• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3: ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

3.3 Coleta de informações e produção de dados

A produção de dados deste estudo ocorreu por meio de observações das aulas (registradas no diário de campo da pesquisadora e ampliadas pela transcrição das gravações em áudio e vídeo) e registros produzidos pelos estudantes em folhas de papel, mas, principalmente, no GeoGebra. Aqui, o Gravador de Passos do Windows51 teve um papel importante, ao permitir capturar imagens da tela do computador, enquanto os alunos trabalhavam no GeoGebra.

A observação das aulas se deu de modo participante52 e se desenvolveu ao longo dos encontros com os alunos. Com isso, as observações foram um dos principais instrumentos, pois o trabalho de campo se desenvolveu no ambiente natural de sala de aula.

48

Na turma não escolhida, havia muitos alunos infrequentes.

49 Entendemos uma tarefa matemática em um sentido próximo ao proposto por Stein e Smith (2009). Uma tarefa matemática é uma parte da aula desta disciplina que tem como objetivo desenvolver uma determinada ideia matemática, que pode estar relacionada a um ou mais problemas (complexos ou não). Portanto, desde o estudo piloto, elaboramos tarefas matemáticas que envolveram conhecimentos históricos acerca da Biblioteca de Alexandria, sobre Euclides e a Matemática do seu tempo, bem como sobre algumas proposições do Livro I de os “Elementos”. Procuramos realizar o trabalho propondo, principalmente, construções geométricas realizadas com materiais de desenho geométrico e no ambiente GeoGebra. A partir dos resultados obtidos com o estudo piloto, refletimos sobre a proposta (conforme mencionado no capítulo anterior) e a reformulamos. Buscamos elaborar tarefas matemáticas “que exigem que os alunos pensem conceitualmente e que os estimulem a fazer conexões que representam um tipo diferente de oportunidade para os alunos pensarem” (STEIN; SMITH, 2009, p. 22).

50

Nome fictício atribuído ao novo professor da classe.

51 O Gravador de Passos do Windows é um programa que pode capturar telas do computador a cada clique. Esse programa permite ver os passos seguidos pelos alunos no GeoGebra. O “Protocolo de construção” do GeoGebra também é uma ferramenta que permite verificar os passos, entretanto, quando algum objeto é apagado a ferramenta não o registra. Sendo assim, não há como visualizar as tentativas de construções que podem ser importantes na pesquisa.

52 Segundo Yin (2001, p. 116) “a observação participante é uma modalidade especial de observação na qual você não é apenas um observador passivo”.

Essas observações foram registradas no diário de campo da pesquisadora. De acordo com Minayo (1999, p. 63), é no diário de campo que “podemos colocar nossas percepções, angústias, questionamentos e informações que não são obtidas através da utilização de outras técnicas”. Sendo assim, esse instrumento permitiu o registro de reflexões acerca das tarefas desenvolvidas pelos participantes do estudo e de todas as situações ocorridas durante o trabalho de campo.

As gravações de áudio e vídeo permitiram que as observações registradas fossem confirmadas e/ou expandidas. Além disso, como Powell et al (2004, p. 91), acreditamos que seu uso não apenas “permite múltiplas visões, mas também possibilita visões sob múltiplos pontos de vista”, como favorece o trabalho do pesquisador , pois “assistir repetidamente aos vídeos potencializa o melhoramento da triangulação na análise dos dados”. Com essa possibilidade, é possível aprimorar as interpretações geradas a partir da análise dos demais instrumentos.

Durante todo o desenvolvimento das tarefas, os participantes produziram registros em um caderno53 que continha folhas anexadas ao longo do trabalho. As folhas eram inseridas a cada tarefa nova e, com isso, as duplas tinham acesso aos seus registros anteriores. O caderno de registro da dupla era disponibilizado para os alunos no início das aulas e sempre recolhido no final.

Também foram utilizados dois instrumentos avaliativos ao longo do estudo (ver Apêndices I e L). Seu propósito foi procurar identificar mobilizações de saberes em relação à compreensão das noções de Geometria em estudo e em relação à própria percepção acerca da Matemática como ciência.

A primeira avaliação ocorreu no dia 11 de julho de 2019, todos os 30 estudantes presentes da turma A responderam a uma avaliação do trabalho desenvolvido até aquele momento54 (Apêndice I). A identificação da avaliação não era obrigatória, no entanto, quatro alunos optaram por fazê-la. Seu intuito era expor as opiniões dos alunos sobre as tarefas desenvolvidas e identificar conhecimentos aprendidos. Além disso, esperávamos verificar se havia interesse dos alunos para pensar na continuidade dos trabalhos, embora não soubéssemos na época se seria possível.

53 Cada dupla recebeu um caderno que era “alimentado” com folhas para o registro das tarefas. Dissemos aos alunos que cada dupla teria um caderno a ser utilizado durante todo o trabalho. Buscando promover uma familiarização com o caderno de registro, dissemos aos alunos que eles poderiam enfeitá-lo, dessa forma, algumas duplas fizeram e/ou colaram alguns desenhos na capa dos seus cadernos.

54 Optamos por realizar a avaliação individualmente para ter uma ideia dos conhecimentos que cada aluno mobilizou.

Na segunda avaliação (chamamos de avaliação final) que aconteceu no dia 03 de outubro de 2019, durante duas aulas não consecutivas, buscamos verificar o que os alunos haviam compreendido sobre Euclides, os “Elementos”, Geometria, História da Matemática e o GeoGebra. Essa avaliação foi dividida em dois momentos (Apêndice L). No primeiro, de forma individual, os alunos comentaram e expressaram suas opiniões acerca da Matemática e sua história, e todos os 29 alunos presentes responderam à avaliação. No segundo momento, em duplas, os alunos fizeram construções no GeoGebra relacionadas a duas proposições do Livro I de “Elementos”. Esse segundo momento ocorreu durante 30 minutos e alguns alunos estiveram ausentes devido à prova de recuperação de Matemática que ocorria ao mesmo tempo.