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Coleta de Dados, Técnica de Pesquisa e Seleção dos Sujeitos

No documento Download/Open (páginas 36-39)

Essa base teórica nos permitiu desenhar um modelo metodológico guiado pela sistematicidade dos conceitos centrais: antagonismo, significante vazio, prática articulatória e hegemonia. O discurso representa, para a pesquisa, o terreno que prenuncia as possibilidades de conteúdo da relação MIEIB-GOVERNOS (FHC, Lula e Dilma). Desse modo, partimos de

uma abordagem que critica os modelos totalizantes (OLIVEIRA, 2018). A partir de tais pressupostos, construímos a seguinte questão: como o discurso hegemônico do MIEIB influenciou a construção de uma política para Educação Infantil nos governos recentes (FHC, Lula e Dilma)?

Para responder à questão de pesquisa faz-se necessário compreender o jogo correspondente à atuação dos sujeitos políticos envolvidos nos elementos/momentos que constituem as práticas articulatórias. Desse modo, a atuação das intelectuais orgânicas do MIEIB nos contexto de influência e construção do texto da política e o ambiente atravessado por relações de hegemonia nos permite perceber as interações discursivas como flutuações e negociações dos processos articulatórios.

Nesse sentido, optamos pelas técnicas de análise documental, observações e entrevistas. A primeira visa constituir o corpus documental. Fundamentamo-nos em Minayo (2009) e Bardin (2009, p.122) “conjunto de documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos”. Nossa composição de materiais pautou-se por alguns critérios orientadores, consideramos as dimensões de relevância histórica, bem como, elementos que indicassem disputas hegemônicas e deslocamentos de sentidos.

No caso dos documentos emitidos pelo MIEIB, foram considerados aqueles que: a) relacionassem temáticas sobre funcionalidade da Educação Infantil, como primeira etapa de educação básica, infraestrutura e qualidade;

b) documentos produzidos e emitidos durante os governos Lula e Dilma;

As buscas por documentos na página oficial do movimento na internet nos levaram as cartas dos Encontros Nacionais do MIEIB. Elas atendiam rigorosamente aos critérios elencados e apresentavam de forma sistemática as demandas pelas quais o movimento investiu e investe suas ações. Permitindo-nos também construir uma trajetória cronológica da atuação do movimento, do ponto de vista dos discursos encontrados.

QUADRO 1 – DOCUMENTOS PRODUZIDOS PELO MIEIB CARTAS DOS ENCONTROS NACIONAIS Carta de Natal - Encontro Nacional do MIEIB (2006)

Carta de São Luís - Encontro Nacional do MIEIB (2007) Carta de Porto Alegre - Encontro Nacional do MIEIB (2008)

Carta de Balneário Camboriú - Encontro Nacional do MIEIB (2009) Carta de Belém - Encontro Nacional do MIEIB (2010)

Carta de Salvador - Encontro Nacional do MIEIB (2011) Carta Aberta do MIEIB (Vitória) - Encontro Nacional (2012) Carta de Brasília - Encontro Nacional do MIEIB (2013) Carta de Cuiabá- Encontro Nacional do MIEIB (2014) Carta de Fortaleza - Encontro Nacional do MIEIB (2015) Carta de Curitiba - Encontro Nacional do MIEIB (2016)

Carta Compromisso do MIEIB (Belo Horizonte) - Encontro Nacional (2017) Carta Compromisso do MIEIB (Manaus) Encontro Nacional (2018)

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Na seleção dos documentos emitidos pelo GOVERNOS-COEDI/MEC, o critério consistiu: publicações que tiveram o MIEIB como interlocutor ou colaborador em sua sistematização e redação. Nosso levantamento no site do Ministério da Educação indicou uma gama de documentos construídos com a colaboração do MIEIB nos últimos anos. O que nos levou a refinar a seleção para aqueles relativos à organização pedagógica da Educação Infantil. Assim, pareceu-nos que a reformulação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI poderia ofertar maiores contribuições, no governo Lula. Em primeiro lugar, pela enfática menção delas realizada pela MIEIB, por sua construção dialogada e orientada por muitos de suas intelectuais orgânicas. E, em segundo lugar, pela possibilidade comparativa dos sentidos expressos na sua reformulação 2009/2010, no governo Lula, com a primeira versão no governo FHC em 1999. Já no governo Dilma Avaliação em Educação Infantil a partir da Avaliação de Contexto e, a primeira e segunda versão da BNCC, por indicarem dimensões curriculares amplas tensionadas por influências neoliberais (grupos, institutos e fundações empresariais) que elegeram a Educação Infantil como nicho fundamental do mercado educacional.

QUADRO 2 – DOCUMENTOS PRODUZIDOS PELA COEDI- MEC

DOCUMENTOS COEDI/MEC COM PARTICIPAÇÃO DO MIEIB Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI 1999 (FHC) Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI 2009/2010(LULA) Avaliação em Educação Infantil a partir da Avaliação de Contexto (DILMA)

Base Nacional Comum Curricular (1ª e 2ª versão) Fonte: Elaboração própria, 2019.

Para suprir eventuais lacunas em nossa análise documental, nossa segunda, opção de coleta de dados, elegeu a observação de encontros regionais do MIEIB (2017, 2018) e entrevista semiestruturada.

A observação ocorreu nos Encontros Regionais Nordeste (2017, 2018), com o objetivo de perceber as dinâmicas internas do grupo, sua organização, como se davam as relações de poder, como abordavam as temáticas gerais da agenda nacional e de como o movimento estabelecia sua própria pauta.

Concernente ao processo de seleção dos entrevistados, este esteve condicionado ao problema e aos objetivos da pesquisa. A seleção dos participantes considerou a inserção institucional dos (as) mesmos (as). Nessa linha organizativa, os critérios para a escolha dos sujeitos verteu sobre:

a) pessoas que participam ativamente do MIEIB e que no período de interlocução ocuparam junto ao MEC alguma função ou cargo na COEDI.

b) pessoas que são do MIEIB e possuem uma posição crítica dessa relação (governo e movimento).

Assim, reconhecemos que as entrevistas e os sujeitos compreendidos nesses critérios nos possibilitaram descortinar melhor o contexto de influência e produção do texto da política de Educação Infantil (BALL, 1992). Nesse sentido, foram realizadas seis entrevistas com o objetivo de recuperamos informações pertinentes a esses processos políticos (YIN, p.118, 2015), construídos a partir das reflexões dos sujeitos sobre a realidade que estes vivenciaram (MINAYO, 2009). Como também, por outra via, as entrevistas nos forneceram dados de perfilhamento das intelectuais orgânicas do movimento. Para tanto, o roteiro semiestruturado das entrevistas foi elaborado com categorização: perfil profissional, relação com o movimento, projeto político do movimento, estratégias do movimento, avaliação do movimento e sua relação com o governo federal (em apêndice).

2.2 Procedimentos de análise dos dados

No tratamento dos dados, nosso empenho inicial questionou a estruturação e funcionamento dos discursos proferidos sobre a Educação Infantil e os condicionantes que o mobilizam, a identificação dos antagonismos (sentido político), movimento que constitui as relações entre identidades já existentes, parte de um sistema de significação (inclusão e exclusão de sentidos). Assim, procuramos descrever as causas, as condições e a resolução do

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