CAPÍTULO 6. PROPOSIÇÃO DE METODOLOGIA
6.8 Como conduzir as tarefas técnicas
Sabe-se que existem diferentes formas de proceder no atendimento de uma emergência com produtos perigosos, entretanto, para as tarefas operativas no lacal da emergência, sugere-se um modelo denominado de Rotina dos Oito Passos, o qual foi desenvolvido pelo autor a partir do original, intitulado de “The 8 step
process”.
No início dos anos 80, Mike Hildebrand, Greg Noll e Jimmy Yvorra introduziram o conceito do “Processo dos 8 Passos” para administrar incidentes com produtos perigosos, através de uma publicação da IFSTA, intitulada: Hazardous
Materials - Managing the Incident. (PYE, 2002).
O livro é amplamente utilizado por equipes de bombeiros, técnicos em produtos perigosos, policiais rodoviários, policiais táticos, equipes industriais de resposta em emergências e outros profissionais que lidam com vazamentos e derrames de produtos químicos perigosos.
A rotina dos oito passos pode ser assim resumida: 1) Controle inicial da cena de emergência;
O primeiro que chega na cena da emergência deve assumir o comando da operação, estabelecer um Posto de Comando e iniciar o controle do local. Para isso, deverá identificar a emergência como sendo um acidente com produto perigosos, avaliar seu alcance, e, dimensionar os meios necessários para controlá-la. Deverá ainda isolar a área e controlar o acesso ao local do acidente, se necessário, evacuando áreas de risco.
2) Identificação do problema (quais os produtos perigosos envolvidos);
O responsável deverá identificar o tipo de produto perigoso envolvido no acidente com base na observação dos veículos envolvidos e suas cargas e classificá-lo quanto aos riscos potenciais.
3) Determinação dos riscos potenciais do acidente;
O responsável deverá avaliar a magnitude do risco com base na estimativa de probabilidade (freqüência) dos acidentes e seus efeitos (severidade). De forma simples, o comandante da operação (sem expor-se a perigo) deverá verificar o que
acontecerá se não for tomada nenhuma providência, e, a partir daí, determinar as primeiras ações a seguir, com base nas recomendações no Manual de Emergências da ABIQUIM.
4) Seleção do pessoal, recursos materiais e proteção pessoal necessária à intervenção;
O responsável deverá identificar os profissionais mais capacitados para atuarem na resposta à emergência, reunir os equipamentos de proteção pessoal e demais materiais necessários ao atendimento seguro da emergência.
5) Gerenciamento das informações e organização dos recursos;
O responsável deverá gerenciar todas as informações relativas ao acidente e organizar os recursos, definindo os níveis da operação e quem será responsável por cada tarefa. Deverá também liberar o pessoal e os recursos materiais dispensáveis. Manter os materiais e informações pendentes para o controle da situação e transmitir a todos os envolvidos as informações relativas ao plano de ação.
6) Implementação do plano de ação de emergência para controlar a situação; O responsável deverá dirigir a seqüência de ações para controlar o escape de produtos de seus contenedores, através de ações ofensivas ou defensivas e controlar as ações, corrigindo possíveis falhas ou desvios do plano de emergência. 7) Realização dos procedimentos de descontaminação;
O responsável deverá identificar o nível exigido para a descontaminação das vítimas e profissionais de resposta, bem como o local mais adequado para executá- la. Determinar a execução da descontaminação dos equipamentos e materiais utilizados e isolar os instrumentos e equipamentos contaminados, eliminando os descartáveis.
8) Coleta e registro dos dados e finalização da operação;
O responsável deverá recapitular todos os passos e ações executadas, listar e registrar todos os dados da ocorrência e orientar medidas preventivas e educacionais para evitar a repetição do evento.
A seguir, apresenta-se uma figura representativa da metodologia proposta em substituição ao atual modelo oferecido pela ABIQUIM, o qual é desenvolvido com base na rotina dos oito passos de Hildebrand, Noll e Yvorra (The 8 step process).
Figura 14 – Metodologia sugerida para acidentes rodoviários com produtos perigosois.
Fonte: Adaptado pelo autor a partir do original de Hildebrand, Noll e Yvorra (The 8 step process).
Finalmente, apresenta-se um resumo esquemático de toda a proposta metodológica para padronizar a forma de avaliar e responder acidentes rodoviários com produtos perigosos, de acordo com o nível de atuação de cada pessoa dentro de sua respectiva organização, conforme quadro apresentado a seguir:
Controle inicial da cena • Assunção formal do comando da operação• Isolamento da área e controle de acesso
• Observação da cena para identificação do PP
• Avaliar os riscos e determinar as primeiras ações com base no Manual de Emergências da ABIQUIM
Identificação do problema Determinação dos riscos
• Identificar os profissionais mais capacitados e reunir os recursos para uma ação segura
Seleção dos recursos e EPIs
Gerenciamento das informações
e organização dos recursos • Controle das informações do acidente• Organização dos recursos (quem faz o quê?)
Implementação do plano de ação
para controlar a emergência • Direção e controle da seqüência de ações objetivando o controle da cena
Realização dos procedimentos
de descontaminação • Determinação do nível mais adequado de descontaminação e realização dos procedimentos
• Coleta e registro dos dados do acidente e finalização da operação
Coleta e registro dos dados para finalizar a operação
Quadro 08. Resumo da proposta metodológica por níveis.
Quem? O quê? De que forma? Qual método?
Responsável pelo comando e controle da operação
Atua no processo (nível estratégico)
Maneira pela qual se realiza a operação
Atuação defensiva ou ofensiva com base no modelo gerencial do PODC Profissionais de nível gerencial Atuam no método (nível tático) Meio ou maneira de proceder; forma de agir Baseados em princípios táticos Demais profissionais de nível operativo Atuam na técnica (nível operativo) Jeito de executar ou fazer algo, habilidade
Baseados na rotina dos oito passos