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Comitê de Apoio ao Conselho Deliberativo: O Caso de Aricurú

No documento LUIZ C B SANTOS VERSÃO FINAL (páginas 89-92)

7 GESTÃO COLETIVA DA RESEX: DESAFIOS E ALTERNATIVA

7.2 OS COMITÊS DE APOIO A GESTÃO DA RESEX

7.2.2 Dos Comitês de Apoio ao Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista

7.2.2.1 Comitê de Apoio ao Conselho Deliberativo: O Caso de Aricurú

Por meio dessa pesquisa foi possível constatar que está em funcionamento o Comitê de Apoio ao Conselho Deliberativo, na comunidade de Aricurú. Esse grupo é composto por representantes de diferentes organizações que atuam no local, conforme apresentado no quadro 7, a seguir.

Quadro 7: Composição do Comitê de Apoio ao Conselho Deliberativo, da Comunidade de Aricurú.

NOME DO AGENTE ENTIDADE QUE REPRESENTA

01 Sandra Costa Furtado Representante do Pólo no CD 02 Maria Monteiro Costa Presidente da APEAGA

03 Maria Irineldes Monteiro de Paula Vice- Presidente APEAGA/ Suplente no CD

04 Vandiselma Correa Furtado Coordenação de São Sebastião 05 Manoel Eugênio Carrera Silva Representante da Comunidade 06 Geremias Correa Classe dos Pescadores

07 Teresa de Jesus Carrera Silva Classe dos Agricultores 08 Walmir Correa Furtado Comissão Pastoral da Pesca

09 Aldenice Costa Monteiro Grupo Esportivo de Futebol Feminino 10 Aldo Furtado Correa Grupo Esportivo de Futebol Masculino 11 Leandro do Espírito Santo Pinheiro Grupo de Jovens Semeadores da Caridade 12 Ângela dos Reis Monteiro Silva Grupo de Jovens da Catequese

13 Vânia Gabriela Furtado Monteiro Grupo de Jovens de Aricurú

Fonte: Quadro organizado por Luiz Carlos Bastos Santos, 2015.

Esse Comitê foi criado em fevereiro de 2015 e é composto por 13 agentes. A sua formação se deu especificamente em decorrência das orientações propostas através das oficinas realizadas durante a execução do projeto REMAR, que no ultimo evento na comunidade propôs a constituição desse grupo. A ideia inicial era que os usuários espontaneamente se tornassem voluntários, porém, todos aqueles que eu entrevistei disseram que foram provocados a participar.

Durante o ano de 2015, havia um calendário de reuniões ordinárias, que previa encontros mensais sempre no ultimo domingo de cada mês, após o término da missa da Igreja Católica. Na figura 7 é possível visualizar os agentes durante uma de suas reuniões ordinárias.

Figura 7: Reunião Ordinária dos Agentes do Comitê de Apoio ao CD, em 28 de junho de 2015, no Barracão da Igreja Católica.

Fonte: Luiz Carlos Bastos Santos, 2015.

Esses encontros são espaços de planejamento coletivo das ações que os agentes pretendem desenvolver durante o mês seguinte. Servem também para avaliar os entraves e os resultados alcançados pelas atividades produzidas. Entretanto, pude observar que as reuniões não aconteceram com periodicidade e, após o mês de junho de 2015 a reunião seguinte só aconteceu em novembro do mesmo ano.

Observei ainda que, em decorrência do modo como esse Comitê está formado, não há um entendimento muito claro por parte dos agentes sobre quem eles representam. Pois, durante uma das reuniões, eles se questionavam se estavam representando adequadamente a organização onde atuavam. E, quando verificado como eles faziam o repasse para os moradores da comunidade das informações que tinham acesso ou das decisões que tomavam, as respostas foram dadas no sentido de que nunca haviam se reunido com os demais membros das organizações às quais pertencem. Inclusive, um dos agentes destacou: “O objetivo do Comitê é fortalecer as organizações comunitárias e promover a participação dos usuários na gestão da RESEX” (W. C. F., homem, 43 anos).

Quando questionados sobre como os moradores da comunidade reagem à atuação deles, os agentes responderam que inicialmente buscaram levar a conhecimento de todos, através de uma reunião geral, que o grupo havia sido formado. No entanto, não conseguiram mobilizar os moradores. Decidiram então mudar de estratégia e resolveram se reunir (os agentes) para irem de porta em porta apresentar o grupo. Entretanto, avaliariam que a comunidade não recebeu muito bem essa proposta e se sentiram mal, pois interpretaram que estariam sendo considerados como os “dedo duro” da comunidade ou os “puxas sacos do ICMBio”. Mesmo assim, resolveram dar início aos trabalhos, dentre os quais algumas iniciativas de conscientização ambiental, como o “Multirão da Limpeza” com a atuação dos agentes na remoção do lixo produzido nas unidades habitacionais e jogados diretamente na margem do rio Maracanã.

A falta de suporte como a disponibilidade de recursos materiais limita a capacidade de fiscalização diretamente na área que compreende a Reserva Extrativista Marinha de Maracanã. Por isso, eles estão atuando na área de terra firme, onde os usuários vivem, em busca de conscientizá-los para que se tenha cuidado com os recursos naturais explorados.

Entre as atividades empreendidas, eles alertam sobre a retirada de madeira da área do mangue, que é uma prática comum para a construção de currais de pescas, entretanto, irregular. Porém, quando procurei saber, se eles conheciam o Plano de Utilização e as regras formais para exploração dos recursos naturais, todas as respostas foram bastante genéricas, deixando evidente que sabiam apenas que é necessário ter cuidado com o meio ambiente e que já tinham ouvido falar no Plano de Utilização, mas que não conheciam. Então, como esses agentes vão fiscalizar e orientar os demais usuários se eles mesmos não conhecem as regras formais existentes? Ter uma estrutura de agentes é suficiente para que os órgãos de fiscalização ambiental considerem que as normas que regem naquela área estejam sendo devidamente disseminadas e que os usuários estão conhecendo e tornando-se conscientes que devem cumpri-las?

Durante as minhas permanências na comunidade de Aricurú, realizei conversas informais com alguns moradores, perguntando se eles conheciam os Comitês e como percebiam a atuação dos agentes? Em menor proporção, eles avaliavam a atuação dos agentes de forma positiva, pois eles (os agentes) iriam orientá-los para que as suas práticas aconteçam conforme as normas. Já a maior parte reclamou que eles não são funcionários do ICMBio e tampouco são policiais, por isso, não tinha porque respeitá-los. Parecia que eles se sentiam traídos por aqueles que se propuseram a atuar como agentes, porque acreditavam que a fiscalização predominaria sobre as demais atribuições (orientar e representar).

No documento LUIZ C B SANTOS VERSÃO FINAL (páginas 89-92)