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3 METODOLOGIA

3.5 Testes estatísticos

Depois de apurados os indicadores econômico-financeiros de cada banco da amostra, foram realizados testes estatísticos, comparando-se os resultados de cada indicador calculados a partir das demonstrações contábeis em BR GAAP e em IFRS, utilizando-se, para tanto, testes de diferenças de médias de duas amostras emparelhadas. Em seguida, foram realizados os mesmos testes comparativos entre os dois padrões contábeis sobre os resultados dos indicadores de cada grupo e depois sobre os resultados de todos os indicadores.

A realização desses testes se deveu à necessidade de se verificar se as médias dos indicadores nos dois padrões contábeis apresentavam diferenças significativas, de modo a se confirmar ou rejeitar a primeira hipótese da pesquisa:

H1: Os indicadores econômico-financeiros dos bancos pesquisados,

calculados a partir das demonstrações contábeis preparadas segundo o padrão contábil brasileiro e também de acordo com as IFRS apresentam diferenças significativas.

Para identificar o teste mais adequado para comparar os dois padrões contábeis, os dados foram submetidos ao teste de Kolmogorov-Smirnov, com vistas a se verificar se apresentavam distribuição normal. Em seguida, considerando-se que parte dos dados seguiam distribuição normal e outra parte não seguia distribuição normal, realizou-se o teste T-Student dependente para os indicadores que possuíam variáveis normalmente distribuídas e o teste dos postos com sinais de Wilcoxon para os dados que não apresentavam distribuição normal.

O teste dos postos com sinais de Wilcoxon é um equivalente não paramétrico ao teste T-Student dependente, utilizado em situações em que há dois conjuntos de escores provenientes dos mesmos participantes a serem comparados (BUSSAB; MORETTIN, 2005).

Na fase seguinte, foram analisados o numerador e o denominador de cada indicador, para se verificar qual deles mais contribuiu para a diferença no indicador. Embora diferenças significativas no resultado de uma divisão possam ser resultantes de diferenças não significativas no numerador e no denominador, procurou-se avaliar se houve maior impacto no numerador ou no denominador da fórmula do indicador.

Assim, os numeradores referentes a cada indicador calculado segundo as demonstrações divulgadas no padrão contábil brasileiro foram comparados com os numeradores do mesmo indicador calculado segundo as demonstrações divulgadas no padrão internacional, utilizando-se testes de diferenças de médias de duas amostras emparelhadas (T- Student e Wilcoxon), o mesmo ocorrendo em relação aos denominadores.

Em seguida foi realizada pesquisa objetivando-se identificar as normas IFRS que mais contribuíram para a alteração no grupo de contas que provocou a diferença em cada indicador analisado neste estudo, utilizando-se a técnica denominada análise de conteúdo, que, segundo Marconi e Lakatos (2010), é realizada por meio de categorias sistemáticas, previamente definidas, que levam a resultados quantitativos.

Para tanto, buscou-se nas Notas Explicativas das empresas pesquisadas o item referente à reconciliação do Patrimônio Líquido e do Resultado, onde, segundo a norma IFRS 1, a entidade deve explicar de que forma a transição dos critérios contábeis anteriores para as IFRS afetaram sua posição patrimonial e seu desempenho econômico e financeiro (IASB, 2010).

Para a apuração das normas mais referenciadas, foram definidas três categorias em relação ao relatório de reconciliação:

a) foi divulgada a descrição da ocorrência que afetou o item patrimonial ou de resultado e as normas IFRS que provocaram a mudança;

b) foi divulgada a descrição da ocorrência que afetou o item patrimonial ou de resultado, mas não as normas IFRS que provocaram a mudança;

c) a entidade não apresentou o item referente à reconciliação.

A partir da identificação, no relatório de reconciliação, do item patrimonial ou financeiro afetado e dos fatos que ocasionaram a mudança, chegou-se à norma que originou a divergência, já que cada IAS ou IFRS trata de assuntos específicos relacionados às informações apresentadas na reconciliação (as IAS e as IFRS, com os respectivos assuntos por elas tratados, constam do Quadro 1).

Porém, considerou-se neste estudo, prioritariamente, a norma mencionada explicitamente pela empresa (item a anterior), ficando a identificação da norma pelo pesquisador restrita aos casos em que a empresa não fez menção à norma (item b anterior). Assim, para cada grupo de contas em análise, apurou-se a quantidade de vezes que cada norma foi mencionada pela empresa ou identificada pelo pesquisador, de modo a se identificar aquelas que mais contribuíram para a alteração do referido grupo de contas.

Em seguida, buscou-se testar a segunda hipótese da pesquisa:

H2: O padrão contábil brasileiro apresenta demonstrações contábeis

mais conservadoras que aquelas preparadas segundo o padrão internacional, utilizado pelas empresas pesquisadas.

Para tanto, foi investigada a significância estatística das diferenças existentes entre os resultados líquidos divulgados segundo as práticas contábeis brasileiras e internacionais, a partir da realização de testes de diferenças de médias de duas amostras emparelhadas, o mesmo ocorrendo com os patrimônios líquidos.

Os testes foram precedidos de aplicação do teste de Shapiro-Wilk para verificação da normalidade ou não normalidade da distribuição das variáveis, de modo que os dados que apresentaram distribuição normal foram submetidos ao teste de diferenças de médias T- Student, enquanto os dados que não apresentaram distribuição normal foram submetidos ao teste dos postos com sinais de Wilcoxon.

Em seguida foram apurados os ICs dos bancos da amostra, tomando-se por base os resultados líquidos extraídos de cada padrão contábil, e depois calculada a média dos ICs, para se verificar a confirmação ou rejeição de H2. O mesmo procedimento foi realizado

tomando-se por base os patrimônios líquidos.

De acordo com o estudo de Gray (1980) e com as fórmulas do Índice de Conservadorismo utilizadas neste estudo, a ocorrência de IC menor que 1 indica que o padrão contábil brasileiro é mais conservador que o padrão internacional, confirmando-se H2, ao

passo que IC maior que 1 implica a rejeição de H2.