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3.1) Sua atuação, dentro da esfera do capital, sem propostas efetivas para diminuir ou contestar os impactos causados pela reestruturação produtiva e consequente reestruturação do mundo do trabalho foi um dos principais aspectos desencadeados nesse período. Altas taxas de des-sindicalização acabaram explicando, pelo menos parcialmente, o afastamento da base operária das discussões relativas às mudanças na relação entre capital e trabalho na década de 90.

3.2) O abandono das suas tarefas com a base operária no chão-de-fábrica, o que influenciou sobremaneira na redução dos níveis de sindicalização e no afastamento dos operários mais jovens das discussões sindicais e do sindicato propriamente dito.

3.3) As mudanças de orientação pela CUT em seu IV Congresso em 1991 propuseram o abandono das antigas práticas para atuar dentro de um

sindicalismo denominado propositivo que abarcaria a luta e a negociação. Um sindicalismo de negociação e não de enfrentamento também se tornou o aspecto importante para a compreensão do refluxo sindical reivindicativo e a adoção de uma perspectiva negociadora.

3.4) A atuação restrita na Câmara Setorial Automotiva foi considerada um avanço por alguns sindicalistas e alguns autores dessa temática. Mas o resultado geral das Câmaras apareceu quando foram extintas, inibindo a atuação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC nas negociações junto ao Estado e às empresas, revelando, também, o grau de afastamento do Sindicato em relação à sua base e o resultado de suas opções.

No quadro particular de reestruturação produtiva nos anos 1990, no Brasil, qualquer usuário ou proprietário de automóveis consegue diferenciar as inovações e as profundas modificações ocorridas no desempenho e na qualidade do produto automobilístico nos últimos tempos. Mas o que muitos não conseguem visualizar são as contradições existentes no interior desse processo de mudanças.

Por conta dessas significativas mudanças é que se torna necessária a análise do período e das correlações de forças dentro do que se convencionou chamar de reestruturação produtiva. Não apenas a reestruturação de um setor produtivo mas também da dinâmica, dos dispositivos organizacionais do Estado, das Empresas e do Sindicato, um toyotismo de significado ontológico, que vai de um novo regime de acumulação centrado no princípio da flexibilidade até os novos fundamentos da organização social da produção. Nesse princípio, ele realiza em todos os níveis, um novo tipo de captura da subjetividade.

O que se apresenta como sinal de avanço e modernidade também revela sua face contraditória, se analisada pelo ponto de vista do trabalho/ emprego e dos rumos dos movimentos sociais, principalmente o operário e sindical que sofreu evidente refluxo e transitou, na década de 1990, pelos caminhos da adaptação exibindo sua inoperância como representante legítimo de luta e defesa da classe trabalhadora.

As sequelas produzidas pelo capitalismo brasileiro no seu “ciclo virtuoso” vêm associadas à redução dos postos de trabalho, à exigência de capacitação técnica que colocaram à margem, milhares de trabalhadores.

Nesse aspecto é possível, também, considerar os novos contornos adquiridos pelo Sistema Educacional Brasileiro na década de 90. O governo investiu na criação de escolas técnicas para formar a mão-de-obra necessária para atuar diante das novas exigências do mercado10.

Os outros níveis educacionais públicos continuaram sofrendo com o descaso, oferecendo às crianças e aos adolescentes de baixa renda um serviço de péssima qualidade enquanto promoviam a particularização do ensino no país e a adaptação do ensino público aos anseios do capital.

Para recuperar a lógica do sindicalismo brasileiro, pareceu-nos importante discutir o cenário da década de 80 no sentido de recuperar os resultados das manifestações e do exemplo, produzido pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na articulação do movimento operário e sindical.

Nessa década, um partido que se propunha da classe trabalhadora (PT – Partido dos Trabalhadores) e uma central sindical de extrema relevância histórica (Central Única dos Trabalhadores – CUT) foram criados e, ao longo desse período, eles participaram de eventos importantes e estiveram presentes em inúmeras greves de várias categorias.

Mas, apesar do empenho e da luta sindical no país ao longo da década de 80, tais organismos sofreram cisões importantes que podem explicar os rumos que o sindicalismo acabou adotando na década posterior. Várias foram as cisões políticas no interior da CUT ao longo dos anos 80. As discordâncias ideológicas e de atuação originaram novos organismos sindicais e produziram novas lideranças no cenário nacional. A própria Força Sindical, criada em 1991, surgiu do afastamento da CUT e adotou diretrizes diferenciadas em relação às orientações cutistas.

Vale ressaltar que, ainda na década de 80, a temática da reestruturação produtiva atingiu o Brasil apenas parcialmente. Adotavam-se algumas

10 FRIGOTTO, Gaudêncio, CIAVATTA, Maria. Educação básica no Brasil na década de 1990:

subordinação ativa e consentida à lógica do mercado. Revista Educação e Sociedade: Campinas, vol. 24, nº 82, abril de 2003. Esse trabalho aborda os termos organizacionais e pedagógicos tratados, inicialmente, na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtien, Tailândia em 1990, que inaugurou um grande projeto de educação em nível mundial, financiada por agências como UNESCO, UNICEF, PNUD e Banco Mundial. A Conferência apresentou sua visão para o decênio de 1990. As bases, lançadas pela Conferência, inspiraram o Plano Decenal da Educação para Todos em 1993. A partir de 1995, com o governo de Fernando Henrique Cardoso, a educação básica seria imbuída de novos pressupostos. A nova LDB, aprovada nesse governo, acentuava a necessidade de “desenvolver o educando, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (Lei nº 9.394/96 art. 22)

tecnologias, mas não existia um apoio logístico que consolidasse todas as outras esferas que uma reestruturação engloba. Ou seja, enquanto países europeus sofriam com as chegada das empresas asiáticas e, portanto, com a competição acirrada em todos os níveis, as indústrias européias se valiam das mesmas técnicas11 para inovar, enxugar os excessos para cada vez mais produzir e fazer frente aos novos produtos. Lá os impactos desse processo também foram significativos para a classe operária e para o movimento sindical, porém sob outras singularidades12.

Além disso, é importante destacar as inúmeras particularidades desse período no Brasil. Dentre elas, as problemáticas em torno da distensão política da ditadura militar e o processo de redemocratização que chegaria ao seu auge em 1985.

Enquanto isso, as indústrias automobilísticas brasileiras, setor privilegiado da economia nacional por conta dos inúmeros incentivos que recebeu desde sua chegada ao país, ainda colhiam os frutos positivos no mercado interno e ainda não viviam uma fase de esgotamento de seu modelo produtivo não só pelas circunstâncias nacionais, mas também por ter sido uma década de reestruturação em larga escala do capital internacional nos países considerados centrais (Estados Unidos da América e os países europeus). Assim, as matrizes se ocuparam em reorganizar a produção e em se preparar para enfrentar as novas empresas concorrentes, enquanto, no Brasil, as questões sobre a reorganização política e econômica em torno da abertura política estavam na ordem do dia.

O peso da indústria automobilística brasileira na constituição da economia e da política em nossa sociedade data dos últimos 50 anos e explica a importância do setor e do tema no entendimento do processo de reestruturação produtiva e gerencial ocorridos na década de 90. Diante das formas tradicionais de produção em massa e de gestão taylorizada do trabalho, é sempre importante salientar que esse setor congregava grande massa

11 Técnicas japonesas de produção e gestão da força de trabalho como a desenvolvida pela empresa

japonesa Toyota (toyotismo) e que hoje se tornou a principal referência na implantação de novas formas de produção e gerenciamento não só no setor automotivo como também em empresas alimentícias, sapatos etc. Revista Foto – economia e negócios. A vez do toyotismo. 1° de dezembro de 2006, ano 2, n° 44.

12 BIHR, Alain. Da grande noite à alternativa: o movimento operário europeu em crise. Boitempo: São

operária que foi responsável por imprimir atos significativos de oposição contra a exploração e ajudando a formular tendências sindicais e intersindicais.

Também imprimiu uma particularidade de desenvolvimento da economia nacional extremamente dependente do capital internacional e comprometida com os fomentos técnicos externos. São dois paralelos que exprimem os avanços e os limites tanto do capitalismo quanto do movimento sindical e operário ao longo dessa história.

Em se tratando de mudanças elas não tardariam a chegar à América Latina e, aqui, causar suas contradições mais imediatas, possíveis de serem verificadas nos governos Collor e no de Menem na Argentina.

O princípio da década de 90 traria consigo uma história bastante respeitável dos movimentos sociais, operários e sindicais: a afirmação do Partido dos Trabalhadores como partido operário e da CUT como central de planejamento e discussão das questões em torno do trabalho e do emprego foram fundamentais.

Mas nem todas as conquistas ou tantas histórias de lutas contra os patrões pouparam os trabalhadores e o próprio sindicalismo de seu esvaziamento. O politicismo do Partido dos Trabalhadores e das lideranças sindicais acabou por levar os movimentos sindicais e operários para o universo político, desconsiderando as clivagens sociais determinadas pela antítese estrutural entre capital e trabalho. A perda dessa particularidade, ao longo dos anos 80, causou a ausência da entificação de classe essencial no intercâmbio entre movimento sindical e movimento operário.

Com a vitória de Fernando Collor de Mello nas eleições de 1989, as ações governamentais voltaram-se para as mudanças na chamada Política Industrial com a Abertura Comercial, da concorrência com o mercado externo e da internacionalização da economia nacional. De acordo com o governo, isso medida derrubaria, de vez, o suposto atraso brasileiro e colocaria a economia brasileira rumo à modernização pelo caminho da adoção dos padrões internacionais de produção, gestão e qualidade.

Apesar de criar inúmeros programas de capacitação tecnológica e promovendo uma gama de incentivos financeiros e fiscais para desencadear uma rápida reestruturação, o Estado brasileiro, cada vez mais, partia para a

sua própria reestruturação assumindo o papel de mediador entre capital e trabalho.

A adoção desse papel de viabilizador das demandas do capital e da reestruturação econômica do país permitiu uma rápida expansão e reorganização do capitalismo ao tornar as regras do mercado mais abertas, ao produzir uma legislação equivalente a esse projeto modernizador tirando de sua responsabilidade os princípios de gestão das normas gerais do mercado.

Assim, surgiu uma nova geografia econômica: da parte do Estado se redefiniram as estruturas, os métodos e as procedências do capital e, da parte das grandes indústrias, a reorganização de papéis, de espaços, de desenhos industriais, organizando a produção no sentido de enxugar custos e eliminou postos de trabalho e setores de produção, dando origem à Terceirização e, consequentemente desarticulando, as formas de resistência dos trabalhadores e sindicatos.

Nessa perspectiva, o caráter “Neoliberal” do Estado brasileiro, na década de 1990, assume suas singularidades e especificidades que procuraremos trabalhar no capítulo “A década dos Fernandos”.

Para tanto, implementaremos análises em torno da construção do “neoliberalismo” brasileiro para compreender o saneamento do Estado brasileiro, o financiamento proporcionado para as grandes indústrias se adaptarem aos métodos produtivos e aos padrões de qualidades internacionais em detrimento do avanço social, da melhoria do nível educacional, de saúde, de moradia, da reforma agrária e de inúmeros outros aspectos13.

Essas contradições são importantes para entender que as estruturas de desenvolvimento podem ter caráter universal, mas o resultado delas, mediante as contradições e as irresoluções sociais brasileiras, decreta outros rumos e outros resultados de política “neoliberal”.

Além de todas as estratégias articuladas no plano político, da produção e do, ameaça constante das empresas abandonarem o ABC Paulista também foi assunto recorrente nos debates desse período. Por conta dos inúmeros

13 De acordo com François Chesnais “as instituições financeiras, bem como os “mercados financeiros”

(cujos operadores são mais fáceis de identificar do que faz supor essa expressão tão vaga), erguem-se, hoje, como força independente todo-poderosa perante os Estados (que os deixaram adquirir essa posição, quando não os ajudaram), perante as empresas de menores dimensões e perante as classes e grupos sociais despossuídos, que arcam com o peso das ‘exigências dos mercados’ (financeiros)”. In: A mundialização do capital. Xamã: São Paulo, 1996. p. 239.

incentivos fiscais dados pelos governos estaduais e força de trabalho barata, muitos fabricantes optaram por implantar novas plataformas produtivas em regiões como nordeste e sul do país ao invés de investir no desenvolvimento e recapacitação de setores já existentes nas fábricas do ABC Paulista.

Novos complexos automotivos foram surgindo ao longo da década de 90. Dentre eles, destacam-se o Complexo Automotivo do Paraná, o de Minas Gerais e o do Nordeste. Nesse contexto, entra, também na problematização, a temática da logística que auxilia na redução dos estoques e transfere para as empresas terceirizadas as responsabilidades de transporte e entrega de peças e equipamentos dentro das especificações e prazos14.

Nas décadas anteriores, era estratégico que as montadoras de automóveis e as empresas de autopeças estivessem próximas formando um conglomerado industrial como foi o caso do ABC e até por conta da viabilidade existentes entre a capital e o porto de Santos. Com o advento da terceirização na década de 1990, muitas etapas da produção deixaram de ser desenvolvidas nas montadoras e passaram a ser de responsabilidade dos contratados o desenvolvimento de fabricação dentro dos padrões de qualidade internacionais e a entrega das peças para qualquer lugar do país.

A manutenção dos contratos entre as empresas passou a depender da regularidade e eficiência desses parceiros. Portanto, hoje, não importa onde as empresas estejam localizadas, (perto ou longe das grandes capitais) mas, sim, os parceiros que constituem os conglomerados e fazem parte do ciclo de desenvolvimento do produto. No entanto, do ponto de vista do movimento operário e sindical tal situação provoca uma profunda desarticulação da classe operária, perda da consciência de classe e eliminação da atuação das categorias operárias.

Como esses aspectos não estão arraigados à história do trabalho e do trabalhador brasileiro, tal processo provoca uma profunda cisão nas perspectivas emancipadoras no caso brasileiro.

14 O aprofundamento dessas prerrogativas se dá pelo processo de investimento em automação, na

utilização de CNC (Controles Numéricos Computadorizados, computadores e sistemas CAD/CAM que assessoram o limite e os estoques nas empresas e terceirizadas, a implantação de novas células de trabalho, a adoção de programas de melhorias contínuas e a aplicação do just-in-time e do Kanbam. Os condomínios industriais e os consórcios modulares são exemplos de uma nova logística no processo de produção e nas estreitas relações com as empresas parceiras (terceirizadas).

De certo, a gama de transformações ocorridas nas indústrias automobilísticas do ABC, seus desdobramentos e com a política implantada no governo Collor causaram um duro golpe no Sindicalismo Metalúrgico do ABC. Ele não conseguiu se reestruturar na mesma velocidade do capital industrial do país. O sindicalismo de classe e reivindicativo dos anos anteriores foi, ao tempo, sendo substituído por um sindicalismo de cúpula e politicista, absorvido pelas negociações com o governo e com as empresas e afastado da base operária.

Ao ser pego no contrapé, esse sindicalismo experimentou uma fase de imobilidade, de incapacidade de articulação com as massas e pouco poder contestatório. Atuou dentro da lógica e dos limites do capital cuja única estratégia foi sobreviver em meio a ela. Por esse motivo, não podemos fragmentar as análises em torno do sindicalismo denominando épocas e anunciando rupturas como ocorreu com o que se tornou comum chamar de “velho sindicalismo”, aquele praticado antes do golpe, e o “novo sindicalismo” desencadeado na década de 70.

É preciso que compreendamos o período dentro das suas particularidades históricas para que possamos perceber, também, os traços de permanências e continuidade não só das práticas sindicais, mas também da estrutura sindical e das correlações de forças com o poder instituído.

Podemos verificar que, na história do sindicalismo no Brasil, iniciada legalmente a partir de 1930 com Getúlio Vargas, se caracterizou pelo controle das atividades sindicais pelo Estado, chegando até à introdução em 10//11/1943 da Consolidação das Leis do Trabalho que aglutinou todos os dispositivos legais trabalhistas desenvolvidos na Era Vargas, baseada na Carta del Lavoro de Mussolini.

Impressionante que, em 2008, a CLT continue vigorando disciplinando e estabelecendo os direitos, os deveres e a organização dos trabalhadores e empresários em relação às leis trabalhistas e tenha sofrido tão poucas alterações desde então.

Por conta dessas e outras permanências é que precisamos entender e visualizar onde as chamadas “novidades” no campo sindical ocorreram. Não para considerá-las elementos de ruptura com o passado, mas para identificar

as novas possibilidades de luta que se apresentaram e que foram frutos das experiências anteriores.

Diante desse caminho singular da história do sindicalismo brasileiro, é fundamental compreender que o sindicalismo que atuou na década de 90 não procurou uma via alternativa de enfrentamento, preferiu não contrapor e, por muitas vezes, andou na mesma direção dos patrões rumo a acordos e negociações coletivas de caráter bastante frágeis. Ao adotar esse novo caminho, o Sindicato se institucionalizou e afastou-se dos interesses reais da classe trabalhadora. Sua burocratização produziu um sindicalismo neocorporativo e um novo engajamento com o Estado perpetrado de permanências estruturais e o dinamismo de uma lógica do capital incompleto.

E para se engajar no processo de reestruturação produtiva e responder aos problemas lançados por essa nova ordem produtiva, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC criou, em sua sede, programas de capacitação e recapacitação, abriu grupos de discussões para jovens e mulheres, mas atuou somente na perspectiva da sobrevivência e não da luta e crítica ao capital.

Ao querer se fazer presente no jogo partidário e burocratizado, principalmente dentro da Câmara Setorial, o sindicalismo combativo do ABC Paulista acabou subordinando-se e adotando a estratégia da ação dentro do sistema a que chamaremos da sobrevivência dentro da lógica limitadora, excludente e voraz do capital.

Não podemos perder a perspectiva que muitos estudiosos adotam como análise de cunho neoliberal desencadeada na década de 1990, tendo como expressões importantes os governos de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso, período que caracterizaremos, na tese, como “Década dos Fernandos”.

Nessa linha de análises, procuraremos compreender as prerrogativas do professor Dr° Armando Boito Jr15 em seu livro Política Neoliberal e Sindicalismo

no Brasil, do professor Dr° Giovanni Alves16 no livro O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise do sindicalismo e do professor Dr°

15 BOITO JR, Armando. Política Neoliberal e sindicalismo no Brasil. Xamã: São Paulo, 1999.

16 ALVES, Giovanni. O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise do

Adalberto Moreira Cardoso17 A década neoliberal e a crise dos sindicatos no Brasil. Esses e outros estudiosos discutiram em suas obras18, as características do neoliberalismo brasileiro e com elas, iremos compor as particularidades da tendência no Brasil, os avanços e os retrocessos provocados pela adoção dessas características pelo Estado brasileiro.

Compondo a política brasileira dos anos 90, a partir dos estudos das obras citadas, pretendemos propor o entendimento do cenário político e econômico brasileiro pela via da categoria trabalho e não por conceitos que, muitas vezes, acabam desconsiderando as particularidades de constituição das problemáticas nacionais com a aplicação de conceitos universalizantes.

Verificaremos tal momento da história brasileira de forma diferenciada, observando o avanço da mundialização do capital e a entrada do Brasil nesse processo adotando não somente as regras internacionais de produção, gestão e qualidade, como também os princípios básicos da política neoliberal. Vale ressaltar que a produção, baseada nos princípios citados, tratou de compor, mundialmente, uma forma padronizada com aspectos referentes à qualidade dos produtos e às técnicas de produção. Hoje, produzimos automóveis, entre outros, da mesma forma e com a mesma qualidade que qualquer país de primeiro mundo. Entretanto, a diferença está em como no desenvolvimento dessas formas universais dentro das particularidades de cada lugar e nos elos débeis, se desencadeiam avanços e retrocessos que elas reproduzem e com as quais se contrastam.