• Nenhum resultado encontrado

CORRESPONDING AUTHOR Hébel Cavalcanti Galvão

6. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES

6.1 Comentários

O anteprojeto se intitulava “AVALIAÇÃO CLÍNICA DA CAVIDADE BUCAL COMO ESTRATÉGIA PREVENTIVA DE INFECÇÕES EM PACIENTES NEFROPATAS EM FASE DE PRÉ-TRANSPLANTE”. Após a conclusão da coleta de dados e obtenção de análises estatísticas, foi notado que uma grande parte desta população realizava diálise há muito tempo. Em seguida o estudo foi direcionado com o intuito de saber se os pacientes que faziam diálise há mais tempo teriam mais alterações no SE do que os que faziam há menos tempo. Foram utilizados índices epidemiológicos para avaliação da saúde bucal que não mostraram significância nestes grupos. Neste momento foi também verificado, através das radiografias panorâmicas obtidas de todos os pacientes, a possibilidade de avaliação das alterações ósseas que poderiam estar presentes, provenientes provavelmente, da concentração alterada dos níveis séricos de Ca e P, ocasionando também, em um pequeno grupo de pacientes, a formação de tumores (Tumor Marrom e Leontíase Urêmica), provavelmente, relacionados às alterações na produção de PTH. Logo após, correlacionou-se o tempo de diálise, utilizando-se de parâmetros bioquímicos, radiográficos e clínicos, com possíveis alterações ósseas.

Durante este estudo foram detectados alguns pacientes (dialíticos de longa data), com tumores (tumor marrom e leontíase urêmica), presentes em uma pequena parte desta população sendo encaminhados e acompanhados para tratamento cirúrgico (paratireoidectomia e excisão do tumor) e posterior descrição em relatos de casos clínicos, após o desfecho. Na ocasião da realização do transplante renal o protocolo estipulado pelo HUOL exige a avaliação bucal como pré-requisito e este estudo foi o primeiro a avaliar as estruturas ósseas faciais destes pacientes oriundos de todos os centros de diálise do Estado do Rio Grande do Norte, utilizando-se de radiografias panorâmicas.

Este estudo epidemiológico nos possibilitou observar as alterações nos ossos gnáticos dos doentes renais em tratamento dialítico. Novos estudos serão necessários, a fim de se estabelecer se ocorre ou não necrose pulpar e lesões ósseas periapicais em determinado estágio da doença. Alem disso, se a alteração

neuromuscular que o paciente dialítico apresenta interfere nos músculos da mastigação desencadeando atrição dentária e distúrbio da articulação temporomandibular. Portadores de IRC necessitam de atenção e cuidados especiais. Logo, se faz necessário um maior número de estudos voltados à área odontológica, já que muitas vezes o Cirurgião-Dentista desconhece ou ignora sinais e peculiaridades da doença de base.

Após as avaliações bucais dos pacientes, notou-se a necessidade de tratamento odontológico, geralmente periodontal, cirúrgico e restaurador (principalmente), sendo para tanto, iniciado um projeto de extensão no Departamento de Odontologia da UFRN, em comunhão com as disciplinas de Cirurgia Bucomaxilofacial e Periodontia, intitulado “Atendimento Odontológico aos pacientes Nefropatas em fase de pré-transplante (PJ098-2011)”, atualmente execução desde o ano de 2010.

Houve uma melhora considerável na evolução intelectual do autor desta pesquisa, durante a realização da mesma. Palestras Odontológicas para os pacientes dialíticos provenientes da Central de Transplante Renal do Hospital Universitário Onofre Lopes, sobre as condições bucais estão sendo realizadas, periodicamente em conjunto com a equipe do Serviço Social e Psicologia.

Foi apresentado no Congresso da Sociedade Brasileira de Pesquisas em Odontologia (SBPqO), um painel (PNa200), entitulado “Avaliação da condição bucal dos pacientes com IRC em fase de pré-transplante”, sobre este estudo, no mês de setembro do ano de 2010.

A integração entre o Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde e Programa de Patologia Oral, ambos da UFRN, foram de suma importância para esta pesquisa, pois discentes e docentes dos dois programas se integraram e realizaram parcerias que proporcionaram a aproximação entre as áreas da Odontologia e Medicina e todas as outras também envolvidas, como a Enfermagem, Nutrição, Serviço Social, Psicologia, dentre outras, necessárias para o pleno atendimento a estes pacientes dependentes de diálise para sobreviver.

A necessidade constante de atendimento odontológico a estes pacientes antes do transplante renal, se faz necessária, principalmente no intuito de prevenir possíveis alterações ósseas, provenientes de longos períodos de diálise. Um protocolo de atendimento odontológico com retorno constante ao Cirurgião-Dentista,

responsável pelas avaliações radiográficas nestes pacientes, tem mostrado ao longo desta pesquisa, um conforto e segurança cada vez maior aos pacientes dialíticos.

6.2. Críticas

Para uma melhor avaliação do que fora proposto, durante a pesquisa, notou- se a falta de um grupo controle de indivíduos saudáveis ou sem fatores de exclusão como diabetes, hipertensão arterial sistêmica e menores de 18 anos, como também aqueles com Insuficiência Renal em fase inicial, além de índices mais específicos para doenças periodontais presentes na grande parcela da população dentada dialítica.

O protocolo odontológico do paciente a ser transplantado, exige uma abordagem multidisciplinar, no pré e pós-transplante. O Cirurgião-Dentista atua na prevenção de doenças de origem odontológica, restabelecimento da função mastigatória e melhorando as condições funcionais e estéticas destes doentes. A integração da Nefrologia e Odontologia, nas suas várias especialidades, nestes casos, faz-se necessária para a obtenção de um resultado satisfatório, podendo livrar o portador de IRC dialítico de possíveis fontes de infecção de origem dentária e através de visitas periódicas ao Cirurgião-Dentista a prevenção e detecção de alterações ósseas faciais.

Faz-se necessário que o portador de IRC tenha uma atenção maior com acompanhamento periódico do Cirurgião-Dentista, pois se trata de um individuo imunodeprimido e geralmente se apresenta com dificuldades de manter uma correta higienização bucal, devido a fatores debilitantes consequentes da doença de base. Estes pacientes apresentam xerostomia, hipossalivação e precária higiene oral contribuindo de forma significativa para perda óssea alveolar.

6.3 Conclusão

O diagnóstico precoce e adequado destas manifestações exige dos profissionais da Odontologia, como integrante da equipe multidisciplinar de saúde,

conhecimento atualizado que garanta o acompanhamento dos portadores de IRC dialíticos durante longos períodos de tempo, no intuito de prevenir ou minimizar a ocorrência de complicações do estado de saúde geral destes pacientes.

No presente estudo, a maioria dos pacientes com IRC em diálise apresentaram má higiene oral, acúmulo de cálculo e inflamação gengival (esta presente em cem por cento da amostra dos dentados), podendo se constituir em fontes de infecção, que poderão comprometer consideravelmente, o sucesso do transplante renal. Entretanto, o tempo que o paciente vinha realizando diálise não se refletiu em piores condições bucais. O estado do metabolismo ósseo e mineral também não influenciou o quadro de saúde bucal dos indivíduos analisados. Diante destes resultados, destacamos a necessidade dos cuidados em saúde bucal para estes pacientes como parte importante do protocolo preparatório para o transplante renal.

Uma pesquisa, utilizando-se e associando pacientes com IRC, Insuficiência Renal em estágios iniciais e indivíduos saudáveis, daria uma visão mais detalhada das possíveis alterações ósseas e de todo o SE.

7. REFERÊNCIAS

1. Marakoglu I, Gursoy UK, Demirer S, Sezer H. Periodontal status of chronic renal failure patients receiving hemodialysis. Yonsei Med J 2003;44:648-52. 2. Souza CRD, Libério SA, Guerra RNM, Monteiro S, Silveira EJD, Pereira ALA.

Evaluation of periodontal condition of kidney patients on dialysis. Rev Assoc

Med Bras 2005;51:285-89.

3. Carvalho AA, Farsura PP, Bastos MG, Vilela EM. Influence of non-surgical periodontal treatment on hematological and biochemical parameters of patients with chronic renal failure in pre-dialysis. R. Periodontia 2011;21:27- 33.

4. Proctor R, Kumar N, Stein A, Moles D, Porter S. Oral and dental aspects of chronic renal failure. J Dent Res 2005;84:199–208.

5. Gürkan A, Köse T, Atilla G. Oral Health Status and Oral Hygiene Habits of an Adult Turkish Population on Dialysis. Oral Health Prev Dent 2008;6:37-43. 6. BERKOW, M.D.R. Manual Merck de Medicina: Diagnóstico e Tratamento

1987;15a ed, São Paulo: Ed. Roca.

7. Bots CP, Poorterman JHG, Brand HS et al. The oral health status of dentate patients with chronic renal failure undergoing dialysis therapy. Oral Dis 2006;12:176–80.

8. Kho H, Lee S, Sung-Chang Chung S, Kim Y. Oral manifestations and salivary flow rate, pH, and buffer capacity in patients with end-stage renal disease undergoing hemodialysis. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 1999;88:316-9.

9. Sarita PT, Witter DJ, Kreulen CM, Matee MI, van't Hof MA, Creugers NH. Decayed/missing/filled teeth and shortened dental arches in Tanzanian adults.

Int J Prosthodont 2004;17(2):224-30.

10. Thorman R, Neovius M, Hylander B. Clinical findings in oral health during progression of chronic kidney disease to end-stage renal disease in a Swedish population. Scandinavian Journal of Urology and Nephrology 2009;43(2):154- 59.

11. Podshdley AG, Haley JV. A. Method for Evaluating Oral Hygiene Performance. Public Health Reports 1968;83(3):259-65.

12. Almeida CM, Petersen PE, André SJ, António Toscano A. Changing oral health status of 6- and 12-year-old schoolchildren in Portugal. Community

Dental Health 2003;20:211–16.

13. Dias CRS, Sá TCV, Pereira ALA, Alves CMC. Evaluation of oral condition in chronic renal patients undergoing hemodialysis. Rev Assoc Med Bras 2007;53:510-14.

14. Conde MB, Soares SLM, Mello FCQ, Rezende VM, Almeida LL, Reingolg AL, Daley CL, Kritski AL. Comparison of Sputum Induction with Fiberoptic Bronchoscopy in the Diagnosis of Tuberculosis. Am J Respir Crit Care Med 2000;162:2238-40.

15. Renosto A, Biz P, Hennigton EA, Pattussi MP. Confiabilidade teste-reteste do Índice de Capacidade para o Trabalho em trabalhadores metalúrgicos do Sul do Brasil* Rev Bras Epidemiol 2009;12(2):217-25.

1.1 APÊNDICE 1

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências da Saúde

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Hospital Universitário Onofre Lopes

Departamento de Odontologia FICHA CLÍNICA Data _____/_____/__________ Nome:_________________________________________________________________ Endereço:___________________________________________________________________ _________________________________________________________________

Telefone:________________________________ Data de nascimento:____/___/_____ Idade:_________________ Gênero: ( ) feminino ( ) masculino

Raça: ( ) Leucoderma ( ) Melanoderma ( ) Xantoderma

Documentos relacionados