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Caso: TRE-RS

ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS FASE PREPARATÓRIA

5.5 COLETA DOS DADOS

A coleta de dados, no estudo de caso, pode utilizar várias técnicas. A obtenção de informações por meio de diversos procedimentos é fundamental para garantir a qualidade dos resultados, validando o estudo e evitando que o mesmo fique a mercê da subjetividade do pesquisador (GIL, 2002).

Portanto, a coleta de dados nesse trabalho envolveu um processo de triangulação com diferentes fontes de referência como entrevistas de roteiro semi-estruturado, em profundidade, com profissionais da organização em estudo; a análise de documentos internos e externos da organização e observação dos procedimentos administrativos adotados relacionados com o tema.

Yin (2005) afirma que o uso de várias fontes de evidências nos estudos de caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questões históricas, comportamentais e de atitudes, além de evidenciar possíveis linhas convergentes de investigação, adequando-se dessa forma ao tema proposto nesse trabalho, que relaciona-se

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com a verificação empírica dos elementos e processos que constituem a formação e desenvolvimento das competências organizacionais na instituição analisada.

Neste trabalho, a fase de coleta de dados foi dividida em duas etapas:

1ª Etapa - Devido ao caráter longitudinal da pesquisa, um dos objetivos da

primeira coleta de dado foi definir, com apoio da fundamentação teórica, quais os períodos - ou fases - que regeriam a análise dos dados posteriormente. Também se pretendeu, nesta coleta inicial, identificar preliminarmente as competências organizacionais da instituição e os elementos que as constituem. Essa etapa contou com entrevistas, coleta e análise de documentos e observação direta.

2ª Etapa - Após a realização da primeira etapa foi feita uma análise dos dados

coletados, que possibilitou a preparação de um novo roteiro de entrevista, mais direcionado e focado nos períodos de estudo e nas competências organizacionais identificadas. Os objetivos desta segunda etapa foram: confirmar as competências identificadas na primeira etapa, identificar os elementos das competências e mapear o processo de formação e desenvolvimento das competências organizacionais na instituição estudada. Essa segunda etapa foi composta de entrevistas e coleta de documentos.

Entrevistas

As entrevistas ocorreram, na sua totalidade, na sede da organização e foram registradas mediante gravação e posterior degravação dos dados. O processo de escolha dos profissionais entrevistados foi feito considerando as funções desempenhadas e o cargo que os mesmos ocupam na instituição, suas respectivas atividades e conhecimentos a respeito do tema proposto. Foi dada prioridade às pessoas com mais tempo de serviço na organização, capazes de apresentar e descrever com mais propriedade elementos e fatores que influenciam no desenvolvimento das competências organizacionais ao longo do tempo.

Conforme citado anteriormente, foram feitas duas etapas de entrevistas, sendo na primeira rodada, voltada à identificação dos períodos de estudo e das competências organizacionais, entrevistadas cinco pessoas. Foram entrevistados nesta etapa um secretário, membro do segundo escalão hierárquico do Tribunal, ligado à cúpula estratégica; um

coordenador, responsável pela área de documentação e informação; um chefe de seção,

vinculado à área de desenvolvimento de pessoas; um chefe de cartório eleitoral, unidade mais próxima ao processo operacional e de prestação de serviço aos cidadãos; e, por fim, um

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servidor técnico, envolvido diretamente em programas de resgate da memória histórica do

Tribunal.

O tempo de atividade na instituição, dos entrevistados desta etapa, varia entre dez e vinte e cinco anos, o que permitiu a coleta de dados qualificada e fidedigna, com informações de quem viveu e vive o dia-a-dia do Tribunal em posições significantes dentro de sua estrutura administrativa e operacional. A exceção, em relação ao tempo de serviço, foi o servidor técnico, que atua no Tribunal há cinco anos, mas que compensou sua pouca vivência na instituição com um profundo conhecimento sobre a história do TRE-RS, decorrente de sua atividade profissional.

Na segunda etapa da coleta de dados, voltada à identificação do elementos e mapeamento do processo de formação e desenvolvimento das competências organizacionais do Tribunal, foram entrevistadas outras cinco pessoas: dois secretários, pertencentes ao segundo escalão hierárquico do Tribunal; um assessor da Diretoria Geral, atuante em questões relativas à estratégia organizacional; um coordenador, ligado a área de controles internos; e o diretor geral da instituição, membro mais alto da hierarquia, após o presidente, e que já ocupa esse cargo há 13anos.

Dos entrevistados desta etapa, três atuam no Tribunal há mais de 20 anos e os outros dois há mais de doze anos. O fator tempo de serviço, torna-se fundamental, pois possibilita um aprofundamento histórico, com registro da participação direta destas pessoas em momentos importantes desta história. Além disso, todos os entrevistados atuaram em atividades operacionais antes de evoluírem na escala hierárquica, tendo, portanto, a oportunidade de vivenciar na prática diversas atividades dentro do Tribunal, permitindo uma visão mais ampla sobre o desenvolvimento das competências organizacionais da instituição. Todas as aéreas do Tribunal foram abrangidas pela pesquisa, com entrevistados que trabalham ou trabalharam nas diferentes secretarias e assessorias da instituição.

Foram usados roteiros prévios de perguntas (APÊNDICES B e C), na primeira e na segunda etapa, criados com intuito de orientar o pesquisador, de forma a seguir diretrizes e questões básicas que procurassem respostas adequadas ao problema proposto, roteiros esses gerados a partir da fundamentação teórica, da validação com especialistas e, no caso do roteiro da segunda etapa, também da análise da primeira coleta de dados. Conforme aborda Yin (2005), uma das mais importantes fontes de informação para o estudo de caso são as entrevistas. Elas constituem uma fonte essencial de evidências para os estudos de caso, já

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que a maioria delas trata de questões humanas, possibilitando uma melhor confrontação entre a fundamentação teórica e os dados coletados.

As entrevistas foram realizadas individualmente, com média de tempo de aproximadamente uma hora e trinta minutos, possibilitando dessa forma a obtenção do maior número de informações possíveis, sem, contudo, prejudicar as atividades cotidianas do entrevistado. Os locais para as entrevistas, assim como os horários e datas foram ditados pela disponibilidade dos entrevistados. Foi realizado um único encontro com cada um dos entrevistados.

Por se tratar de roteiro semi-estruturado, o entrevistador esteve atento à necessidade de complementar as questões com indagações mais aprofundadas, quando percebeu que as respostas iniciais apresentaram-se incompletas ou insuficientes para as inferências e análises pretendidas a partir delas.

Após as entrevistas, quando verificada a necessidade de esclarecer alguma dúvida ou complementar alguma informação abordada pelos entrevistados, foram feitos contatos por telefone ou por e-mail, com o objetivo de sanar estas questões.

Coleta de Documentos

Segundo Yin (2005), os documentos devem ser cuidadosamente utilizados para que não se tornem registros literais de eventos ocorridos. Para estudos de caso, o uso mais importante de documentos é o de corroborar e valorizar as evidências oriundas de outras fontes como as entrevistas.

Tanto na primeira etapa de coleta de dados quanto na segunda foram utilizados documentos internos da organização e externos, analisados com o objetivo de levantar informações que permitissem identificar as principais competências organizacionais, assim como os processos e elementos constituintes da formação e do desenvolvimento das mesmas.

Tais documentos foram escolhidos, coletados e utilizados durante o transcorrer da pesquisa, servindo de suporte e apoio as demais fases da coleta de dados e para a análise. Dentre os documentos utilizados estão:

- Registros históricos internos, coletados junto à Coordenadoria de Documentação e Informação do Tribunal;

- Publicações do próprio Tribunal;

- Relatórios públicos e internos relacionados com atividades ligadas aos temas da pesquisa;

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- Reportagens e artigos referentes à instituição estudada e suas competências;

- Legislações e normas pertinentes ao tema da pesquisa e que de alguma forma influenciaram no desenvolvimento das competências do Tribunal;

- Site da instituição na Internet e na sua Intranet, assim como sites de outros Tribunais Eleitorais, incluindo o do TSE;

- Programas aplicados e criados pela instituição, que refletem, direta ou indiretamente, no desenvolvimento das competências organizacionais, entre outros.

A etapa de análise de documentação ocorreu simultaneamente às duas etapas de entrevistas e observações, como forma de triangulação das fontes selecionadas na coleta de dados. Com a triangulação, de acordo com Yin (2005), várias fontes de evidências fornecem essencialmente várias avaliações de um mesmo fenômeno.

Observações

Segundo Gil (1995) a principal vantagem da observação em relação às outras técnicas é de que os fatos são percebidos diretamente, reduzindo a subjetividade típica dos processos de investigação social. As observações podem variar de atividades formais a atividades informais de coleta de dados (YIN, 2005), trazendo informações adicionais sobre o assunto estudado.

Neste sentido, o processo de observação foi feito pelo pesquisador, na própria unidade de análise, buscando verificar características e situações que auxiliassem na elucidação sobre questões referentes ao tema pesquisado.

Essas observações foram feitas para verificar na prática as principais competências organizacionais identificadas na instituição, de forma a tentar elucidar com mais clareza a forma como elas se apresentam e se desenvolvem no dia-a-dia.

Para o registro das observações foi usado um Formulário de Observações (Apêndice D). Nele foram registrados fatos e percepções que contribuíram para o estudo dos processos de identificação, formação e desenvolvimento de competências organizacionais, assim como para esclarecer dúvidas ou lacunas deixadas pelas entrevistas e pesquisa documental.

As três observações diretas realizadas foram as seguintes:

- Observação do “Fechamento do cadastro”:

Realizada durante os últimos dias antes do fechamento do cadastro eleitoral (término do período para atualização do cadastro de eleitores). O prazo para alistamentos e revisões do cadastro de eleitores encerrou-se no dia 07/05/2008. Neste período o pesquisador fez

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observação direta, para verificar características do atendimento ao público e dos processos de trabalho relacionados.

- Observação da “Realização da Eleição”:

Realizada no dia e na véspera do primeiro turno das Eleições Municipais de 2008, com o objetivo de coletar informações sobre o processo eleitoral e seus resultados.

- Observação dos softwares desenvolvidos no TRE e da sua utilização prática:

Foi realizada em uma unidade da Secretaria de Gestão de Pessoas, onde foram analisados alguns dos softwares desenvolvidos pelo TRE-RS, assim como o seu portal de Intranet. Esta observação teve o objetivo de verificar as características dos sistemas informatizados e a sua utilização prática pelos servidores do Tribunal.