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Como se apresentam as enfermeiras-docentes para atuar na formação de enfermeiras

CAPÍTULO II – Avaliação no ensino superior para a formação do profissional da

3.1. Como se apresentam as enfermeiras-docentes para atuar na formação de enfermeiras

A sistematização das respostas coletadas no questionário permitiu enumerar características das enfermeiras-docentes na IES. Consideramos que a forma como as enfermeiras foram buscando estudos de aprimoramento e como foram inseridas no mundo do trabalho educativo, visando a participação na formação de outras profissionais de enfermagem, sejam elementos importantes para contextualizar o seu exercício docente, bem como para apontar qual a identidade dessa profissional nesse campo de atuação. Especificamente, no ensino superior de caráter privado, quais são os elementos que caracterizam o ser enfermeira-docente é o que se busca evidenciar nesse momento.

A população dessa pesquisa compreende sete enfermeiras-docentes, apresentando características na seqüência apresentadas:

- entre as sete entrevistadas, as idades informadas concentram-se em duas faixas etárias, a saber, de 31-35 (02) e com 40 anos e mais (02), constando ausência de duas respostas sobre esse item;

- quanto à fase em que supervisionaram o ensino teórico-prático: 02 (duas) na - terceira fase; 04 (quatro) na quinta fase e 01 (uma) na sétima fase do curso; - a graduação das enfermeiras-docentes ocorreu nas décadas de 70, 80 e 90; - quanto à formação acadêmica, todas as entrevistadas realizaram cursos de pós-

graduação lato sensu na área técnica da enfermagem, e 02 (duas) procuraram a formação no mestrado, também em áreas técnicas. Em sua formação inicial, 04 (quatro) graduaram-se em universidades públicas federais nos estados da região sul e as 03 (três) outras em IES de caráter privado; a formação para a docência ocorreu por meio da complementação curricular da licenciatura por 04 (quatro) e, ainda, o curso de metodologia do ensino superior, também por quatro delas; - com relação ao vínculo contratual, 03 (três) têm vínculo de algumas horas por

semana e 04 (quatro) trabalham de forma integral ou semi-integral na IES. A esta condição combinam-se atuações em setores hospitalar 02 (duas) e de saúde coletiva 02 (duas); 03 (três) delas dedicam-se exclusivamente à IES;

- o tempo de vínculo com a IES apresenta concentração de 04 (quatro) docentes com até 02 (dois) anos de contratação;

- a área de atuação em que concentra sua atividade, enquanto trajetória profissional, é do atendimento à saúde na área dos serviços hospitalares.

Acrescentamos ainda, sobre a atuação profissional, que a maioria, 06 (seis) das enfermeiras-docentes têm alguma vivência no âmbito terciário de atenção à saúde, ou seja, experiência no campo hospitalar, e apenas 03 (três) têm experiência nos setores de atenção primária à saúde; 02 (duas) enfermeiras já atuaram nos dois campos e 01 (uma) das docentes não tem nenhuma experiência no setor terciário. Vale complementar que 05 (cinco) das docentes têm também experiência na formação de auxiliares e técnicos de enfermagem. Assim, a experiência no campo profissional da enfermagem está ligada ao trabalho em instituições hospitalares, sendo que 03 (três) das pesquisadas só desenvolveram suas funções nesse tipo de instituições como enfermeiras assistenciais, 02 (duas) já exerceram alguma coordenação ou chefia de serviço em setor primário ou terciário de atenção à saúde e 02 (duas) só atuaram em hospitais; apenas 01 (uma) enfermeira não tem experiência no campo hospitalar. Pelo registro das experiências das enfermeiras-docentes na área de enfermagem percebe-se que todas elas trazem alguma vivência nos setores públicos de cuidados para a saúde. Entende-se que essa atuação seja uma das forças que interagem na constituição da docência na IES.

Entre as componentes do grupo entrevistado, 02 (duas) não têm experiência em ensino no nível médio – na formação de profissionais de enfermagem, sendo, portanto, o ensino na graduação sua primeira experiência pedagógica. Contudo, as 05 (cinco) que se iniciaram na docência no ensino médio, tiveram formas de contratação diversas: regime de trabalho semi- integral para 01 (uma) das docentes; integral para outra e as demais foram contratadas como horistas. A experiência no âmbito pedagógico, na formação de profissionais de enfermagem de nível médio, ou seja, auxiliares e técnicos de enfermagem, aparece como uma característica no grupo. Observamos a seguir alguns dados relacionados às atividades destas docentes.

As enfermeiras-docentes que têm contrato como horista (três) exercem atividades também no campo profissional da enfermagem. Para as 07 (sete) profissionais a dedicação ao estudo e às discussões no campo pedagógico ficam limitadas àquilo que é possibilitado dentro

da IES. Aquelas cuja forma de contratação é integral ou semi-integral dedicam-se a participar de todas as capacitações e reuniões institucionais, até mesmo por exigência do trabalho. As demais enfermeiras-docentes participam de reuniões pedagógicas que envolvem o grupo de acadêmicas com as quais estão desenvolvendo atividades. Isso pode estar sendo resultado do dimensionamento de suas atividades técnico-profissionais e da forma de contratação das docentes, afinal, é um elemento do desenvolvimento do currículo. Nesse cenário, há evidências de haver interesse maior na busca de atuação na área específica do profissional da enfermagem do que na docência. Entretanto, permanece a interrogação do por que as enfermeiras que desempenham atividades exclusivamente no campo pedagógico ainda não se sentiram mobilizadas a buscar a formação para a sua atuação docente.

Verificamos que 71,4% (05) das enfermeiras-docentes, além de acompanhar as atividades de ensino teórico-prático, dedicam-se a ministrar conteúdos teóricos em sala de aula, relativos ao campo de ensino teórico prático no qual acompanham o desenvolvimento dessa modalidade de ensino. Essa informação sugere que é necessário estar em constante situação de estudo para o exercício da docência no ensino superior na IES. Entendemos que seu envolvimento com a formação profissional, em caráter de atualização e ou participação em eventos é de interesse, conquanto indicia a aproximação com as discussões na área educacional.

Em se tratando de atualização, participações em eventos e apresentação e inserção em trabalhos e estudos, as enfermeiras-docentes optam pela área técnico-profissional, em especialidades da enfermagem. Assim, 85,7% (06) delas participaram de eventos que se concentraram na área de enfermagem. O campo da educação aparece nas colocações de 42,9% (03) das enfermeiras-docentes, ou seja, três delas buscaram, nos últimos cinco anos, em algum grau, envolver-se com esta área em que atuam no mundo do trabalho, ora apresentando trabalhos de sua área técnica ora como ouvintes. Duas enfermeiras-docentes estão realizando cursos de pós-graduação e ambos são da área técnico-profissional. Note-se, contudo, que a cidade na qual moram oferece poucas perspectivas de realização de cursos, assim, precisam buscar ofertas em outras localidades, isso significa compromissos de ordem financeira – autofinanciamento – e ampliação da carga horária de dedicação profissional para além da atividade docente, já que tais cursos não são realizados como parte de sua carga horária contratual. A docência, portanto, não compõe ainda, foco de atenção privilegiado, face às atividades que realizam – de docência e de enfermagem. Este dado da realidade de trabalho

destas profissionais certamente articula-se à própria trajetória de formação pedagógica, o que passaremos a examinar.