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A Via Colonial de Objetivação do Capitalismo no Brasil: o caminho particular da formação industrial e da força de trabalho no

Brasil.

Para se compreender o caminho particular de desenvolvimento do capitalismo industrial no Brasil, precisamos nos remeter a estudos importantes, principalmente para deixar claro que nossa proposta trata de identificar aspectos peculiares da nossa sociedade que possibilitaram o avanço e os limites de nossa formação.

Para isso, iremos recorrer aos estudos de Marx que caracterizou, no século XIX, as formas particulares que determinavam cada tipo de sociedade. Assim, ele não propôs um modelo de análise e, sim, anunciou os caminhos necessários para entender as formações sociais sempre dentro de suas especificidades. Se o ser humano se diferencia pela sua práxis, as sociedades também se distinguem dentro desse contexto.

Na sociedade capitalista, o modo de produção foi responsável por agravar as contradições de classe nas quais a burguesia se sobressaiu e adotou a condição de mediadora dos conflitos produzidos.

Para tanto, é necessário considerarmos a categoria de materialismo histórico, pois a realidade não decorre da natureza humana, porém de uma longa história que pode vir a ser historicamente superada. Para compreender o que se passa numa sociedade, precisamos observar seu modo de produção e como historicamente foi produzido e reproduzido.

Procuraremos realizar uma análise imanente na busca das problematizações e articulações do contexto histórico brasileiro, apontando os nexos constitutivos, seus entraves, avanços e limitações, o que nos levou a recorrer a uma citação de Meszáros:

“Para entender a natureza e a força das restrições estruturais prevalecentes, é necessário comparar a ordem estabelecida do controle sociometabólico com seus antecedentes históricos ao contrário da mitologia apologética de seus ideólogos, o modo de operação do sistema do capital é a exceção e não a regra,

no que diz respeito ao intercâmbio produtivo dos seres humanos com a natureza e entre si”81.

Assim, os contornos da objetivação do capitalismo no Brasil serão verificados a partir da categoria ontológica, cujos aspectos particulares se sobrepõem ao universal determinado e à indeterminação da generalidade, sendo possível, a partir dessa análise, perceber as determinações singulares.

Fazem necessárias as considerações de Marx acerca das singularidades que fomentam a originalidade das formas de produção e reprodução do ser social:

“Na produção social da sua existência, os homens estabelecem relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade, relações de produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a

estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a

qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O

modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral.

Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina sua consciência. Em certo estágio de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham movido até então. De formas de desenvolvimento das

forças produtivas, estas relações transformaram-se no seu entrave. Surge então uma época de revolução social. A

transformação da base econômica se altera, mais ou menos rapidamente, toda a imensa superextrutura. Ao considerar tais alterações é necessário sempre distinguir entre a alteração

81 MÉSZÁROS, István. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. Boitempo: São Paulo,

material – que se pode comprovar de maneira cientificamente rigorosa – das condições econômicas de produção, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em resumo, as formas ideológicas pelas quais os homens tomam consciência deste conflito, levando-o às últimas consequências. Assim como não se julga um indivíduo pela idéia que ele faz de si próprio, não se poderá julgar uma tal época de transformação pela mesma consciência em si; é preciso, pelo contrário, explicar esta consciência pelas

contradições da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas sociais e as relações de produção”82. (grifos

nossos).

É muito comum encontrarmos análises sobre a realidade brasileira baseadas em recortes cronológicos e compreendida nos conceitos universalizantes. Ao longo de anos de desenvolvimento do capitalismo brasileiro, alguns críticos se propuseram a analisar a realidade nacional para poder compreender não somente as características particulares de sua formação, mas também firmar idéias de grupos intelectuais em ascensão. Ao se comprometerem com as investigações, acabaram aplicando, sobre elas, métodos que passaram a reconhecer o desenvolvimento histórico brasileiro como consequência da expansão capitalista nos países considerados de primeiro mundo e, via de regra, dependente, em todos os expoentes, dos investimentos estrangeiros.

O capitalismo tem características universais e, em maior ou menos escala ele se desenvolve, sempre de acordo com os padrões e características peculiares de cada sociedade. Nesse sentido, não há espontaneidade do capital, mas um grau de motivação sempre expressa no grau de exploração a que as classes estão submetidas.

O desenvolvimento do capitalismo no mundo e das formas que adquire em determinadas sociedades não é um incidente: é o resultado da conduta e das formas de burocratização do Estado, do nível de desenvolvimento ou não das forças produtivas, do desenvolvimento e da experiência que os indivíduos

82 MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. 3 ed. Martins Fontes: São Paulo, 2003. pp.

sociais adquirem nesse processo, promovendo seu nível de consciência, e a criação de formas de resistência.

Dessa maneira, o capital encontra diversos terrenos para sua reprodução e, na incompletude dos desenvolvimentos sociais de determinadas sociedades, encontra o terreno mais fértil não apenas para promover o seu desenvolvimento, mas para além dele, também promover a superexploração da força de trabalho e os entraves evitando questionamentos por parte dos atingidos.

Em sociedades cujo desenvolvimento processou-se, de maneira tardia ou hipertardio como no caso brasileiro, a falta de rupturas superadoras acaba originando estados autocráticos que garantem o desenvolvimento das forças produtivas e a regulação do corpo social por meio de uma legislação trabalhista que homogeneíza as relações entre capital e trabalho garantindo certa paz social.

No caso brasileiro, não podemos deixar de destacar os caminhos distintos de como se objetivou, aqui, o capitalismo e como essa forma particular de organização do capital deu início ao desenvolvimento da força de trabalho industrial e da organização burocrática do aparelho estatal. Desse modo procuraremos compreender as possibilidades e os limites, os avanços e a lentidão da constituição social do país em relação a outras nações.

Não queremos aqui, nesse ponto, trabalhar com a noção comparativa, porém entender as condições particulares de nossa sociedade.

Diferentemente de alguns estudiosos que se limitam a explicar nossa história com conceitos restritivos, nós pretendemos, de fato, trazer o cenário que cedeu espaço ao capitalismo industrial e propiciou a formação singular da indústria brasileira, da burguesia industrial nacional e das relações estabelecidos.

Nesse sentido, adotamos a categoria de Via Colonial formulada por José Chasin que procura entender as formas típicas e particulares de formação do modo de produção capitalista no Brasil.

Partimos da análise de que a sociedade é fundamento do Estado não somente na forma de ser do Estado burocrático, mas na forma de ser de todos os componentes que engendram e atuam nessa sociedade. Tal parecer condena, radicalmente, aqueles estudiosos, sobretudo da Economia Política,

os quais consideram o Estado como uma realidade independente, que possui seus próprios fundamentos intelectuais e morais com a liberdade de exercer esse “modelo” de atuação em qualquer local onde se instalar.

A sociedade civil não pode ser entendida como uma anatomia universal; ela, desde sua origem, na raiz (radicalidade) das suas formações já é expressão genérica e expressa, nas suas contradições, sua essencialidade. Ou seja, em seus modos e estágios de desenvolvimento, em toda sua formulação para se transformar em capitalismo, vai adquirindo concreções específicas na qual um “modelo” de estado não encontra possibilidade de subsistir.

Alguns estudiosos brasileiros realizaram importantes estudos sobre a formação da sociedade e do capitalismo nacional comparando seus estágios com formações específicas européias, no caso, a via prussiana. Viram eles semelhanças entre as formas de objetivação do capitalismo na Alemanha e Itália e fizeram de suas determinações gerais traços que caracterizariam semelhanças com a formação brasileira. Algumas abstrações operadas em relação ao concreto da particularidade do caminho prussiano foram destacadas por J. Chasin:

a-) propriedade rural: presença decisiva;

b-) “reformismo pelo alto” que caracterizou os processos de modernização (soluções conciliadoras, que excluem rupturas superadoras);

c-) desenvolvimento lento das forças produtivas;

d-) implantação e progressão da indústria, das forças produtivas e do modo de produção, retardatária e tardia83.

Para o autor, essas generalidades razoáveis contém, dentro de cada aspecto, o resultado de uma lógica distinta. Aquilo que aparenta ser um traço comum, é, na verdade, um complexo de determinações particulares e é exatamente esse conjunto de complexos que dá origem ao desenvolvimento dessa particularidade. Tomados do ponto de vista abstrato, tais elementos podem parecer semelhantes, jamais iguais.

83 CHASIN, José. A miséria brasileira (1964-1994: do golpe militar à crise social): a via colonial de

Autores como Carlos Nelson Coutinho84 e Luiz Werneck Vianna85 tomaram o caminho prussiano como referencial para se compreender os processos específicos de formação capitalista brasileiro. É importante entendê- lo como modo particular de se constituir capitalismo, o que ajuda a orientar os traços singulares da formação brasileira.

Diferente da Via Colonial, caracterizada por engendrar o capitalismo industrial e, consequentemente, desenvolver as forças produtivas, gerar e qualificar mão-de-obra e por traduzir em revoltas e revoluções superadoras as contradições geradas por essa nova composição social e de forças, a via prussiana se absteve das fases de emancipação política (da burguesia e do proletariado) e das rupturas transformadoras tão características de países como a Inglaterra e França que tiveram, na burguesia e na classe operária, as forças necessárias para colocar em xeque e superar as monarquias absolutas ali existentes. No caso prussiano, não ocorram, simultaneamente com os povos modernos, as fases intermediárias da emancipação política, o que impulsionou uma combinação dos aspectos do Estado moderno com características reacionárias.

No contexto da expansão das forças produtivas, a Alemanha do final do século XIX, atinge grande expressão, a ponto de alcançar traços imperialistas apesar do tipo e do nível de sua formação e, por ainda, não se constituir em nação unificada.

No caso brasileiro, a industrialização ocorre muito mais tarde, já num momento avançado da época das grandes guerras imperialistas e se constituiu em país industrial no século XX, sem nunca ter rompido com sua condição de país subordinado aos polos hegemônicos da economia internacional. Para Chasin:

“Fácil é a percepção das distinções, nas expressões concretas que assumem, em cada caso, cada uma das características abstratas que arrolamos como comum aos dois. Observação que nos conduz, portanto, à constatação não mais apenas de

84 COUTINHO, Carlos Nelson. Realismo & anti-realismo na literatura brasileira. Paz e Terra: Rio de

Janeiro, 1874.

uma única firma particular de constituição não-clássica do capitalismo, mas a mais de uma. No caso concreto, cremos que se está perfeitamente autorizado a identificar duas, de tal sorte que temos, acolhíveis sob o universal das formas não clássicas de constituição do capitalismo, a forma particular do capitalismo prussiano, e um outro particular, próprios aos países, ou pelo menos a alguns países (questão a ser colocada e verificada), de extração colonial. De maneira que ficam distinguidos, neste universal das formas não-clássicas, das formas que, no seu caminho lento e irregular para o progresso social, pagam alto tributo pelo atraso, dois particulares que, conciliando ambos com o historicamente velho, conciliam, no entanto, com um velho que não é nem se põe como o mesmo. Conclusivamente: de um lado, pois, firmemente estabelecido, temos o caminho prussiano; a seu lado, sem que confiramos demasiada importância aos nomes, fique, sem pretensões, a sugestão designativa de via ou caminho colonial. Expressão conveniente que tem, nos parece, a propriedade de combinar a dimensão histórico-genética com a legalidade dialética”86.

Dessa forma, Chasin estabelece uma diferenciação progressiva por meio das concreções específicas de cada realidade e deixa claro o nível de diferenciação em frase que aqui ouso parafrasear: se o capitalismo objetivado na Alemanha é compreendido como tardio, o brasileiro, por suas características mais atrasadas, só pode ser caracterizado como hipertardio.

Os caminhos particulares são diversos, pois a universalidade do capitalismo vai sempre encontrar, diante de si, determinadas singularidades e, inseridos e misturados a elas, irá adquirir novos aspectos e novas capacidades e condições específicas para se produzir e reproduzir. É somente analisando, sob essas considerações, que temos condições de levar em conta e compreender as ausências de rupturas, as dependências econômicas, as formas de desenvolvimento do Estado e das condições que ele estabelece para a inserção industrial no Brasil. Assim, no início do século XX, quando as

86 CHASIN, José. A miséria brasileira: A via colonial de entificação do capitalismo. Ad hominem: São

primeiras indústrias começam a criar novos aspectos e novas dimensões no país (vida urbana, operariado, surgimento dos bairros operários), principalmente na cidade de São Paulo, o Estado sofreu reformas no sentido de se adaptar a essa nova realidade. Mas é, a partir de 1930, que o fomento mais decisivo foi estabelecido dando, os elementos necessários para a constituição do nosso capitalismo industrial.

Ao analisarmos a Via Colônia é necessário compreender os modos pelos quais a industrialização se assentou no país e os elos débeis que configuraram sua expansão e a manutenção de velhas formas de poder, ao mesmo tempo em que há uma progressão industrial.

Essa organização do capitalismo industrial começa a adquirir afirmação e se inicia, a todo vapor, a partir de 1930. Apesar de termos passado por épocas que, constantemente, foram caracterizadas como resultado de mudanças na sociedade brasileira, eles sempre se caracterizaram como um reformismo pelo alto, nunca sendo resultado de forças de pressão das camadas populares ou por uma pequena burguesia disposta a derrubar o governo estabelecido. As supostas rupturas brasileiras ininterruptamente foram mais resultados de conciliações do que uma drástica alteração nas formas e grupos que gerenciavam a política do país. Mesmo a burguesia, nunca adquiriu caráter revolucionário e foi incapaz de romper com as antigas classes dominantes. Contrariamente, ligou-se, de forma intrínseca, a elas caracterizando-se como uma classe que jamais promoveu ou conheceu a revolução democrática burguesa.

As transformações políticas necessárias para a expansão dos negócios e dos mercados brasileiros foram realizadas pelas classes dominantes que, ao longo de sua história, ligaram-se entre si e promoveram conciliações e concessões.

O Brasil viveu, até 1930, uma fase quase ininterrupta de crescimento da economia agro-exportadora até o desequilíbrio econômico provocado pela quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929 e, consequentemente, pela crise do café.

Estavam, assim, criadas as condições objetivas e necessárias para o desenvolvimento da economia mundial e o princípio do verdadeiro capitalismo no Brasil.

Até 1930, com a progressão da economia agro-exportadora, o crescimento das lavouras cafeeiras e da grande venda desse produto aos mercados europeus, o mercado brasileiro garante sua sustentabilidade e lucros cada vez maiores o que beneficiava a burguesia agrária e o Estado do país. Esse sucesso ocasiona o retardamento da implantação de formas industriais em território nacional resultando lentidão em outros níveis de desenvolvimento sociais.

Para Francisco de Oliveira, o ano de 1930 marca o fim de um ciclo da economia brasileira:

“(...) o fim da hegemonia agrário-exportadora e o início da predominância da estrutura produtiva de base urbano- industrial. Ainda que essa predominância não se concretize em termos da participação da indústria na renda interna senão em 1956, quando pela primeira vez a renda do setor industrial superará a da agricultura, o processo mediante o qual a posição hegemônica se concretizará é crucial: a nova correlação de forças sociais, a reformulação do aparelho e da ação estatal, a regulamentação dos fatores, entre os quais o trabalho ou o preço do trabalho, têm significado, de um lado, de destruição das regras do jogo segundo as quais a economia se inclinava para as atividades agrário-exportadoras e, de outro, de criação das condições institucionais para a expansão das atividades ligadas ao mercado interno. Trata-se em suma, de introduzir um novo modo de acumulação, qualitativa e quantitativamente distintos, que dependerá substantivamente de uma realização parcial interna. A destruição das regras do jogo da economia agrário-exportadora significava penalizar o custo e a rentabilbidade dos fatores que eram tradicionalmente alocados para a produção com destino externo, seja confiscando lucros parciais (o caso do café, por exemplo), seja aumentando o custo relativo do dinheiro emprestado à agricultura (bastando simplesmente que o custo do dinheiro emprestado à indústria fosse mais baixo)87.

Portanto, o Estado brasileiro, a partir de Vargas estabeleceu todos os incrementos legais para favorecer a entrada de capital estrangeiro na formação de sua indústria. Uma das maneiras de promover esse incentivo foi as ações de caráter fiscal e a relação de empréstimos para o desenvolvimento da cadeia produtiva, assim como incentivo à importação de máquinas e equipamentos. O setor agro-exportador foi severamente castigado pelas novas regras do mercado que havia, agora, mudado o foco e as formas na condução do desenvolvimento do capitalismo no Brasil88.

Para Wilson Cano, a industrialização não pôde se restringir. Era necessário responder à demanda de bens de consumo sob pena de comprometer a reprodução do capital, sendo necessário fazer um esforço interno para substituir, também, algumas importações de bens de produção e não comprometer a capacidade de importar tão necessária para a expansão da industrialização. O governo fez gestões no mercado interno para estimular ou forçar até mesmo a substituição de importação de produtos primários. Nesse sentido, a organização dessa forma de economia precisou provocar estímulos para uma resposta adequada da oferta agrícola à demanda exercida pela indústria e pela urbanização.

Na medida em que o capital industrial vai assumindo seu modelo, ele se encontra com um outro de funções invertidas e específicas funções (capital agro-exportador). No trajeto de sua evolução, ele impõe suas formas e converte o anterior em derivada e submetido a ele. Ou seja, não há uma eliminação de um pelo outro e, sim, a convergência da subordinação até pelo fato da estrutura burocrática ter se voltado a garantir a produção e reprodução do capital industrial obstaculizando, na forma de redução de financiamento, créditos e incentivos o progresso do setor agro-exportador como carro-chefe da economia brasileira.

Dentro desse complexo particular de desenvolvimento industrial, a burguesia nacional passa a adquirir status de revolucionária no bojo da grande

88 Para Wilson Cano no período de 1929-33 altera-se substancialmente o caráter principal do antigo

padrão de acumulação (o “modelo primário-exportador” ou “de desenvolvimento para fora”). Ou seja: a dominância que as exportações sobre a determinação do nível e do ritmo da atividade econômica do país passaria em segundo plano. A partir desse momento, seria a indústria o principal determinador do nível de atividade. CANO, Wilson. Desequilíbrios regionais e concentração industrial no Brasil 1930-1970. 3 ed. Unesp: São Paulo, 2007.

indústria como capaz de promovê-lo e, também, como conseqüência, o progresso social. Contudo, ela não possui esse aspecto essencial e não é a grande responsável pelo novo estágio social e econômico. Apenas corrobora, ao assumir os investimentos externos, os padrões de progresso das forças produtivas. Esses fatores vão ocasionar contradições de classe que serão assumidas em forma de pressão por parte dos movimentos sociais e sindicais e repressão (judicial ou policial) por parte do Estado.

Importante estabelecer que a burguesia nacional também se configure como parte singular na história do desenvolvimento do capitalismo industrial. Ela não almeja romper com as formas de Estado, mas pertencer ao seu