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Comentários sobre a cópia de Sila Godoy do manuscrito de Barrios

No documento disserta__ocarlosalfeu__3_.pdf (páginas 80-86)

3.2.1 Comentários sobre a cópia de Sila Godoy do manuscrito de Barrios da peçaComentários sobre a cópia de Sila Godoy do manuscrito de Barrios da peça

“¡Jha, che valle!” “¡Jha, che valle!”

Em pesquisa de campo foi possível adquirir diversos arquivos, entre textos, áudios e Em pesquisa de campo foi possível adquirir diversos arquivos, entre textos, áudios e  partituras,

 partituras, sobre sobre as as danças danças paraguaias paraguaias deste deste estudo estudo através através de de um um CD CD me me presenteado presenteado porpor Victor Oxley. Dentre estes arquivos está: 1) a cópia do manuscrito de Barrios

Victor Oxley. Dentre estes arquivos está: 1) a cópia do manuscrito de Barrios de “Jha, chede “Jha, che valle!” feita

valle!” feita por Cayo Sila  por Cayo Sila Godoy e 2) uma gravação de Barrios desta peça cedida à Oxley porGodoy e 2) uma gravação de Barrios desta peça cedida à Oxley por um pesquisador da obra de Barrios em

um pesquisador da obra de Barrios em El Salvador.El Salvador.

Sobre a gravação vale relatar que Barrios interpreta o primeiro tema sustentando as Sobre a gravação vale relatar que Barrios interpreta o primeiro tema sustentando as colcheias um tempo maior, não seguindo realmente o que está na partitura, e dando a colcheias um tempo maior, não seguindo realmente o que está na partitura, e dando a impressão de “gracejos” de um galope de cavalo

impressão de “gracejos” de um galope de cavalo   nos primeiros compassos do motivo. No  nos primeiros compassos do motivo. No segundo tema o violonista destaca a segunda (e a quinta na cópia) nota dos baixos e o segundo tema o violonista destaca a segunda (e a quinta na cópia) nota dos baixos e o acompanhamento, nas vozes médias

acompanhamento, nas vozes médias , tem sua dinâmica “ondulante” sem, tem sua dinâmica “ondulante” sem staccatostaccato como está como está na partitura abaixo. Talvez essa mudança na fórmula de compasso esteja relacionada com o na partitura abaixo. Talvez essa mudança na fórmula de compasso esteja relacionada com o gênero galopa, que como já dito, tem grande diferença entre o primeiro e o segundo temas, gênero galopa, que como já dito, tem grande diferença entre o primeiro e o segundo temas, obtido através da variação rítmica.

Figura 74 - Cópia de Sila Godoy de um manuscrito de Barrios da peça "Jha, che valle!"

Figura 75 - Primeira pauta de "Jha, che valle!"

 Na primeira pauta da cópia do manuscrito, verifica-se o escrito “Galopa Paraguaya, original de Agustín Barrios”, a tonalidade em Ré maior, frases em terças e diatônicas também

em terças, o mordente  no segundo compasso e a digitação para a mão esquerda. E entre os compassos 3 e 4 e entre os compassos 4 e 5 é possível verificar a síncope na melodia.

 Na partitura abaixo, da polca “Polka Caú” apura-se a escrita das figuras rítmicas da melodia em sua primeira pauta semelhentes ao início de “¡Jha, che valle!”:

Figura 76 - Primeira pauta de "Polka caú"

 Não podemos saber se a inscrição “Galopa Paraguaya” foi incluída por Barrios ou por Sila Godoy, mas tanto sua escrita quanto sua interpretação faz com que a referência a este gênero musical seja compreendida.

Figura 77 - Início da segunda seção de "Jha, che valle!"

Para entrar no segundo tema, que é anacrústico, Barrios muda a fórmula de compasso  para 6/8, onde verifica-se os baixos em 3. Tradicionalmente interpretada pelos instrumentos

de percussão, podemos imaginar, para auxiliar na interpretação da peça, que os baixos são os tambores e bumbos, sendo a acentuação no segundo tempo feita pelos pratos, e o acompanhamento feito pelas caixas, relacionando-as as figuras rítmicas.

Figura 78 - Início do trio de "Jha, che valle!"

Seu trio  em binário de 4 notas por tempo não é uma novidade dentro da música  paraguaia. Peças populares como “Carancho pepo” e Carreta guy” trazem essa figura rítmica.

Figura 79 - Partitura tirada do livro "Mundo folcklorico paraguayo" de Maurício Cardozo Ocampo, pág. 96.

É possível verificar nesta partitura de “Carancho pepo” que o acompanhamento  permanece em três.

É interessante expor também que, assim como em outros gêneros musicais, as transcrições para a partitura de motivos melódicos nem sempre foram precisas ou escritas de acordo com sua particularidade. Como vimos anteriormente, a notação do ritmo paraguaio sempre foi um desafio para estrangeiros que escreviam as músicas em partituras. A seguir a  peça “Carreta guy” escrita em diferentes formas.

Figura 80 - Trecho da partitura da peça "Carreta Guy" na versão do harpista Luis Bordón, transcrito no módulo XI do método de harpa desenvolvido por Adolfo Bernal, harpista e violonista paraguaio.

Figura 81 - Trecho de "Carreta guy"

Outra característica das duas peças apresentadas é a melodia em arpejos sobre acordes, muito tradicional em peças para harpa paraguaia. Encontramos esse mesmo aspecto na terceira seção de “¡Jha, che valle!”, mas com a diferença de que em “Carancho pepo” e “Carreta guy” a melodia se encontra na primeira nota do arpejo, enquanto que Barrios “desenha” a melodia entre os acordes. Uma redução da melodia nesta seção poderia ficar assim ou com a indicação em círculo:

Vale destacar que Barrios utilizou o início deste tema na primeira variação de sua peça “Tema e variações sobre um Punto Guanacatesco”, composto anos mais tarde, partitura encontrada no livro de Victor Oxley,  Ritos, cultos, sacrilégios y profanaciones (2010), pg. 289.

Figura 83 - Primeira variação de "Tema e variações sobre um Punto Guanacatesco" de Agustín Barrios.

As edições de Stover e Benites em 6/8 não trazem as figuras rítmicas e a inflexão melódica observados na cópia de Sila Godoy, além de não trazerem também o contexto de sua dança matriz ou informações sobre Barrios e sua relação com esta composição, como sua estreia em sua terra natal após doze anos em concertos pela América do Sul. Talvez Barrios escreveu em diferentes fórmulas de compasso esta peça de forma intencional, para auxiliar na interpretação, como na articulação entre a seção A e B, onde verifica-se uma grande mudança na peça.

Podemos verificar nas figuras abaixo as duas primeiras seções de “Jha, che valle!” de Stover e Benítes e o início da terceira seção.

Figura 84 - Primeira e segunda seção da

edição de Stover. Figura 85 - Primeira e segunda seção da

edição de Benites.

Trio Benítes

Figura 86 - Trio da edição de Stover.

Figura 87 - Trio da edição de Benites.

No documento disserta__ocarlosalfeu__3_.pdf (páginas 80-86)

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