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CAPÍTULO 1 – A ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA E OS CAMINHOS

1.2. A coleta dos dados

Iniciamos a pesquisa no ano de 2014, com a leitura e análise dos Cadernos de Formação dos anos 1, 2 e 3 de 2013, ou seja, os Cadernos de Formação dos professores alfabetizadores do 1º, 2º e 3º ano de 2013, ressaltando que cada ano é composto por 8 Cadernos, ou melhor, 8 unidades, num total de 24 Cadernos, mais o manual do PNAIC intitulado O Brasil do futuro com o começo que ele merece e os Cadernos de Apresentação, Formação de Professores no PNAIC, Educação Especial e Avaliação.

A leitura desses Cadernos teve como objetivo conhecer de que forma foi proposta e organizada a formação do PNAIC, além de rever os temas e os assuntos que eram abordados nesses materiais, tendo em vista as etapas seguintes da pesquisa. Quando utilizamos o verbo

rever, foi no sentido de que, no ano de 2013, participando da formação do PNAIC como cursista, entrei em contato com os Cadernos de Formação do ano 2.

Além disso, analisamos os documentos oficiais de implementação do PNAIC (portarias, leis, resoluções, medidas provisórias e manuais) e arquivos encontrados no site do PNAIC, como relatos da prática, notícias e outros, a fim de compreender como o governo desejava que esse Programa fosse implementado nos municípios e estados brasileiros.

Nos meses de abril, julho e agosto de 2014, foram consultadas, na Secretaria Municipal de Castelo – ES (SEME de Castelo – ES), as avaliações feitas pelos professores alfabetizadores, no ano de 2013, sobre o PNAIC. Essas avaliações eram realizadas ao final de cada encontro, inicialmente de forma discursiva e depois passou a ser objetiva, em que o professor assinalava uma opção a cada assunto tratado. O objetivo de consultar as avaliações de cada encontro foi identificar de que forma os professores atribuíam significados à formação continuada do PNAIC, bem como constatar como os professores viam o PNAIC, para, por meio desses dados, elaborar o roteiro da entrevista semiestruturada.

Do início da formação do PNAIC, em março de 2013, até início de junho do mesmo ano, as avaliações de cada encontro, de caráter discursivo, tinham o seguinte comando: Avalie como foi a formação (o encontro referente à unidade que estava sendo trabalhada) considerando a metodologia, os recursos de ensino e a relevância dos conhecimentos trabalhados. Não deixe de apresentar sugestões. A partir de junho de 2013 até dezembro de 2013, as avaliações passaram a ser objetivas, com a escolha de uma alternativa em cada questão abordada, conforme pode ser observado no modelo a seguir:

Quadro 8 – Modelo de Avaliação realizada ao final de cada encontro de formação do PNAIC de 2013, no município de Castelo - ES

Fonte: Quadro organizado pela autora em 2015, por meio de pesquisa realizada na Secretaria de Educação do município de Castelo – ES (SEME de Castelo – ES).

Assinale com (X) as contribuições desse encontro para a sua prática.

1) Aplicabilidade para sua prática profissional:

a) ( ) atendeu. b) ( ) atendeu em parte. c) ( ) não atendeu. 2) Relevância do conteúdo para a sua prática profissional:

a) ( ) atendeu. b) ( ) atendeu em parte. c) ( ) não atendeu. 3) Distribuição do tempo:

a) ( ) atendeu. b) ( ) atendeu em parte. c) ( ) não atendeu. 4) Volume de informações apresentadas:

a) ( ) atendeu. b) ( ) atendeu em parte. c) ( ) não atendeu. Sugestão:

Ainda, em novembro de 2014, após contatos com a equipe gestora e pedagógica da escola, realizamos a primeira entrevista com as professoras alfabetizadoras dos 1º, 2º e 3º anos da escola Antônio Torres, tendo como objetivo obter informações relacionadas à formação acadêmica; ao tempo de serviço no magistério e em turmas de alfabetização; às formações continuadas de que já haviam participado ao longo da carreira docente; aos motivos que levaram a participar do PNAIC; à metodologia adotada nos encontros do PNAIC; e também suas opiniões sobre os materiais e a formação ofertada pelo PNAIC. Após as entrevistas, fizemos a transcrição, leitura e análise dessas e assim obtivemos informações que possibilitaram conhecer um pouco mais as professoras, protagonistas da pesquisa, no que tange à formação e à profissão docente.

Nessa primeira entrevista, constatamos que as docentes falavam sobre as formações de que participaram anteriormente ao PNAIC, como o PROFA e o Pró-letramento. Dessa forma, tornou-se necessário analisar os documentos de implementação desses Programas, com a finalidade de identificar as semelhanças e as diferenças entre eles (PROFA, Pró-letramento e PNAIC).

Já no ano de 2015, nos meses de fevereiro, março e abril, retornamos à escola para realizar a segunda entrevista com as participantes da pesquisa, a fim de sanar algumas dúvidas, referentes à formação, à atuação profissional e ao PNAIC, que surgiram a partir da transcrição e análise da primeira entrevista. Ressaltamos que a análise das entrevistas foi determinante para que pudéssemos elencar as categorias de análises.

Por meio da segunda e terceira entrevista, certificamos as recorrências citadas pelas professoras, como a sequência didática, a ―leitura deleite‖ e a troca de experiências na formação do PNAIC. No entanto, tornaram-se as categorias de análises do nosso trabalho a sequência didática e a ―leitura deleite‖, por remeterem mais à prática docente e se aproximar do nosso objetivo geral. Salientamos que, mesmo a troca de experiências não ter se tornado, também, nossa categoria de análise, neste estudo, fazemos algumas discussões sobre ela no eixo formação continuada do PNAIC.

É importante mencionar que fizemos três entrevistas com cada professora alfabetizadora, num total de 33 entrevistas, além disso, uma das professoras alfabetizadoras (Edna) era, também, orientadora de estudo do PNAIC. Dessa forma, realizamos mais uma entrevista, no mês de maio de 2015, com essa professora orientadora. Ainda, ao longo da pesquisa, constatamos a necessidade de obter informações de cunho operacional e administrativo sobre a implementação do PNAIC no município. Diante disso, entrevistamos,

também, a coordenadora local do PNAIC em Castelo – ES, no mês de junho de 2015. Sendo assim, ao todo, foram realizadas 35 entrevistas, nos anos de 2014 e 2015.

Considerando a importância do coordenador local ou coordenador de ações para a implementação do PNAIC, ressaltamos que, de acordo com o artigo 12 da Resolução de nº 4 de 27 de fevereiro de 2013, Brasil (2013c), o coordenador local sendo responsável pelas ações do PNAIC nos estados, municípios e Distrito Federal é indicado pela respectiva Secretaria de Educação, sendo selecionado dentre os que apresentam as seguintes características:

Ser servidor efetivo da Secretaria de Educação; ter experiência na coordenação de projetos ou Programas federais; possuir amplo conhecimento da rede de escolas, dos gestores escolares e dos docentes envolvidos no ciclo de alfabetização; ter capacidade de se comunicar com os atores locais envolvidos no ciclo de alfabetização e de mobilizá-los e ter familiaridade com os meios de comunicação virtuais (BRASIL, ARTIGO 12 DA RESOLUÇÃO DE Nº 4 DE 27/02/2013, 2013c, p. 7).

Por meio dessas características, a SEME de Castelo – ES decidiu que a funcionária efetiva Carla, também, nome fictício, ocupante do cargo de Pedagoga na própria Secretaria, seria a coordenadora das ações do PNAIC no município.

Concomitante às entrevistas, no mês de junho de 2015, realizamos a observação dos planejamentos das professoras dos 1º, 2º e 3º anos, com o objetivo de averiguar de que forma as docentes organizavam a prática docente e planejavam a modalidade organizativa do trabalho pedagógico, por meio de sequência didática.

Vale destacar, conforme falamos anteriormente, que cada docente da rede municipal de Castelo - ES tem direito a cinco planejamentos semanais de 50 minutos; desse total, pode ser que um, dois ou três PLs sejam feitos, juntamente, com o colega que leciona no mesmo ano, no entanto, fica a critério de cada escola organizar os planejamentos dos professores.

Na Escola Antônio Torres, a equipe gestora e pedagógica, no ano de 2015, organizou esses planejamentos, de modo que os docentes podiam se encontrar pelo menos em um planejamento com o colega que leciona no mesmo ano. Com isso, as professoras dos 1º anos tinham três PLs juntas: nas segundas-feiras – quarta aula; nas terças-feiras – quinta aula; e nas quartas-feiras – primeira aula. Já as professoras dos 2º anos conseguiam se encontrar em dois PLs: nas segundas-feiras – quarta e quinta aulas; e as professoras dos 3º anos, também, reuniam-se em dois PLs juntas: nas quartas-feiras – quarta e quinta aulas.

A observação dos planejamentos (PLs) ocorreu nesses momentos em que as professoras de cada ano se encontravam, sendo observados um PL dos 1º anos, dois PLs dos 2º anos e quatro PLs dos 3º anos. A observação dos planejamentos fez-se necessária, pois as

docentes diziam iniciar a preparação das sequências didáticas nas reuniões de planejamentos que elas tinham em conjunto, sendo um momento de discussão, trocas de ideias e opiniões sobre os objetivos que pretendiam alcançar com a sequência, o tema a ser abordado, os livros de literatura que podiam ser utilizados, as atividades a serem realizadas pelos alunos, as atividades práticas que poderiam ser feitas, alguma visita que poderiam realizar, enfim, tudo que envolvia o planejamento e a execução da sequência didática.

No entanto, as professoras afirmavam que os PLs não eram suficientes para o planejamento de toda a sequência, por isso elas diziam que iniciavam a preparação da sequência nesses PLs e, posteriormente, cada professora, em sua residência, pesquisava e elaborava atividades que poderiam ser inseridas na sequência e, nos próximos PLs, elas levavam as atividades e discutiam, a fim de verificar a necessidade ou não das atividades ou a inclusão de outras.

Nas reuniões de planejamento observadas, as professoras alfabetizadoras nos mostraram e cederam algumas supostas sequências didáticas planejadas por elas e aplicadas nas turmas em que lecionavam. Dessa forma, analisamos três sequências didáticas: uma do 1º ano, elaborada a partir do livro Camilão, o comilão, da autora Ana Maria Machado; uma do 2º ano, com o tema O Sítio do Pica Pau Amarelo e seus encantos; e a outra do 3º ano, por meio do livro Cuidado com o menino, de Tony Blundell e tradução de Ana Maria Machado.

Para também subsidiar a pesquisa, buscamos inventariar as produções acadêmicas publicadas sobre o PNAIC, uma vez que verificamos que, a partir da implementação do Pacto, alguns estudos, relacionados ao PNAIC, começaram a ser publicados, tais como artigos, dissertações e teses. Já se tem uma produção significativa, entretanto optamos por analisar somente as teses e as dissertações defendidas em 2014 e 2015 e localizadas no banco de dados da BDTD e da CAPES.

Encontramos seis dissertações de: Rosa (2014), Salomão (2014), Souza (2014), Ferreira (2015), Santos (2015), Tedesco (2015), e uma tese, de Resende (2015). Nesses estudos sobre o PNAIC, observamos enfoques, abordagens, objetivos e resultados diversificados, sendo que alguns resultados de algumas pesquisas aproximam-se dos nossos. Também localizamos duas dissertações que mencionam o PNAIC: de Duarte (2013) e Soares (2014).

Essas pesquisas foram abordadas à medida que fomos realizando as análises dos dados das entrevistas e dos demais documentos. Consideramos importante o cruzamento dos procedimentos (análise documental, entrevista, observação dos planejamentos e pesquisa

bibliográfica), das fontes (diversos documentos), e das perspectivas (protagonistas da pesquisa – professoras alfabetizadoras), assim como sugere Flick (2009). Alves-Mazzotti e

Gewandsznajder (1999) afirmam que ―quando buscamos diferentes maneiras para investigar um mesmo ponto, estamos usando uma forma de triangulação‖ (ALVES-MAZZOTTI;

GEWANDSZNAJDER, 1999, p. 172). Os dados obtidos foram analisados de acordo com os estudos que fundamentam esta pesquisa. E os procedimentos metodológicos propostos, revistos ou apurados durante sua realização, quando necessário.