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Dados obtidos através do Plano Municipal de Saneamento Básico de Foz do Iguaçu elaborado em 2012, apontam que a coleta seletiva no município é realizada pela Vital Engenharia; pela Cooperativa de Agentes Ambientais de Foz do Iguaçu – COAAFI e por catadores autônomos. O Contrato de prestação de serviço entre Vital Engenharia e Prefeitura de Foz do Iguaçu, referente a coleta seletiva, contém cláusula específica sobre a obrigatoriedade da coleta em pontos de grande geração, são considerados grandes geradores, aqueles que produzem acima de 150kg/mês de resíduos sólidos úmido, seco e rejeito.

O trabalho da coleta seletiva realizado pela COAAFI, se dá por formalização de convênio entre o município e a cooperativa, cujo objetivo é a implementação gradativa do Programa Municipal de Coleta Seletiva, cabendo obrigações recíprocas a ambas as representações. A participação de catadores no processo de coleta seletiva considera a preservação do meio ambiente, a inclusão social, a economia de energia, o aumento da vida útil do aterro sanitário e a geração de trabalho e renda aos cooperados no intuito de absorver e apoiar os serviços executados pelos catadores (COAAFI, 2015).

Segundo as disposições preliminares da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a gestão e gerenciamento de resíduos, deve ser observada na seguinte

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ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

No município de Foz do Iguaçu a Política Nacional de Resíduos Sólidos contempla parcialmente a gestão de seus resíduos. A coleta é feita por meio de caminhões em todos os bairros da cidade, porém não é feita a coleta seletiva domiciliar. Mesmo que o cidadão separe seus resíduos, ao deixar nas lixeiras o caminhão passa e recolhe tudo junto. O gari joga os sacos de lixo no caminhão, que compacta tudo, para então chegar ao aterro e ser descarregado, sem nenhuma separação.

É imprescindível uma ação eficiente por parte do poder público municipal no que tange a obrigatoriedade da coleta seletiva domiciliar. Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos a coleta seletiva é parte integrante da primeira etapa, e tem como prazo limite para sua implantação em todos os municípios, o ano de 2014.

Segundo informações obtidas com a diretoria da COAAFI, a coleta seletiva é feita nos locais onde existem grandes geradores, como hotéis, escolas, condomínios, bares e restaurantes. Este caminhão após coletar os recicláveis, destina-se aos centros de triagem distribuídos pela cidade. A coleta seletiva domiciliar é feita através de catadores, são 96 cooperados que ganham em média um salário mínimo. É importante salientar que nem todos os bairros da cidade são contemplados com a coleta de recicláveis por meio de agentes ambientais.

Atualmente o município conta com oito centros de triagem de resíduos, sendo que cinco foram construídos com recursos do PAC e BNDS. Segundo a prefeitura, a inauguração destes centros de triagem ocorrerá em breve, são eles: Vila Portes, Jardim Jupira, Vila União, Jardim das Palmeiras e Ana Rouver.

No mês de setembro deste ano, o plenário da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu aprovou um requerimento (229/2015), que solicita informações ao poder executivo sobre a destinação dada aos materiais recicláveis recolhidos pela empresa Vital Engenharia – responsável pela coleta de resíduos no município. Segundo alguns vereadores, o material reciclável não estaria sendo destinado a cooperativa de agentes ambientais. Na plenária os vereadores afirmaram que a cidade não conta com uma política pública de separação de resíduos.

A Tabela 4 mostra o valor pago em quilo, pela cooperativa, aos catadores de resíduos recicláveis, segundo suas características:

Tabela 4 – Valor pago pela COAAFI por kg de resíduos em Foz do Iguaçu Tipo de Resíduos Valor em reais (R$)

Alumínio 3,00

Jornais e Revistas 0,14

PEAD (embalagens de shampoo, detergente) 1,20

Papelão 0,32 PET 0,90 Plástico cristal 1,20 Fonte: COAAFI, (2015)

No PGRS de Foz do Iguaçu encontra-se algumas fotos que remetem a proposta deste projeto. Um caminhão de coleta seletiva intitulado “Foz Recicla” (Figura 14) circulou por um período de tempo em alguns bairros da cidade coletando os resíduos recicláveis domiciliares.

Figura 14 – Caminhão do Programa Foz Recicla Fonte: PMFI, (2001)

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Da mesma forma na figura 15 é possível identificar um tipo de container para receber resíduos secos, instalado na praça do Mitre – centro da cidade há alguns anos. Atualmente os containers estão desativados e abandonados no Aterro Sanitário (Figura 16).

Figura 15 – Container do Programa Foz Recicla Fonte: PMFI, (2001)

Segundo o gestor do Aterro Sanitário de Foz do Iguaçu, o projeto dos pontos de entrega voluntária - PEV´s, não deu certo porque a comunidade não aceitou a nova proposta. Os comerciantes reclamavam de moscas que ficavam rondando o local por causa do resto de refrigerante contido nas latinhas, bem como do grande número de agentes ambientais que circulavam pelo local a fim de recolher os resíduos recicláveis. Devido a tantas reclamações a prefeitura decidiu retirar os PEV´s.

É de suma importância os programas de coleta seletiva a fim de incentivar a reciclagem e consequentemente a redução de RSU lançados nos aterros sanitários. Atualmente Foz do Iguaçu conta com programa de coleta seletiva para grandes geradores, entende-se que não é o ideal, uma vez que a lei 12.305/10 exige a coleta seletiva domiciliar.

3.10 COLETA SOLIDÁRIA COMO ALTERNATIVA DE GESTÃO

No Brasil já existe uma nova prática de gerenciamento de resíduos – A Coleta Seletiva Solidária. Trata-se de um contrato firmado entre prefeitura e cooperativa de catadores de recicláveis que percorre as residências das cidades recolhendo os materiais recicláveis.

Segundo dados do IBGE (2010) contratos com empresas terceirizadas responsáveis pelo gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil representam 20% dos orçamentos municipais. Este modelo de gestão, segundo movimento de catadores, de gestores públicos e de urbanistas, além do alto custo, apresenta diversos problemas ambientais.

Dados obtidos por meio do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, apontam que as cidades de Araraquara, São Carlos, São José do Rio Preto, Diadema, Biritiba Mirim, Arujá, Assis e Ourinhos no estado de São Paulo; Londrina no estado do Paraná, Itaúna no estado de Minas Gerais, Santa Cruz do Sul, Canoas, Jaguarão, Cachoeira do Sul e Gravataí no estado do Rio Grande do Sul, já praticam o novo modelo de gestão, intitulado Coleta Seletiva Solidária.

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O Programa consiste em coletar o material reciclável de porta em porta, gera emprego e renda, e envolve a comunidade na gestão participativa de todo o processo, inclusive na conscientização ambiental.

Campinas, uma das grandes cidades do estado de São Paulo já trabalha com esse novo sistema há anos, contudo as cooperativas reclamam a falta de apoio do poder público municipal.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Países em desenvolvimento enfrentam grande dificuldade na gestão de seus resíduos, seja por falta de legislação, fiscalização, recursos financeiros ou por problemas da falta de educação ambiental ou mesmo pela cultura da população.

A partir do referencial teórico estudado, de conhecimento e reflexão sobre os municípios que utilizam contentores subterrâneos e da pesquisa de campo é possível inferir que:

a) Dentro do contexto de impactos ambientais, é notória a diferença na redução da poluição por resíduos, com a instalação de contentores subterrâneos. O novo sistema evita a proliferação de vetores, transmissores de diversas doenças, bem como extingue a possibilidade de entupimento dos sistemas de drenagem por resíduos sólidos descartados nas ruas. Da mesma forma que se elimina o vazamento de chorume – liquido escuro proveniente da decomposição do lixo, de calçadas e vias públicas, evitando a contaminação do solo e águas superficiais.

b) O assunto deve fazer parte de discussões aprofundadas, principalmente pelos gestores públicos municipais, no intuito de repensar a gestão dos resíduos sólidos das cidades.

c) É necessário que os gestores municipais implementem políticas de conscientização à população para a coleta seletiva do lixo e para o funcionamento adequado dos Aterros Sanitários. Embora a pesquisa tenha mostrado que um longo caminho ainda precisa ser percorrido quando o assunto é coleta seletiva. Inúmeras oficinas são feitas com as escolas municipais há vários anos, e os professores vem refletindo com a temática em sala de aula, contudo, a criança ao chegar em casa e tentar ensinar os pais sobre as formas corretas de separação de seus resíduos, deparam-se com um problema de gestão municipal, que não atende nenhum bairro da cidade com caminhão de coleta seletiva domiciliar.

d) É necessário implementar mecanismos de fiscalização sobre o destino dos resíduos em instituições de grande porte, empresas, hospitais, indústrias, uma vez que a grande quantidade de lixo gerado por estes órgãos reverte-se em recursos financeiros.

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Enfim, a reflexão desenvolvida neste estudo mostra algumas iniciativas favoráveis a sustentabilidade do planeta, mas ainda há muito por planejar, implementar ações educativas e operativas. Há que se destacar as conferências que vem sendo feitas envolvendo países desenvolvidos e em desenvolvimento, como é o caso da COP 21 que ocorreu, neste ano em Paris, o acordo feito pelos representantes das nações configura mais um passo, porém precisamos ficar atentos para a concretização dos compromissos assumidos não só em termos de nação brasileira, mas nos estados e municípios.

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