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4. ÁREA DE ESTUDO

5.2 Coleta de Dados Primários 1 Dados de Desembarque

As informações sobre as capturas de peixes na região da Costa do Dendê foram coletadas no âmbito do programa REVIZEE Score - Central, e disponibilizados pela coordenação do Laboratório de Biologia Pesqueira da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS. As amostragens dos desembarques ocorreram entre setembro de 1997 e outubro de 1999, na sede do município de Valença, totalizando 223 desembarques amostrados.

A coleta de informações obedeceu aos seguintes procedimentos: (i) identificação das espécies capturadas, (ii) tomada dos dados biométricos, (iii) pesagem do pescado, (iv) entrevista dirigida ao mestre da embarcação (Anexos 2 e 3). As entrevistas tiveram como objetivo caracterizar detalhadamente o esforço de pesca empregado e identificar as principais características da atividade. Dentre estas foi solicitado aos pescadores que identificassem a área (ou áreas) de pesca visitadas.

Foi feita uma análise exploratória do banco de dados do REVIZEE para serem consideradas nesta avaliação somente capturas realizadas em uma única área de pesca, garantindo que os espécimes identificados tenham se originado de uma área especifica de pesca. Após esta triagem restaram 57 desembarques distribuídos em seis pesqueiros denominados: (i) Coroa da Cavala, (ii) Coroa do Peixe Porco, (iii) Coroa de Roxo, (iv) Rêgo da Caranha, (v) Coroa de Raimundo e (vi) 35 de Paulo (Tabela 1) (Figura 6).

Tabela 1 – Síntese sobre os desembarques analisados no presente estudo. Pesqueiro N visitas recebidas % do total de desembarques N espécies capturadas N indivíduos capturados % do número de indivíduos capturados Coroa da Cavala 20 35 28 113 28 Rêgo da Caranha 16 28 29 129 32 Coroa de Roxo 7 12 21 56 14 Coroa de Raimundo 6 11 22 44 11 35 de Paulo 5 9 17 39 10

Coroa do Peixe Porco 3 5 17 21 5

Total 57 100 38 402 100

Para a análise do hábito de vida predominante dos peixes capturados em cada pesqueiro, utilizaremos a seguinte classificação: (i) Pelágico: espécies que nunca vão ao fundo para se alimentar, passando a maior parte do tempo em regiões superiores da coluna d’água, (ii) Pelágico/Fundo: espécies que passam uma boa parte do tempo na coluna d’água, mas alimentam-se em regiões proximas ao fundo submarino, incluíndo na sua dieta invertebrados bentônicos, e (iii) Demersal: espécie que tem por hábito viver próximo ao fundo submarino, e se alimenta de invertebrados bentônicos e pequenos peixes demersais.

5.2.2 Marcação dos Pesqueiros Tradicionais da Costa do Dendê

Os seis pesqueiros relacionados na etapa anterior foram marcados com a orientação de um mestre de pesca experiente que trabalha na região, e com o auxílio de um receptor GPS Modelo Garmin CSx. Esta marcação foi feita no período 18-21 de Janeiro de 2003.

5.2.3 – Batimetria Detalhada do Pesqueiro Coroa da Cavala

No pesqueiro Coroa da Cavala, que recebeu o maior número de visitas, segundo os dados de desembarque, foi feito um levantamento detalhado da batimetria com o auxílio de um ecobatímetro da marca Furuno. A campanha foi realizada nos dias 16 e 17 de Setembro de 2004. O objetivo deste levantamento batimétrico foi o de obter uma melhor compreensão da paisagem submarina nesta área de pesca.

5.2.4 Coleta de amostras de Sedimento Superficial do Fundo e Macrobentos Para a coleta das amostras de sedimento e de Bentos foi utilizado um busca-fundo do tipo Van Veen, com a capacidade de 5L de sedimento. Foram coletadas amostras de sedimento e macrobentos nos seis pesqueiros estudados: (i) Coroa da Cavala, (ii) Coroa

do Peixe Porco, (iii) Coroa de Roxo, (iv) Coroa de Raimundo, (v) 35 de Paulo e (vi) Rêgo da Caranha. A coleta foi realizada entre os dias 17 e 23 de Janeiro de 2005. A viagem foi realizada em um barco do tipo “convés lavado”, com 12 mts de comprimento, casco de madeira, utilizado na pesca de camarão com redes de arrasto. Esta embarcação foi escolhida por ter um guincho instalado, o que facilitaria o recolhimento do busca fundo.

A amostragem do macrobentos teve um caráter qualitativo e foi realizada apenas uma amostragem durante o verão. Isso ocorreu devido às dificuldades de realização destas coletas em outros períodos do ano. Devido às distâncias dos pesqueiros em relação a linha de costa, as condições de onda no inverno, e a precariedade da embarcação, tornariam as coletas inseguras para a equipe de campo.

Em cada pesqueiro foi feita a coleta de cinco amostras de sedimento e bentos (Figura 6). Os pontos de amostragem foram distribuídos em radiais à partir de um ponto central coincidente com o centro do pesqueiro, marcado com receptor GPS conforme descrito anteriormente, de tal modo que a distância entre os pontos amostrados ficou em 500m.

A distância entre as amostras baseou-se em trabalhos que demonstram que espécies que vivem associadas com fundos consolidados, a exemplo dos Vermelhos (Lutjanidae) e Quatingas (Haemulidae) podem realizar pequenas migrações diárias para sua área de alimentação, afastando-se até 1,3km da sua área de permanência. Dessa forma, devido a predominância de espécies que vivem associadas a feições consolidadas, ou utilizam estas feições como áreas de alimentação, essa distância foi considerada como sendo freqüentadas pela mesma comunidade de peixes, e portanto este limite garantiria que as amostras seriam coletadas no interior dos pesqueiros ou sob sua influência imediata (Lowe-Mcconnell 1987; Leis 1996; Pihl & Wennhage 2002; Depczynski & Bellwood 2003).

A coleta foi realizada com um busca-fundo do tipo “VanVeen” com 5L de capacidade. Para padronizar a amostragem ficou determinado que o primeiro lance do busca fundo foi para a coleta de amostra do sedimento superficial, e o segundo lance para a coleta de macrobentos.

Feito o primeiro lance, para a amostra de sedimento, a mesma foi colocada em uma bandeja plástica, foi fotografada e posteriormente acondicionada em sacos plásticos duplos devidamente etiquetados. No segundo lance, para a coleta do bentos, todo o seu conteúdo foi colocado em uma bandeja plástica, onde a amostra foi peneirada, com uma

peneira doméstica comum com malha de 0,5mm para a retirada do sedimento mais fino, sendo então fotografada e acondicionada em potes plásticos contendo solução de formalina a 5% para posterior triagem em laboratório (Fig. 7).

Figura 6 – Pontos de amostragem de bentos e sedimento nos pesqueiros da Costa do Dendê. Fonte:Dominguez 2009

Figura - 7 Coleta das amostras de bentos e sedimento realizado no campo em Janeiro de 2005.

5.2.5 Análise da Fisiografia da Plataforma na Costa do Dendê

A análise da fisiografia da plataforma continental nas vizinhanças dos pesqueiros foi feita com base em perfis batimétricos realizados como parte do Projeto Costa do Dendê e disponibilizados pelo professor orientador. Foram analisados sete perfis batimétricos

transversais, três perfis longitudinais e três perfis diagonais. Estes perfis foram escolhidos por estarem nas proximidades dos pesqueiros estudados.