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7 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES

A experiência adquirida nesses anos dedicados ao presente estudo, mostrou que o aprendizado ocorre de forma diversificada. Estudar o fenômeno do envelhecimento humano relacionado com a dinâmica muscular revelou um enorme potencial de investigação científica para a fisioterapia em um contexto interdisciplinar, como foi referido na introdução.

O músculo é muito mais do que apenas um aparato mecânico. Ele é também reconhecido como um órgão endócrino capaz de produzir e liberar citocinas (myokines) em resposta à contração muscular(29). Essa descoberta proporciona uma mudança de paradigma e revela novos horizontes científicos, tecnológicos e acadêmicos. A caracterização dos efeitos biológicos de peptídeos (conhecidos e desconhecidos), secretados durante a contração muscular, será objeto de investigação nesses próximos anos(30).

Ficamos diante de grandes paradoxos: ações simples e sem custo para toda pessoa capaz de contrair voluntariamente os músculos e tão negligenciada por muitos. A contração muscular, que afeta o metabolismo de nutrientes, como a excreção de zinco na restrição de atividade motora(22) depende de aspectos motivacionais e de capacidade de fazer escolhas. Essas ações podem ser empreendidas no âmbito da Atenção Básica de Saúde, com custo operacional muito baixo para prevenir o avanço da osteoporose e do diabetes. Ao mesmo tempo, são publicadas novas patentes biotecnológicas com base na identificação de novas miocinas e seus receptores, podendo servir como alvos farmacológicos para o tratamento de doenças musculares, de distúrbios metabólicos e de outras doenças associadas com o desuso muscular(31).

O projeto de pesquisa encaminhado para o processo seletivo do doutorado teve o seguinte título: Correlação entre índice de recrutamento das unidades motoras e a densidade mineral óssea em homens e mulheres sedentários de meia idade. Esse projeto, que já estava em andamento, teve de ser abandonado por ter desabado durante um final de semana, parte do teto do Laboratório e ter danificado a estrutura elétrica e o equipamento, muito sensível, o que poderia comprometer a validade interna da pesquisa.

Entretanto, nossa primeira publicação foi fruto de parte dos dados parciais desse projeto e não só evidenciou significativas correlações positivas da massa magra com a densidade mineral óssea (DMO) no colo do fêmur e trocânter, mas também com a coluna lombar (L2-L4). O modelo de regressão linear múltipla mostrou que a redução de 2,2% na DMO da coluna lombar, relacionada ao tempo da menopausa, pode ter aumentado 1,1% por cada kg de massa magra, e na DMO do triângulo de Ward, redução de 1,4%, relacionada com a idade, podendo ter um aumento de 0,1% para cada caloria de gasto energético basal(8).

Motivada por esses achados e com a aquisição do Dinamômetro Isocinético, “padrão ouro” para avaliação de desempenho muscular, pelo PPGCSA e Departamento de Fisioterapia da UFRN, encaminhamos o projeto “Influência do zinco na performance muscular em jovens e idosas” ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde nº. 0193/09 (ANEXO). Posteriormente, concorremos ao Edital FAPERN 011/2009 – PPSUS III – Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde. O foi aprovado e teve seus resultados apresentados no II CONGRESSO FAPERN DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE, em outubro de 2012.

Resultaram também em duas publicações uma em 2010(32,33) e outra em 2012(34) projetos a que estou vinculada na UFPB e que também enfocam aspectos relacionados com a motricidade humana.

Como base nos resultados desses estudos, temos elementos importantes para programar ações de saúde que visem a recuperar a força, a resistência e o equilíbrio muscular em idosas e prevenir a osteoporose(35) e, deste modo, poder contribuir para a finalidade primordial da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006). A referida portaria visa “recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos”(28). O mais importante é que essa

ação seja fruto da avaliação prévia dessa comunidade, com os resultados voltados para ela, e não apenas mero material de discurso acadêmico. Isso é possível, pois essas unidades de saúde da família fazem parte das áreas de campo de estágio da UFPB.

É importante salientar que foi uma tarefa árdua selecionar uma amostra de mulheres com o perfil das mulheres do nosso estudo no âmbito das unidades de saúde da família. Essas unidades de saúde, embora estivessem inseridas em um raio de continuidade de aproximadamente dois quilômetros, tinham peculiaridades marcantes entre si. Em uma delas, onde o perfil socioeconômico revelou escores mais baixos, nenhuma mulher com idade entre os 60 e os 80 anos atendeu aos critérios de inclusão no estudo. Revelaram adoecimento precoce em relação às mulheres da mesma idade das mulheres das outras unidades de saúde do estudo.

Também nos chamou a atenção o fato de os escores de atividade física das mulheres jovens terem sido menores (Tabela 1 do artigo 1) que os escores das idosas. Isso nos coloca em situação de alerta sobre essas jovens, pois assumem um estilo de vida sedentário e com escolhas de alimentos que eram mais práticos em detrimento do aspecto nutricional. Essas jovens são potenciais- alvo de cuidados preventivos para o envelhecimento sadio futuro.

Agora será mais fácil estimular a prática de um estilo de vida mais sadio para a população deste estudo, porquanto elas foram os atores principais e vivenciaram, durante a pesquisa, mudanças em suas sensações e em suas ações.

Essas ações também podem ser incentivadas na Atenção Básica de Saúde, em todos os municípios do Brasil, uma vez que é uma ação efetiva e de baixo custo.

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APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

T

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Título do Projeto

Influencia do zinco na performance muscular em jovens e idosos

Profa. Maria Aparecida Bezerra Quirino (Fisioterapeuta/UFPB, Doutoranda/PPGSA/UFRN) Prof. Dr. José Brandão Neto (Médico-Endocrinologista/UFRN-Orientador).

O propósito desta pesquisa é de estudar as relações entre performance muscular (torque isocinético, potência e fadiga) do músculo quadríceps e dos ísquios tibiais em mulheres idosas e mulheres jovens e correlacioná-las com o nível de atividade física e a nutrição de zinco.

Neste estudo a Sra. (Srta) irá responder a um formulário de perfil social, demográfico e de saúde, um questionário sobre o desempenho de atividade física habitual e avaliação nutricional. Fará exames laboratoriais, com coleta de sangue e urina. Também será avaliada sua capacidade de força muscular, flexibilidade e fadiga. Estes dois últimos exames serão realizados na UFRN na Cidade de Natal –RN, e haverá, portanto, um deslocamento de automóvel particular com duração da viagem de aproximadamente 4 horas (ida e vinda), guiado por motorista particular e profissional. Os resultados dos testes serão entregues e explicados para a compreensão do seu estado de saúde. Faremos um acompanhamento do tratamento com suplementação de zinco em doses fisiológica (25 mg Zn++ na forma de ZnSO4.7H2O) durante um período de três meses e

a pesquisadora nem o voluntário saberão qual é o seu grupo, se o placebo ou experimental.

Não encontramos na literatura relatos de riscos conhecidos com a administração oral de 25 mg do elemento zinco. Nos outros procedimentos de avaliação, todos os cuidados com a biossegurança serão respeitados.

Os resultados desta pesquisa poderão ser publicados para informação e benefício de todos os profissionais envolvidos diretamente com a área da saúde, embora sua identidade permaneça anônima. Seu nome não será publicado ou usado sem seu consentimento. Sua recusa não vai, de maneira alguma, envolver penalidade ou perda de benefícios. Sua participação é estritamente voluntária e a Sra. (Sta.) pode retirar-se desta pesquisa a qualquer hora.

Se em qualquer momento sentir que houve infração de seus direitos, deve contatar o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da UFPB para respostas sobre qualquer questão da pesquisa e de seus direitos, ou a Professora Maria Aparecida Bezerra Quirino, pelo telefone: (83) 3216-7183. End.: Departamento de Fisioterapia/ Centro de Ciências da Saúde /UFPB – Campus I.

Diante do exposto, eu admito que revisei totalmente o conteúdo deste termo de consentimento, estando participando deste estudo de livre e espontânea vontade. Desta forma, aceito participar do estudo fazendo parte de qualquer um dos grupos.

________________________________________ ____________ Assinatura do voluntário, Número da identidade

________________________________________ Testemunha

Impressão digital do participante

_________________________________________________________ Pesquisadora Profa. Maria Aparecida Bezerra Quirino (Assinatura) Data: ___/___/___

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