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3. EXPLORADORES

3.1. Que comece a Expedição

“Explorador, aquele que parte à aventura da descoberta de novos mundos, que vai mais longe, mais além, aquele que descobre. (…) O explorador aprendeu a viver na natureza, a amá-la e respeitá-la. É um homem capaz de cuidar de si próprio e de ajudar os outros. Adapta-se ao meio ambiente em que vive e tira dele o maior proveito. Os exploradores são os mestres na exploração – a arte de explorar.” (CNE- Secretaria Nacional Pedagógica – Manual do dirigente, 2011, p. 97)

Enérgicos, dinâmicos, instintivos, apaixonados, aventureiros e muito sonhadores, com uma vontade imensurável de descobrirem o mundo e principalmente a si mesmos, caracterizam-se os elementos da IIª Secção do CNE e, o seu imaginário gira em torno do “Explorador, que parte à descoberta do desconhecido”. Esta descoberta assenta na vivência em grupo e na necessidade de criar um círculo muito restrito de amigos e acaba por ser em conjunto com eles que, cada explorador vai em busca do seu potencial, lutando pelos seus sonhos, vivendo a aventura ao sabor de todas as suas emoções. A IIª Secção organiza-se em Patrulhas6, grupo de exploradores, e a este conjunto dá-se o nome de Expedição. Os exploradores pertencem a uma Expedição e é nela que se sentem entre amigos, onde podem concretizar as suas ideias porque a sua voz conta.

Como exploradora deste meu percurso, parti para a aventura com uma ânsia enorme de me conhecer num mundo diferente daquele a que estava habituada. Conhecer-me enquanto ser social, mas sobretudo profissional, tendo em conta que essa foi a área da minha vida que motivou à mudança de quotidiano. Não queria de forma nenhuma que esta mudança comprometesse a

5 Expedição: O seu sentido denotativo diz-nos que é grupo de pessoas que se descolam a um

lugar para descobrir algo. Nos escuteiros, chama-se Expedição a um conjunto de Patrulhas e dos seus exploradores.

6 Patrulhas: No CNE a designação de “Patrulha” é diferente em cada uma das secções, para

que o seu enquadramento simbólico se adapte a cada uma delas. Assim, na Iª Secção (Lobitos/Caçada) atribui-se o nome de “Bando”, na IIª Secção (Exploradores/Expedição) designam-se “Patrulha”, na IIIª Secção (Pioneiros/Comunidade) têm o nome de “Equipa” e por último na IVª Secção (Caminheiros/Clã) chamam-se “Tribo”.

vontade de realizar um Estágio com bom desempenho e excelentes resultados, com a exigência pessoal, capacidade de esforço, superação e adaptação que me caracterizam.

Era fundamental inteirar-me do enquadramento do processo que iria viver neste ano letivo, para que pudesse desempenhar as minhas funções enquanto professora estagiária. Igualmente importante tornava-se conhecer as características demográficas, sociais e económicas quer do meio que me iria acolher, quer da estrutura humana que envolvia a escola para onde me dirigia.

A minha Expedição foi constituída assim pela Escola Secundária das Laranjeiras, pelo meio que a envolve e por todos os intervenientes do meu estágio, sendo este regido por normas orientadoras. Começo por expor de forma sucinta a estrutura e o funcionamento do Estágio Profissional, fazendo dessa forma o seu enquadramento legal, institucional e funcional. De seguida farei a apresentação da escola onde todo o processo se desenvolveu e a forma como esta influenciou o início do desenvolvimento da minha caminhada pela docência. Dedicarei a minha atenção aos intervenientes no meu Estágio Profissional, num ponto mais adiante deste documento.

No escutismo7, assim como no estágio, existem regras que têm que ser cumpridas. Estas, no entanto, são como que um guia que oferece uma direção, um caminho que pode ser tomado para que se alcancem os diversos objetivos propostos. Chamadas de normas orientadoras e não limitadoras do processo de aprendizagem a que em ambos os ramos, estamos expostos.

A única forma de se fazer verdadeiramente escutismo é seguindo o sistema inventado por Baden-Powell, que foi apurado e aprofundado no último século, a que vulgarmente chamamos de Método Escutista. É um sistema que assenta em programas de atividades variados, progressivos e estimulantes, baseados nos interesses dos participantes, onde se incluem jogos e realização de serviços á comunidade, privilegiando a vida em pequenos grupos de jovens auxiliados e aconselhados por um adulto que os leva à descoberta e à aceitação

progressiva de responsabilidade e preparação para a autonomia com vista ao desenvolvimento do caráter, à aquisição de competências, à confiança em si mesmo, ao serviço dos outros e à capacidade quer de cooperar, quer de dirigir. Não pode ser esquecido que assenta numa educação pela ação e numa Promessa e Lei. Assim sendo e, tendo as bases do Método Escutista e o caminho traçado para lá chegar, resta apenas caminhar. O caminho possui ainda sete características essenciais que por serem maravilhosas classificam-se de “Sete Maravilhas do Método Escutista”8, que de acordo com cada secção deverá ser aplicada de modo distinto, tendo em conta as características próprias de cada faixa etária e a autonomia, maturidade e responsabilidade de cada criança, adolescente ou jovem.

Debruçando-me apenas na primeira maravilha do Método “Lei e Promessa” e de acordo com o que vem enunciado na p. 47 do Manual do Dirigente “(…) a Lei do Escuta é um apelo positivo [ao escuteiro] a fazer melhor e a desenvolver-se a si próprio. (…)Através desta proposta de vivência concreta e de uma formulação positiva (e não de proibição) dos ideais, torna-se possível ao Escuteiro perceber os valores propostos pelo Movimento Escutista para uma vida rumo à felicidade e ao desenvolvimento de todo o potencial encerrado dentro de cada um.” Em todo este processo de auto-conhecimento, aprendizagem e crescimento pessoal pelo qual passam os escuteiros, não se pode esquecer o papel fundamental do dirigente em cada uma das seções. Ele, acima de tudo, tem de ter presente que, o exemplo ocupa o papel central na educação para os valores e, por isso deve assumir também o compromisso de se fazer guiar por eles, deve continuar a promover nos seus elementos o desejo de se manterem fiéis à sua Promessa, não permitindo que se esqueçam dela, encorajando constantemente à reflexão e análise daquilo a que se comprometeram e na influência que isso acarreta para o seu desempenho, crescimento e conduta individual.

8 Sete Maravilhas do Método Escutista: Lei e Promessa; Mística e Simbologia; Vida

na Natureza; Aprender Fazendo, Sistema de Patrulhas; Sistema de Progressão Pessoal; Relação Educativa.

Em analogia ao que foi mencionado, e ao nível legal do ciclo de estudos que está a terminar, sabemos que, segundo Matos (2013a), o Estágio profissional é uma Unidade Curricular que pertence ao plano de estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) e ocorre nos dois últimos semestres dos quatro que o caracteriza, que em termos práticos se traduz num ano letivo. Assim sendo, “… a iniciação à

Prática Profissional rege-se pelas normas desta instituição universitária e pela legislação específica sobre a habilitação profissional para a docência” (Correia, 2012, p.23), ou seja, pelos princípios decorrentes das orientações legais do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro e têm em consideração o Regulamento Geral dos segundos ciclos da Universidade do Porto, o Regulamento Geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino da Educação Física. Ainda com base no documento que regula o Estágio Profissional, é o recurso ao ensino através da prática supervisionada num contexto mais próximo da realidade, que permite ao estudante estagiário começar a dar os primeiros passos no longo caminho do Ser Professor, que lhe permitirá aprender a lidar quer com as primeiras e inofensivas quedas, quer com as primeiras vitórias, promovendo assim a sua integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e guiada.

Nas Normas Orientadoras estão contempladas as três áreas de desempenho que regem o Estágio Profissional: Área I – “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”; Área II – “Participação na Escola e Relações com a Comunidade” e Área III – “Desenvolvimento Profissional”.

Para que os estudantes estagiários da FADEUP, realizassem, o Estágio Profissional, a universidade criou protocolos de cooperação com 38 escolas, maioritariamente do distrito do Porto, englobando ainda assim as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, a que os estudantes se candidataram e enumeraram por ordem de preferência acabando por ocupar as vagas de acordo com os critérios estipulados no regulamento.

Quando colocados são inseridos num núcleo de estágio e no que respeita ao contexto institucional e, de acordo com o conceito de prática supervisionada, esta é feita em conjunto por um docente da FADEUP - orientador, e um professor da escola que acolhe o estudante estagiário9 – cooperante. Apesar da condição de lecionação em que se encontra, o professor estagiário10, tem a oportunidade de conduzir o processo de ensino e aprendizagem de uma turma do Ensino Básico ou Secundário e participar nas atividades da Direção de Turma e/ou Desporto Escolar, tendo sempre o apoio dos professores acima referidos, que são, para além de muitas outras coisas, quem acompanha o seu desempenho mais de perto e o faz cumprir as tarefas delineadas, estabelecendo assim a ponte entre a Faculdade e a Escola. O restante núcleo deve também ser parte integrante do processo de desenvolvimento das competências docentes do estudante estagiário em questão.

A presença destes dois intervenientes no decorrer do ano de estágio, vai ajudar o professor estagiário a consciencializar-se da necessidade de manter uma prática de ensino que tenha como base o rigor e a qualidade. Sustentada pela literatura de Rosado e Mesquita (2011) outro dos alicerces fundamentais, para o desenvolvimento das suas competências, é a reflexão, na medida em que é nela que se suporta para fundamentar todas as decisões (e são muitas) que terá que tomar ao longo do ano letivo e, consequente, carreira docente.

A validação deste conjunto de proficiências fica ao abrigo do 10º Artigo do Regulamento da Unidade Curricular do Estágio Profissional, ao ser referido que “A Avaliação do EP (…) privilegiará as competências pedagógicas, didáticas e científicas, associadas a um desempenho profissional crítico, reflexivo, apoiado numa ética profissional em que se destaca a disponibilidade para o trabalho em equipa, o sentido de responsabilidade, a assiduidade, a pontualidade, a apresentação e conduta pessoal adequadas na Escola (…) A classificação do EP é a expressão da avaliação realizada pelos professores orientadores no núcleo de estágio, orientador da FADEUP e professor cooperante, sob proposta do orientador

9 Estudante Estagiário: Estudante Universitário que será aceite pela escola cooperante. 10 Professor Estagiário: Estudante Universitário que já se encontra a estagiar na escola

da FADEUP e ouvido o Coordenador do Departamento Curricular da Escola onde decorre o EP” (p.7).

No meu ponto de vista o modelo adotado pela FADEUP, pela forma como possibilita aos estudantes estagiários vivenciar uma panóplia rica e vasta de experiências, promovendo o crescimento contínuo da formação do estudante estagiário, pondo-o em prática no exercício das suas funções, obedece ao que se pretende com o Estágio Profissional, sendo assim uma mais-valia para os professores em fase de formação.