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No ano de 2007 o mercado de Gás Natural foi reorganizado com a liberalização do mercado. As empresas existentes, com mais de 100.000 clientes passam a ser obrigadas a dividir as suas atividades em distribuição e comercialização de Gás Natural. Surge também o enquadramento legal que dá origem ao aparecimento dos primeiros comercializadores livres, cujas licenças são atribuídas pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG). Antes desta reorganização, o cliente dispunha de apenas um fornecedor de gás natural. [26]

21 A comercialização de gás natural ficou sujeita ao regime transitório estabelecido para a abertura gradual do mercado, enquanto o estatuto de mercado emergente é derrogado. Os consumidores ganharam a possibilidade, de acordo com o calendário de elegibilidade, de escolher livremente o seu comercializador. De forma a simplificar e efetivar a mudança de comercializador, foi criado o operador logístico de mudança de comercializador. [27]

O processo de liberalização da atividade de comercialização de gás natural teve início no dia 1 de Janeiro de 2007, para os produtores de energia, e foi estendido aos consumidores com consumos acima de um milhão de metros cúbicos de gás natural no dia 1 de Janeiro de 2008 e a consumidores com consumos acima dos dez mil metros cúbicos de gás natural em 2009. A liberalização do mercado ficou acessível para todos os consumidores no ano de 2010. O mercado regulado mantém-se para os consumidores que optaram por não mudar para o mercado livre. [26]

Os comercializadores podem comprar e vender gás natural de forma livre e têm o direito a aceder às instalações de armazenamento e terminais de GNL e também às redes de transporte e distribuição, mediante o pagamento de uma tarifa regulada. Podendo assim também os consumidores escolher livremente o seu comercializador. Relativamente aos comercializadores regulados, ficam sujeito a obrigações de serviço público nas áreas abrangidas pela Rede Pública de Gás Natural (RPGN) e designam-se comercializador de último recurso. O comercializador de último recurso fica sujeito a obrigações como o fornecimento de gás natural a todos os clientes que o solicitem e a satisfação das suas necessidades. [11]

Regulamento de Relações Comerciais

As regras aplicáveis às relações comerciais entre os vários intervenientes que atuam no Sistema Nacional de Gás Natural são estabelecidas pelo Regulamento de Relações Comerciais (RRC). Este Regulamento abrange áreas como: identificação dos intervenientes do sector de gás natural e as suas respetivas atividades e funções; as regras inerentes ao relacionamento comercial entre os operadores de infra-estruturas e comercializadores; a sustentabilidade do mercado regulado e do mercado liberalizado;

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as condições comerciais de ligações às redes; as regras relativas à medição, leitura e disponibilização de dados de consumo de gás natural; o mecanismo de compensação pela uniformidade tarifária; a escolha e mudança de comercializador bem como as modalidades de contratação e o funcionamento dos mercados de gás natural; as regras de relacionamento comercial com os clientes de gás natural. [28]

Os sujeitos intervenientes no relacionamento comercial são os consumidores, os comercializadores, os comercializadores de último recurso retalhistas, o comercializador de último recurso grossista, o comercializador do SNGN, o operador logístico de mudança de comercializador, os operadores de terminal de receção, armazenamento e regaseificação de GNL, os operadores de armazenamento subterrâneo, o operador da rede de transporte, os operadores das redes de distribuição e os operadores de mercados organizados. [28]

Comercializadores do mercado regulado

O comercializador do SNGN, a ‘GALP GAS NATURAL’, é responsável pela compra de gás natural no âmbito da gestão de contractos de longo prazo em regime de take-or-pay celebrados em data anterior à entrada em vigor da Diretiva n.º 2003/55/CE, de 26 de Junho, e posterior venda aos comercializadores de último recurso. O comercializador de último recurso grossista assegura a compra e venda de gás natural para fornecimento aos comercializadores de último recurso retalhistas e aos grandes clientes, com consumo anual igual ou superior a 2 milhões de m3. Os comercializadores de último recurso retalhistas são as entidades titulares de licença de comercialização de último recurso que estão obrigadas a assegurar o fornecimento de gás natural a todos os consumidores com consumo anual inferior a 2 milhões de m3 que, por opção, preferem não manter uma relação contratual com outro comercializador, e desta forma ficam assim sujeitos ao regime de tarifas e preços regulados. [28]

Sistema Tarifário

A fatura de gás natural é composta por três componentes: consumo de gás registado, termo tarifário fixo, impostos, dos quais fazem parte o Imposto Especial de

23 Consumo de Gás Natural combustível e o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), e ainda a Taxa de Ocupação de Subsolo. [29]

A fixação das tarifas e preços para o gás natural a praticar pelas empresas reguladas do sector do gás natural é da responsabilidade da ERSE. Esta publica um Regulamento Tarifário que define a estrutura tarifária assim como a metodologia de cálculo que lhe está subjacente. [25]

A utilização das infraestruturas e atividades reguladas do sector do gás natural está sujeita às seguintes tarifas:

• Tarifa de Uso do Terminal de Receção, Armazenamento e Regaseificação de GNL (UTRAR), que estabelece o pagamento pela utilização das infraestruturas do terminal de Sines;

• A tarifa de Uso do Armazenamento subterrâneo (UAS), que estabelece o

pagamento pela utilização dos depósitos de armazenagem subterrânea no Carriço; • A tarifa de Uso Global do Sistema (UGS), que estabelece, por um lado, o pagamento pela gestão técnica global do sistema nacional de gás natural e, por outro lado, a recuperação dos desvios da atividade de compra e venda de gás natural definidos no âmbito da sustentabilidade dos mercados;

• A tarifa de Uso da Rede de Transporte (URT), que estabelece o pagamento pela utilização da rede interligada de alta pressão, com preços de entrada e de saída da rede;

• A tarifa de Uso das Redes de Distribuição (URD), que estabelece o pagamento pela utilização das redes interligadas de média e baixa pressão;

• A tarifa de Comercialização de gás natural de Último Recurso (CUR) e de Energia, relativas aos custos de comercialização e de gás natural para os fornecimentos de último recurso com consumos anuais inferiores ou iguais a 10 000 m3.

As tarifas de Acesso as Redes, serão pagas por todos os consumidores independentemente do seu modo de participação no mercado, sendo obtidas por soma

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das tarifas de Uso Global do Sistema, Uso da Rede de Transporte (à saída) e Uso da Rede de Distribuição. [25]

A tarifa de Energia é aplicada pelo comercializador de ultimo recurso consoante os custos de aprovisionamento e pode incluir a tarifa de Uso do Terminal de Receção, Armazenamento e Regaseificação de GNL, a tarifa de Uso do Armazenamento subterrâneo (UAS) ea tarifa de uso da Rede de Transporte (entrada). [25]

A tarifa de Venda a Clientes Finais (TVCF) a aplicar pelos comercializadores de último recurso aos seus clientes é obtida pela adição das tarifas reguladas de Acesso às Redes, de Comercialização de Último Recurso e de Energia. [25]

No caso dos comercializadores de mercado livre, os custos de fornecimento de gás natural resultam do pagamento das tarifas reguladas de acesso às redes e dos custos estruturados em regime de mercado livre associados ao aprovisionamento de gás natural e ao relacionamento comercial com os clientes. A tarifa de venda de gás por estes comercializadores é livremente fixada por estes na sua relação contratual, bilateral, com cada cliente, pressupondo o cumprimento das obrigações associadas à licença de comercialização. É também importante referir que as tarifas reguladas de acesso às redes aos operadores das redes onde os seus clientes estão ligados são pagas pelo comercializador em nome dos seus clientes. [25]

25 As duas figuras seguintes esquematizam a composição das várias tarifas e atividades que compõem a tarifa de Venda a Clientes Finais (regulada) e a tarifa de Venda a Clientes Finais (não regulada).

Figura 2.2 Decomposição da tarifa Regulada

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O sistema tarifário é assim aditivo na medida em que a cada atividade regulada da cadeia de valor está associada uma tarifa. A retribuição pelo uso das infraestruturas é atribuída pela indicação de quantidades de gás natural, em fluxo ou em permanência, nas infraestruturas e também pelos direitos de utilização de capacidade contratados pelos agentes de mercado. [21]

Nas entregas de gás natural a responsabilidade pelo pagamento das tarifas, pela apresentação da garantia e todas as obrigações e direitos, nomeadamente, serviços regulados e compensações, referidos, é transferida do cliente para o respetivo agente de mercado. Os operadores das infraestruturas emitem uma fatura única para cada agente de mercado que corresponde à soma das retribuições pelo uso das infraestruturas e serviços de cada cliente. [28]

É importante salientar que a tarifa de acesso às redes é aplicada de forma diferente entre um cliente de uma micro-UAG Privativa e um cliente de baixa pressão associado a uma rede de distribuição, mesmo para consumos semelhantes. O cliente com a micro- UAG instalada não paga a tarifa de uso de rede de distribuição, e por consequência a tarifa de acesso às Redes vai ter um valor inferior. [30]

Cliente de Gás Natural

O Cliente é o principal foco do Sistema Nacional de Gás Natural (SNGN). Todo o modelo deste sistema foi pensado de modo a garantir o acesso a uma infraestrutura eficiente, segura, e que garante uma continuidade de serviço ajustada às necessidades do Cliente.

Em Portugal Continental existem mais de 1,3 milhões de consumidores, sendo a sua esmagadora maioria em baixa pressão, perto de 300 em média pressão e mais de 20 em alta pressão, que em 2011 consumiram mais de 57 mil milhões de kWh, o que corresponde a cerca de mais de 4,7 milhares de milhões de metros cúbicos.

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Figura 2.4 Evolução do nº de clientes de gás natural (adaptado de http://www.erse.pt/)

De acordo com a regulamentação aplicável, estão definidas como classes de consumidores, dependendo da tipologia e consumo: [23]

• Clientes domésticos.

• Clientes economicamente vulneráveis.

• Clientes não-domésticos com consumo anual inferior ou igual a 10 000 m3

(n). • Clientes não-domésticos com consumo anual superior a 10 000 m3

(n) e inferior a 2 milhões de m3 (n).

• Clientes com consumo anual igual ou superior a 2 milhões de m3

(n), designados por grandes clientes.

• Clientes detentores de licenças para utilização privativa de gás natural, cujas instalações são abastecidas por UAG da sua propriedade.

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CAPÍTULO 3

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO E

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3.1 Introdução

Uma UAG consiste num conjunto de equipamentos e instrumentos adequados para a realização de operações de receção e descarga de GNL, o seu armazenamento, a vaporização, a regulação, odorização e medição, em condições adequadas. Os equipamentos constituintes encontram-se instalados e organizados para que o funcionamento da UAG se processe de forma automática, a partir de um sistema de controlo de processos, que é gerido pelo utilizador com o auxílio de indicadores de funcionamento. [31]

Ao longo deste capítulo serão desenvolvidos os requisitos ao nível do projeto assim como as normas impostas pela legislação nacional relativamente à implantação e regras de segurança. Vai ser realizada uma descrição técnica dos módulos necessários ao perfeito funcionamento da micro-UAG com o apoio da exposição de cada piping and

instrumentation diagram (P&ID) correspondente.

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