• Nenhum resultado encontrado

O projeto inicial passou por adequações em função de fatores estruturais e de falta de recursos financeiros e de pessoal. Inicialmente a pesquisa iria englobar a medição de marcadores metabólicos, de estresse e de inflamação em resposta ao exercício aeróbio agudos em mulheres entre 18 e 45 anos de idade. Para execução deste projeto, no entanto, seria necessária a implantação de uma sala de exercícios físicos nas dependências do HUOL.

Ingressei no Doutorado em fluxo contínuo do Mestrado em agosto de 2013. Houve uma grande demora no processo de coleta de dados. Parte dessa demora foi devida à falta de equipamentos necessários para realização da intervenção baseada em exercícios físicos no PesqClin e fundos para custeio dos testes de laboratório. Além disso, a burocracia para liberação de testes e exames foi crescente com a passagem da administração do HUOL para a EBSERH. Outro fator estrutural foi a falta de equipamento e pessoal disponível para realização dos testes ergoespirométricos, situação que só foi sanada com a entrada em funcionamento do CORE em setembro de 2014. Esse equipamento ainda ficou fora de operação por quase um ano entre 2015 e 2016.

Mesmo tendo passado por tudo isso, consegui finalizar as coletas em 2017.1 e iniciei a redação dos artigos para publicação. Essas publicações expressam algumas adequações metodológicas ao projeto inicial pelo fato de buscar responder a mesma questão, porém, com um maior número de procedimentos e desfechos de interesse. Destacam-se as mensurações do cortisol plasmático, de dano muscular e de outras variáveis hematológicas e metabólicas, em resposta ao exercício aeróbio agudo, com intensidade imposta e autosselecionada. Os resultados e as reflexões oriundas desse projeto forneceram subsídio para novas pesquisas. Em especial, a replicação de nossa metodologia em outras populações, utilizando outros modos de intervenção (por exemplo, exercícios resistidos) e com desenhos de estudos mais robustos.

É importante ressaltar também a grande evolução intelectual nesta trajetória da realização do Doutorado, não apenas devido ao aumento nos conhecimentos acerca do papel dos exercícios físicos como terapia, mas, também, sobre o conhecimento de métodos de desenvolver e de aplicar os princípios da Saúde Baseada em Evidências, tão conhecidos e valorizados na medicina, para a área de Educação Física. Estes

conhecimentos melhoraram muito a atividade docente e de orientação em pesquisa, exercida nos cursos de Bacharelado e de Licenciatura em Educação Física no Centro Universitário do Rio Grande do Norte (UNI-RN) e como professor substituto no Departamento de Saúde Coletiva (DSC) da UNFRN.

Ao longo do desenvolvimento do Doutorado as orientações realizadas como Docente no DSC/UFRN especialmente para os alunos do curso de Medicina, geraram diversas apresentações de recortes do estudo em congressos locais e nacionais. Essas produções refletem de maneira adequada o caráter multidisciplinar do presente estudo. Em especial, pelas contribuições pedagógicas e científicas aos graduandos orientados. Os certificados referentes a essas participações são mostrados nas Figuras 2 a 9.

Figura 3. Trabalho apresentado em Jornada Estadual 2.

Figura 5. Trabalho apresentado em Congresso Estadual 2.

Figura 7. Trabalho apresentado em Congresso Brasileiro 2.

Figura 9. Certificado Iniciação Científica.

7.1. CONCLUSÕES

As conclusões gerais da pesquisa realizada foram as seguintes: i) mulheres aparentemente saudáveis apresentam atividade parassimpática reduzida e desequilíbrio autonômico no controle cardíaco na medida em que se eleva a categoria do IMC; ii) pontos de corte do IMC 25 kg/m2 e 30 kg/m2 ajudam a identificar disfunções autonômicas em mulheres assintomáticas; iii) mulheres obesas inativas se exercitando em intensidade autosselecionada atingem as recomendações internacionais de prescrição de treinamento para emagrecimento e controle de peso no tocante a intensidade, velocidade, distância percorrida e percepção de esforço; iv) durante o exercício, atingem frequências cardíacas mais altas que no modelo imposto; v) experimentam mais prazer ao se exercitar que no modelo imposto; vi) apresentam moderado dano muscular 24h após a sessão do exercício, mesma resposta que no modelo imposto, e não apresentam variações em biomarcador inflamatório; e vii) experimentam redução do estresse equivalente ao modelo imposto.

A aplicabilidade prática desse estudo reside na necessidade de intervenções eficazes para combater a pandemia de obesidade mundial com o auxílio da atividade física regular. Chamamos a atenção para o fato de que melhores experiências afetivas associadas ao exercício poderão influenciar positivamente a aderência a um estilo de vida mais ativo. A autodeterminação permite que mulheres obesas atinjam as recomendações internacionais de atividade física para emagrecimento e controle de peso por meio da liberdade de escolher a intensidade na qual se exercitarão. Assim, mesmo em ambientes onde o Profissional de Educação Física não esteja presente, a população em geral, especialmente a obesa, apresenta condições de autonomamente identificar qual intensidade escolher para uma sessão de exercício aeróbio e essa autonomia revela um potencial importante, que deve ser considerando, por estar provavelmente associada a comportamento mais ativo no futuro.

Finalmente, percebe-se por meio deste relato que realizar pesquisa no Brasil é desafiante. Existe capacidade intelectual e vontade de pesquisar. Porém, são necessários maiores investimentos, principalmente em infraestrutura laboratorial e insumos, por parte dos órgãos governamentais responsáveis, com o objetivo de criar as condições necessárias para que o Brasil conquiste tradição e excelência em sua produção científica.

8. REFERÊNCIAS

1. Lee BY, Bartsch SM, Mui Y, Haidari LA, Spiker ML, Gittelsohn J. A systems approach to obesity. Nutrition Reviews. 2017;75(suppl_1):94-106.

2. Afshin A, Forouzanfar MH, Reitsma MB, Sur P, Estep K, Lee A, et al. Health Effects of Overweight and Obesity in 195 Countries over 25 Years. N Engl J

Med.377(1):13-27.

3. Chang VW, Alley DE, Dowd JB. Trends in the Relationship Between Obesity and Disability, 1988-2012. Am J Epidemiol. 2017;186(6):688-95.

4. (NCD-RisC) NRFC. Trends in adult body-mass index in 200 countries from 1975 to 2014: a pooled analysis of 1698 population-based measurement studies with 19·2 million participants. Lancet. 2016;387(10026):1377-96.

5. Swinburn BA, Sacks G, Hall KD, McPherson K, Finegood DT, Moodie ML, et al. The global obesity pandemic: shaped by global drivers and local environments. Lancet.378(9793):804-14.

6. Soares FH, de Sousa MB. Different types of physical activity on inflammatory biomarkers in women with or without metabolic disorders: a systematic review. Women and Health. 2013;53(3):298-316.

7. Ross R, Janiszewski PM. Is weight loss the optimal target for obesity-related cardiovascular disease risk reduction? Can J Cardiol. 2008;24 Suppl D:25D-31D. 8. Caleyachetty R, Thomas GN, Toulis KA, Mohammed N, Gokhale KM, Balachandran K, et al. Metabolically Healthy Obese and Incident Cardiovascular Disease Events Among 3.5 Million Men and Women. J Am Coll Cardiol.

2017;70(12):1429-37.

9. Primeau V, Coderre L, Karelis AD, Brochu M, Lavoie ME, Messier V, et al. Characterizing the profile of obese patients who are metabolically healthy. Int J Obes (Lond). 2011;35(7):971-81.

10. Ottaviani E, Valensin S, Franceschi C. The neuro-immunological interface in an evolutionary perspective: the dynamic relationship between effector and

recognition systems. Front Biosci. 1998;3:d431-5.

11. Fernandez-Real JM, Ricart W. Insulin resistance and inflammation in an evolutionary perspective: the contribution of cytokine genotype/phenotype to thriftiness. Diabetologia. 1999;42(11):1367-74.

12. Black PH. The inflammatory response is an integral part of the stress response: Implications for atherosclerosis, insulin resistance, type II diabetes and metabolic syndrome X. Brain Behav Immun. 2003;17(5):350-64.

13. Black PH. The inflammatory consequences of psychologic stress: relationship to insulin resistance, obesity, atherosclerosis and diabetes mellitus, type II. Med Hypotheses. 2006;67(4):879-91.

14. Wheat AL, Larkin KT. Biofeedback of heart rate variability and related physiology: A critical review. Applied psychophysiology and biofeedback. 2010;35(3):229-42.

15. Malik M. Task force of the European society of cardiology and the north

American society of pacing and electrophysiology. Heart rate variability. Standards of measurement, physiological interpretation, and clinical use. Eur Heart J.

1996;17:354-81.

16. Nishida C, Ko GT, Kumanyika S. Body fat distribution and noncommunicable diseases in populations: overview of the 2008 WHO Expert Consultation on Waist Circumference and Waist-Hip Ratio. Eur J Clin Nutr. 2010;64(1):2-5.

17. Aldhahi W, Hamdy O. Adipokines, inflammation, and the endothelium in diabetes. Curr Diab Rep. 2003;3(4):293-8.

18. Booth F, Roberts CK. Linking performance and chronic disease risk: indices of physical performance are surrogates for health. Br J Sports Med. 2008;42:950-2. 19. Hilberg T. Physical activity in the prevention of cardiovascular diseases. Epidemiology and mechanisms. Hamostaseologie. 2008;28(1-2):9-12, 4-5.

20. Silva TS, Longui CA, Faria CD, Rocha MN, Melo MR, Faria TG, et al. Impact of prolonged physical training on the pituitary glucocorticoid sensitivity determined by very low dose intravenous dexamethasone suppression test. Horm Metab Res. 2008;40(10):718-21.

21. Skilton MR, Sieveking DP, Harmer JA, Franklin J, Loughnan G, Nakhla S, et al. The effects of obesity and non-pharmacological weight loss on vascular and ventricular function and structure. Diabetes, obesity & metabolism. 2008;10(10):874- 84.

22. Smith DT, Carr LJ, Dorozynski C, Gomashe C. Internet-delivered lifestyle physical activity intervention: limited inflammation and antioxidant capacity efficacy in overweight adults. J Appl Physiol. 2008;106(1):49-56.

23. O'Keefe JH, Vogel R, Lavie CJ, Cordain L. Exercise like a hunter-gatherer: a prescription for organic physical fitness. Progress in cardiovascular diseases. 2011;53(6):471-9.

24. Ross R, Bradshaw AJ. The future of obesity reduction: beyond weight loss. Nat Rev Endocrinol. 2009;5(6):319-25.

25. Garber CE, Blissmer B, Deschenes MR, Franklin BA, Lamonte MJ, I-Min, Lee I, et al. Quantity and Quality of Exercise for Developing and Maintaining

Cardiorespiratory, Musculoskeletal, and Neuromotor Fitness in Apparently Healthy Adults: Guidance for Prescribing Exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise. 2011;43(7):1334-59.

26. Jensen MD, Ryan DH, Apovian CM, Ard JD, Comuzzie AG, Donato KA, et al. 2013 AHA/ACC/TOS guideline for the management of overweight and obesity in adults: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines and The Obesity Society. Circulation.129(25 Suppl 2):S102-38.

27. Ekkekakis P, Vazou S, Bixby WR, Georgiadis E. The mysterious case of the public health guideline that is (almost) entirely ignored: call for a research agenda on the causes of the extreme avoidance of physical activity in obesity. Obes Rev.

28. Tudor-Locke C, Brashear MM, Johnson WD, Katzmarzyk PT. Accelerometer profiles of physical activity and inactivity in normal weight, overweight, and obese U.S. men and women. Int J Behav Nutr Phys Act. 2010;7:60.

29. Archer E, Hand GA, Hébert JR, Lau EY, Wang X, Shook RP, et al. Validation of a novel protocol for calculating estimated energy requirements and average daily physical activity ratio for the US population: 2005-2006. Mayo Clin Proc.

2013;88(12):1398-407.

30. Bautista-Castaño I, Molina-Cabrillana J, Montoya-Alonso JA, Serra-Majem L. Variables predictive of adherence to diet and physical activity recommendations in the treatment of obesity and overweight, in a group of Spanish subjects. Int J Obes Relat Metab Disord. 2004;28(5):697-705.

31. Ekkekakis P, Parfitt G, Petruzzello SJ. The Pleasure and Displeasure People Feel When they Exercise at Different Intensities Decennial Update and Progress towards a Tripartite Rationale for Exercise Intensity Prescription. SPORTS MEDICINE. 2011;41(8):641-71.

32. Faul F, Erdfelder E, Buchner A, Lang AG. Statistical power analyses using G*Power 3.1: tests for correlation and regression analyses. Behav Res Methods. 2009;41(4):1149-60.

33. Faul F, Erdfelder E, Lang AG, Buchner A. G*Power 3: a flexible statistical power analysis program for the social, behavioral, and biomedical sciences. Behav Res Methods. 2007;39(2):175-91.

34. Cumming G. Understanding the new statistics: Effect sizes, confidence intervals, and meta-analysis: Routledge; 2013.

35. Lee PH, Macfarlane DJ, Lam TH, Stewart SM. Validity of the International Physical Activity Questionnaire Short Form (IPAQ-SF): a systematic review. Int J Behav Nutr Phys Act. 2011;8:115.

36. Borg GA. Psychophysical bases of perceived exertion. Med Sci Sports Exerc. 1982;14(5):377-81.

37. Hardy CJ, Rejeski WJ. Not what, but how one feels: The measurement of affect during exercise. J Sport Exerc Psychol. 1989;11(3):204-317.

38. Mezzani A, Hamm LF, Jones AM, McBride PE, Moholdt T, Stone JA, et al. Aerobic exercise intensity assessment and prescription in cardiac rehabilitation: a joint position statement of the European Association for Cardiovascular Prevention and Rehabilitation, the American Association of Cardiovascular and Pulmonary Rehabilitation and the Canadian Association of Cardiac Rehabilitation. European journal of preventive cardiology. 2013;20(3):442-67.

39. Bertaso AG, Bertol D, Duncan BB, Foppa M. Epicardial fat: definition, measurements and systematic review of main outcomes. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2013;101(1):e18-28.

40. Mustelier JV, Rego JO, Gonzalez AG, Sarmiento JC, Riveron BV.

Echocardiographic parameters of epicardial fat deposition and its relation to coronary artery disease. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2011;97(2):122-9.

41. Kaufmann T, Sütterlin S, Schulz SM, Vögele C. ARTiiFACT: a tool for heart rate artifact processing and heart rate variability analysis. Behav Res Methods. 2011;43(4):1161-70.

42. ACSM. ACSM's guidelines for exercise testing and prescription. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Willkins; 2010. 250 p.

43. Wolff BB. Factor analysis of human pain responses: pain endurance as a specific pain factor. J Abnorm Psychol. 1971;78(3):292-8.

44. Schenker N, Borrud LG, Burt VL, Curtin LR, Flegal KM, Hughes J, et al. Multiple imputation of missing dual-energy X-ray absorptiometry data in the National Health and Nutrition Examination Survey. Stat Med. 2011;30(3):260-76.

45. Hoaglin DC, Iglewicz B. Fine-tuning some resistant rules for outlier labeling. Journal of the American Statistical Association. 1987;82(400):1147-9.

47. Schmider E, Ziegler M, Danay E, Beyer L, Bühner M. Is it really robust? Methodology. 2010.

48. Lakens D. Calculating and reporting effect sizes to facilitate cumulative

Documentos relacionados