CAPÍTULO 2 – A PREVISÃO LEGAL DE CEDER ÀS POPULAÇÕES
2.1 COMENTÁRIOS ACERCA DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM UNIDADES
DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL
Inicialmente, é importante que se abordem alguns pontos fundamentais sobre a
regularização fundiária, desde seu conceito, as etapas envolvidas neste procedimento e
especialmente sua implementação nas unidades de conservação de uso sustentável.
Neste trabalho, adotou-se o conceito de regularização fundiária descrito por
OLIVEIRA (2001), que assim define: “A regularização fundiária é o procedimento pelo qual
se busca tornar lícita, isto é, amparada pelo Direito, a ocupação da terra nos casos em que o
acesso àquele bem tenha ocorrido de modo irregular. Normalmente, a expressão
“regularização fundiária” é utilizada para designar a atuação destinada a revestir com
maiores proteções a posse existente sobre determinado imóvel. Isso pode ocorrer mediante a
instituição de um título de propriedade ou de outro direito real.”
Segundo FERNANDES (2002), o termo “regularização fundiária” tem sido utilizado
com sentidos diferentes, referindo-se em muitos casos tão somente aos programas de
urbanização das áreas informais e em outros casos, o termo tem sido usado para se referir
exclusivamente às políticas de regularização fundiária das áreas e dos lotes ocupados
irregularmente”.
Para FERNANDES (2007), as experiências mais compreensivas combinam essas duas
dimensões: a jurídica e a urbanística. São ainda poucos os programas que têm se proposto a
promover a regularização de construções informais.
BENATTI (2001) destaca que é importante o reconhecimento oficial de outras formas
apossamento da terra, ocorrendo a partir daí a legitimação, o reconhecimento da
administração pública da posse dos camponeses agroextrativistas da Amazônia, a qual
denomina deposse agroecológica24.
E completa. “para que se configure a posse civil há necessidade do elemento subjetivo
e que o possuidor tenha o título do bem; ao passo que a posse agrária completa-se apenas
com o fato objetivo da exploração da terra pelo possuidor. Na posse agroecológica, o fato
objetivo é o uso sustentável da terra, pois para “ter" posse é preciso interagir com o meio”.
Porém, independentemente do sentido que se procure dar, a regularização fundiária
das unidades de conservação constitui-se num desafio complexo e o entendimento atual é
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