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3 METODOLOGIA

3.4 Coleta e tratamento dos dados

A coleta dos dados que serviram de base para o presente estudo se deu a partir das demonstrações contábeis dos 18 participantes da amostra, divulgadas nos sites da CVM e dos próprios bancos. Com base nos documentos Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração do Fluxo de Caixa e Notas Explicativas, foram calculados indicadores econômico-financeiros e extraídos os respectivos Resultados Líquidos e valores de Patrimônio Líquido referentes aos exercícios de 2010 e 2009.

Em relação aos tipos de indicador, o estudo tomou por base os índices econômico- financeiros selecionados por Miranda (2008), que realizou pesquisa sobre índices julgados importantes para a análise econômico-financeira de bancos, destacando-se aqueles utilizados na metodologia Camels, desenvolvida pelo Federal Financial Institutions Examination Council, aqueles recomendados pelo Fundo Monetário Internacional, os apresentados na bibliografia nacional sobre análise de bancos, com destaque para aqueles sugeridos por Assaf Neto (2002), e os recomendados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Miranda (2008) selecionou 11 indicadores, distribuídos em quatro grupos que, segundo a autora, se revestem de grande importância para avaliação de um banco, quais sejam: Liquidez, Estrutura Patrimonial e de Captação, Qualidade da Carteira de Crédito e Rentabilidade.

Os quatro grupos de índices propostos por Miranda (2008), sofreram algumas alterações, compreendendo adaptações destinadas a possibilitar a comparação das informações divulgadas nos dois padrões contábeis e o acréscimo de três novos indicadores, de maneira a ampliar a abrangência da análise.

Desse modo, o estudo utilizou ao todo 14 indicadores, cujas denominações, enunciados e fórmulas são apresentados no Quadro 3, seguindo-se as respectivas descrições e justificativas de adaptações/inclusões.

Quadro 3 – Indicadores econômico-financeiros utilizados na pesquisa GRUPO 1: LIQUIDEZ

Indicador Fórmula

1. Encaixe Caixa e Equivalentes de Caixa / Depósitos Até 90 Dias

2. Liquidez Imediata Caixa e Equivalentes de Caixa / Dívidas de Curto Prazo 3. Participação dos Créditos Carteira de Crédito / Ativo Total

4. Participação dos Créditos Líquidos Carteira de Crédito Líquida de Provisão / Ativo Total GRUPO 2: ESTRUTURA PATRIMONIAL E DE CAPTAÇÃO

Indicador Fórmula 5. Relação Créditos/Depósitos Carteira de Crédito / Depósitos Totais

6. Alavancagem Passivo de Terceiros / Patrimônio Líquido

7. Capitalização Patrimônio Líquido / Ativo Total

8. Basileia Fatores de Risco / Patrimônio de Referência

GRUPO 3: QUALIDADE DA CARTEIRA DE CRÉDITO

Indicador Fórmula

9. Inadimplência Créditos Vencidos / Carteira de Crédito

10. Créditos Vencidos Líquidos versus Patrimônio Líquido

Créditos Vencidos Líquidos de Provisão / Patrimônio Líquido GRUPO 4: RENTABILIDADE

Indicador Fórmula

11. Margem Financeira 1 Resultado de Intermediação / Receitas de Intermediação

12. Margem Financeira 2 Resultado de Intermediação Líquido de Provisão / Receitas de Intermediação

13. Eficiência Despesas Administrativas / Resultado de Intermediação e

Receitas de Serviços

14. Retorno sobre o Patrimônio Líquido Resultado Líquido / Patrimônio Líquido Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de Miranda (2008).

1. Encaixe

Esse indicador reflete a capacidade financeira do banco para cobrir saques de seus correntistas e aplicadores. A fórmula original, representada pela razão Disponibilidades / Depósitos à Vista, foi adaptada para Caixa e Equivalentes de Caixa / Depósitos Até 90 Dias.

A mudança se deu principalmente pelo fato de as demonstrações em IFRS apresentarem, via de regra, a rubrica Caixa e Equivalentes de Caixa, no lugar da conta Disponibilidades, utilizada nas demonstrações contábeis preparadas segundo o padrão

brasileiro. A conta Caixa e Equivalentes de Caixa corresponde à rubrica Disponibilidades, mais aplicações financeiras e títulos negociáveis com prazo de até 90 dias. No sentido de se compatibilizar os dois padrões, o denominador da fórmula foi igualmente alterado, substituindo-se Depósitos à Vista por Depósitos Até 90 dias.

2. Liquidez Imediata

O indicador reflete a capacidade da instituição para honrar seus compromissos financeiros de curto prazo. Pelo mesmo motivo arguido em relação ao índice anterior, a fórmula original, dada pela razão Disponibilidades / Dívidas de Curto Prazo, foi devidamente alterada para Caixa e Equivalentes de Caixa / Dívidas de Curto Prazo.

3. Participação dos Créditos

Esse indicador reflete a proporção do Ativo da instituição destinado à carteira de crédito, que, embora considerada de baixa liquidez, representa um dos principais core business dos bancos. Foi mantida a fórmula original.

4. Participação dos Créditos Líquidos

Variância do índice anterior, este indicador reflete a proporção da carteira de crédito, líquida de provisões para devedores duvidosos, sobre o ativo total da instituição. Não integra a seleção de indicadores proposta por Miranda (2008).

5. Relação Créditos versus Depósitos

Esse indicador reflete a proporção dos depósitos captados pela instituição aplicada em operações de crédito. Foi mantida a fórmula original.

6. Alavancagem

Esse indicador reflete a proporção dos recursos de terceiros em relação aos capitais próprios, utilizados para alavancar os negócios da instituição. Foi mantida a fórmula original.

7. Capitalização

Esse indicador reflete a proporção dos recursos próprios em relação aos ativos totais da instituição. Foi mantida a fórmula original.

8. Basileia

Esse índice não integra a seleção proposta por Miranda (2008), segundo ela devido à dificuldade de cálculo. O índice de Basileia reflete os níveis de exposição a riscos em função do capital disponível da instituição.

Os índices de Basileia foram calculados pelas próprias instituições financeiras pesquisadas e disponibilizados nas Notas Explicativas, de onde foram coletados para subsidiar este estudo.

9. Inadimplência

Esse indicador reflete o comportamento de um componente de risco da carteira de crédito da instituição, a inadimplência, ao relacionar os créditos vencidos com o volume total de créditos da carteira. Foi mantida a fórmula original.

10. Créditos Vencidos Líquidos versus Patrimônio Líquido

Esse indicador mede a proporção entre o total de créditos vencidos não amparados por provisões e o total de recursos próprios do banco, refletindo o impacto das possíveis perdas com essa carteira no patrimônio líquido da instituição. Foi mantida a fórmula original.

11. Margem Financeira 1

Esse indicador reflete o desempenho da instituição em sua atividade-fim, ao comparar os resultados auferidos por meio de intermediação financeira com as receitas totais de intermediação. Foi mantida a fórmula original, em que o resultado da intermediação financeira não é afetado por provisões.

12. Margem Financeira 2

Esse indicador não integra a seleção proposta por Miranda (2008), e representa uma variação da Margem Financeira 1, já que considera os resultados de intermediação financeira líquidos de provisão. Portanto, quanto maior for a proporção de provisões nos negócios de intermediação financeira da instituição, menor será a margem financeira medida por esse indicador.

13. Eficiência

Esse indicador reflete o nível de comprometimento dos resultados de intermediação financeira e das receitas de prestação de serviços com as despesas administrativas da instituição. Foi mantida a fórmula original.

14. Retorno sobre o Patrimônio Líquido

Esse indicador mede a proporção de retorno dos capitais investidos pelos acionistas, ao relacionar o resultado líquido do período com os recursos próprios da instituição. Foi mantida a fórmula original.

O padrão contábil brasileiro e o padrão internacional utilizam planos de contas diferentes e evidenciam as informações contábeis também de forma diferente. Por conta disso, não foi possível calcular todos os indicadores e extrair os resultados contábeis e o patrimônio líquido de todos os bancos, já que parte das informações necessárias ao cálculo deixou de ser evidenciada em um ou outro padrão contábil.

Considerando-se que foram utilizadas na pesquisa demonstrações contábeis de 10 bancos em 2009 e de 18 bancos em 2010 para cada padrão contábil, esperava-se investigar os resultados de 28 observações em BR GAAP e de 28 observações em IFRS para cada indicador. Entretanto, dadas as limitações apontadas no parágrafo anterior, a quantidade de observações calculada para cada indicador variou de 11 a 28, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Quantidade de Observações utilizadas na pesquisa, por grupo e por indicador

Indicador Quantidade de Observações por Padrão Contábil

2009 2010 Total

Grupo: Liquidez

Encaixe 8 17 25

Liquidez Imediata 5 6 11

Participação dos Créditos 10 18 28

Participação dos Créditos Líquidos 10 18 28

Total Liquidez Média Liquidez

Grupo: Estrutura Patrimonial e de Captação Relação Créditos versus Depósitos

33 8 10 59 15 18 92 23 28 Alavancagem 10 17 27 Capitalização 10 17 27 Basileia 8 15 23

Total Estrutura Patrimonial e de Captação Média Estrutura Patrimonial e de Captação Grupo: Qualidade da Carteira de Crédito Inadimplência 38 9 5 67 17 09 105 26 14

Créditos Vencidos Líquidos versus Patrimônio Líquido 5 11 16

Total Qualidade da Carteira de Crédito Média Qualidade da Carteira de Crédito Grupo: Rentabilidade Margem Financeira 1 10 5 10 20 10 17 30 15 27 Margem Financeira 2 10 17 27 Eficiência 10 16 26

Retorno sobre o Patrimônio Líquido 10 17 27

Total Rentabilidade Média Rentabilidade Total Geral Média Geral 40 10 121 9 67 17 213 15 107 27 334 24 Fonte: Elaborada pelo autor.

Os dados da Tabela 1 mostram que foram utilizadas na pesquisa, para cada padrão contábil, 92 observações para o grupo Liquidez, com média de 23 por indicador; 105 observações para o grupo Estrutura Patrimonial e de Captação, com média de 26 por indicador; 30 observações para o grupo Qualidade da Carteira de Crédito, com média de 15 por indicador; e 107 observações para o grupo Rentabilidade, com média de 27 por indicador. No geral foram utilizadas 334 observações para cada padrão contábil, com média de 24 por indicador.

Depois de calculados os indicadores, foi apurado o Índice de Conservadorismo (IC) (GRAY, 1980) para os resultados líquidos (27 observações por padrão contábil) e para os patrimônios líquidos dos bancos pesquisados (também 27 observações por padrão contábil), utilizando-se as seguintes fórmulas:

a) Índice de Conservadorismo dos Resultados Líquidos

b) Índice de Conservadorismo dos Patrimônios Líquidos

Comumente, as pesquisas sobre conservadorismo realizadas com o IC utilizam patrimônios líquidos ajustados. Castro (2011, p. 62) assim se posiciona em relação a esses ajustes:

Neste estudo, examinou-se o patrimônio líquido desconsiderando-se os efeitos de transações dos sócios. Assim, eliminaram-se do patrimônio líquido os efeitos de dividendos distribuídos e de aumentos e reduções de capital do período. Desta forma, a diferença entre as variáveis examinadas neste estudo, lucro líquido e patrimônio líquido, corresponde ao resultado abrangente, que é a mutação que ocorre no patrimônio líquido durante um período que resulta de transações

(incluindo ajustes de reclassificação) que não são reconhecidos na demonstração do resultado.

No caso da presente pesquisa, as transações derivadas dos sócios, como dividendos distribuídos e alterações de capital também foram desconsideradas, de modo que foram utilizados no cálculo do IC patrimônios líquidos ajustados.