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Pode-se considerar que o objetivo da pesquisa foi atingido. A formulação de práticas que permitam, a uma organização privada, melhoriar a sua capacidade em converter o conhecimento gerado em suas atividades de P&D&I em ativos intangíveis, na forma de patentes, foi realizada por meio da elaboração das DGCCTP, cuja implementação pode-se considerar bem sucedida, eficaz e promotora de um aumento na eficiência de conversão do conhecimento tecnológico em patentes.

A quantidade de patentes produzidas em um curto período de tempo entre a implementação e o encerramento dos ciclos de patenteamento resultaram em uma taxa de produção aproximada de 1 patente nova a cada 60 (sessenta) dias.

Comparativamente ao período pré-implementação das DGCCTP, a organização dispunha de um portfólio de 9 patentes (desconsiderando as depositadas em países diferentes sobre uma mesma tecnologia), entre 1986 e 2010, o que resulta em uma taxa de produção de patentes de aproximadamente 1 patente a cada 2 (dois) anos e 6 (seis) meses.

Comparando-se o período pré e após a implementação das DGCCTP, houve aumento na taxa em 16,6 vezes (0,5 patente/mês com a operação das DGCCTP e 0,03 patente/mês sem a aplicação do modelo), salientando que entre 2005 e 2009 a empresa atingiu o seu ápice em termos de recursos gastos com P&D&I (incremento, no período, na ordem de 300%).

A partir de 2010, passando por 2011 e 2012, houve redução substancial nos gastos e redução no quadro de pessoal alocado, com redução no portfólio de projetos de desenvolvimento. Dessa forma, pode-se inferir que a situação geral da organização desfavoreceria a produção de conhecimento novo a partir de 2010, reduzindo a quantidade de informações disponíveis para avaliação tendo em vista seu patenteamento.

De qualquer forma, deve-se considerar aspectos relevantes e não previstos que influenciam ou eventualmente determinam situações de impossibilidade de produção de patentes, como situações financeiras que inviabilizem o patenteamento ou até investimentos em inovação, alterações organizacionais, alterações de estratégias mercadológicas, fusões, aquisições que alterem as políticas de inovação, etc. São, em suma, fatores de risco que

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devem ser levados em consideração na tomada de decisão pela implementação das DGCCTP em uma determinada organização.

Deve-se salientar que as DGCCTP restringe-se à conversão do conhecimento tecnológico disponível em patentes e não trata-se de um modelo que visa, ao menos na versão proposta, atuar sobre a gestão de P&D&I em si, nem de dos seus projetos. Enquanto modelo, poderá ser um complemento, por exemplo, para a constituição de um núcleo, escritório ou centro de informação que atue em uma organização visando gerir todos os aspectos da propriedade intelectual da organização.

O método de pesquisa utilizado (pesquisa-ação), por sua vez, permitiu a avaliação do potencial do objeto de estudo (empresa), face ao seu problema, basicamente uma percepção de ineficiência em converter o conhecimento por ela produzido em patentes. No entanto, sua aplicação foi limitada a uma organização, com intervenção direta do pesquisador, o que impede a extrapolação consistente dos resultados para outras tipologias de organização.

As questões levantadas são passíveis de resposta: o processo, os recursos e as funções que devem ser identificadas e organizadas em um modelo gerencial que propiciem um aumento da conversão do conhecimento tecnológico em patentes no âmbito de uma empresa foram estabelecidos, e as evidências propiciadas pelas ações de intervenção sobre o objetivo de estudo resultaram em um aumento efetivo na produção de patentes.

A partir dos resultados obtidos, é possível sugerir à uma próxima versão das DGCCTP a adoção de recursos adicionais ao seu módulo 2, basicamente nos aspectos de: reforço dos recursos de comunicação dos serviços que passam a ser disponíveis para que as informações sejam canalizadas para um setor responsável pela gestão do processo de patenteamento com os suportes necessários; criação de atividades de estímulo efetivo à formalização de informações produzidas; desenvolvimento de atividades de compartilhamento de intenções no início de projetos cooperados com parceiros externos evitando divergências posteriores com relação à proteção do capital intelectual e intensificação da multidisciplinaridade de equipes de avaliação de viabilidade, uma etapa em que visões diferentes sobre um conhecimento podem abrir caminhos alternativos que viabilizam patentes sobre inovações antes consideradas não viáveis.

Deve-se ressaltar que a implementação das DGCCTP provocou, além do esperado impacto organizacional, por meio da estrutura voltada para a conversão do conhecimento produzido principalmente pelas atividades de P&D&I, uma crescente consciência e busca

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espontânea dos agentes internos que produzem conhecimento tecnológico com vistas ao possível patenteamento, ou, no mínimo, pela conversão do conhecimento tecnológico tácito em conhecimento tecnológico estruturado.

De qualquer forma, a interrupção das atividades foi necessária, em função de questões internas da empresa X, não relacionada às DGCCTP.

Por fim, é interessante ressaltar que ao final dos ciclos mapeados neste trabalho, foi contratada uma avaliação financeira dos ativos intangíveis da empresa, por meio de consultoria independente, visando a quantificação dos resultados obtidos, usando-se como parâmetro os fluxos de caixa projetados para os ciclos de vida dos produtos desenvolvidos, trazidos para o valor presente líquido, descontando-se os valores associados aos riscos, concluiu-se o valor contábil dos ativos intangíveis da organização correspondem, atualmente, a um valor superior aos ativos tangíveis.

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