4 METODOLOGIA DA PESQUISA
4.3 Coleta e tratamento dos dados
As entidades analisadas atualizam suas informações periodicamente junto ao órgão regulador, provendo informações detalhadas sobre aspectos operacionais e financeiros. Isto inclui, por exemplo, custos gerenciáveis, o número de clientes atendidos, a extensão da rede, a energia demandada, entre outras.
Além disso, a Aneel passou a exigir, por força da Resolução Normativa nº 396, de 23 de fevereiro de 2010, informações que representem adequadamente a situação econômico- financeira das concessionárias e permissionárias de transmissão e de distribuição de energia elétrica. Entre os dados divulgados, estão as Demonstrações Contábeis Regulatórias – DCRs dessas concessionárias e permissionárias. Os números são informados eletronicamente pelos próprios agentes, mas são sujeitos à fiscalização do órgão regulador.
A Contabilidade Regulatória foi instituída também pela Resolução Normativa nº 396, de 2010, devido à necessidade de se preservar informações imprescindíveis à regulação e à fiscalização e que não estão mais disponíveis na contabilidade societária, devido à convergência das práticas contábeis brasileiras aos padrões internacionais determinada pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007.
Nas DCRs (Demonstrações Contábeis Regulatórias), uma nota explicativa “regulatória” (NEREG) demonstra a conciliação entre o resultado apresentado na Demonstração de Resultado do Exercício – DRE, para fins societários, e o resultado apresentado na Demonstração Regulatória do Resultado do Exercício (DREREG). A nota também explicita a conciliação entre os saldos apresentados dos grupos e subgrupos de contas que compõe o balanço patrimonial societário e o regulatório, com as devidas explicações.
O novo modelo (DREREG) tem como propósito a divulgação do resultado num formato que espelhe a estrutura tarifária, segregando os custos em custos não gerenciáveis (Parcela A) e custos gerenciáveis (Parcela B), permitindo análise comparativa entre o resultado obtido e a tarifa concedida. Desta forma, optou-se por utilizar as informações pelo modelo regulatório, pois está mais aderente aos propósitos deste estudo.
O Apêndice B descreve os dados disponíveis e suas respectivas referências, que foram considerados nesta pesquisa. Os dados divulgados nos sites próprios das entidades, geralmente nas seções “Institucional” ou “Investidores”, foram utilizados em caráter suplementar e não foram listados.
Ressalva-se que o fenômeno em estudo trata de influências de variáveis em um espaço de tempo específico (2010-2014). Este fenômeno, contudo, ocorre continuamente ao longo do tempo, cujos efeitos podem ter sido ou não captados pela janela de tempo selecionada.
Não houveram falta de dados (missing values) na amostra. Este problema foi evitado ao recuperar eventuais informações não divulgadas no banco de dados da Aneel em referências alternativas confiáveis, tais como: sites próprios das entidades, relatórios de administração
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divulgados pela entidade, relatórios diversos divulgados pela entidade, Diário Oficial da União, diários oficiais dos estados, revistas e jornais de grande circulação, pesquisa em sites de associações e outros sites especializados.
No limite, quando não foi possível recuperar certa informação quantitativa, foi utilizado o método da interpolação aritmética, baseado nos dados coletados daquela entidade. Isso aconteceu em menos de 0,3% dos dados coletados. Portanto, trabalhou-se com um painel equilibrado na análise estatística com 310 observações completas. O Quadro 4.2 mostra o tratamento dos dados para fins de operacionalização das variáveis.
Agrupamentos Variáveis Códigos Tipo Operacionalização
Variáveis utilizadas pelos
modelos de benchmarking
Custos gerenciáveis cst escalar Disponível na DREREG. Área de concessão area escalar Disponível no site da Aneel. Extensão da rede ext escalar Disponível no site da Aneel. Densidade da rede den escalar Disponível no site da Aneel. Número de unidades
consumidoras uc escalar Disponível no site da Aneel. Energia distribuída ed escalar Disponível no site da Aneel.
Variáveis associadas ao
Sistema de Informação
Tipo de sistema ts dummy 0 = Interligado
1 = Isolado Duração equivalente de
interrupção dec escalar Disponível no site da Aneel. Frequência equivalente
de interrupção fec escalar Disponível no site da Aneel. Prêmio Abradee de
Qualidade quali escalar Disponível no site da Abradee.
Variáveis associadas ao Sistema Estrutural
Integração vertical int dummy 0 = não integrado 1 = integrado
Porte da entidade porte escalar Ativo Total (BPREG)
Liberdade sindical sind dummy
0 = não segue as normas da OIT (restrito)
1 = segue e/ou incentiva as normas da OIT (flexível) Exigência de padrões de
ética e resp. social etica dummy
0 = não exige padrões
1 = exige ou, ao menos, sugere padrões
Variáveis associadas ao
Sistema Sociocultural
Orientação curto x longo
prazo ocplp escalar
Invest. capacit. / Folha bruta de pagamento
Controle de incerteza ci escalar Turnover = média (adm.+ dem.) / dem.
Distância hierárquica di escalar Maior e menor remuneração. Disponível no Balanço Social
Agrupamentos Variáveis Códigos Tipo Operacionalização
Variáveis associadas ao
Sistema de Governança
Endividamento end escalar PC + PNC / Ativo Total
(BPREG)
Controle do governo gov dummy 0 = não há controle do governo 1= há controle do governo
Concentração de capital cap dummy
0 = não é concentrado (< 90% da participação do majoritário) 1 = é concentrado (> 90% da participação do majoritário) Variáveis associadas ao Sistema de Gestão
Valor adicionado va escalar Valor adicionado a distribuir (DVA)
Crescimento de mercado cresc escalar Energia distrib. t / Energia distrib. t-1
Evolução do patrimônio
líquido dpl escalar PL t menos PL t-1
Scores de Eficiência
Scores de eficiência pelo
modelo CRS-DEA crs
escalar truncada
[0;1]
Aplicação DEA.
Scores de eficiência pelo
modelo VRS-DEA vrs
escalar truncada
[0;1]
Aplicação DEA.
Scores de eficiência pelo
método SFA sfa escalar Aplicação SFA.
Quadro 4.2 – Operacionalização das variáveis Fonte: Elaborado pelo autor.
Quando houve a violação ao pressuposto de normalidade univariada, foi realizada a transformação linear (raiz quadrada dos dados) para algumas variáveis, em atendimento à linearidade das relações do modelo de equações estruturais (MARÔCO, 2010). Entretanto, a transformação linear dessas variáveis não afetou o cálculo das cargas fatoriais calculadas pela modelagem de equações estruturais.
Utilizando o teste de diferença do qui-quadrado (∆ ), conforme Brown, (2006); Steiger, Shapiro e Browne (1985), os modelos com e sem dados transformados são invariantes, pois a diferença ∆ não é estatisticamente significativa entre os modelos.