que nos remete ao corpo como algo sagrado. Quando questionados a respeito da vontade de realizar alguma mudança no próprio corpo, no presente ou no futuro, foi possível observar que a grande maioria, nos dois grupos, gostaria de realizar uma ou mais mudanças. Entre os integrantes do G1, foram expostas as vontades de mudança na altura – ser mais baixo ou mais alto, de ter um cabelo diferente, de afinar ou diminuir o nariz, de retardar o envelhecimento, de retirar alguma cicatriz e, em grande parte, de emagrecer.

Entre os componentes do G2, observou-se o desejo de mudança da cor dos olhos, de aumentar a boca, mudar o cabelo, diminuir a barriga e o nariz. Duas participantes, uma com a pele branca e outra com a pele negra, respectivamente, manifestaram a vontade de alterar sua cor:

Eu queria mudar a cor da minha pele. Eu queria ser mais branca. (F.6, 9

anos)

Duas outras disseram querer mudar o corpo todo:

Eu queria mudar tudo, eu não gosto de mim. (F.7, 10 anos)

Eu quero mudar o corpo inteiro, só o olho que não. (F.8, 8 anos)

Em estudo desenvolvido com adolescentes por Braga, Molina e Figueiredo (2010), observou-se que, apesar de alguns dizerem estar contentes com seus corpos, outros manifestaram o desejo de realizar alterações nos mesmos, tais como aumento de massa muscular, maior definição dos músculos e diminuição de algumas partes do corpo, como barriga e coxas. Foi demonstrado também o desejo de emagrecer, pois alguns se consideravam gordos, além da vontade de possuir cabelos lisos.

Quanto ao desejo das participantes em possuir uma pele mais clara, devemos considerar o padrão de beleza atual, com a exposição de figuras de mulheres loiras e claras, mas também temos que considerar o histórico de preconceito racial em nosso país e no mundo. De acordo com Carvalho (2008) o racismo fenotípico intenso é algo que caracteriza a nossa era, em todo o planeta. Os indivíduos que denominamos como caucasianos, ou seja, com pele e olhos claros, cabelos lisos e narizes finos definiram um padrão de valor e beleza para toda a humanidade, e o impuseram a todo o resto do mundo.

Diante das afirmações quanto ao desejo de mudanças corporais, foi questionado aos participantes se alguém já havia lhes dito que precisavam realizar alguma. Muitos responderam afirmativamente, evidenciando que algum familiar havia sugerido a mudança, especialmente o pai – ou padrasto – e a mãe, como podemos observar nas seguintes falas provenientes do primeiro grupo:

Ih, meu padrasto fala muito na minha cabeça, pra eu mudar meu cabelo. Nossa, tenho vontade de dar um soco no meio da cara dele (risos). (F.3,

11 anos)

Minha cabeça... Minha mãe diz que eu sou muito cabeçudo (risos). (M.2,

Meu pai fala que eu tenho que emagrecer. (F.9, 9 anos)

Minha mãe fala: para de comer que sua barriga tá crescendo! (F.3, 11

anos)

Minha mãe fala a mesma coisa (parar de comer), mas eu falo para ela que eu tô em fase de crescimento, por isso estou comendo bastante.

(M.3, 11 anos)

Ainda nesse sentido, podemos observar a mesma influência familiar nas mudanças corporais entre os membros do segundo grupo:

Minha mãe fala que eu preciso diminuir minha barriga. Fala que eu tô muito gorda. (F.10, 11 anos)

Meu cabelo era cacheado, mas minha mãe mudou meu cabelo, alisou ele. Mas eu não queria... É melhor cabelo cacheado, porque aí você pode fazer piastra (chapinha) e depois você pode molhar que volta ao normal. (F.11, 9 anos)

As falas acima vêm de encontro, novamente, ao fato de que a família é um dos principais fatores de influência sobre a imagem corporal de crianças e adolescentes (CONTI et al., 2010). Ainda que a criança ou o adolescente não deseje realizar alguma mudança, como observado na última fala, por vezes a vontade do familiar prevalece.

Ainda dentro do segundo tópico, Mudanças Corporais, os dois grupos citaram maneiras semelhantes de se alterar o corpo, como a alimentação saudável, o uso de medicamentos, as cirurgias plásticas – abrangendo implantes de silicone e lipoaspiração, além da cirurgia de redução de estômago. Também foram citadas as dietas, ou regimes, como alguns denominaram, e a prática de atividade física.

Quando questionados quanto à prática de atividade física, nem todos afirmaram realizar alguma, sendo que os integrantes do G1 disseram jogar bola, andar de bicicleta, fazer natação, jogar futebol e brincar. Os alunos do G2 afirmaram, além das atividades citadas pelo G1, andar de skate, de patins e lutar karatê.

Quanto às dietas, apenas uma integrante do G1 afirmou estar fazendo uso de alguma. Trata-se da mesma aluna cuja mãe diz que ela precisa emagrecer e diminuir a barriga. Tal aluna disse “estar de dieta” porque está tentando ficar magra. Afirmou, ainda, que foi a própria mãe quem “passou a dieta”. Diante disso, uma outra integrante

alertou que ela não devia adotar tal prática, pois seu corpo ainda iria mudar de acordo com a idade, querendo dizer que a colega ainda era muito nova para se preocupar com isso.

Quando questionados a respeito dos motivos que levam as pessoas a fazerem dietas e atividade física, a maioria se referiu à preocupação em ter um corpo bonito ou em ficar magro. Apenas um integrante, entre os dois grupos, se referiu à busca da saúde como motivo. Neste ponto, é importante frisar a importância da prática de atividade física, visto que alguns participantes disseram não praticar nenhuma, e da adoção de uma alimentação saudável, ao invés do ato de “fazer dieta”, ambas com o intuito de promover a saúde, e não apenas de se alcançar a beleza.

Para que fosse abordado o terceiro tópico, Corpo Ideal, foi solicitado que os

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